16 th european conference on reading
1st ibero-american forum on literacies
braga, portugal 19 a 22 de Julho
Multiliteracias e Novas Literacias
Sónia Lucena, Vânia Santos, Domingos Morais
(com a participação de Fátima Tavares, Filipe Neto e Márcia Carvalho)
Original Title
2009-07 - A Educação pela Arte enquanto facilitador de literacias várias
16 th european conference on reading
1st ibero-american forum on literacies
braga, portugal 19 a 22 de Julho
Multiliteracias e Novas Literacias
Sónia Lucena, Vânia Santos, Domingos Morais
(com a participação de Fátima Tavares, Filipe Neto e Márcia Carvalho)
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1st ibero-american forum on literacies
braga, portugal 19 a 22 de Julho
Multiliteracias e Novas Literacias
Sónia Lucena, Vânia Santos, Domingos Morais
(com a participação de Fátima Tavares, Filipe Neto e Márcia Carvalho)
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ON READING 1ST IBERO-AMERICAN FORUM ON LITERACIES BRAGA, PORTUGAL 19 A 22 DE JULHO
MULTILITERACIAS E NOVAS LITERACIAS A Educação pela Arte enquanto facilitador de literacias várias
Sónia Lucena, Vânia Santos, Domingos Morais
(com a participação de Fátima Tavares, Filipe Neto e Márcia Carvalho) Em Portugal, as sucessivas reformas, programas, projectos e intervenções nos curricula do ensino formal, num longo período caracterizado pelo progressivo acesso de toda a população ao Ensino Básico, modificou a expectativa que todos temos de se terem ultrapassado algumas limitações que marcaram a educação em Portugal. As artes, consideradas durante muito tempo como um luxo desnecessário à educação da maioria da população, aos pobres, para sermos mais precisos, conquistaram lenta mas seguramente o reconhecimento de educadores e professores. As expressões artísticas, enquanto instrumentos educativos incontornáveis na 2ª Infância e no Ensino Especial, foram no último quartel do séc. XX chamadas a integrar os programas do 1º ciclo do ensino básico. LEI DE BASES – 1986 (Nº 46/86 DE 14 DE OUTUBRO) PROPOSTA DE REORGANIZAÇÃO CURRICULAR - 1988 CRUZAMENTO DOS PRINCIPAIS CONTEÚDOS E TEMAS As próprias Artes, na fecunda perspectiva de artes na educação, foram e são convocadas em programas e directivas que os sucessivos responsáveis das tutelas apresentam na vã esperança de lhes estarem finalmente a dar o papel que merecem, resultante de um amplo consenso, quer entre os profissionais da educação, quer para os artistas e para a sociedade civil. CARACTERIZAÇÃO DA ACÇÃO
Actividades de Enriquecimento Curricular a
decorrer na Escola EB1 do Casalinho da Ajuda em Lisboa. As Actividades de Enriquecimento Curricular incluíram aulas de Inglês, de Actividade Física e Desportiva e de Educação pela Arte (expressão plástica, corporal, dramática e musical) leccionadas a todos os anos. Estas actividades funcionaram de forma integrada, sob uma coordenação única e assentaram num Plano Anual de Actividades estável e concebido por uma equipa de quatro professores: uma professora de Inglês, um professor de Actividade Física e Desportiva e duas professoras de Educação pela Arte.
Houve ainda, a intervenção de mais duas
professoras de Educação pela Arte, uma a convite da coordenação e outra que desenvolveu trabalho semanal com os alunos inserido no seu estágio de Mestrado em Teatro e Educação. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
36 alunos assíduos do 1º ciclo do ensino
básico com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos. A maioria da população é de etnia cigana, existindo também caucasianos e de etnia africana de ambos os géneros. É considerada uma população problemática devido ao meio onde se insere e onde se localiza geograficamente. A taxa de insucesso e abandono escolar é elevada. OBJECTIVO
O objectivo das expressões artísticas é
conduzir os indivíduos ao uso criativo dos elementos da dança (corpo, espaço, tempo, dinâmica, energia e relações), da expressão dramática (corpo, voz, espaço, objectos, jogos dramáticos verbais e/ou não verbais), da expressão musical (corpo, voz, instrumentos, géstica e representação do som), da expressão plástica (modelagem e escultura, construções, desenho, pintura, recorte, colagem e dobragem, impressão, tecelagem e costura, fotografia, e audiovisuais, cartazes, jornais) e da poética (conto, rimas, lenga-lengas e canções). Horário semanal ajustado às necessidades da população do Casalinho:
Os alunos do 1º e do 2º ano tinham duas aulas de
Inglês e de Actividade Física e Desportiva e quatro de Educação pela Arte por semana.
Os alunos do 3º ano usufruíam de três aulas de
Inglês e de Actividade Física e Desportiva e duas de Música e Movimento por semana. PLANO ANUAL DE ACTIVIDADES E INICIATIVAS DESENVOLVIDAS
A união de um variado leque de disciplinas num
todo foi uma conquista. PROGRAMA DESENVOLVIDO PELA EDUCAÇÃO PELA ARTE
A música, as artes plásticas, o jogo
dramático ou a dança, como “outras formas de linguagem” ou como jogo criativo, geram um espaço onde as crianças podem arriscar diferentes modos de estar e agir, através de uma representação corpórea e vocal, resultando num enriquecimento significativo das suas relações com o meio, com os outros e consigo próprio. A DANÇA
A dança como expressão corporal pode ter
um importante papel na socialização das crianças por a sua prática desenvolver a comunicação inter-individual do ponto de vista da variedade e precisão das significações, bem como ser geradora de autonomia e de satisfação. A EXPRESSÃO PLÁSTICA
o Nas artes plásticas, a experimentação de
várias técnicas e tecnologias, proporciona ao aluno uma maior destreza e multiplicidade de respostas perante as diversas situações com que se pode deparar dentro e fora do espaço escolar.
o A evolução a nível plástico foi notável e
bastante gratificante. CONCLUSÕES
Duma forma geral, os alunos melhoraram as suas
competências motoras (capacidades locomotoras básicas e de equilíbrio); as suas competências psicomotoras (o respeito pelo espaço do outro, a consciência de sincronia com a classe e a sincronização do movimento com a música) e as suas competências sócio-afectivas (as relações com o par e com o grupo, a aceitação de críticas e a cooperação).
A reprodução e a flexibilidade de respostas dadas a um
estímulo, assim como a capacidade de transmissão da ideia/sentimento melhoraram consideravelmente ao longo do ano. 2001 LITERACIA EM ARTES Literacia em artes pressupõe a capacidade de comunicar e interpretar significados usando as linguagens das disciplinas artísticas. Implica a aquisição de competências e o uso de sinais e símbolos particulares, distintos em cada arte, para percepcionar e converter mensagens e significados. (p.151) Requer ainda o entendimento de uma obra de arte no contexto social e cultural que a envolve e o reconhecimento das suas funções nele. Desenvolver a literacia artística é um processo sempre inacabado de aprendizagem e participação que contribui para o desenvolvimento das nossas comunidades e culturas, num mundo onde o domínio de literacias múltiplas é cada vez mais importante. (p. 151) A literacia em artes implica as competências consideradas comuns a todas as disciplinas artísticas, aqui sintetizadas em quatro eixos interdependentes: • Apropriação das linguagens elementares das artes; • Desenvolvimento da capacidade de expressão e comunicação; • Desenvolvimento da criatividade; • Compreensão das artes no contexto. (p. 152) Porque motivos serão os resultados obtidos tão frágeis, desinteressantes, desiguais na sua ocorrência, dependentes de fugazes sucessos em algumas escolas? Será que a maioria da nossa população não tem qualquer jeito, apetência, interesse por actividades artísticas? A organização curricular não permite esse desenvolvimento? Os professores não sabem ou não querem dar às artes e às expressões artísticas o lugar que aparentemente todos reconhecem como necessário? • Todos os motivos referidos serão de considerar. Mas o principal talvez seja o progressivo afastamento das escolas e centros de formação de práticas artísticas de qualidade. • A começar pelas Universidades e Politécnicos em que uma programação artística razoável é infelizmente excepcional, nas poucas ou nenhumas (em algumas Faculdades) ofertas de opções artísticas, na dramática redução da carga horária dedicada às artes e expressões na formação de educadores e professores, na quase inexistência de estágios académicos em que as práticas artísticas sejam bem tratadas. Esses os motivos porque mais vale encarar e assumir a impossibilidade de se fazer uma democratização da educação artística sem artistas, sem práticas artísticas interessantes, sem oferta de programas e iniciativas que tornem as artes presentes na vida de todos nós (e não apenas os produtos da florescente indústria de consumo tipo eventos, apoiados por máquinas eficazes de publicidade e manipulação da vontade). Vale mais pouco, mas bem feito. Não é possível continuar a pactuar com pseudo formações artísticas, programas patetas e desadequados a quem consegue pensar e sentir pela sua cabeça. E principalmente para não se tratarem as crianças e jovens e os seus professores como imbecis. • É pelo respeito que nos merecem as boas práticas que felizmente vamos tendo e esperamos cada vez mais presentes que lançamos este apelo. • Os professores, todos os professores, terão de ser os principais motores de uma mudança que devolva às escolas a capacidade de serem lugares de descoberta das Artes. • Sem pressas e sem cedências à apresentação de resultados para consumo mediático. E sabendo que essa tarefa é para ser feita dentro e fora da escola, com os pais e a sociedade civil. Não porque é de bom tom, mas pela felicidade que proporcionam e pelo contributo que dão para a qualidade da nossa vida.
“Não para que todos sejam artistas, mas para que ninguém seja escravo” (Gianni Rodari, Gramática da Fantasia – 1973) Agradecemos o tempo que nos dispensou.