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PROVOCA DESCONSTRUÇÕES
Marianne Mota, estudante, 22 anos, também acredita ser uma obra mais
política e não acredita, como Mateus, que resolverá o problema da região. “Foi
apenas uma substituição de uma rótula por um viaduto, nem pistas a mais
fizeram. Foi uma obra que só deixou a região mais bonita, nada mais.” Marianne
também acredita que o problema é mais complexo e poderia ter sido resolvido
de outra forma. “A população de Goiânia aumentou, mais pessoas foram morar
em nossa região e não houve adaptações e essa não resolve. Metrôs ou rodízios
poderiam funcionar melhor”. A moradora, como pedestre, também reclama da
falta de faixa de pedestres no trecho do viaduto. “Essa obra privilegiou somente
os carros”.
Para o professor Dirceu Trindade, a obra teve dois erros graves do ponto
de vista urbano: não está dentro do processo de planejamento da cidade e a
presença do viaduto-trincheira contraria o plano diretor. “Como consta na lei,
em uma cidade acima de 500 mil habitantes, qualquer obra para transporte
deve priorizar o transporte coletivo. Não está no plano diretor, não pode ser
feito”, contesta Dirceu Trindade. No entanto, o secretário de obras diz que
houve várias reuniões de todas as secretarias com o prefeito e se não houve
nenhuma objeção, é porque não havia problemas. Para o professor Dirceu,
qualquer obra deve ser feita visando o trânsito em um âmbito maior. “Um
viaduto apenas passa para frente o engarrafamento”, diz o professor. O
professor também explica que ao fazer obras deve-se manter o ambiente urbano
mais próximo ao natural e o pavimento prejudica o calor, devendo haver
elementos de contrapartida. Como urbanista, Dirceu Trindade vê que a obra do
viaduto-trincheira retirou a pouca vegetação que havia, bem como o chafariz
que melhorava a umidade da região, o que significa uma perda de qualidade
urbana. Para o secretário Alfredo a retirada do chafariz significou uma solução
para o problema dos transtornos que a água trazia em épocas de chuva.
* Estudante de Jornalismo.