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SERVIÇO DE PSICOLOGIA E ORIENTAÇÃO

PROJECTO DE INTERVENÇÃO NO GRUPO DE ALUNOS DOS CEFS


DA ESCOLA EB 2,3 PADRE AMÉRICO – CAMPO

A população dos jovens frequentadores dos CEFs nesta escola têm como características
comuns o facto de possuírem nível etário igual ou superior a 15 anos e 2 ou mais reprovações,
em anos anteriores do ensino regular, no 1º e 2º ciclos. Assim sendo, tratam-se de jovens que
possuem desde cedo dificuldades de aprendizagem (que podem ser de origem emocional ou
por défice cognitivo) que vão afectando a auto-estima e auto-conceito de uma forma muito
negativa, reflectindo-se em sentimentos de incapacidade e de fracasso que os levam a
desinvestir da aprendizagem escolar e, na maior parte dos casos, a uma anulação do projecto
pessoal futuro. Tudo isto, associado a outros factores de ordem social do meio onde se
inserem, despoleta sentimentos de revolta que são exteriorizados de uma forma desadequada,
muitas vezes através de comportamentos de risco, que se ampliam e agravam junto do grupo
de referência (pares).

ENTENDE-SE POR ‘COMPORTAMENTOS DE RISCO’ TODOS OS ACTOS E ATITUDES QUE


O JOVEM TENHA, QUE POSSAM COMPROMETER A SUA SAÚDE FÍSICA E MENTAL.
ESTES COMPORTAMENTOS PODEM SER DE CARÁCTER EXPLORATÓRIO DOS LIMITES
DO MEIO ONDE O JOVEM ESTÁ INSERIDO, MAS A MAIOR PARTE TÊM ORIGEM NUMA
INFLUÊNCIA DO MEIO, PODENDO SER UMA REPRODUÇÃO DOS MODELOS FAMILIARES
OU DE GRUPO-PARES.

Segundo dados estatísticos, estes comportamentos verificados nos jovens de hoje, se não
forem precocemente identificados e sujeitos a intervenção, podem levar a uma consolidação de
problemáticas que levam a consequências a nível individual, familiar e social. Assim, o percurso
escolar fica gravemente comprometido já que estes jovens, na sua maioria, apresentam:
tendência para abandono escolar, dificuldades de aprendizagem, desmotivação,
comportamentos de oposição, passagens ao acto ou mesmo violência, tendência para traços
delinquentes (consumos de tóxicos, furtos, etc). Estes comportamentos são provocados por
alterações da personalidade ou por desadaptação do jovem, em relação a si próprio ou ao meio
ambiente em que se insere.

Os jovens da nossa população possuem uma grande dificuldade de ligação com os outros e
em estabelecer laços afectivos profundos, quer no seio familiar, quer com professores ou
mesmo com os seus pares. Para sentirem alguma emoção procuram os chamados
comportamentos de risco, são pessoas extremamente conflituosas, que apresentam grande
insatisfação pessoal e que com alguma frequência deprimem. Na maior parte das vezes, na
adolescência, a expressão destes estados mais depressivos não são como o normalmente
esperado (abatimento, apatia, tristeza, lentificação psico-motora, etc), mas sim sob a forma de
cólera contida que extravasa através de uma tendência para o agir agressivamente.

Por outras palavras, verifica-se no historial pessoal destes jovens que, na sua infância, houve
uma ausência do factor educacional (sem uma boa educação). São crianças que cresceram
sem qualquer figura de referência (um bom pai ou uma boa mãe), os maus comportamentos
não foram corrigidos de forma adequada, ausência de regras e imposição de limites (que
causam sentimentos de insegurança e desprotecção na criança) e vivem em famílias onde
sempre existiu grande violência física (por vezes sexual) e psicológica ou mesmo alcoolismo.
Uma intervenção do SPO individualmente nos casos referenciados como mais graves, poderá
ajudar o jovem a reflectir acerca da sua condição e a fornecer-lhe instrumentos para modelação
dos comportamentos, mantendo sempre presentes as suas limitações perante o outro. Uma
intervenção junto da família torna-se imprescindível, na medida em que estes são os agentes
de educação mais presentes na vida do jovem, ajudando esta a lidar com determinados
comportamento e, se necessário, accionar recursos externos que possam auxiliar e intervir nas
diversas redes sociais.

É na escola que passam grande parte do seu tempo e, por este motivo, é o contexto onde mais
se reflectem estas problemáticas. São os professores/formadores que presenciam as situações
mais complicadas na sala de aula, tendo sérias dificuldades em lidar com os conflitos que
surgem, quer singularmente, quer da mobilização do grupo-turma. Nas reuniões das equipas
pedagógicas o SPO poderá analisar com os professores todas estas situações e discutir a
origem das ocorrências, bem como a resolução das mesmas.

O ingresso num CEF é uma alternativa ao ensino regular para obtenção de habilitações
académicas mínimas para entrada no mundo do trabalho ou continuação em formação mais
prática ou mesmo tecnológica. É esta componente que costuma motivar os jovens para a
aquisição de conhecimentos e o facto de estarem a frequentar um curso numa área de
formação compatível com o seu projecto profissional é essencial para que não desinvistam.
Uma orientação vocacional/profissional vai ajudar o jovem a olhar para o futuro de outra forma,
estabelecendo objectivos de crescimento adequados e realistas à realidade individual de cada
um. Também será efectuada um trabalho de parceria entre o SPO e os Directores de Curso no
sentido de se elaborar um Plano de Transição para a Vida Activa em cada turma, consoante os
níveis de conhecimentos adquiridos e áreas de formação profissional. Paralelamente, serão
feitos trabalhos com diferentes grupos-turma, tendo como objectivo o desenvolvimento de
competências pessoais e inter-pessoais (sociais), preparar o jovem para uma melhor inserção
no mercado de trabalho e adequar as competências pessoais às profissionais exigidas em
cada área.

MEDIDAS

Ψ Intervenção individual nos jovens sinalizados;

Ψ Apoio às famílias dos mesmos;

Ψ Participação nas reuniões das Equipas Pedagógicas, para análise e discussão de situações;

Ψ Orientação vocacional/profissional;

Ψ Elaboração do Plano de Transição para a Vida Activa, em colaboração com os Directores de


Cursos;

Ψ Trabalho de grupos para desenvolvimentos de competências, com as seguintes temáticas:

- dinâmicas e relações inter-pessoais;

- importância da comunicação (verbal e não-verbal);

- treino de assertividade;

- gestão de conflitos;

- desenvolvimento de competências pessoais (exploração de capacidades);

- desenvolvimento de competências profissionais (esperadas nas diversas áreas);

- técnicas de procura activa de emprego (internet e imprensa);

- inserção no mercado de trabalho (consciencialização e responsabilização);

- simulação de entrevistas em role-play (posturas a ter).

Campo, 30 de Dezembro de 2008

A psicóloga do SPO,

_______________
(Filipa Santos)

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