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MOÇÃO

O Conselho Pedagógico do Agrupamento de Escolas


Marinhas do Sal manifesta o seu profundo desacordo e
preocupação pela aplicação do actual Modelo de Avaliação
de Desempenho, introduzido pelo Decreto Regulamentar n.º
2/2008. Fundamenta esta sua posição nos seguintes
aspectos:
• A disparidade de interpretações dos normativos legais
e a ausência, por parte da tutela, de orientações
claras, está a levar a que as escolas conduzam o
processo de formas muito diferenciadas, criando
situações de arbitrariedade e injustiça na avaliação.
• A profusão de normativos e orientações emanadas da
tutela, sobre os quais o Conselho Pedagógico não tem
tido tempo de exercer a necessária reflexão, tem
contribuído para que as soluções encontradas nem
sempre sejam as mais ajustadas às situações.
• A ausência de tempo para adaptar e/ou aprovar, com a
necessária e desejada ponderação, os documentos de
referência para a Avaliação de Desempenho Docente,
nomeadamente o Projecto Educativo e o Regulamento
Interno, agravada pelo facto de este processo coincidir
com a entrada em funções do Conselho Geral
Transitório, órgão responsável pela sua aprovação.

• A inexistência, por parte da tutela, de orientações


claras sobre a forma de resolver questões relativas à
aplicabilidade do Decreto, bem como a divergência
entre recomendações do CCAP e directrizes do
Ministério da Educação, patentes, nomeadamente, na
à forma de integrar os resultados escolares dos alunos
e o abandono escolar na avaliação dos docentes.

• A arbitrariedade dos critérios que presidiram ao


primeiro Concurso de Acesso a Professor Titular,
baseado numa selecção inconsistente, que não testou
a competência pedagógica, científica ou técnica dos
candidatos, nem teve em conta o perfil necessário ao
desenvolvimento das funções inerentes ao cargo,
levaram a que possam estar a exercer funções de
avaliadores professores sem as necessárias
competências científico pedagógicas,
descredibilizando esta função que se quer
fundamental no actual modelo de avaliação.
• O absurdo, decorrente da aplicação do Decreto-lei
nº200/07, de docentes de alguns grupos disciplinares,
se verem avaliados por colegas de outras áreas
científicas, sem qualquer relação com as suas áreas de
leccionação, de que é exemplo o departamento de
expressões em que um professor de Educação Física
pode ser avaliado por um professor de Educação
Musical ou um professor de Educação Tecnológica por
um professor de Educação Especial.

• O substancial aumento do trabalho burocrático dos


professores, fruto da extrema complexidade deste
modelo de avaliação e da necessidade de construção
de uma multiplicidade instrumentos de registo, de
forma a garantir o rigor, consistência, objectividade e
fundamentação exigidos a uma avaliação de
desempenho, com consequências directas na vida
profissional do docente, incompatível com a
simplificação repetidamente aconselhada pela tutela.

• Verifica-se que este processo que teria como objectivo


melhorar as práticas e as aprendizagens, e
proporcionar oportunidades de desenvolvimento
profissional se está a apresentar como um fim em si
mesmo, atendendo ao volume de trabalho e ao tempo
que consome, conduzindo a Escola e os docentes a
afastar-se daquilo que é e deveria continuar a ser a
essência da sua função – a Educação / Formação dos
seus alunos.
• A forma como esta avaliação está a ser implementada
levou a que preceitos legais consignados no Código de
Procedimento Administrativo, não estejam a ser
integralmente cumpridos, de que é exemplo a
delegação de competências dos avaliadores que não
foi publicada em Diário da República.
• Considera-se que se trata de um modelo cuja
aplicação não terá sido devidamente ponderada no
que respeita às suas consequências, quer no clima
organizacional da Escola, quer no desenvolvimento
profissional dos agentes educativos.

Assim reconhecendo a necessidade da existência de uma


avaliação docente, o Conselho Pedagógico deste
Agrupamento, reunido no dia 12 de Novembro, lamenta
profundamente que se possa vir a perder a oportunidade de
criar um modelo de avaliação docente que responda às
necessidades da Escola actual, ao implementar um sistema
que considera não avaliar o que é fundamental na
actividade do professor, não contribuir para uma alteração
positiva das práticas docentes, perturbar fortemente o
funcionamento das escolas nos seus aspectos essenciais e
ser inaplicável de forma transparente, objectiva e justa.
Pelo que solicita a Vª Exª Senhora Ministra da Educação que
este modelo seja suspenso de forma a minorar os prejuízos
já causados à Escola.

Escola Básica Integrada Marinhas do Sal, Rio Maior


12 de Novembro de 2008

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