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Uma Bíblia! Uma Bíblia!

O Cânon e a Revelação Contínua


“E porque minhas palavras hão de silvar – muitos dos gentios clamarão: Uma Bíblia! Temos
uma Bíblia e não pode haver qualquer outra Bíblia...Portanto porque tendes uma Bíblia não
deveis supor que ela contenha todas as palavras minhas; nem deveis supor que eu não fiz com
que se escrevesse mais. Pois ordeno a todos os homens, tanto no leste como no oeste, tanto
no norte como no sul e nas ilhas do mar, que escrevam as palavras que lhes digo; pois pelos
livros que foram escritos julgarei o mundo, cada homem de acordo com as suas obras,
conforme está escrito” (I Néfi 29: 3, 10-11).
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Revisão do Artigo publicado no ‘Christian Research Journal’, Outono de 1996, pág. 27-33
por Luke P. Wilson, “Livros Perdidos & Revelação dos Santos dos Últimos Dias: Uma
resposta à Visão Mórmon sobre o Cânon do Novo Testamento”. Revisto por John A.
Tvedtnes e Matt Roper.
Traduzido por Marcelo M. Silva
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Somos gratos a Luke Wilson pelos seus esforços em definir termos tais como “Visão
Mórmon”, “Revelação”, “Cânon do Novo Testamento”, “Cristianismo Histórico” e “Örtodoxia
Cristã”. Nossa gratidão vem não somente por Wilson ter clarificado estes pontos para nós, mas
também por está errado em todas as definições, o que nos dá a oportunidade de dispormo-las
corretamente.
Vamos começar com “Cristianismo Histórico” e “Ortodoxia Cristã,” termos utilizados por
Wilson (p.27) para se referir não a todo o mundo Cristão, seja do século vinte ou do tempo dos
apóstolos, mas para um segmento específico daquele mundo, nomeado segundo ele,
Protestantismo moderno evangélico. Nós temos um grande respeito pelo movimento evangélico
e por sua corajosa postura por princípios justos e uma vida centrada em Cristo. Em nossa
opinião, membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e Evangélicos
deveriam estar unindo forças na luta por uma sociedade mais decente. Ao invés disso,
descobrimos que a vasta maioria da literatura antimórmon em circulação vem daqueles com
quem concordamos sobre muitas questões do Novo Testamento, da própria comunidade
evangélica. Mas o movimento evangélico é um grito distante daquele “Cristianismo Histórico.”
Não apenas é uma grande variante daquelas Igrejas cristãs mais antigas (Católica Romana,
Ortodoxa Oriental, Siríaca e Monofisista), mas também não está nem perto ao Cristianismo
primitivo. Este ponto foi levantado pelo escritor evangélico David Bercot em um livro intitulado
Will the Real Heretics Please Stand Up (Os verdadeiros heréticos, queiram por favor se
levantar).1 Embora não gostaríamos de nos reter em tais negativismos, retornaremos mais
tarde em uma discussão de como os primitivos Cristãos viam o conceito de Cânon.
Wilson está correto em afirmar que as divergências básicas entre Santos dos Últimos Dias e
Evangélicos são “sobre a natureza e extensão da revelação por Deus” (p.27). E ele está certo
em fazer disso um ponto para discussão, uma vez que isto impacta criticamente nosso
relacionamento. Mas ele está errado na maioria de suas asserções sobre a Bíblia e sobre a
natureza da revelação, como nós demonstraremos.
Quando Wilson declara que “é um princípio básico da Ortodoxia Cristã que a Bíblia está
completa e o cânon de Escrituras está fechado,” ele refere-se à Bíblia conforme conhecida
pelos Protestantes, não às Bíblias de denominações Cristãs mais antigas, as quais não são as
mesmas como aquela que o Sr. Wilson utiliza. A Bíblia Católica, por exemplo, contem 14 livros
conhecidos como Apócrifos, que está faltando em Bíblias Protestantes modernas. Bíblias
usadas pelas Igrejas Armênia e Abissínia (Etiópica) contêm livros não conhecidos em nossas
Bíblias ocidentais. Quem pode rejeitar à revelia a validade de livros reverenciados por Igrejas
fundadas muito tempo antes que Lutero houvesse nascido? Quem é mais “ortodoxo”?
“Argumentos Mórmons”
É uma pena que Wilson apresente declarações de alguns escritores Santos dos Últimos
Dias como crença oficial da Igreja. O fato de que ele usa tais fontes ao invés de publicações
autorizadas SUD implica que não há nenhuma posição oficial em muitos dos itens levantados.
Ele lista quatro “argumentos Mórmons” (p. 28,31) contra o conceito de um cânon de escrituras
fechado e afirma que “a Igreja Mórmon (sic) oferece 4 razões por rejeitar a posição histórica
Cristã de que os 27 livros do Novo Testamento são o pedaço final da revelação divina” (p.29).
Dos quatros, apenas um representa a posição oficial da Igreja, i.e., “de que Deus continua a dar
nova revelação através de profetas modernos” (p.29). Ele saca os outros somente a partir de
escritos de indivíduos que, embora sejam Santos dos Últimos Dias, não estão falando pela
Igreja. Isto não é para invalidar quaisquer dos “argumentos” apresentados por estes indivíduos,
apenas dizer ser errado indicar que eles são oferecidos pela “Igreja Mórmon (sic)”.
“Ensinamentos Perdidos de Jesus”
Wilson cita “O primeiro argumento Mórmon” como “a alegação de alguns dos ensinamentos
de Jesus intencionalmente nunca foram registrados por causa de sua natureza sagrada” (p.28).
Existem realmente duas questões aqui. O primeiro é se alguns dos ensinamentos de Jesus
foram omitidos do Novo Testamento. O segundo é se Jesus alguma vez ensinou em segredo.
Para o primeiro, devemos olhar para as últimas palavras do apóstolo João: “Na verdade fez
Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro” (João
20:30). “Há, porém, ainda muitas outras cousas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas
uma por uma, creio que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos” (João
21:25). Somos ambos incapazes e não desejamos disputar estas palavras que vieram de uma
testemunha ocular do ministério e ensinamentos terreno de Jesus. Wilson tenta mitigar esta
implicação da declaração de João ao afirmar que “certamente nada essencial está faltando nos
livros canônicos do Novo Testamento” (p.28). Esta é uma premissa ingênua e sem fundamento,
baseada na crença a priori de que a Bíblia contém todas as coisas que Deus deseja que nós
conheçamos. Retornaremos a esse assunto mais tarde.

Em duas ocasiões distintas, quando Jesus aludiu sobre sua morte iminente, seus discípulos
“não entendiam isto, e foi-lhes encoberto para que não o compreendessem; e temiam interrogá-
lo a esse respeito” (Lucas 9:45; 18:33-34). Evidentemente, Cristo declinou em explicar o
assunto àqueles mais próximo a Ele.
Em João 14:26; 16:13-16, lemos que, durante a última ceia, Jesus prometeu que o Espírito
Santo traria todas as coisas à lembrança dos Apóstolos. Isto, alguns tem declarado, faz com
que a Bíblia esteja completa. Mas outras declarações feitas durante a última ceia indicam que
Jesus fora incapaz de entregar todos os seus ensinamentos durante sua vida mortal. Ele disse
aos seus apóstolos, “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”
(João 16:12) e lhes prometeu, “vem a hora quando não vos falarei por meio de comparações,
mas vos falarei claramente a respeito do Pai.”(João 16:25). Hugh Nibley tem observado que ,
uma vez que Jesus foi aprisionado logo após ter feito estes comentários, ele deve ter entregado
estes ensinamentos prometidos aos apóstolos após a ressurreição. Eles não estão, entretanto,
na Bíblia como ela existe hoje.
Quanto ao fato se Jesus ensinou qualquer coisa em segredo, Wilson cita João 18:20-21, em
que Jesus declara, “Eu falei abertamente ao mundo; Eu ; ensinei continuamente tanto nas
sinagogas como no templo, onde os judeus se reúnem, e nada disse em oculto.” Wilson
incorretamente faz a asserção que Jesus fez esta declaração “sob juramento diante do
Sinédrio” (p.28), citando Mateus 26:63 como evidência (nota 3). Mas desde que, na
jurisprudência judaica, nenhuma testemunha poderia agir testificando contra si própria,2 o sumo
sacerdote estava agindo ilegalmente quando disse a Jesus, “Eu te conjuro pelo Deus vivo,” e
Jesus estava legalmente sob nenhuma obrigação de responder à questão. Além do mais, as
passagens de Mateus 26 e João 18 discorrem sobre dois assuntos distintos . No primeiro, o
sumo sacerdote pergunta se Jesus “é o Cristo, o Filho de Deus,” enquanto na última ele indaga
sobre “seus discípulos, e sobre sua doutrina.”
Mais significativamente, o argumento de que João 18:20-21 prova que Jesus ensinou nada
em segredo é contradito pela admissão anterior de Wilson de que Jesus realmente ordenou
Pedro, Tiago e João a guardar a experiência da transfiguração em segredo até após a
ressurreição (p.28). A declaração de Jesus a Caifás foi feita antes de sua morte e ressurreição.
Mas não acreditamos que Jesus mentiu ou contradisse a si próprio. Em João 18:20-21, Jesus
declara que ele não ensinou doutrinas secretas “na sinagoga e no templo.” Isto deixa aberta a
possibilidade, mesmo a probabilidade, que ele algumas vezes ensinou seus discípulos em
segredo, e existe evidência clara que Ele deu aos seus discípulos informações não
intencionadas ao público em geral. Em Mateus 13:10-16, após Jesus ter ensinado sobre a
parábola do semeador, “os discípulos vieram, e lhe perguntaram: Por que lhes falas por
parábolas? Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos
céus, mas àqueles não lhes é isso concedido” (ver também Marcos 4:10-11; Lucas 8:9-10). Ele
então procedeu a explicar a parábola aos seus discípulos (Mateus 13:18-23). As parábolas de
Jesus são freqüentemente acompanhadas pela enigmática frase, “aquele que tem ouvidos para
ouvir, ouça” (Marcos 4:9), uma frase que obviamente implica que um significado mais profundo
a ser encontrado apenas por aqueles que estão verdadeiramente preparados e receptivos e
que buscam por isto.
A ponto de ilustração, a parábola de Jesus do semeador (Mateus 13:3-23) aparentemente
detém um significado esotérico (esotérico no sentido de “mais abrangente”). Pápias, um dos
primeiros escritores Cristãos após os apóstolos, o qual entrevistou muitos daqueles que haviam
ouvido os ensinamentos dos Apóstolos, nos relata que um dos ensinamentos não escritos dos
élderes dizia que “aqueles que são achados dignos de uma habitação no céu deverão ir para
lá...mas há uma distinção entre a habitação daqueles que produziram cem por um, daqueles
que produziram sessenta por um e daqueles que produziram trinta por um, pois os primeiros se
alçarão ao céus, os da segunda classe ao Paraíso, e a última habitará a cidade; e sobre isto o
Senhor disse, ‘Na casa de meu Pai há muitas moradas.’ “Pápias afirmou que as três divisões
aludidas por Jesus referem-se “à gradação e alocação daqueles que estão salvos, e que eles
avançam em níveis desta natureza.”3 O mesmo ensinamento é ensinado por Irineu e Clemente
de Alexandria o qual cita isto como um dos mais antigos ensinamentos dos Cristãos primitivos.
4
Nos “Reconhecimentos Clementinos”, uma obra Cristã bem conservada e acreditada por
muitos historiadores conter muitos dos mais antigos ensinamentos Cristãos, Pedro explica a
Clemente, “Seja este (referindo-se ao seu batismo) portanto para você o primeiro passo dos
três; cujo passo traz trinta mandamentos, e o segundo sessenta, e o terceiro cem, conforme
explicaremos mais em detalhes a você em outra hora.”5 O escritor Cristão associa o ritual do
batismo com aqueles que produziram trinta por um na parábola do semeador, portanto
implicando que existam passos de ritual adicionais (que se referem à parábola de Jesus) que
serão explicados ao converso Cristão “em uma outra oportunidade.” A palavra Grega para
“mistério” [musterion] a qual aparece na parábola do semeador (Mateus 13:11) pode ser
também significativa neste contexto. [Musterion] é usualmente definida como “um segredo”,
expressando “a idéia de silêncio imposta pela iniciação em ritos religiosos e é derivada da
palavra [muo] que literalmente significa ‘fechar a boca.’” 6 Na época de Jesus e dos Apóstolos
isto freqüentemente denotavam práticas encontradas nos mistérios religiosos Gregos. Estes
“mistérios” ou rituais freqüentemente apresentavam ou encenavam uma história religiosa em
que “o destino de um deus era retratado por ações sagradas diante de um círculo de devotos
numa forma e modo tal a dar-lhes uma participação no destino do deus.” 7 Estes segredos eram
apenas para ser revelados àqueles que fossem considerados dignos. “Integrado ao conceito
dos mistérios está o fato de que aqueles que desejassem tomar parte nas celebrações
precisam passar por uma iniciação; ao não iniciado era vedado o acesso tanto às ações
sagradas quanto ao conhecimento destes mistérios.”8 Um dos mais significativos elementos dos
ritos era a promessa de futura salvação e vida. “O sagrado mistério dos ritos é esta santificada
união entre a deidade que sofre e os devotos, os quais adquirem nos mistérios uma parte no
destino do deus e desta forma uma parte no divino poder da vida.” 9 Aqueles que participam
prometem não revelar o que aprenderam ao não iniciado. Na verdade, este “voto de silêncio” é
essencial a todos os mistérios, e é uma característica implícita na etimologia.”10 Será que as
referências de Jesus ao “mistérios do reino” (Mateus 13:11; Marcos 4:11 e Lucas 8:10) aludem
para um ritual ou rituais similares focalizando no próprio sacrifício de sofrimento e expiação de
Cristo?
Muitos eruditos bíblicos têm argumentado que o Sermão da Montanha foi originalmente
considerado “informação sigilosa.” A declaração de Jesus, “Não deis o que é santo aos cães,
nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-
se, vos dilacerem” (Mateus 7:6) refere-se a alguma coisa em específico. Betz tem argumentado
que a referência a “pérolas” por Jesus alude a uma coleção de ditos e ensinamentos, os quais
são “sagrados” e provavelmente se referem a rituais e ritos esotéricos, possivelmente o
sacramento ou alguma coisa mais.11
A referência de Wilson a Mateus 10:27 como suporte de seu ponto de vista (página 28) é
também enganosa, desde que esta passagem claramente declara que ele realmente deu a
seus discípulos informações privadas, mas disse-lhes de que deveriam proclamá-las
abertamente. Que os primitivos Cristãos liam esta escritura diferentemente do que Wilson a lê é
evidenciado em Clemente de Alexandria (cerca 160-215 AD), que escreveu “’Mas o que ouvis
no ouvido’ diz o Senhor, ‘proclamai sobre os telhados;’ ordenando-os a receber as secretas
tradições do verdadeiro conhecimento, e expô-las no alto e distintamente; e como temos ouvido
no ouvido, também devemos passar àqueles para quem isto é requisitado; mas não a nosso
bel-prazer comunicar-nos para todos sem distinção, aquilo que lhes foi dito em parábolas.”12
Em outro lugar, ele nota que Jesus “nos permitiu em comunicar sobre aqueles divinos mistérios,
e daquela luz santa, para aqueles que fossem capazes de recebê-los. Ele certamente não
divulgou a muitos o que não pertencia aos muitos; mas aos poucos a quem Ele sabia que se
diziam respeito, que fossem capazes de receber e lhes ser de acordo moldados. Mas coisas
secretas são confiadas para falar, não para escrever, como é o caso com Deus.” Então,
referindo-se a Lucas 8:17, Clemente acrescenta, “E se alguém disser que isto está escrito, ‘Não
há nada secreto que não será revelado, nem escondido que não será desvendado,’ deixe-o
também ouvir de nós, que para aquele que ouve secretamente, mesmo o que é secreto deverá
ser manifestado. Isto é o que o oráculo predisse. E para aquele que é capaz de secretamente
observar o que lhe foi entregue, aquilo que está vedado deverá ser divulgado como verdade; e
o que está escondido de muitos, manifestar-se-á a uns poucos.”13 Ele então vai adiante para
mostrar que alguns ensinamentos não escritos haviam sido perdidos.
A descoberta recente de fragmentos de um perdido Evangelho Secreto de Marcos é também
bem interessante. Estes fragmentos são considerados por alguns eruditos como contendo
ensinamentos que predatam o canônico Marcos. Eles aludem a um ritual Cristão primitivo
estabelecido por Jesus chamado “os mistérios do reino de Deus.” Este ritual aparentemente
começa com o iniciado vestindo um vestido de linho sobre seu corpo nu, requerida várias horas
de instrução, e culminando com o iniciado Cristão passando por várias cortinas ou véus. 14 De
acordo com Clemente de Alexandria, um apóstata chamado Carpócrates, tendo sido “por eles
instruídos e utilizando-se de artimanhas enganosas, escraviza um certo presbítero da Igreja em
Alexandria para que este obtenha uma cópia do evangelho secreto de Marcos, o que ele
também interpretou de acordo com sua doutrina blasfêmica e carnal e, além do mais, o poluiu,
misturando a palavras santas e imaculadas com descaradas mentiras adicionais. A partir desta
mistura foi sacado os ensinamentos dos Carpocratianos.”15 Clemente mais adiante declara que
uma cópia verídica desta obra era ainda guardada em Alexandria na época de sua epístola;
entretanto não possuímos aquela obra hoje e parece que ela se perdeu.
Segredos Apostólicos
Cristãos primitivos teriam discordado da declaração de Wilson que “nada essencial esta
faltando dos livros canônicos do Novo Testamento” (p.28). Paulo escreveu da “sabedoria
escondida” que não estava disponível para todos e que poderiam ser recebidas somente pelo
Espírito (1Coríntios 2:7-14:cf.Colossenses 2:2-3). Pedro concordou com esse ponto de vista
quando depois de ter anotado a revelação de Deus na companhia de Tiago e João no Monte da
Transfiguração, e adicionou que “nenhuma profecia da escritura é de alguma interpretação
pessoal. Porque a profecia não veio nos tempos antigos pela vontade do homem: mas os
homens santos de Deus falaram como se fossem movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:16-
21). Paulo também notou que “não era lícito” para ele revelar algumas coisas que ele aprendeu
em sua visão celestial (2 Corinthians 12:4), lembrando-nos que o “novo nome” mencionado em
Apocalipse 2:17 é conhecido somente pelo indivíduo que recebe a pedra na qual é escrito .
Tertuliano, um dos “Pais da Igreja” que floresceu por volta de 200 D.C., escreveu, “Nós
acreditamos que os apóstolos não foram ignorantes de nada, mas eles não transmitiram tudo o
que eles sabiam, e não estavam dispostos a revelar tudo a todos. Eles não pregaram em
qualquer lugar nem promiscuamente... mas ensinaram uma coisa em público e outra em
segredo. Algumas coisas sobre a ressurreição eles ensinaram para todos, mas algumas coisas
eles só ensinaram para poucos.” (De Praescriptionibus, 25-26). João Crisóstomo, bispo de
Constantinopla (falecido em 407 D.C.) declarou, “Paulo não divulgou todas as revelações, mas
ocultou a maior parte delas; e apesar de não ter contado tudo, também não ficou em silêncio
sobre tudo, com receio de que deixasse uma brecha para o ensinamento de falsos apóstolos”
(De Laudibus Sancti Pauli Apostoli Homilia 5). Paulo mesmo confirma essa idéia na sua carta
aos Coríntios: ”Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais...Leite vos dei a beber;
não vos dei alimento sólido” (1Coríntios 3:1-2).
O autor das Homilias Clementinas 19.20 dá crédito ao apóstolo Pedro com a afirmação,
“Nós lembramos que nosso Senhor e Professor, ordenando-nos, disse, ‘Guardai os mistérios
para mim e os filhos da minha casa’. Portanto também ele explicou aos seus discípulos
privativamente os mistérios do reino dos céus. Mas para você que realmente batalha conosco,
e examina nada mais além das nossas declarações, quer sejam falsas ou verdadeiras, seria
ímpio declarar as verdades escondidas.” 16
Orígenes, um erudito cristão do terceiro século D.C., escreveu sobre os mistérios que os
cristãos mantiveram escondidos do mundo. (Contra Celsum 1.1,3,7). Clemente de Alexandria
também escreveu dos mistérios encontrados na Cristandade (Stromata 5.10.63; Homilias
Clementinas, 19.20). O escritor do quarto século São Basílio também mencionou os ritos
misteriosos praticados na Cristandade (No Espírito 27,29). Um número de outros documentos
cristãos primitivos fala de ensinamentos e práticas secretas. Ritos templários SUD tais como
batismo pelos mortos, círculos de oração, apertos de mão e novos nomes são freqüentemente
mencionados nas antigas pseudoepígrafes cristãs.17
Escrituras Perdidas
Que há escrituras perdidas é um fato confirmado pela própria Bíblia, a qual fala sobre obras
escriturísticas que não são encontrados na Bíblia, tais como o Livro dos Convênios ( Êxodos
24:7; cf Êxodos 32:15-19, 32-33), o Livro das Guerras do Senhor ( Números 21:14), O Livro de
Jasar (Josué 10:13; 2 Samuel 1:18), A Maneira do Reino, escrito por Samuel (1 Samuel 10:25),
o Livro dos Atos de Salomão (1 Reis 11:41; cf. 1 Reis 4:32-33),o livro de Samuel, o Vidente ( 1
Crônicas 29:29); o Livro de Gade, o Vidente ( Crônicas 29:29); o livro de Natã, o Profeta (1
Crônicas 29:29; 2 Crônicas 9:29); a profecia de Aías (2 Crônicas 9:29); as Visões de Ido, o
Vidente (2 Crônicas 9:29;12:15; 13:22); o livro de Semaías, o Profeta ( 2 Crônicas 12:15); os
Atos de Abias... na História do Profeta Ido (2 Crônicas 13:22), Livro de Jeú (2 Crônicas 20:34),
os Atos de Uzias escrito por Isaías, o Profeta (2 Crônicas 26:22); as Afirmações/Palavras dos
Reveladores (2 Crônicas 33:18-19).
Wilson reconhece que os “representantes da Igreja Mórmon (sic)18 têm citado como exemplo
de livros perdidos a epístola de Paulo para os de Laodicéia (ver Colossences 4:16) e a terceira
epístola para os Coríntios (ver 1 Coríntios 5:9),” mas a melhor resposta que ele pode oferecer é
que “nós podemos apenas concluir que Deus escolheu não os preservar” (pg.32). A
argumentação circular aqui nos surpreende. As duas epístolas não são escrituras porque elas
não estão na Bíblia recebida, a Bíblia recebida é a priori a exclusiva representação da palavra
de Deus ao homem, desde que estas epístolas não estão na Bíblia, Deus escolheu não lá as
colocar. Nenhuma dessas suposições podem sustentar um teste da lógica ou mesmo de
autoridade bíblica.
Dos livros perdidos, Wilson fala, ”alguém se perguntaria porque mesmo um mórmon deveria
tomar as sugestões de sua igreja19 seriamente, uma vez que a Primeira Presidência da Igreja
Mórmon (sic) tem escolhido não incorporar nenhum desses livros rejeitados dentro de sua
edição da Versão Bíblica do Rei Tiago. Isto certamente teria sido feito, se quaisquer deles
fossem conhecidos ou viessem a ser conhecidos — pela alegação da Primeira Presidência de
possuir o dom de profeta, vidente e revelador – para ser de sagrada revelação” (pg.32). O fato
é que os Santos dos Últimos dias são guiados pelas palavras do Senhor a Joseph Smith,
quando disse a ele que os Apócrifos contém tanto verdades como interpolações dos homens e
devem ser lidos com o espírito (D&C90). Além disso, está claro que muitos livros que não
acabaram entrando na nossa Bíblia moderna influenciou os autores do Novo Testamento. Em
uma revisão recente20 nós escrevemos:
Paralelos entre os escritos do Novo Testamento e os Apócrifos e Pseudoepígrafes do
Velho Testamento são extensamente reconhecidos por eruditos bíblicos. Tais paralelos
mostram que esses textos extra-bíblicos influenciaram fortemente a língua e o estilo de
Jesus e dos Apóstolos. A Sociedade Grega Bíblica Unida do Novo Testamento lista
mais de 116 alusões do Novo Testamento tiradas dos Apócrifos e Pseudoepígrafes do
Velho Testamento.21 Esses incluem não somente os livros conhecidos como Apócrifos,
mas obras adicionais tais como 1 Enoque. De acordo com R.H. Charles, “a influência
de 1 Enoque no Novo Testamento tem sido maior do que todos os outros livros
apócrifos e pseudoepígrafes tomados juntos.”22 De acordo com Charles,
“Aproximadamente todos os escritores do Novo Testamento estavam familiarizados
com isto, e foram mais ou menos influenciados por ele em pensamento ou na dicção.” 23
Ele, então, lista mais de 128 exemplos de escritores do Novo Testamento. 24 Ele nota
que essas influências foram tão penetrantes que, “sem um conhecimento das
Pseudoepígrafes, seria impossível entender “o autor de Apocalipse. 25
O erudito cristão do segundo século, Orígines, também percebeu que algumas passagens
do Novo Testamento haviam sido retiradas de obras pseudoepigráficas. Ele escreveu, por
exemplo, que a informação em 2 Timóteo 3:8 não foi encontrada em “obras públicos” (i.e, o
cânon de escritura), mas no livro de Janes e Jambres. (O Ambrosiaster do quarto século D.C.,
notou que a passagem era um exemplo proveniente dos Apócrifos.”) Orígenes mais adiante
discorreu que 1 Coríntios 2:9, era uma citação do Secretis Eliae, o “Apocalipse de Elias”
(Comentário sobre Mateus27:9) - um fato mais tarde negado por São Jerônimo (Epístola 101
para Pammachius e Comentários sobre Isaías, Volume 17). A frase não é encontrada na
conhecida (porém incompleta) versão do Apocalipse de Elias disponível para nós em nossos
dias. Epifânio, bispo de Salamia em Chipre (falecido em 403 D.C.), notou que Efésios 5:14 é
uma citação encontrada “em Elias” (Contra Heresias 42), apesar da passagem não ser
encontrada no incompleto Apocalipse de Elias cóptico conhecido hoje.
Em Atos 7:25, Estevão indica que os profetas “que anunciavam a vinda do Justo” haviam
sido mortos. Jesus falou dos profetas enviados a Jerusalém que foram mortos (Mateus 23:37).
O Livro de Mórmon também indica que houve profetas na antiga Israel que foram mortos
porque eles testificavam de Cristo (1Néfi 1:19-20; Alma 33:15; Helamã 8:19). Nós
perguntaríamos apenas ao Sr. Wilson, quem foram esses profetas que falaram da vinda de
Cristo e foram mortos? Porque o testemunho deles de Cristo não está na Bíblia? Haveria a
possibilidade de termos perdido os escritos deles?
Canonização
A questão das escrituras perdidas é, em fato, principalmente um dos processos de
canonização o qual Wilson discute a fundo, embora com pouco entendimento. Ele declara que
a aceitação de um Cânone do Novo Testamento no terceiro conselho de Cartago em 397 D.C.
“foi meramente para afirmar o que já havia sido largamente estabelecido por volta de 175-200
D.C.” (pg.31) e cita dois modernos escritores para o efeito que “tão cedo quanto 100 D.C., os
quatro evangelhos e as principais epístolas de Paulo eram em várias partes reconhecidas como
Escritura” (pg.32).
Os líderes Judeus do tempo de Jesus falaram sobre ele, “Nós sabemos que Deus falou com
Moisés, mas deste nem sabemos donde é.” (João 9:29). A reação dos judeus a Cristo é
comparada à reação dos cristãos modernos a Joseph Smith e a relutância dos Judeus para
aceitar os evangelhos e outros escritos do Novo Testamento como escritura é a mesma reação
de muitos cristãos hoje para com o Livro de Mórmon e revelações modernas. Nesse aspecto
apenas, os apóstolos primitivos tinham muito mais em comum com os Santos dos Últimos Dias
do que com o restante do mundo Cristão. Wilson parece não compreender isso, nem
reconhecer como o cânon foi desenvolvido.
Assim, por exemplo, Wilson cita as razões do Cânone Muratoriano para a rejeição do Pastor
de Hermas (pg.33), mas falha ao mencionar que o documento também exclui de sua lista de
trabalhos canonizados os livros do Novo Testamento de Hebreus, Tiago, 2 Pedro, e 3 João.
Wilson também cita Ireneu a respeito do padrão pelo qual a doutrina foi aceita na Igreja do
segundo século. Na lista do Cânon do Novo Testamento incluída por Irenaeus em seu livro
Contra as Heresias, ele omite 2 Pedro e 2-3 João e nota que as epístolas de Hebreus e Judas
tinham menos suporte na igreja; ele também negou a autoria Paulínea de Hebreus.26
Um outro escritor do segundo século, Orígenes, depois de mencionar livros que ele
considerava ficção e fraudes, desenhou uma lista de escritos que ele acreditava ser geralmente
aceitáveis pelos cristãos, junto com uma lista de outros reconhecidos somente em alguns
lugares.27 O autor incluiu os quatro evangelhos, treze cartas que ele atribuiu a Paulo (Incluindo
Hebreus), Atos, 1 Pedro, 1 João e Apocalipse. A Segunda lista inclui Hebreus, Tiago, 2 Pedro, 2
e 3 João, Judas, Barnabé e O Pastor (de Hermas).
Eusébio, o grande historiador cristão do quarto século, também compilou uma lista de
“genuínos” e “disputados” livros do Novo Testamento. Entre os duvidosos livros, ele listou
Hebreus, Apocalipse, as epístolas de Tiago, Judas, 2 Pedro, 2-3 João, e outros livros que ele
reconheceu, que eram aceitos em alguns grupos cristãos, como o Pastor de Hermas, os Atos
de Pedro, o Evangelho de Acordo com Pedro, A Pregação e a Revelação de Pedro (História
Eclesiástica 3.25; ver também 3.3)
Gregório de Nazianzus, bispo de Constantinopla no fim do quarto século, em seu poema “Na
verdadeira e Genuína Escritura”, listou todos os livros do Novo Testamento, exceto Apocalipse.
Seu contemporâneo, Cirilo de Jerusalém (falecido em 386), preparou uma lista de autorizados
livros do Novo Testamento para seu Catecismo, mas omitiu o livro do Apocalipse. Um outro
contemporâneo, Atanásio, bispo de Alexandria (296-373 D.C.), em sua trigésima nona carta
Pascal de 367 D.C., foi o primeiro a listar todos os vinte e sete livros encontrados no atual Novo
Testamento como autorizado. Ele permitiu a leitura da Didaché e do Pastor de Hermas, mas
não os colocou em uma posição de igualdade com o cânon.
Foi a lista do cânon de Atanásio que foi aceita pelo conselho da Laodicéia (363 D.C), no seu
Cânone 60, excluindo o livro de Apocalipse. O Conselho de Calcedônia (451 D.C.) aceitou a
canonização aprovada em Laodicéia. A canonização foi também discutida nos Conselhos de
Hipo (393 D.C.) e Cartago (397 D.C.), realizada nas cidades da Tunísia que levam os seus
nomes. Em Cartago (o terceiro concílio lá realizado), depois de muito desacordo quanto a
certos livros, foi decretado que somente os 27 livros que compreendem nosso atual Novo
Testamento deveria ser lido nas igrejas, i.e., Os Evangelhos, Atos, as epístolas de Paulíneas
(gerais, e pastorais), as epístolas católicas e Apocalipse. Todos os livros da Septuaginta (Velho
Testamento Grego) foram aceitos em Hipo e Cartago, incluindo os Apócrifos, os quais haviam
sido rejeitado no Concílio de Laodicéia.
A Synopsis Sanctae Scripturae (Sinopse das Sagradas Escrituras) tem sido falsamente
atribuída a Atanásio, que morreu em 373 D.C., embora tenha sido escrita provavelmente no
sexto século. A lista do Novo Testamento corresponde à nossa, mas o documento notifica que o
Pastor de Hermas era lido em muitas igrejas. Entre os livros apócrifos e pseudoepigráficos na
lista estão 1-4 Macabeus, Salmos de Salomão, Odes de Salomão e uma desconhecida história
Ptolemaica, Susanna, Apocalipse de Elias, Apocalipse de Zefanias, Livro de Eldad e Modad,
Enoque, Os (Doze) Patriarcas, Oração de José, Testamento de Moisés, Assunção de Moisés, e
pseudoepígrafes atribuídas a Abraão, Zacarias o pai de João (o Batista), Baruque, Habacuque,
Ezequiel e Daniel.
O erudito Bíblico Thomas A. Hoffman, discutindo sobre a questão da canocidade, escreveu,
“Uma questão óbvia e crucial sobre normatividade permanece: é o número desses escritos
normativos co-extensivo com o atual cânon? R. Brinkmann tem sugerido que” é teoricamente
possível que uma epístola perdida de um apóstolo possa ainda ser aceita dentro do cânon,
embora a igreja praticamente considera o cânon como fechado. Isto pelo menos implica a
possibilidade da existência de um livro presentemente fora do cânon que possuiria os outros
dois componentes. Uma leitura da história da canonização de nosso NT, sugere que
possivelmente, livros tais como o Pastor de Hermas, a Primeira Epístola de Clemente, ou a
Epístola de Barnabé , poderiam ter o primeiro e segundo componentes, e simplesmente
careceriam do terceiro. As razões pelas quais, eles foram eventualmente tirados do cânon não
são claras. Os cânones maiores do VT das Igrejas Ortodoxas também sugerem a mesma
possibilidade.” 28
Do Pastor de Hermas, outro erudito bíblico escreveu, “Por um período de 400 anos,
começando com o aparecimento inicial do “O Pastor” e terminando com a adoção final do Novo
Testamento, O livro de Hermas permanece como talvez o mais forte entrante potencial que
falhou em se juntar ao cânon da sagrada literatura. ‘O Pastor’ recebeu seu apoio mais forte
para a adoção canônica durante os primeiros 150 anos da era Cristã. Pais da Igreja antes do
começo do segundo século acreditavam que a obra de Hermas era divinamente inspirada, isto
é, o Espírito Santo tinha infundido o escritor e o induziu a transmitir a mensagem de Deus para
toda a raça humana. Além disso, o livro supera o teste da “universalidade”—isto é, todos os
ramos da igreja honravam-no como a palavra de Deus, apesar de seus desentendimentos em
outros assuntos da doutrina e ritual.” 29
O fato de que um livro respeitado e reverenciado pelos antigos cristãos e incluído em
algumas primitivas Bíblias, deva ser rejeitado pelos cristãos posteriores, sugere que o processo
de canonização fosse muito mais complexo do que Wilson retrata. Isto adicionalmente apóia o
conceito dos Santos dos Santos dos Últimos Dias de uma apostasia da Igreja verdadeira
naquelas gerações cristãs posteriores quando não mais estavam sendo guiadas pela inspiração
dos primeiros cristãos.
De particular interesse é que as mais primitivas bíblias completas (coleção de livros, ao
invés de rolos individuais), os códices gregos, não estão em completo acordo com os Cânones
Ocidentais. Para o Velho Testamento, eles incluem os 14 livros conhecidos como Apócrifos.
Códex Vaticanus, escrito no final da primeira metade do quarto século (por volta de 350 D.C),
incluí no livro de Jó, os 400 adicionais semiversículos encontrados em Teodotiano, mas não em
nosso Jó. Códex Sinaiticus, escrito quase no mesmo tempo, adiciona o Pastor de Hermas e a
Epístola de Barnabé ao Novo Testamento. Como o Vaticanus, omite os últimos doze versos de
Marcos. Códex Alexandrinus, preparado no começo do quinto século D.C., inclui duas epístolas
de Clemente para os Coríntios no Novo Testamento.
Quando alguém considera a ênfase que Martinho Lutero colocou na autoridade da Bíblia e
no conceito de inerrância bíblica prevalecente em alguns grupos cristãos modernos, é irônico
que Lutero não aceitasse completamente a Bíblia. Ele jogou dúvidas em algumas datas
tradicionais e autoria de livros bíblicos. Ele questionou a autoria Mosaica das partes de
Pentateuco, a origem Salomônica de Eclesiastes, e declarou que Jó era uma alegoria. Reis, ele
disse, era mais para ser acreditado do que Crônicas, ”com o qual discorda em muitos
particulares. Éster estava sem botas ou esporas.” Na verdade, ele tinha sérias dúvidas sobre os
livros do Velho Testamento, Éster, Jeremias, Jó, O Cântico dos Cânticos e Jonas.
Lutero tinha suas dúvidas sobre alguns livros do novo testamento também. De Judas, ele
escreveu, “Ele citou dizeres e histórias encontradas em nenhum lugar mais.” Embora eu louve o
livro, ela é uma epístola que não precisa ser numerada entre os livros principais.” “São Tiago é
realmente uma epístola de palha quando comparada aos demais, pois sobre ela não se
encontra nada da natureza do evangelho.” Isto “não é a escritura de nenhum apóstolo.”30
O desprezo de Lutero para com a epístola de Tiago, resulta do fato de que Tiago escreveu
sobre obras, como se opondo a salvação pela fé dos escritos de Paulo, ele não menciona a
Paixão, a Ressurreição, ou o Espírito de Cristo.” Lutero concluiu seu prefácio para Tiago: “
Todos os livros genuinamente sagrados concordam nisso, que todos pregam de Cristo e tratam
dele. Este é o teste para julgar todos os livros, quando nós vemos se eles tratam de Cristo ou
não, desde que todas escrituras nos falam de Cristo (Romanos 3) e São Paulo não falará sobre
nada mais, além de Cristo (1 Coríntios 15).” “O que não ensina sobre Cristo não é apostólico,
mesmo se São Pedro ou São Paulo o ensinarem, novamente, o que prega sobre Cristo seria
apostólico, até mesmo se Judas, Anás, Pilatos ou Herodes tivessem isto feito.” “O evangelho de
São João e sua primeira epístola, A Epístola de São Paulo, especialmente Romanos, Gálatas e
Efésios e a primeira epístola de São Pedro, são os livros que mostram Cristo a você e te ensina
tudo o que é bom e necessário para você saber. “Ele seguiu adiante chamando esses livros o
“âmago e medula de todos os livros.”
Tendo colocado ênfase nos livros do Novo Testamento que glorificaram Cristo, Lutero
terminou descontando quatro dos duvidosos sete escritos para o qual Erasmus tinha referência:
Hebreus (que recusa um segundo perdão para os apóstatas). Tiago (que parece exaltar as
obras no dispêndio da justificação pela fé), Judas (que Lutero pensava que derivasse de 2
Pedro e não dava um testemunho claro de Jesus Cristo), e Apocalipse (que não era claro e
propriamente não ensinava sobre Cristo, sendo na opinião de Lutero, nem apostólico e nem
profético). Todos esses, ele colocou no final do novo testamento em sua tradução. Um outro
reformador, João Calvino, semelhantemente rejeitou o livro de Apocalipse do cânon.
A definição de Lutero do cânon está claramente em discrepância com a que Wilson cita de
Ireneu (p.30) e com sua lista de “três critérios”.31 “Origem Apostólica...Constante uso pela
igreja... Harmonia com o Velho Testamento e o ensinamento apostólico.” (pp.31-32). Pelo
contraste, Lutero não se importava se um apóstolo ou um não-cristão escreveu o livro, desde
que ele glorificasse Cristo e ensinasse fé, nem se importava ele sobre os laços com o Velho
testamento.
Para seu crédito, Wilson reconhece que “a epístola de Clemente, a epístola de Barnabé, o
Pastor de Hermas, e o Apocalipse de Pedro” eram populares entre os cristãos primitivos
(pg.32). Mas ele é assaz dogmático em sua asserção de que “os livros rejeitados falharam em
encontrar os critérios básicos da origem apostólica examinada, e não estavam em completa
harmonia com o conhecido ensinamento apostólico” (pg.32). O próprio fato de que os cristãos
primitivos os aceitassem, enquanto cristãos que viviam séculos depois dos apóstolos os
julgassem como não sendo autorizados, faz-nos nos questionar suas rejeições. Wilson nota
que, “perto da segunda metade do segundo século, já havia um acordo universal entre as
difundidas congregações cristãs sobre a inspirada natureza de 20 dos 27 livros do Novo
Testamento,” adicionando que “pela metade do quarto século o reconhecimento desses (outros
sete) livros fora também virtualmente universal” (pg.30). Novamente, nós perguntamos, por que
deveria a opinião dos cristãos do quarto século ser mais válida do que a dos cristãos do
segundo século?
O Uso das Pseudoepígrafes na Igreja Primitiva
Apesar das listas canônicas, as quais, como já vimos, não concordavam entre si, um número
de Pais da Igreja primitiva continuavam a citar livros não canônicos (pseudoepígrafes ou
apócrifos). Pelo tempo de Justino Mártir (falecido em 164 AD), os Cristãos no serviço de
Domingo liam “as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas” (Apologia 1:67). Mas
suas citações demonstram que estes não eram idênticos aos quatro Evangelhos, mas
continham material “apócrifo”.
Clemente de Alexandria (cerca 160-215 AD) mencionou e citou alguns livros desconhecidos
em nossos dias, assim como um número de obras pseudoepigráficas. Ele conhecia 1 Enoque e
citou livros tais como o Apocalipse de Zefanias (Stromata 5.11.77), Aristóbulo do segundo
século AC (Stromata livros 1, 5, 6), Ezequiel, o Tragediano (Stromata 1.23.155f). e o Apócrifo de
Ezequiel (alusão em Quis Dives Salvetur 39.2, fragmento em Stromata 7.16). Eusébio escreveu
que Clemente, em sua Stromata, usou o “testemunho dos Antilegomenoi, as Escrituras
disputadas (para ver se entravam no Cânon oficial ou não); também daquele livro chamado a
Sabedoria de Salomão, e de Jesus, o filho de Sirach (autor do Eclesiástico, não confundir com
Eclesiastes! Estes dois últimos são considerados canônicos pelos católicos e fazem parte da
Vulgata latina); também da Epístola aos Hebreus, das Epístolas de Barnabé, Clemente e
Judas,” mais escritores Gregos e Judeus (História Eclesiástica 6.13)
Clemente refere-se ao evangelho de acordo com os Hebreus e para uma declaração
atribuída a Jesus, a qual contém, “Aquele que se maravilha, reinará, e aquele que reinou,
descansará“ (Stromata 2.9.45). Nós podemos comparar isso com a não atribuída declaração
em Stromata 5.14.96, ”Aquele que procura, não descansará até encontrar; e aquele que tem
encontrado, maravilhar-se-á; e aquele que tem se maravilhado, reinará; e aquele que tem
reinado, descansará.” Isto aparece em Logion 2 no Evangelho Cóptico de Tomé, descoberto em
Nag Hammadi, Egito, em 1945, exceto que as palavras “e aquele que reina descansará” estão
faltando. Isto também está na correspondente versão Grega em Oxyrhyncus Papyrus 654, onde
é fragmentário.
Tertuliano, o grande teólogo norte africano que floresceu por volta de 200 D.C., mencionou
ou citou alguns trabalhos desconhecidos hoje, como alguns trabalhos pseudoepigráficos. Ele
tinha 1 Enoque em alta estima e referiu-se a uma história encontrada no Testamento de Jó
20:8f (De anima 14.2-7).Ele também citou alguns dos Apócrifos de Ezequiel (De Cami Christi
23). Ele também mencionou, em sua Apologia para os Cristãos, os Atos de Pilatos, incluindo o
relato da morte de Jesus acreditado ter sido enviado por Pilatos para César Tibério (conforme
citado por Eusébio na História Eclesiástica 2.2)
Apesar de sua lista canônica e rejeição aos livros espúrios, Eusébio manejou para se fazer
uso de um número de trabalhos pseudoepigráficos . Ele citou a oração de José (Preparação
para o Evangelho 6:11), Ezequiel o Trágediano (Preparação para o Evangelho 9.28-29),
Demétrio o Cronógrafo (Praeparatio Evangélica Livro 9), Oráculos Sibilianos 1:1 37-46
(Praeparatio Evangélica 13.12.5), Arístes, o Exegeta (Praeparatio Evangélica 9.25.1-4) e o
escrito do secundo século BC por Aristóbulo (História Eclesiástica 7.32.16-18, algumas também
em Praeparatio Evangélica 8.10,13.12,7.14). Ele também mencionou a epístola de Barnabé e
notou que a carta de Agbarus, príncipe de Edessa, e a resposta de Jesus ali registrada,
estavam ainda nos arquivos em Edessa, escrito em Sírio, e obrigatoriamente providencia uma
tradução Grega (História Eclesiástica 1.8.13).
Epifânio, bispo de Salamis em Chipre (falecido em 403 D.C), mencionou o livro
pseudoepigráfico de Eldad e Modad (De Fide 4.5), citou da Ascensão de Isaías (9.35f),
mencionando-a pelo nome (Contra Heresias 67:37), e nomeou e citou parte do Apócrifo de
Ezequiel (Contra Heresias 64.70,5-7).Ele citou os Atos de Paulo e Tecla como histórias
verdadeiras (Contra Heresias. 68). Ele citou o Proto-evangelho de Tiago, embora notando que o
rejeitasse como canônico.
Gregório, Bispo de Niassa (falecido em396), é conhecido por ter citado do Apócrifo de
Ezequiel (Contra os Judeus 3). Sozomeno, um historiador da Igreja do quinto século, escreveu
que a Revelação de Pedro era lida anualmente na Sexta-Feira Santa em algumas Igrejas
Palestinas (História Eclesiástica 7.19).
Jorge Sincelo, um monge Bizântino de cerca de 800 D.C., mencionou ou citou alguns livros
desconhecidos hoje, junto com conhecidas pseudoepígrafes. Ele usou alguns extratos de 1
Enoque (6:1-10:14; 15:8-16:1) em sua Cronografia. Ele escreveu do “O Pequeno Gênesis”
(Jubileus) que alguns chamavam “um apocalipse de Moisés” (Cronografia 1.5), mas também
usou o título Apocalipse de Moisés para um trabalho à parte. (Cronografia 1.48). Ele notou que
o Pequeno Gênesis , foi também chamado de Vida de Adão (Cronografia 1.7).
A Peshita, a Bíblia dos Cristãos Aramaicos do Oriente Médio, foi preparada no quarto século
D.C.. Suas versões mais primitivas excluíram 2 Pedro, 2-3 João, Judas e Revelação, as quais
foram mais tarde adicionadas em imitação à Bíblia Grega. Contudo, alguns ramos da Igreja
Síria ainda as excluem. Também conhecidos em Sírio são 5 Salmos apócrifos de Davi,
transmitidos no mesmo manuscrito junto com o poema didático bispo Nestoriano Elias de
Anbar (décimo século), e agora conhecido de um dos saltérios encontrados entre os
Pergaminhos do Mar Morto.
Corrupção Textual
Nenhum erudito Bíblico sério teria sugerido que os textos da Bíblia teriam permanecido
incorruptíveis. Aproximadamente em 1707, antes que maioria dos manuscritos conhecidos do
Novo Testamento Grego terem sido descobertos, O Novo Testamento Grego de Mill, publicado
na Oxford, listou acima de 30.000 leituras variantes no texto. Há uma dúzia conhecida de
variantes para um simples versículo, 1 Coríntios 2:4. Próximo de 1985, mais de 500.000
variantes bíblicas haviam sido catalogados para tanto o Velho como o Novo Testamento, dos
conhecidos manuscritos Hebreus (Velho Testamento) e Gregos (Novo Testamento), não
levando em conta as variantes encontradas em outras versões (e.g., a Septuaginta tradução
Grega do Velho Testamento).
Depois que a nova Bíblia em Inglês foi produzida, o comitê teve L.H. Brockington para
preparar um livro, O Texto Hebraico do Velho Testamento, listando todas “as leituras adotadas
pelos tradutores da Nova Bíblia Inglesa,” quando tiveram que decidir se aceitariam uma leitura
do manuscrito sobre uma outra. O livro tem 269 páginas e somente inclui aquelas variantes na
qual a decisão teve de ser tomada em oposição ao texto hebraico Massorético que é a base
para a maior parte das traduções das Bíblia em Inglês (e em Português).
O Problema das variantes nos manuscritos da Bíblia é refletido no título de um dos livros
escritos pelo renomado erudito Bíblico, Bruce M. Metzger, O Texto do Novo Testamento: Sua
Transmissão, Corrupção, e Restauração. Essa descrição da Bíblia não foi escrita por Joseph
Smith ou por nenhum de seus seguidores, mas pelo Professor Emérito de Linguagem do
Novo Testamento e Literatura do Seminário de Teologia em Princeton.
Os manuscritos mais primitivos do Novo Testamento eram muito fragmentados e são
portanto inúteis como evidência de que o Novo Testamento, assim como nós o temos hoje,
reflete o texto original dos livros que os compreendem. Os mais primitivos e aparentemente
completos documentos do Novo Testamento são os códices do quarto século D.C. Houve
tempo de sobra durante os séculos intervenientes para que corrupção pudesse entrar no texto.
32

Muitos escritores primitivos notaram exemplos de corrupção textual. Justino Mártir (A.D.
110-165) acusou os Judeus de remover porções do Velho Testamento que profetizavam sobre
a vinda de Cristo. Ele referia-se a porções perdidas de escritos de Isaías, Jeremias, e Esdras,
citando as palavras que faltavam (Diálogo com Trifo 72-74). Dois outros escritores seculares ,
Ireneu (Contra Heresias 3:20; 4:22) e Melito de Sárdis (Homilia na Paixão), citou uma das
mesmas passagens, este último a atribuindo para ambos, Isaías e Jeremias. Ironicamente,
nenhuma dessas partes perdidas foi restaurada em qualquer Bíblia Cristã.
Durante o conselho rabínico realizado em Yabneh (Yamnia) em 90 D.C., para determinar
quais livros seriam aceito como escrituras autênticas, houveram muitos desacordos sobre a
canonicidade de Ezequiel, cuja descrição do serviço do templo nos últimos dias (capítulos 40 e
48), contradizia as regras estabelecidas na Torah. Sobre isso, um dos rabis disse, ”Quando
Elias vier, ele explicará a dificuldade.” Outros não estavam contentes para esperar tanto. Rabi
Hananjas literalmente queimou o óleo da meia-noite por muitas noites , revisando o texto de
Ezequiel. Dele, foi escrito no Talmud, ”Abençoada seja a memória de Hananias, filho de
Ezequias: Se não tivesse sido por ele, o livro de Ezequiel teria sido escondido (i.e., ocultado da
leitura do público). O que ele fez? Trouxeram a ele trezentas medidas de óleo, e ele se sentou e
o explicou” (Talmude Babilônico Hagigah 13 a-b). Por intermédio, entende-se que o rabi tinha
modificado o texto a fim de torná-lo aceitável ao conselho. De acordo com Abot de Rabbi
Nathan 1, os livros de Provérbios, Cânticos dos Cânticos, e Eclesiastes foram originalmente
considerados somente parábolas, e tornaram-se aceitos como escrituras, só depois de terem
sido “interpretados”.
Muitos Pais da Igreja dos primeiros séculos da era Cristã citaram itens de Ezequiel que não
são encontrados nos livros bíblicos daquele nome. Epifânio (Contra Heresias 64.70.5-17) atribui
a Ezequiel a história dos homens cegos e coxos, que também é encontrada, sem atribuição,
em TB Sanhedrin 91 a-b), mas a qual é desconhecida dos escritos de Ezequiel. 1 Clemente
8:3, citando Ezequiel 18:30-31, adiciona idéias não encontradas na passagem, mas que estão
incluídas na versão encontrada em um dos textos de Nag Hammadi, A Exegese na Alma
(II,6)135-6. Tertuliano (De Came Christi 23) notou que Ezequiel, escreveu sobre uma vaca que
tinha dado a luz e não tinha dado a luz – a história é repetida por Epifânio (Panarion Haeresies
30.30.3), por Gregório de Niassa (Contra os Judeus 3), Clemente de Alexandria (Stromata 7:16)
e em Atos de Pedro 24. Clemente de Alexandria (Paedagogus 1:9) atribui a Ezequiel palavras
que parcialmente faz paralelos com os pensamentos em Ezequiel 34:11-16, mas que são bem
diferentes. Desses exemplos, está claro que o texto de Ezequiel possuído pela igreja primitiva
diferia do texto encontrado hoje na Bíblia.
Dentre os Pergaminhos do Mar Morto, estão duas cópias fragmentária de um documento
(4Q385,4Q386) que tem sido chamados de “Pseudo-Ezequiel”, porque contém passagens do
Ezequiel bíblico, que variam do que é encontrado no texto hebraico padrão Massorético . Flavio
Josefus, um historiador Judeu do primeiro século D.C., declarou que Ezequiel tinha escrito dois
livros de profecias (Antiguidade dos Judeus 10.5.1),embora somente um é encontrado na
Bíblia.
Há também um número de passagens no Novo Testamento que não são encontradas em
todos os manuscritos antigos. As mais bem conhecidas são as encontradas em Marcos 16,
João 8, e 1 João 5. Esta última envolve as palavras “o Pai , o Verbo e o Espírito Santo: e esses
três são um”(1 João 5:7).Essas palavras estão faltando em 250 manuscritos Gregos do Novo
Testamento e não são encontradas em nenhum manuscrito desde antes do sétimo século D.C..
Elas somente aparecem em quatro manuscritos escritos depois 1400. Muitos estudantes
acreditam que um escriba adicionou essas palavras como uma glossa explanatória.
A maior parte das autoridades antigas omite a passagem da mulher que foi pega em
adultério em João 7:53-8:11. A passagem está entre colchetes na Versão Revisada, com uma
nota de rodapé. A Versão Padrão Revisada a relega para a margem, com uma nota. Não é
encontrada nos principais Códices Gregos: Sinaiticus, Vaticanus, Alexandrinus, Ephraemi,
Regius e no Washington e está faltando em outras também. A Maioria dos eruditos pensam que
foi primeiramente escrita dentro da margem como um comentário em 8:15 ”Vós julgastes de
acordo com a carne; eu não jugo nenhum homem.” Algumas autoridades antigas a inseriram
com variações no texto conforme permanece hoje no final do evangelho ou depois de Lucas
21:38. Eusébio cita Pápias a respeito da “história da mulher, que foi acusada de muitos
pecados diante do senhor, a qual é encontrado no evangelho de acordo com Hebreus” (História
Eclesiástica 3.39). Isto sugere que a história pode ter sido emprestada do Evangelho dos
Hebreus, o qual não mais existe.
Os dois Manuscritos Gregos mais antigos (Sinaiticus e Vaticanus) e algumas outras
autoridades, omitem os últimos doze versos do evangelho de Marcos (Marcos 16:9-20),
enquanto ainda outras autoridades (Incluindo códices) tem um final diferente para o evangelho.
Tanto Jerônimo como Eusébio relataram que o manuscrito mais velho conhecido por eles,
terminou com as palavras “porque eles estavam com medo,” embora Eusébio desaprovasse o
final e foi seguido por outros. Os doze versos são encontrados em Ireneu, todos os manuscritos
sírios do segundo século, a maioria das outras versões e em todos os manuscritos gregos. Mas
eles são omitidos em alguns antigos códices Armênios, dois dos Etiópicos, K do Antigo Latim, e
um lecionário Arábico.
A “versão mais curta” é encontrada no códice Grego L e foi adicionada à margem junto com
o “final mais longo” pela Versão Revisada Padrão da Bíblia Americana. Lê –se “Mas eles
reportaram brevemente a Pedro e para aqueles que estavam com ele, tudo que havia sido a
eles dito. E depois disso, Jesus enviou por meio deles, do leste ao oeste, a sagrada e
imperecível proclamação da salvação eterna.”
O manuscrito de Washington tem seu próprio final, parte do qual é citado por Jerônimo como
encontrado em alguns manuscritos. Depois do versículo 14 do final mais longo, lê-se: “E eles
responderam dizendo, essa era de ilegalidade e descrença esta submetida a Satanás, que não
permite o que está sujeito aos espíritos impuros compreender o verdadeiro poder de Deus;
portanto manifeste a sua retidão. Eles já estavam falando com Cristo, e Cristo disse a eles
adicionalmente que o limite dos anos da autoridade de Satanás tinham sido cumpridos, mas
outras coisas terríveis estão próximas, até mesmo para os pecadores pelos quais fui entregue à
morte em seu favor, que eles possam se voltar a verdade e não mais pecar, a fim de que
possam herdar a celestial e espiritual glória incorruptível da retidão.” Isto não soa como
Marcos. O final mais longo foi escrito antes do final do segundo século, desde que era citado
por Ireneu, cerca 185 DC e pelo Diatessaron de Tatiano, cerca 170 D.C..
Eruditos que tem estudado o final usual de Marcos, usado pelo Bíblia do Rei Tiago, tem
notado que contém um vocabulário muito diferente do que é normal para Marcos. Não obstante,
é considerado estranho para Marcos para começar um livro com “boas novas” e finalizar com
“porque eles estavam com medo.” Além disso é coerente assumir que ele realmente inclui o
aparecimento de Jesus na Galiléia, que é profetizado em 14:28 e 16:7. O final foi
provavelmente interrompido no estágio primitivo e um novo posteriormente foi escrito
Os escritos do Novo Testamento foram sabotados?
Wilson reclama que é irracional acreditar que a igreja poderia ter caído em apostasia no
começo de sua história - um cenário sugerido pelos Santos dos Últimos Dias em que
documentos bíblicos foram corrompidos desde o começo. “Exige de nós acreditarmos que a
condição espiritual da comunidade Cristã e sua liderança , na própria sombra dos apóstolos
eram tão fracas que as principais extrações poderiam ter sido feitas dos escritos deles, não
detectadas ou não denunciadas” (pg.29). Mas este é precisamente o quadro qualquer um
imagina dos próprios escritos dos apóstolos. Paulo fala aos líderes de Éfeso, que futuro
apóstatas teriam se levantados de sua própria liderança, alguns dos quais estavam
indubitavelmente chorando na partida de Paulo (Atos 20:29-31). A segunda carta de Paulo aos
Tessalonicenses, sugere que as falsas cartas apostólicas, podiam estar até mesmo então
circulando nas comunidades cristãs (2 Tessalonicenses 2:2). Mesmo a própria bem conhecida
Advertência de João contra quem “adicionar a “ou “tirar das “ palavras do livro dele (Apocalipse
22:18-19) toma como certo que pessoas iníquas faziam isso e provavelmente teriam sido
conhecidas por assim agirem antes daquele tempo. Escrevendo metade de um século depois
das revelações de João, Dionísio de Corinto reclamou. “a razão de eu ter escrito cartas, quando
os irmãos a mim solicitaram para escrever. E essas cartas os apóstolos do diabo tem enchido
de piche, tirando algumas coisas e acrescentando outras, para quem uma maldição está
armazenada. Não é nenhuma maravilha, se alguns tem tentado alterar os escritos do Senhor,
quando estes tiverem formado planos contra aqueles que não são assim.” 33
Da “alegada sabotagem das escrituras apostólicas (pelos) apóstatas “sugeridas em 1 Néfi
13, Wilson escreve, “a Igreja Mórmon tem sido incapaz de providenciar uma explanação
confiável de quando ou como isso aconteceu” (pp.28-29). Desde que nós já temos notado as
evidências para uma corrupção textual, o mecanismo para nós parece ser secundário. O fato
de que isto aconteceu é um fait accompli que qualquer indivíduo mais objetivo, examinando as
variantes no texto, deveria aceitar prontamente.
A exigência de Wilson por um tempo preciso é baseada no conceito de uma Bíblia que
apareceu de um só sopro. De fato, o atual cânon, como nós temos demonstrado anteriormente,
foi lento em seu desenvolvimento. Documentos individuais escritos por apóstolos e profetas
poderiam prontamente ter sido perdidos ou modificados antes de se espalharem por todas as
congregações Cristãs primitivas. Isto teria sido particularmente fácil, durante o período, quando
não havia unanimidade sobre quais livros deveriam ser ou não aceitos ou lidos .
A Apostasia
Wilson se dirige às varias passagens do Novo Testamento que os Santos dos Últimos Dias
têm usado para mostrar que haveria uma apostasia e as acha dignas de um exame. Ele
também cita outras passagens do Novo Testamento que ele acredita providenciar evidência
contra uma apostasia. Examinaremos essas passagens aqui.
Wilson sustenta que “Cristo prometeu que Sua igreja nunca cairia em apostasia total:
Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha igreja, e os portões
do inferno não prevalecerão contra ela.’ (Mateus 16:18)” (p.29). Cristo não pode ter
intencionado nessa passagem de que a igreja nunca cairia. A palavra Grega representada
“prevalecer” na Bíblia do Rei Tiago é katisxusousin, literalmente, “seja forte contra,” e é
freqüentemente usada no senso de “conter.” Portões não atacam igrejas (ou algo mais) com a
intenção de destruí-los. Portões não são armas ofensivas! Eles são usados para manter
pessoas dentro,ou manter pessoas fora. Os portões do inferno (Hades no texto Grego) são
obviamente usados para manter pessoas dentro, como prisioneiros. Cristo, contudo, abriu
aqueles portões,quando ele foi ao mundo espiritual, para tornar possível aos iníquos das
prévias eras ouvir as boas novas da redenção (1 Pedro 3:18-20; 4:6). A visita de Cristo ao
Hades (o reino dos mortos) é um tema comum nas literaturas Cristãs primitivas, onde nós
freqüentemente lemos que Cristo derrubou os portões de Hades. As chaves que ele deu para
Pedro em Mateus 16:18-19 e as quais viriam a todos os apóstolos (Mateus 18:18) são o poder
para selar pessoas para a eternidade. Elas nos libertariam do cativeiro do diabo, abrindo os
portões do inferno até mesmo para os mortos.
Wilson alega que “O Novo Testamento em nenhum lugar prediz a apostasia total” (p.29).
Um Apostasia total, contudo, não é requerida em ordem para que verdades claras e preciosas
sejam perdidas dos escritos sagrados. Em 2 Tessalonicenses 2:2-3, Paulo escreve que Cristo
não retornaria para a terra, sem que primeiro venha a “apostasia”. Wilson alega que “esse
versículos e seu contexto (1:7-2:12) descreve apostasia em termos de eventos dos tempos
finais, especialmente a vinda do Anti-Cristo, não há indicação que será universal” (pg. 29).
Estamos certos que a Segunda Vinda de Cristo é um “evento dos últimos dias.“ Mas Paulo
disse que Cristo não retornaria,até que “venha uma apostasia primeiro.” Ele não diz quanto
tempo antes do retorno de Cristo que esse evento aconteceria, então nós não precisamos
reservar isto para os últimos dias. De fato, Paulo notou que “o mistério da iniqüidade realmente
já trabalhava” ( 2 Tessalonicenses2:7), indicando que a apostasia que ele previu não era um
evento dos últimos dias. 34
Um exame do texto completo de 2 Tessalonicenses 2:3-4 é bem revelador: “Ninguém de
nenhum modo vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia,e
seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra
tudo que se chama Deus, ou objeto de culto,a ponto de sentar-se no santuário de Deus,
ostentando-se como se fosse o próprio Deus.” Em Efésios 2:21, Paulo indicou que a Igreja é o
templo de Deus. Disto, o significado de Paulo em sua carta para os Tessalonicenses é claro. A
vinda do Senhor será precedida por um tempo de apostasia ou rebelião contra Deus, na qual o
diabo usurpará a Igreja como se fosse a sua própria. A estrutura temporal aparentemente
permanecerá , mas por causa da rebelião e iniqüidade não será mais a Igreja do Senhor e
Reino. Paulo, mais adiante, notou que havia uma influência que não permitia a vinda do
“mistério da iniqüidade” (2 Tessalonicenses 2:7-9). Tal influ6encia seria a restrição sobre falsos
ensinamentos que os apóstolos tinham o poder e autoridade para os corrigir e restringir
(Efésios 4). Da declaração de Paulo, nós aprendemos que essa restrição seria logo removida
ou “tirada do caminho”.
A declaração de Paulo aos Tessalonicenses é apoiada por Pedro, o qual declarou que antes
do retorno de Cristo, haveria uma “restituição [a palavra Grega significa ”restauração”] de todas
as coisas (Atos 3:18-21). Se nada houvesse sido perdido, não haveria nenhuma necessidade
de restauração. Significantemente, Pedro também notou que “o fim de todas as coisas está às
portas” (I Pedro 4:7), implicando que a perda de todas as coisas fosse iminente.
Wilson despreza as palavras de Paulo em Atos 20:30, dizendo que não sugere uma
apostasia universal. Ele adiciona que, da evidência de “Apocalipse 2:2, notamos que os santos
de Éfeso deram ouvidos à advertência de Paulo,” tendo percebido os apóstolos falsos dentre
eles (p.30). Se ele tivesse lido mais alguns versos, teria encontrado o Senhor falando à Igreja
em Éfeso,”Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. ..arrepende-te e volta
a prática das primeiras obras; se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candelabro, caso
não te arrependas.” (Apocalipse 2:4-5). Uma vez que, na visão de João, “os sete candelabros...
são a sete Igrejas” (Apocalipse 1:20), a ameaça do Senhor é clara: Ao menos que eles se
arrependam, ele removerá a Igreja de Éfeso.
Wilson argumenta que a referência de João ao santos sendo dominados pela besta
(Apocalipse 13:7), somente se refere aos eventos durante os últimos dias antes da segunda
vinda do Senhor (p.30). Embora nós não desejamos ser tão dogmáticos, há mérito para o
argumento de que os primeiros dez versículos de Apocalipse 13, pode se referir à apostasia
dos Cristãos primitivos. João profetizou que a besta guerrearia contra os santos e os
derrotaria. Nós discordamos de Wilson quando afirma: ”essa passagem não está descrevendo
os apóstatas, mas os heróis da fé” (p.30). Uma leitura cuidadosa da revelação de João indica
que João usa a palavra vencer, em referência aqueles que venceram o pecado e o mundo, e
são por esta razão salvos (Apocalipse 2:7,11,17,26;3:5,12,21;21:7). Isto se refere à salvação,
não à sobrevivência física, exceto em Apocalipse 11:7, onde a besta sobrepuja os dois profetas,
que são mortos. Conseqüentemente, quando João observa que os reinos mundanos
exemplificados pela besta superam os santos, isto pode se referir a apostasia dos
remanescentes da Igreja que sobreviverão quando o diabo lhes fizer guerras (Apocalipse
12:17). Depois do triunfo da besta sobre os santos da Igreja, ele então tem poder sobre todo o
mundo. No capítulo 14 um anjo de Deus vem para que o evangelho seja pregado para todos
que habitam na terra. Porque um anjo precisaria vir com o evangelho e pregá-lo a todos? Como
o capítulo 13 deixa claro, isto é porque os santos dos tempos primitivos haviam sido dominados
pelo mundo, permitindo ao diabo usurpar o Reino do Senhor.
Wilson afirma que “Cristo prometeu aos seus apóstolos, que a “fé de seus conversos
perseveraria” (p.30), citando, como evidência, as palavras de Jesus para seus apóstolos, de
que ele os havia escolhido para dar frutos e que seus frutos “permaneceriam” (João 15:16).
Wilson falha ao mostrar como sua declaração demonstra que não houve apostasia. O Senhor
obviamente abençoou os apóstolos em suas missões, e muitos foram salvos por intermédio de
seus trabalhos, mas Jesus também profetizou que o tempo viria em que os apóstolos seriam
mortos. Ele lhes disse:
Então sereis atribulados , e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa
do meu nome. Nesse tempo, muito hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros;
levantar-se-ão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a
iniqüidade, o amor de muitos se esfriará. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse
será salvo. (Mateus 24:9:13)
Dessa passagem, nós aprendemos que somente aqueles que superarem as tentações e
perseguições do mundo fielmente e não serem por elas sobrepujados, serão salvos.
Como evidência que não houve apostasia,Wilson nota que nos primeiros capítulos do livro
de Apocalipse , “Cristo recomendou às igrejas fiéis no crepúsculo da era apostólica” (p.30).
Embora seja verdade que o Senhor recomendou aos Santos fiéis da sete igrejas, contudo, uma
leitura cuidadosa dos capítulos 2 –3 de Apocalipse revela uma igreja trabalhando contra e em
alguns casos, aparentemente, perdendo a batalha contra as coisas mundanas e para a
apostasia. O Senhor, por intermédio de João, usou os símbolos do candeeiro para representar
cada uma das igrejas (Apocalipse 1:20). Cristo adverte os Efésios que se eles não se
arrependessem, ele removeria o candeeiro para fora do lugar deles (Apocalipse 2:10). Em
outras palavras Cristo tiraria Sua igreja deles. Cinco das sete Igrejas são ameaçadas com
julgamento ou destruição. Duas igrejas parecem ser as únicas especialmente fiéis , a igreja de
Esmirna e Filadélfia (as quais o Wilson se refere). A igreja em Esmirna é recomendada, mas
foram advertidos que passariam por tribulações, aprisionamentos e martírios, mesmo assim
eles deveriam encontrar conforto no fato que eles assim receberiam sua coroa da vida e eterna
e não seriam feridos pela segunda morte (Apocalipse 2:10). Senhor fala em manter os fiéis da
Filadélfia “da hora da provação” que há de vir sobre o mundo inteiro, para provar os que
habitam sobre a face da terra“ (Apocalipse 3:10). Wilson cita essa passagem como evidência
contra a Apostasia, ainda que a referência para “hora da provação” a qual vem sobre “o mundo
inteiro” , pode pronta e plausivelmente ser interpretada como uma referência à grande
apostasia. Wilson assume que a afastamento delas “da hora da provação” deve se referir a
sobrevivência física dos santos da Filadélfia, ainda que possa pode facilmente estar se
referindo ao fiéis da Filadélfia sendo tirados fora do mundo por meio de martírio antes que
Apostasia seja completa. Se as Sete Igrejas são típicas de outras Congregações Cristãs do
tempo, é claro que apostasia era um problema muito sério.
Wilson também cita 2 Timóteo 2:2, onde Paulo instrui que os seus ensinamentos deveriam
ser confiados “aos homens fiéis, que serão capazes de ensinar outros também,” e adiciona que
“se a apostasia universal imediatamente seguisse os apóstolos, essas instruções inspiradas
seriam inadequadas, ou os próprios apóstolos falharam em seguí-las” (p.30). Parece não haver
lógica por trás dessa conclusão, exceto se assumirmos que quando Paulo desse as instruções,
elas sempre seriam seguidas – o que, das passagens citadas anteriormente, nós sabemos que
não era o caso. Os apóstolos e Timóteo podem ter feito tudo em seu alcance para ensinar a
verdade e ainda assim havia pessoas que a rejeitaram.35 Até mesmo Jesus não pode
convencer a todos. Isto não é porque havia alguma coisa errada com a mensagem ou com o
mensageiro, mas simplesmente porque as pessoas conhecendo melhor, freqüentemente
escolhem o mau de qualquer jeito. Em uma passagem não citada por Wilson, Paulo também
adverte que o tempo virá em que eles não ouviriam mais os conselhos e os ensinamentos de
Timóteo, “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão
de mestres, segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se
recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fabulas” (2 Timóteo 4:3-4).
Como evidência que não houve apostasia total, Wilson nota que “Mateus 24:4-5,10-13 diz
’muitos serão enganados ...’Muitos, mas nem todos” (p.29). Semelhantemente, “1 Timóteo 4:1-3
prediz que “nos últimos dias alguns se desviarão da fé, mas nem todos,” enquanto ”2 Pedro
2:1-3 prediz que ‘muitos’, mas nem todos, seguirão as práticas libertinas de falsos profetas que
virão” (p.30). Enquanto seu ponto de vista sobre essas escrituras é bem tirado, elas, na
verdade, contradizem uma de suas suposições anteriores, i.e., que os Santos dos Últimos Dias
estão errados em propor uma “época muito primitiva para as escrituras do Novo Testamento,”
porque “isto requer que acreditemos que a condição espiritual da comunidade cristã e sua
liderança que estava na sombra dos apóstolos fora tão complicada que extrações importantes
poderiam ter sido feitas dos escritos, sem ser descobertas ou denunciadas... Alguém pode
rotular essa visão radical dos eventos como uma ‘apostasia imediata’ ” (p.29). Na verdade, a
apostasia já estava a caminho no tempo dos apóstolos, como afirmado anteriormente.
Revelação Contínua
Wilson está correto ao afirmar que “é um princípio básico do mormonismo que os cânones
das Escrituras não estão fechados e que Deus está ainda revelando novas verdades por meio
de profetas atuais” (p.32). ”Porque a Cristandade histórica rejeita este ponto de vista? Há duas
razões básicas. Primeiro, porque o Novo Testamento retrata o ofício de apóstolo como limitado
à primeira geração dos Cristãos, não faz provisão para a sucessão deste ofício que só existiu
uma vez na História”(pp.32-33). Esse argumento não pode ser apoiado pelo Novo Testamento,
e o contrário é verdadeiro, que o Novo Testamento providência ampla evidência que o
apostolado e revelação continuariam depois a primeira geração.
Não foi somente Matias selecionado, pela inspiração do Espírito Santo, para substituir o
afastado Judas Iscariotes (Atos 1:13-26), ambos Paulo e Barnabé são subseqüentemente
intitulados como “apóstolos” (Atos 14:14; Romanos 1:1, 5, 13; 1 Coríntios 1:1; 4:9; 9:1-2, 5-6;
15:9; 2 Coríntios 1:1, 5; 12:11-12; Gálatas 1:1,17; 2:8; Efésios 1:1; Colossenses 1:1; 1
Tessalonicenses 2:6; 1 Timóteo 1:1; 2:7; 2 Timóteo 1:1,11; Tito 1:1) . Paulo também indicou que
Tiago, o irmão de Jesus, foi um apóstolo (Gálatas 1:19). Quando Paulo escreveu que Tiago,
Cefas (Pedro) e João ...pareciam ser colunas” na Igreja (Gálatas 2:9), ele não poderia ter se
referido ao Tiago irmão de João, por causa da morte deste apóstolo, registrada em Atos 12:2,
que aconteceu antes do evento ao qual Paulo se refere que tomou lugar em Atos 15.

Wilson cita Efésios 2:20 como evidência que os “escritos (dos apóstolos originais) são o
alicerce da igreja e autoridade final” (p.33). Mas a passagem em questão não diz nada sobre os
“escritos” desses homens. Diz que os santos “estão edificados sobre o fundamento de
apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Jesus Cristo, a pedra angular.” Se os escritos foram
intencionados, então nós deveríamos esperar que a Bíblia tivesse alguns escritos de Jesus, a
qual não tem. O fundamento real da igreja é Cristo, com os seus doze apóstolos e profetas
escolhidos. Paulo explicou na mesma epístola que o Senhor “concedeu uns para apóstolos,
outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres; com vista ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho de seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e o pleno conhecimento do filho de Deus, à
varão perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” (Efésios 4:11-13). Isto não parece
como um ofício apostólico que existiria só uma vez, não mais do que mestres e pastores seria
um ofício de uma que só existência na História. Preferivelmente, Paulo deixa claro que esses
ofícios devem permanecer na igreja, “até todos nós cheguemos à unidade da fé.”
A necessidade de revelação contínua deveria ser auto-evidente. Quando o Senhor manda
um profeta, ele da a ele uma mensagem adequada às necessidades das pessoas da época.
Alguém não esperaria, por exemplo, que todos os profetas tivessem que construir uma Arca, só
porque o Senhor disse a Noé para fazer isso, ou para ir para Nínive como Deus ordenou a
Jonas. Embora a mensagem de salvação por intermédio de Cristo não tenha mudado, existem
outras necessidades, que podem ser preenchidas somente por revelação contínua. Em seus
dias, muitos Judeus rejeitaram Cristo, por que ele não se encaixava nas noções pré-concebidas
sobre como o Messias deveria ser. Jeremias e outros profetas foram rejeitados porque eles não
se encaixavam nas noções pré-concebidas sobre o que um profeta deveria ser. As coisas não
têm mudado muito nestes últimos milênios.
O padrão das escrituras deveria nos falar que Deus lida com o seu povo por meio de
revelação contínua. Se fosse de outra maneira, nós não teríamos os livros do Velho e Novo
Testamento. O fato de que Paulo estava recebendo revelação depois que Matias foi chamado
para ocupar a vaga no quórum dos doze deixada pela morte de Judas, é evidência que Deus
manteve esse padrão depois da ressurreição e ascensão de Cristo. No mínimo em três
ocasiões, ele foi visitado pelo próprio Jesus e recebeu nova revelação (Atos 9:3-6; 22:5-10, 17-
21; 23:11; 26:13-8; Gálatas 1:11-16), e foi visitado no mínimo uma vez pelo anjo de Deus (Atos
27:23).
Paulo não foi de maneira alguma um dos apóstolos originais, nem mesmo o substituto de
Judas, mesmo assim ele continuou a receber revelação durante sua vida. Em Efésios 3:4-6, ele
falou de seu “conhecimento no mistério de Cristo,” o qual não tinha sido conhecido nos tempos
primitivos, mas “agora foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito,” a saber
“que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa
em Cristo Jesus por meio do evangelho.” Aos Coríntios, escreveu sobre as coisas que “Deus
tinha revelado...a nós por meio de seu Espírito,” afirmando que é somente por intermédio do
Espírito de Deus que o homem pode saber as coisas de Deus “porque elas se discernem
espiritualmente” (1 Coríntios 2:9-14). Para Paulo, não havia cânon fechado e Deus não parou
de dar revelação.
Que os Cristãos concordam com Paulo é evidenciado pela história da fuga miraculosa da
Comunidade Cristã de Jerusalém de sua cidade antes de sua destruição pelos Romanos em 70
D.C., Eusébio reconta a história “Mas todo o corpo da Igreja em Jerusalém, dirigidos por uma
revelação divina dada a homens de piedade e aprovada antes da guerra (que começou e 66
D.C.), saíram da cidade para morar em uma certa cidade da Peréia, chamada Pela. E eis que,
tendo se mudado de Jerusalém aqueles que acreditavam em Cristo, como se a cidade real
dos Judeus e toda a terra da Judéia estivessem destituídas de homens santos, o julgamento de
Deus por fim atingiu os atingiu pelos seus crimes contra o Cristo, destruindo totalmente toda a
geração de malfeitores sobre a terra.” ( História Eclesiástica 3.5.3). A revelação mencionada por
Eusébio, não sendo de uma natureza doutrinal, não veio contudo aos apóstolos, pois este , ele
afirmou, “tinham sido expulsos da terra da Judéia” e ido pregar o evangelho em outras nações
(História Eclesiástica 3.5.2).
A Segunda razão de Wilson pela qual a igreja Cristã não procura revelações modernas, é
que a Bíblia apresenta a encarnação de Cristo, morte expiatória, e ressurreição vitoriosa
culminando assim de uma vez por todas o plano de salvação de Deus profetizado e
prenunciado no Velho Testamento (Hebreus 1:1-2; 9:26-28; 10:10; Judas 3). Desta forma, como
poderia uma revelação adicional adicionar alguma coisa essencial à mensagem Cristã?”(p. 33).
Seguindo esse raciocínio, nós não deveríamos esperar nova revelação depois da expiação de
Cristo, com temos visto, Paulo e outros continuaram a receber revelações depois daquele
tempo. No caso de Paulo, a maior revelação era de como o evangelho deveria ir para os
gentios, uma parte crítica do plano de salvação, assim como foram as decisões tomados pelos
élderes e apóstolos no conselho em Jerusalém para não impor aos conversos Gentios a
circuncisão e outros requisitos da lei de Moisés (Atos 15).
A resposta de Wilson para isto seria certamente que “não existe bases bíblicas para esperar
revelações adicionais. A tarefa da igreja é preferivelmente pregar, ensinar e defender a fé que
de uma vez por todas foi entregue aos santos (Judas 1:3), até que Cristo venha.” Essa é uma
objeção comum baseada na premissa falsa do significado de Judas 1:3, o qual algumas
traduções da Bíblia moderna interpretam como “de uma vez por todas”. De fato, é o conceito
moderno evangélico da inerrância bíblica que nos tem levado a interpretar “de uma vez por
todas.” A versão do Rei Tiago simplesmente fala da “fé que foi uma vez entregue aos santos”. A
palavra Grega interpretada “mais uma vez” (ou “de uma vez por todas”) é hapax, que
simplesmente significa “mais uma vez.” Contudo, isto não denota término. Isto é claro nas
seguintes passagens do Novo Testamento, onde a mesma palavra Grega é usada no contexto,
onde ninguém entenderia isto significando “de uma vez por todas.”

“porque até para Tessalônica mandaste, não somente uma vez, mas duas, o bastante
para as minhas necessidades” (Filipenses 4:16)
“Por isto quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas
duas)” (Tessalonicenses 2:18).
“aquele, cuja voz abalou então a terra; agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda ‘uma
vez mais’ (traduzida ‘uma vez por todas’ em algumas versões em Português) farei
abalar não só a terra, mas também o céu.” (Hebreus 12:26)

De fato, a mesma palavra grega é encontrada em dois versículos posteriormente, em Judas


1:5, onde o autor escreve, “Quero, pois , lembrai-vos, como a quem uma vez já soube isto”
(Versão Portuguesa da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, na versão da Bíblia Anotada
pela editora mundo Cristão, preferem traduzir como “uma vez por todas”). Se ele tivesse que
relembrar seus leitores que eles ‘uma vez’ sabiam isto, então ele faz com que saibam disto
novamente, uma tradução portanto de “uma vez por todas” não faz sentido nenhum.
Se o evangelho (mais corretamente, fé) tivesse que ser entregue apenas uma vez ao
homem na terra, então Paulo estaria errado em escrever que o evangelho tinha sido revelado
anteriormente para Abraão (Gálatas 3:8f). Se o evangelho tivesse sido revelado nos dias de
Jesus, para nunca desaparecer da terra, não haveria necessidade do anjo que João avistou
vindo nos últimos dias, revelar o evangelho para os habitantes da terra (Apocalipse 14:6-7).
Nós podemos concluir que Judas 1:3 não nos mostra a história completa, ou temos que
concluir que a própria Bíblia se contradiz.
A Bíblia é a única palavra de Deus?
Em seu discurso sobre o cânon do Novo Testamento, Wilson cita a declaração de Metzger’s
que havia”um elevado grau de unanimidade a respeito da maior parte do Novo Testamento” por
volta do segundo século D.C. (p.32). Embora isto seja certamente verdadeiro, alguém se
perguntaria como papel da “unanimidade” sobre os principais livros do Novo Testamento e uma
situação “insegura” para o restante se traduz em uma Bíblia como sendo a única palavra de
Deus, e na opinião da maioria dos Cristãos evangélicos, inerrante.
De acordo com Eusébio, o escritor Cristão do segundo século Pápias afirmou sua
preferência pela “voz viva e conformada” (i.e., revelação contínua) sobre o ensino dos livros.
Policarpo, bispo de Esmirna (falecido em 166 D.C.), expressou um pensamento semelhante:
Quando ouvi alguém dizendo, se eu não o encontrar nas Escrituras antigas, eu não
acreditarei no evangelho; disse para eles, está escrito; eles responderam-me, Está para
ser provado. Mas para mim, Jesus Cristo está no lugar de tudo que é antigo: Sua cruz,
morte, ressurreição, e a fé, que é para ele momentos incorruptíveis da antiguidade;
pelos quais eu desejo, através de orações, que sejam justificados (Ignácio para os
Filadélfianos 8, pequena recensão). 36
Um erudito Bíblico protestante, Floyd V. Filson, reagindo à tendência em acreditar que a
Bíblia seja a palavra exclusiva de Deus, escreveu:
É possível, contudo, enfatizar tanto a Bíblia, e dar a ela um lugar central que a
consciência cristã sensível tenha que se rebelar . Nós podemos ilustrar tal super ênfase
na Bíblia pela frequentemente usada (e talvez mal-usada) citação de Chillingworth: “A
Bíblia sozinha é a religião do Protestantismo.” Ou nós podemos lembrar o quão
freqüente tem sido dito que a Bíblia é a autoridade Cristã final. Se não parece tão
jocoso, eu gostaria de colocar uma boa palavra para Deus. Ë Deus e não a Bíblia quem
é o fato central para os Cristãos. Quando nós falamos “da palavra de Deus” nós
usamos a frase que propriamente usada, pode ser aplicada à Bíblia, mas isto tem
significado primário mais profundo. É Deus quem fala aos homens. Mas ele não faz
isso somente por meio da Bíblia. Ele fala por meio de profetas e apóstolos. Ele fala por
meio de eventos específicos. Enquanto a sua mensagem ímpar à Igreja se encontra no
registro central e expressão escrita na Bíblia, esta mesma referência à Bíblia faz-nos
lembrar que Cristo é a Palavra de Deus em forma viva e pessoal, que transcende até
mesmo o que temos nesse único livro. A própria Bíblia prova ser a palavra de Deus
somente quando movida pelo espírito, trabalhando dentro de nós para atestar a
verdade e autoridade divina do que as escrituras falam. Fé não deve ser atribuída ao
fato que Deus providencia a reverência e atenção que pertence somente a Deus, nosso
Pai e o Senhor Jesus Cristo. Nossa esperança está em Deus; nosso vida esta em
Cristo, nossa força esta no Espírito. A Bíblia nos fala do divino centro de toda vida,
ajuda e força, mas ela não é o centro. Os ensinamentos Cristãos sobre o Cânon não
podem deificar a Escritura. 37
Fazemos eco a esses sentimentos e os recomendamos para todos os leitores da Bíblia.

Notas:
1. David W. Bercot, Will the Real Heretics Please Stand Up: A New Look at Today's
Evangelical Church in the Light of Early Christianity (Tyler, TX: Scroll Publishing, 1989).
2. George Horowitz, The Spirit of Jewish Law: A Brief Account of Biblical and Rabbinical
Jurisprudence with a Special Note on Jewish Law and the State of Israel (New York:
Central Book Co., 1963), 641; Ze'ev W. Falk, Hebrew Law in Biblical Times (Provo: Brigham
Young University and Eisenbrauns, 2001), 59-60.
3. Papias, Fragments 5, in Alexander Roberts and James Donaldson, The Ante-Nicene
Fathers (reprint Peabody, MA: Hendrickson, 1994), 1:154.
4. Irenaeus, Against Heresies 5:36:1-2, and Clement of Alexandria, Stromata, 6:14.
5. Clementine Recognitions 4:36, in Roberts and Donaldson, The Ante-Nicene Fathers, 8:142-
43.
6. James Strong, A Concise Dictionary of the Words in the Greek Testament (Nashville:
Abingdon, 1890), 49.
7. Gerhard Kittel Theological Dictionary of the New Testament (Grand Rapids: Eerdmans,
1967), 4:803.
8. Ibid., 4:804.
9. Ibid., 4:805.
10. Ibid., 4:806.
11. Hans Dieter Betz, The Sermon on the Mount (Minneapolis: Fortress Press, 1995), 495-98.
12. Clement of Alexandria, Stromata 1.12, in Roberts and Donaldson, Ante-Nicene Fathers,
2:313.
13. Stromata 1.1, in ibid., 2:302.
14. William J. Hamblin, "Aspects of an Early Christian Initiation Ritual," in John M. Lundquist
and Stephen D. Ricks, eds., By Study and Also By Faith: Essays in Honor of Hugh Nibley
(Salt Lake City: Deseret and FARMS, 1990), 1:202-21.
15. Ibid., 210-11.
16. Ibid., 8:336.
17. Estes são tratados nos livros da FARMS sobre templos antigos e editados por Donald W.
Parry, o primeiro dos quais, Templos do Mundo Antigo, foi publicado em 1994.
18. Novamente, a utilização incorreta do termo "representantes" erroneamente implica uma
doutrina oficial da Igreja.
19. Novamente, a implicação de que a Igreja tenha uma posição oficial sobre quais livros
deveriam pertencer à Bíblia.
20. John A. Tvedtnes and Matthew Roper, "'Joseph Smith's Use of the Apocrypha': Shadow or
Reality?" in Daniel C. Peterson, ed., FARMS Review of Books 8/1 (1996): 333.
21. Kurt Aland, et al., eds., The Greek New Testament, second edition (London: United Bible
Societies, 1968), 918-20.
22. Robert Henry Charles, The Book of Enoch (London: Oxford University Press, 1913), xcv.
23. Ibid., ix, n. 1.
24. Ibid., xcv-cii. A maioria dos eruditos Bíblicos não nos apresenta um número tal alto como o
Charles nos dá.
25. Robert Henry Charles, The Revelation of St. John (Edinburgh: T. & T. Clark, 1920), 1.lxv.
26. Considere o seguinte comentário de Carolyn Osiek,”O Pastor de Hermas: Um conto
primitivo que quase entrou para o Novo Testamento,” Revisão Bíblica 10/5 (outubro 1994):49” O
Pastor de Hermas foi um dos mais populares textos cristãs nos primeiros séculos da igreja.
Verdade, ele não conseguiu superar o corte final, isto é, não foi incluído no Novo Testamento.
Mas foi considerado canônico pelos influente Pai da Igreja do segundo século Ireneu.
Tertuliano, um outro Pai da Igreja proeminente da geração posterior, considerou-o como
escritura, até que sua própria teologia ter mudado e ele acabou descordando disto. O Teólogo
do terceiro século e compilador da Hexapla, Orígines, o tinha em alto respeito, assim como
outros líderes Cristãos.”
27. A lista aparece tanto nas Homilias (Commentary) sobre Evangelhode Mateus como nas
suas Homilias (Commentary) sobre o Evangelho de João, conforme percebido por Eusébio.
28. Thomas A. Hoffman, "Inspiration, Normativeness, Canonicity, and the Unique Sacred
Character of the Bible," Catholic Biblical Quarterly 44/3 (1982): 462-63.
29. William Jardine, Shepherd of Hermas: The Gentle Apocalypse (Redwood City, CA:
Proteus Publishing, 1992), 15.
30. 30. Todas as citações são encontradas na Edição de Holman da obras de Lutero, Vol. VI,
"Prefácio," tranduções por Dr. C. M. Jacobs, e por William Harrison Bruce Carney, "Luther
and the Bible, Its Origin and Content," chapter 2 in O. M. Norlie, ed., The Translated Bible
1534-1934, Commemorating the 400th anniversary of the Translation of the Bible by
Martin Luther (Philadelphia: The United Lutheran Publication House, 1934). See also
Floyd V. Filson, Which Books Belong in the Bible? (Philadelphia: The Westminster Press,
1957) 34. AS declarações de Lutero concernente ao valor relativo dos livros do Novo
Testamento (chamando Tiago de "palha") apareceu na primeira (Setembro de 1522) e
segunda (Dezembro de 1522) edições, na terceira edição (1524) e na pequena oitava
edição de 1530. No seu Vorrhede às epístolas de Tiago e Judas, Lutero dá uma avaliação
adicional. Em seu Vorrhede aos Hebreus, ele novamente compara Hebreus, Tiago, Judas e
Apocalipse com os livros que os precedem.
31. Alguém deveria desejar que Wilson nos suprisse preferencialmente com algumas
autoridades antigas para suas asserções, ao invés das fontes modernas que cita.
32. Nós temos um caso paralelo com o Alcorão, com as mais variantes formas de diferentes
suras sendo conhecidas já em sua primeira geração, resultando na necessidade de selecionar
o que deveria ser considerado autorizado e destruindo o restante.
33. Roberts and Donaldson, The Ante-Nicene Fathers, 8:765.
34. Paulo fez um número de declarações indicando que a apostasia já era um problema em
seu tempo. Para os Gálatas ele escreveu, “Admirai-me que estejais passando tão depressa
daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão
que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.” (Gálatas 1:6-7).
Para Timóteo , ele lamentou. “Estás ciente de que todos na Ásia me abandonaram” (2 Timóteo
1:15). Parece ter cumprido a advertência profética que ele transmitiu aos élderes em Efésios:
“Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes que não pouparão o
rebanho, e que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para
arrastar os discípulos atrás deles.” (Atos 20:29-30)
35. Talvez nós deveríamos perguntar ao sr. Wilson se as pessoas como Jimmy Swaggert e Jim
Bakker foram “homens fiéis...capazes de ensinar outros também.“ Se sim, Como eles caíram? A
mesma coisa poderia ter acontecido com os Cristãos nos dias de Paulo?
36. A mais longa recensão lê-se assim como segue: ”Tenho ouvido alguns dizerem algumas
afirmações, Se eu não encontrar o Evangelho nos registros, não acreditarei. Para pessoas
desse tipo, eu digo que meus registros são Jesus Cristo, para desobedecer a quem manifesta a
destruição. Meus registros autênticos são Sua cruz, morte, ressurreição, e fé que suporta estas
coisas, pelas quais eu desejo, por meio de oração, ser justificado. Aquele que desacreditar o
evangelho, desacredita em tudo que nele é envolvido. Pois os registros não devem ser
preferidos ao Espírito.”
37. Floyd V. Filson, Which Books Belong in the Bible, 20-21

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