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“O Mundo em que vivi” – Ilse Lieblich Losa

3. “Por isso eu, apesar de tão pequena ainda, tinha de andar sempre
de meias pretas. Isto arreliava-me porque as crianças com quem
convivia não usavam meias pretas e queria ser igual a elas.” (pág. 8)

Sublinhe no texto excertos onde Rose fala de desigualdade e


explique-os.

Ao longo de todo este capítulo é realçado pela narradora as


desigualdades dos judeus, essas diferenças são salientadas das mais
diversas maneiras.

A forma mais comum utilizada por Rose para demonstrar estas


dissemelhanças é a partir das várias personagens existentes neste
livro.

A avó Ester é uma das personagens que mais contribuí para o


aperceber das diferenças de Rose das outras crianças, da sua religião
e até de diferenças homem/mulher, em excertos como:

“…os pais desejavam felicidades e mandavam os três vestidos…


-Quero os três! … levou a avó a falar … sobre economia e utilidade …
Apontei para o vestido cor de tijolo … uma menina judia não deve das
nas vistas … Ficou o vestido azul marinho.” (pág. 16 e 17; linha 15
até linha 25 – pág. 16; linha 1 até linha 4 – pág. 17)

“ … Como todas as meninas teria ir de branco … Mas, mal se tinha ido


embora, a avó classificou a organização do cortejo de pireza cristã…”
(pág. 26 e 27; linha 24 e 25 – pág. 26; linha 1 até 11 – pág. 27)

“…Eu tinha um vestido branco… mas que nem todos os Domingos


podia vestir … Mas eu é que me sentia grata ao Kaiser por poder
andar de meias brancas.” (pág. 27; linha 16 até 22.)

Nestes três excertos, pode-se notar as diferenças do vestuário de


Rose das outras crianças. Por um lado aquilo que Ester queria que a
sua neta vestisse seria algo subtil e imperceptível, não querendo dar
nas vistas, caracterizando-a assim como uma verdadeira criança
judia, e por outro, por uma questão de economia, poupança e até
mesmo de proveito, como uma autêntica dona de casa.
“Terminadas as cerimónias, os judeus demoravam-se … Mas a avó
Ester ia logo para casa a fim de dar os últimos retoques ao almoço…
-São leis para mandriões… não aparece na mesa.” (pág. 43; linha 1
até 11)

Já nesta frase, Rose para além de se começar aperceber da sua


diferença perante os outros, por ser judia, pôde-se aperceber
também que do seio da sua família comparativamente com as outras
judias, existiam desigualdades, pois o modo como a avó procedia
depois das missas, eram completamente diferente de todos os outros
da mesma religião, que permaneciam no portal da sinagoga a
conversar, bisbilhotar e discutir.

“O avô Markus sentava-se em baixo, na secção dos homens …


subíamos a escada para a galeria das mulheres … perguntei … por
que é que as mulheres não intervinham nas cerimónias mais
magníficas… as coisas superiores e importantes eram exclusivo dos
homens… Agora já sabes porque é que nós duas ficamos cá em cima,
isoladas dos homens.” (pág. 38 e 39 – linha 16 e 25 – pág. 38 e linha
10 a 15 – pág. 39)

Esta parte em que a avô explica detalhadamente o porquê, a seu ver,


das diferenças do homem e da mulher, perante a religião que elas
simbolizavam, explicação esta que foi transposta desde do
antigamente para a actualidade em que elas viviam, e que
continuaria a ser notada, quando Rose já fosse adulta.

Uma outra personagem essencial para o demonstrar de todas as


diferenças descritas ao longo da narrativa, é o avô Markus. A partir
dele Rose apercebe-se novamente do povo a que pertencia, o povo
judeu, a continuidade familiar que a sua religião simbolizava,
contraposição de ideias de pessoas da mesma religião – Avô Markus e
Tio Franz e defesa de pessoas iguais a ela. Para além disso, a partir
do avô Rose começa a compreender a distinção entre as várias
nacionalidades – russos/alemães.

“… O Avô …profetizou à velha maneira conformista de judeu.” (pág.


22 - linha 37 até 39)

“- Houve um tempo em que não era permitido aos judeus viverem …


só se podiam dedicar a determinados negócios … chama-se a isso
tradição de família… a nossa é uma tradição que se tem transmitido
… Podes ter orgulho de seres judia.” (pág. 35 e 36; linha 17 a 24 –
pág. 35; linha 1 e 2 – pág. 36)

“…O avô explicava-me que ela não era bruxa, mas uma boa
velhinha… pertencia à nossa gente…” (pág. 45 – linha 11 até 13)

“…a nossa gente … antes Stefanie fosse bruxa a valer e não


pertencesse à nossa gente.” (pág. 46 – linha 11 a 13)

As expressões utilizadas pelo avô Markus mostram o orgulho que este


sente em ser judeu, tentando passar essa ideia a Rose, que ela
compreende e entende como sendo uma diferença das outras
pessoas. O brio que Markus sentia em ser judeu, não era só reflectido
em si, mas também nos judeus que o rodeavam – “Bruxa” Stefanie
Kohn, que por pertencer à mesma religião, tinha de ter um
significado diferente perante Rose, face às outras crianças da aldeia,
pois para os outros meninos, esta não passava de uma bruxa
malvada e maquiavélica, mas que para a personagem principal, ela
tinha de ser encarada como uma velhinha bondosa e amigável. Outra
preocupação que Markus tinha para a sua neta ter a noção era a
passagem dos ofícios passados na descendência – profissão de
negociador de cavalos.

“- Porque os russos, enquanto combatem na guerra, são os nossos


inimigos … é preciso desconfiar deles” (pág. 30 – linha 13 até 15)

Embora Markus marcasse Rose por demonstrar as características e


costumes do povo judeu, a partir de descrições suas também pode
dar a entender à sua neta, das divergências e diferenças que existiam
de país para país, nação para nação e de dogmas defendidos de
pátria para pátria.

Ao contrário das ideias e princípios do avô Markus, o tio Franz tem a


função de oposição a este, contribuindo também para as diferenças
que Rose se apercebe ao longo deste excerto. Com a sua experiência
militar detida na guerra, é bastante perceptível e entendido nas
descrições de Franz que não se orgulha em ser judeu, estando esse
desagrado representado em frases ditas pelo seu próprio tenente,
tais como:
“Mas por fim … no tenente … detestava os judeus ... chegava mesmo
a tratá-los por “judeu porco”, “safado” e coisas do género.” (pág. 24
– linha 14 até 17)

“O tio Franz … o tenente insultava os judeus …desgraça ser-se judeu”


(pág. 25 – linha 2 até 4)

Denotando-se aqui que mesmo dentro do grupo de soldados que


supostamente deveriam servir um determinado conceito e seguir as
mesmas normas e os mesmos ideais, que existem conflitos e os
judeus eram já tratados de maneira diferente. Estas frases de Franz
são indispensáveis, para não só nos apercebermos das
dissemelhanças do povo judeu, e não menos importante que existe a
oposição de ideias dentro de indivíduos da mesma nação.

Para além disso, existe o contraste de opiniões de dois judeus, do avô


Markus e o Tio Franz, nomeadamente na frase:

« “-É uma desgraça ser-se judeu.”, dissera o tio Franz. Ter orgulho
naquilo que era desgraça? … as palavras do avô .. consolação.» (pág.
36 – linha 3 até 6)

Já aqui, tal como referido anteriormente existe também o


antagonismo de máximas, mas agora entre duas pessoas envolventes
na mesma família tio Franz/avô Markus.

Não só os seus familiares, que estavam directamente relacionados à


diferença da religião de Rose simbolizavam a noção destas
divergências, também a sua amiga católica, Ina lhe revelou, em
expressões como:

“Mas quando Ina me levou … à igreja … o cantor da sinagoga …de


queixume e consolo.” (pág. 44 – linha 14 até 18)

Com a sua companheira Ina, Rose pôde-se aperceber de outras das


inúmeras diferenças designadamente, entre as duas igrejas, a que ela
pertencia, a sinagoga e a igreja católica, estando estas expressas a
partir dos cânticos cantados num local e noutro!

“Às sextas-feiras … os judeus iam à sinagoga … os cristãos


veneravam a Deus … a qualquer templo de qualquer crença.” (pág.
38 – linha 1 até 9)
Não só a partir das personagens do texto, Rose se apercebe das
diferenças, com as suas vivências e com o seu dia-a-dia, estas
também estão patentes, este pequeno excerto faz-nos ver que a
menina compreende, a partir de observações e análises na primeira
pessoa.

Ao longo de todo este capítulo é-nos descrito e entendido, com estes


excertos de todas as desigualdades existentes no Mundo de Rose, em
que a criança se deparava na realidade presenciada.

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