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ENFERMAGEM FRENTE AO RISCO

BIOLÓGICO:
PREVENIR É PRECISO

Cláudia Regina de S. Silva


Ivone Z. Sampaio

Orientador: Profº. Paulo César Ribeiro


INTRODUÇÃO
A escolha desta temática deve-se ao interesse e
preocupação com os riscos ocupacionais a que estão
sujeitos os trabalhadores de enfermagem e que no
desempenho de suas funções, manipulam materiais
perfuro-cortantes, e se acidentam. Quando o acidente
ocorre com material contaminado pode acarretar doenças
como a Hepatite B (transmitida pelo vírus HBV), Hepatite C
(transmitida pelo vírus HCV) e a Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida – AIDS (transmitida pelo vírus
HIV).
No Brasil, os acidentes com material perfuro-
cortantes, começaram a ser citado em
estudos de pesquisa na década de 70, porém
somente na década de 80, com o alarme das
publicações e debates sobre a AIDS, foi que
os trabalhadores de enfermagem
atemorizaram-se com a possibilidade de
contrair doenças com acidentes com material
contaminados.
O risco médio de se adquirir o vírus HIV
é de, aproximadamente, 0,3%. A
probabilidade de infecção pelo vírus da
hepatite B é de 6% a 30%, e para o vírus
da hepatite C é de 0,5% a 2%.
(MARZIALE; RODRIGUES, 2002).
Em 1978, o Ministério do Trabalho
aprovou as Normas
Regulamentadoras-NR que através
da Portaria nº 3.214/78, abordam
aspectos relativos à segurança e à
medicina do trabalho.
(BRASIL/MS 1997).
NR 05- Regulamenta as Comissões
Internas de Prevenção de Acidentes
(CIPA) e a NR 06- Regulamenta os
Equipamentos de Proteção
Individual (EPI).
Através da PORTARIA nº 485, de 11 de Novembro
de 2005 o Ministério do Trabalho aprovou a NR-
32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços
de Saúde, esta Norma Regulamentadora – NR
tem por finalidade estabelecer as diretrizes
básicas para a implementação de medidas de
proteção à segurança e à saúde dos
trabalhadores dos serviços de saúde, bem como
daqueles que exercem atividades de promoção e
assistência à saúde em geral.
Segundo SOUZA, (1994) a equipe de
enfermagem no Brasil representa a
maior parte do contingente da força de
trabalho em saúde, assim como
apresenta algumas características que
justificam e acentuam sua exposição
aos riscos ocupacionais.
Apesar dos profissionais da saúde estarem em
constante risco de adquirir infecções, somente com o
advento dos primeiros casos relatados de doentes
acometidos pela Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida – AIDS, em 1981, surge a grande
preocupação e medo do contágio acidental desses
profissionais, quando prestam cuidados a pacientes
com tais diagnósticos.

(BULHÕES, 1994; CARDO, 1997).


MARZIALE, NISHIMURA e FERREIRA,(
2004). diz que os profissionais na área da
saúde utilizam diversos tipos de objetos
perfuro-cortantes, que causam picadas e
cortes acidentais entre eles estão as
agulhas, tesouras, bisturis, pinças, jelcos e
escalpes que fazem parte do trabalho
diário.
Sendo assim a equipe de enfermagem está
constantemente exposta ao risco de adquirir
infecções transmitidas por patógenos
veiculados por via sangüínea, uma vez que seu
trabalho envolve contato direto e freqüente com
sangue e fluidos orgânicos, os quais podem
transmitir infecções pelo Vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), Hepatite B
(HBV) e Hepatite C (HCV), entre outros.
(LIMA, 2001).
OBJETIVOS
Objetivo Geral

Descrever as características do acidente e do


acidentado em relação a dados disponibilizados na
ficha de notificação de acidentes biológicos com
profissionais de saúde, da Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo.
Objetivo específico

Identificar dentre os trabalhadores de


enfermagem, acometidos por inoculação
acidentais, aqueles contaminados pelo vírus
HVB, HCV e HIV.

Verificar a relação do acidente com o


procedimento executado e fornecer dados para
que os trabalhadores venham discutir e adotar
medidas que evitem acidentes com material
biológico.
JUSTIFICATIVA
Diante da freqüência de ocorrência de acidentes com
material biológico nos hospitais, os riscos biológicos
para HIV, HVB e HVC se tornam um grave problema
para o profissional de enfermagem e sendo umas das
integrantes do estudo, profissional atuante na
enfermagem, e nos últimos anos, tem observado a
freqüência e as dificuldades enfrentada frente a
acidente com material biológico, permanecerem sem
assistência e acompanhamento adequado, chamou-
nos a atenção para esse problema.
Metodologia
Tipo de estudo
Trata-se de um estudo descritivo de caráter retrospectivo e
analise quantitativa dos dados.

Local e Período de Coleta de Dados


Foi realizado com base em dados colhidos manualmente
nos arquivos de um Centro de Referência (C. R) DST/AIDS
da Zona Sul de São Paulo. Os dados coletados
abrangeram o período de registro de ocorrência de
acidentes com material biológico de junho 2004 a Junho de
2006.
População / Amostra
Foi sujeito de estudo à equipe de enfermagem
acometida por inoculações acidentais com
materiais biológicos, os quais tiverem os acidentes
notificados no C.R. DST/AIDS da Zona Sul de São
Paulo.
Critério de inclusão.
Indivíduos com acidentes envolvendo material com
perfuro-cortantes biológicos.
Critério de exclusão.
Indivíduos com acidentes envolvendo material
perfuro-cortantes não biológico.
Instrumento de coleta de dados
Neste estudo, utilizamos um formulário. A coletas
de dados foi realizada após aprovação de Comitê
de Ética em Pesquisas (CEP) do Centro
Universitário Adventista de São Paulo (UNASP),
preservando-se os aspectos éticos de pesquisa
envolvendo seres humanos.

Análise dos dados


A análise dos dados compreende uma análise
descritiva da unidade do perfil do acidente
notificados durante o período proposto, e após
foram tabulados e calculados estatisticamente.
Limitação do estudo
A população estudada foi constituída por enfermeiros,
técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem,
que sofreram acidentes com material biológico e que
estejam devidamente notificada através do Sistema de
Notificação de Acidentes Biológicos ( SINABIO).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Grafico 1 - Distribuição dos acidentes de material biológicos de acordo com o
sexo dos profissionais. São Paulo Jun.2004/Jun.2006.

88%

100%

80%
Masculino
60% Feminino
12%
40%

20%

0%
Tabela 1 – Idade do profissional de enfermagem acidentado
com material biológico. São Paulo, jun 2004/ jun 2006.

Idade/anos Enf.º T/A Total %

21 ──┤ 26 06 06

26 ──┤ 31 01 09 10

31 ──┤ 36 03 03

36 ──┤ 41 03 03

41 ──┤ 46 0 0

46 ──┤ 51 03 01

>/ 51 01 03

total 01 25 26
Grafico 2 - Acidente com material biológico segundo a categoria profissional.
São Paulo Jun 2004/ Jun 2006.

4%
15%

Aux.
Tec.
Enf.

81%
Tabela 2 – Caracterização do profissional de enfermagem
acidentado com material biológico de acordo com o tempo
na função. São Paulo, Jun. 2004/ Jun. 2006.

Temp.Fun Enf.º T/A total %


0 ──┤4 01 13 14 53.8
4 ──┤8 5 05 19.2

8 ──┤12 4 04 15.3

12 ──┤16 0 0 0

16 ──┤20 0 0 0

>/ 20 3 03 11.5

Total 01 25 26 100 %
Grafico 3 - Acidente com material biológico segundo o turno
trabalhado.São Paulo, Jun 2004/ Jun 2006.

12%
Manhã
Tarde
31% 57% Noite
Tabela 3 – Freqüência dos acidentes com material biológico,
segundo o tipo de acidente e agente causador. São Paulo, Jun.
2004/Jun. 2006.

TIPO DE ACIDENTES Nº %
Perfurantes 24 92,3
Mucosa ocular 01 3,8
Pele não integra 01 3,5
Total 26 100 %
AGENTE CAUSADOR Nº %
Agulha c/ luz 21 80,7
Lâmina 01 3,8
Outros 03 11,5
Total 26 100 %
Tabela 4 – Freqüência de acidentes com material
biológico de acordo com procedimento executado. São
Paulo, Jun.2004/Jun.2006.

Procedimento Nº %

ADM. De medicações 09 34.6 %

Coleta de Sangue 05 19.2 %

Procedimento cirúrgico 05 19.2 %

Descarte impróprio de material perfuro cortante 04 15.3%

Perfuração ou manipulação da caixa de mat. Perf. 01 3.8%


Cortante

Lavagem de material 02 7.6%

Total 26 100%
Grafico 4 - Distribução dos acidentes com material biológicos,
segundo o uso de EPIs.São Paulo, Jun.2004/Jun.2006.

81%
100%

80%
sim
60% 19% não
40%
20%
0%
Grafico 5 - Distribuição dos acidentes com material biológicos segundo a
vacinação prévia do profissional acidentado contra hepatite B.São Paulo,
Jun2004/ Jun.2006.

73%
80%

60%
Completa
Incompleta
40% 23%
Não vacinado
20% 4%

0%
Tabela 5 - Acidentes com material biológico segundo a conclusão
do caso. São Paulo, Jun.2004/Jun.2006.

Conclusão do Caso Nº %
Alta sem conversão sorológica 14 53.8

Alta com conversão sorológica para HBV. 01 3.8

Alta por fonte negativa 03 11.5

Em seguimento 01 3.8

Transferência 0 0

Abandono 07 26.9

Óbito 0 0

Total 26 100%
CONCLUSÕES
Este estudo possibilitou identificar os acidentes com
material biológico ocorrido com profissionais de
enfermagem, correlacionando-os com o procedimento
que estava sendo executado.
Foram notificados 26 casos de acidente com material
biológico, envolvendo em sua maioria a categoria de
auxiliar de enfermagem.
A maior parte dos profissionais que sofreram
acidentes com material biológico tinham as seguintes
características sociais: eram do sexo feminino e faixa
etária de 26 a 31 anos.
Quanto às características dos acidentes com
perfuro-cortantes, verificou-se que
ocorreram principalmente entre
trabalhadores que trabalhavam no turno da
manhã e com até 3 anos de tempo na
função e relataram sua maioria estarem
usando EPI no momento do acidente; os
materiais que mais causaram acidentes
foram os perfurantes, como agulhas,
utilizadas para administração de
medicamentos ou punção, a situação do
acidente destacou-se na administração de
medicações, seguida de coleta de sangue e
procedimento cirúrgico com o mesmo
percentual .
Apesar das solicitações das empresas,
para que o profissional, faça o
esquema vacinal, constatamos que há
profissionais sem esquema vacinal
completo.
Os resultados revelam que nenhum
dos trabalhadores foi contaminado
pelo vírus HCV ou HIV, somente um
trabalhador foi contaminado pelo
vírus HBV.
OBRIGADO

OBRIGADO!

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