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Etnogênese
Choque e conquista.
• “Cresce, na bibliografia etnohistórica das Áméricas, a ideia de que o
impacto do contato, da conquista e da história da expansão europeia
não se resume apenas na dizimação de populações e na destruição de
sociedades indígenas.” (p. 55)
• “Esse conjunto de choques também produziu novas sociedades e
novos tipos de sociedade (...). De acordo com Boccara (2000), “vêm
sendo amplamente reconhecidos o caráter construído das formações
sociais e das identidades, assim como o dinamismo das culturas e
tradições. Desta feita, esse autor busca desmantelar a radical
oposição entre “pureza originária / contaminação pós-contato”,
binômio que teima em resistir, sublinhando-se o processo contínuo
de inovação cultural”
• Mestiçagem.
Florestan Fernandes
• Pressupunha o restabelecimento do “equilíbrio do sistema
organizatório tribal” como a chave da sobrevivência étnica.
• Isso implicava a fuga e o isolamento como forma de retorno à pureza
pré-contato.
Etnogênese: Mosaico ou caleidoscópio?
• “Articulação entre processos endógenos de transformação e
processos externos introduzidos pela crescente intrusão de forças
ligadas aos europeus.”
• Endógeno e exógeno.
Jonathan Hill – 01/09
• Para ele a etnogenese não é apenas o processo de surgimento de
etnias mas também “as estratégias culturais e políticas de atores
nativos, buscando criar e renovar identidades duradouras num
contexto mais abrangente de descontinuidades e de mudanças
radicais”
• Não se pode pensar esse processo apenas na relação entre
sociedades subalternas e estruturas de dominação, mas também em
outras relações horizontalizadas como, por exemplo, indígenas e afro-
americanos.
Gary Clayton Anderson
• “enfatiza a ação consciente (agency), a contestação e a criatividade
cultural indígena na resposta à presença espanhola nas fronteiras
setentrionais da colônia. Segundo o autor, a etnogênese está radicada
no processo no qual “pequenos bandos transformaram as suas
culturas para se unir a outros grupos, abandonando as suas línguas,
suas práticas sociais e mesmo processos econômicos para atender as
demandas da nova ordem.”
Etnificação
• Se as novas perspectivas passsam a enfatizar a ação consciente e
criativa de atores nativos, ação essa informada tanto por cosmologias
arraigadas quanto por leituras da situação colonial ainda falta definir
mais claramente quais são as unidades sociais relevantes, antes e
depois da chegada dos europeus.
• Na verdade, a operação colonial, de classificar os povos subordináveis
em categorias naturalizadas e estanques – condição fundamental da
dominação colonial – remete aquilo que Boccara chama de
“etnificação” ou, para outros, “tribalização”. Aspecto fundamental na
formação de alianças e na determinação das políticas coloniais a
tendência de definir grupos étnicos em categorias fixas serviu não
apenas como instrumento de dominação, como também de
parâmetro para a sobrevivência étnica de grupos indígenas.
• “Neste sentido, há uma relação intrínseca entre a classificação étnico-
social imposta pela ordem colonial e a formação de identidades
étnicas. É importante lembrar, no entanto, que as identidades
indígenas se pautavam não apenas em relação às origens pré-
coloniais como também em relação a outras categorias – indígenas ou
não – que gestaram no contexto colonial das Américas.” (p. 58)