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i MICHEL VILLEY Direito Romano reticle « Notas de Paulo Fei Cunha nig Dit in Co nye & Paulo Fenda Cunha INTRODUCAO Um homem medianamente cuto (@ a este género de leitoras que esta colecgio se dirige) abre sem fentusiasmo uma obra sobre 6 rete romano, Acataria ‘som grande repugnancia que se Ihe falasse do direito ‘modemno; que se Ihe mastrasse como as nossas leis se ‘esforgam por organizar em sua técnica douta as nossas sociedades moderas; mas recua porante o direito romano. As controvérsias dos romaristas passam por desprovidas de agrado: s6 deveriam dar-se ao trabalho de as aftontar alguns especialistas, eruditos curiosos da histéria das sociedades. morta. Polo contraria, nés mastraramas a0 nosso leitor ‘quo as valhas leis romanas néo so estranhas aos nos- 2 eo Romano 508 horizontes habituais; que permanecaram em grande parte sempre actuals na Europa E uma verdade tistéica, que me néo compete aprofundar, a nossa dependéncia relaivamente & ant guidade, Durante sécules, as inaigéncias do Ocidente Beberam a sua flosoia, a sua podtica e mesmo a sua ciancia na cultura greco-foman. Ora, esta nao produzis somente um corpo de pensamento sobre © mundo, que n6s vamos procurar na Sua iteratura; mas um direto, ‘quer cizer uma arte de orgarizar a sociedado, os retos <0 cada um dos seus membros e as suas obigagées. O iret romano, mais seniimerte ainda que a tlosotia arega, fi por ns adoptado, O mundo moderna aimen- {ou-se dele: a sociedade moderna, 0 direito moda, So cofstiuides sobre as suas bases Através do period barbaro, a Igrejacristé estor- {gou-se por conservar 0 dirito romano. Em seguida, a anda quer que no dealbar do século XIl, durante 0 in ‘céndio da cidade de Amalfi, um manuscrito da mais im- Portante compilagso de leis romanas.o Digesta, tenha sido reencontrado. As Universidades apoderaram-se sso dla, As leis romanas foram as inioas, com 0 dieito ca- ‘nénico, consideradas dignas de serem ensinadas. De ‘modo nanhum apenas porque os homens da idade mé- dia acreditavam no Império romano sempre vivo, © as ‘suas leis sempre em vigor: isto vale para a Alemanha e a hala, mas funcionou antes em sentido contrério no que «iz respaito & Franca @ & Inglaterra. Mas entéo, os juizes no tinham @ habito de obedecer aos cédigos.Por falta ‘dum suficiente conjunto de leis obrigatbrias, oles julga vam bastante liviemente © segunda a justica, Ora,a0s, seus olhos, assim como os segredos da filosofa e da ciéncia estavam cissimulados no tesouro da iteratura antiga, a justia ndo rasidia sendo no cireito romano. NNele vieram encontrar modelos de sentencas; os advo- {gados, argumentos e Os notérios, férmulas de contratos. Nele s@ foram Inspirar os redactores das ordenacSes, mais tarde cédigos ou [eis Nao existem mesmo, inclus vamente, fedactores dos costumes medievais.que no tenham no direto romano, pelo menos, o seu plano © a ‘sua linguagem. ‘A Europa atravessou olto séoulos ininteruptos de cultura romana. Em todas as Universidades do Antigo Flagime, em Franca, 0 direto romano conserva 0 seu ‘monopélio |; tina ainda um lugar destacado nas nossas, faculdades io transcurso do século XIX; a doutrina ingpirava-se nele @ mesmo apés a redaceao do Cédigo, Civil, nao se dasdentia trazer aos triounais franceses ¢ 1e prez supers go 179 ara vet cade ua ca, als ic, do 3

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