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“Mãos sujas” versus “Modelos limpos”

Raquel Maria Portas, n.º22582


l22582@alunos.uevora.pt

Sofia Alexandra Dias, n.º27347


l27347@alunos.uevora.pt

Docente: Professora Doutora Maria Manuel Serrano


Sociologia Económica |1º ciclo em Sociologia
Évora 2012/13
Sumário
• Principais conceitos
– Economia versus Sociologia

– Modelos limpos versus mãos sujas

– Flexibilidade versus Precariedade

– O caso particular dos mercados de trabalho

• Considerações finais

• Nota Bibliográfica

Raquel Portas & Sofia Dias


Economia versus Sociologia

Economia: disciplina que estuda o “processo de provisão social”,


na qual se engloba “não apenas objetos materiais, mas também
serviços, incluindo cuidados pessoais” .
(Dequech, 2011 in Allan Gruchy, 1987)

Sociologia: compreensão da realidade social pelo conjunto de


relações que ocorrem entre os indivíduos no seu quotidiano.

“Pressupostos, teoria e investigação e implicações políticas”


(Marques e Peixoto, 2003)

Raquel Portas & Sofia Dias


Economia versus Sociologia
Para Émile Durkheim
Sociologia Geral: “ciência das instituições”
(Dequech, 2011 in Velthuis, 1999)

Sociologia Económica: relacionada com o estudo das instituições


económicas (Dequech, 2011 in Swedberg, 2003)

Outros aspetos: “redes de relações interpessoais (redes sociais)”,


ou “relações de poder”.
(Dequech, 2011)

Raquel Portas & Sofia Dias


Economia versus Sociologia
Para Lévesque
Sociologia Económica: “conjunto de teorias que buscam explicar
os fenómenos económicos a partir de elementos sociológicos”.
(Cattani et all, 2009)

O “traço característico da sociedade moderna é apresentar-se sob


a aparência de uma sociedade económica”.
(Cattani et all, 2009 in Caillé, 1994)

O social está “inevitavelmente presente dentro do económico”.


(Dequech, 2011)

Raquel Portas & Sofia Dias


Modelos limpos versus Mãos sujas

(Marques e Peixoto, 2003)

Os “modelos limpos” da Economia são mais dedutivos


ignorando para isso, a relação com os dados de natureza
empírica.

Na perspetiva sociológica “mãos sujas”, estes modelos possuem


um determinado custo e são um entrave ao bem-estar social.

Sociologia: dimensões inerentes a realidades complexas.


Economia: única forma de resolver um determinado problema.

Raquel Portas & Sofia Dias


Flexibilidade versus Precariedade
(Kovàcs, 1996/97)

Num contexto de instabilidade e de imprevisibilidade:


As organizações adotam novas estratégias de produção
com vista à competitividade, passando posteriormente a uma
“lógica da flexibilidade”.

Novas tecnologias: fator explicativo para a flexibilização


da produção, possibilitando a abertura a “novas vias para a
revitalização da economia”.

Raquel Portas & Sofia Dias


Flexibilidade versus Precariedade
(Kovàcs, 1993)
Perspetiva Tecnocêntrica Perspetiva Antropocêntrica
As novas tecnologias são meios de
substituição da competência Importância atribuída ao fator
humana, manual e intelectual. humano.

Características: Características:
- Substituir mão-de-obra e evitar -Estrutura simples com níveis
investimentos substanciais em hierárquicos reduzidos;
formação; - Descentralização de
- Simplificar as tarefas de execução; informações, decisões e controlo;
- Integração da conceção e da
- Promover um processo de
execução do trabalho;
centralização de decisões.
- Trabalho qualificante realizado
em equipas.
Raquel Portas & Sofia Dias
Flexibilidade versus Precariedade
“Empresa em rede”: forma mais adequada para uma economia
global de informação.
(Cattani, 2009 in Bento e Siva, 2009 in Castells, 1996)

A rede é um instrumento direcionado para a inovação e


globalização, em que as empresas estão viradas para a
flexibilidade e adaptabilidade.

A sociedade em rede, sustentada em estruturas organizacionais


inovadoras, permite a “adaptação à pluralidade de um mundo
cada vez mais globalizado”.
(Cattani, 2009 in Bento e Siva, 2009 in Castells, 1996)
Raquel Portas & Sofia Dias
Flexibilidade versus Precariedade

(Casaca, 2005)

A flexibilidade traduz-se em “liberdade e autonomia individual,


de empreendedorismo e até de empregabilidade”.

A “flexibilidade de trabalho tanto pode conter riscos”, como pode


“abrir janelas de oportunidade”.

Raquel Portas & Sofia Dias


Flexibilidade versus Precariedade
(Casaca, 2005 in Barbier , 2002)
A precariedade segundo duas dimensões:

- Objetiva ou factual
Precariedade no trabalho
- Subjetiva

Situação de vulnerabilidade
no mercado de trabalho

As situações assentes na precariedade carecem de proteção social.


(Duarte, 2004)

Raquel Portas & Sofia Dias


O caso particular dos mercados de
trabalho
Para alguns economistas
Economia: estudo de um determinado tipo de relação
económica, nomeadamente as “relações de troca”, e em especial
as “relações de troca mercantil”.
(Dequech, 2011)

Para Durkheim
A Sociologia Económica consiste numa “sociologia
específica que analisa as instituições relativas à produção de
riquezas, à troca e à distribuição”.
(Raud-Mattedi, 2005 in Durkheim, 1975)

Raquel Portas & Sofia Dias


O caso particular dos mercados de
trabalho
Sociologicamente importa: “as redes sociais que os sustentam, os
sistemas de posições sociais que os organizam, os processos de
institucionalização, e as técnicas performativas causadoras da sua
existência”.
(Dequech, 2011 in Fourcade, 2007)

Globalização dos mercados: necessidade de dar resposta às novas


exigências o que origina a “produção em grandes séries de produtos
estandardizados”.

Sociedade de consumo
(Kovàcs, 1996/97)

“A História das Coisas” de Annie Leonnard

Raquel Portas & Sofia Dias


O caso particular dos mercados de
trabalho
Para Swedberg

Os economistas enfatizam a questão da “eficiência”, numa


ótica “evolucionista e otimista” de um “desenvolvimento linear do
mercado”.
Os sociólogos põem em evidência a “legitimidade”,
relativizando as “culturas e as instituições”, assim, os “fatores culturais
e institucionais legitimam, encorajam e sustentam as relações do
mercado”.
(Apontamentos da uc de Sociologia
Económica [SOC2419], pela Docente
Maria Manuel Serrano)

Raquel Portas & Sofia Dias


Considerações finais
(Samuelson e Nordhaus, 2005)

Economia: “estudo da forma como as sociedades utilizam


recursos escassos para produzir bens com valor e como os
distribuem entre pessoas diferentes”.

Ramos da Economia:
Microeconomia - “comportamento de entidades individuais
como os mercados, as empresas e as famílias”

Macroeconomia - “desempenho global da economia”

Raquel Portas & Sofia Dias


Considerações finais
Quanto à ação económica
Os sociólogos consideram que as práticas dos atores são
produto de um determinado conjunto de causas.
Os economistas consideram que a única motivação da ação
económica é racional.
(Dequech, 2011)

Para Alfred Marshal


O “carácter do homem tem sido moldado pelo seu trabalho de
todos os dias e pelos recursos materiais que desse modo procura, mais
do que por qualquer outra influência, com exceção dos seus ideais
religiosos”.
(Bento, 2011 in Marshall, 1890)

Raquel Portas & Sofia Dias


Considerações finais
Economia Sociologia

Privilegia o individualismo
metodológico Privilegia o holismo metodológico

Visão particular e micro Visão macro, do todo

Visão economicista do Homem Visão organicista

Homo economicus Homo sociologicus

Raquel Portas & Sofia Dias


Considerações finais
As organizações adotam novas estratégias de produção com
vista à competitividade, passando para uma “lógica da
flexibilidade”
As novas tecnologias: fator explicativo para a flexibilização da
produção.
(Kovàcs, 1996/97)

Transformações ao nível das tecnologias, dos rendimentos e das


forças sociais: alterações significativas nos “padrões de
consumo”.
(Samuelson e Nordhaus, 2005)

Raquel Portas & Sofia Dias


Considerações finais
Sociedade de consumo: motor da economia.

A economia de mercado é definida pela produção e pelo


consumo de massas.

Mercado de trabalho: relação entre a oferta de trabalho e a


procura de trabalhadores para desempenharam uma determinada
tarefa ou função.
(Duarte, 2004)

Raquel Portas & Sofia Dias


Considerações finais
A vida económica encontra-se manifestamente interligada com
outros aspetos sociais.

Os “modelos limpos” privilegiam a dimensão económica,


esquecendo o facto de esta se interligar com outras áreas da vida
social.

Preservação do meio ambiente, o bem-estar pessoal e social,


questões relacionadas com as condições de trabalho, ou o
desenvolvimento de uma dada região.

Perspetiva sociológica “mãos sujas”

Raquel Portas & Sofia Dias


Nota Bibliográfica
BENTO, Vítor. (2011). Economia, Moral e Política, Edição Relógio D’Água. Lisboa. Pg. 13 - 15.

CASACA, Sara. (2005). Flexibilidade, trabalho e emprego: ensaio de conceptualização. SOCIUS - Centro
de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações: Working Papers. Lisboa, nº 10/2005.

CATTANI, António et all. (2009). Dicionário Internacional da Outra Economia, Edições Almedina.
Coimbra. Pg. 305 - 309.

DEQUECH, David. (2011). Instituições e a Relação entre a Economia e Sociologia, Revista Estudos
Económicos, Vol. 41, n.º3. Pg. 599 - 619.

DUARTE, Ana. (2004). Precariedade e identidades. Questões para uma problemática, Atas dos ateliers do
Vº Congresso Português de Sociologia. Disponível on-line:
http://www.aps.pt/cms/docs_prv/docs/DPR4628da0d4e27b_1.pdf, visualizado a 15 de maio de 2013.

GIDDENS, Anthony. (2010). Sociologia, Edição da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Pg. 402 - 409.

GONÇALVES, José Ernesto e GOMES, Cecília de Almeida. (1993). A tecnologia e a realização do


trabalho. Disponível on-line: http://rae.fgv.br/rae/vol33-num1-1993/tecnologia-realizacao-trabalho. visualizado
a 15 de maio de 2013.
Raquel Portas & Sofia Dias
Nota Bibliográfica
KOVÁCS, Ilona. (1993). Sistemas Antropocêntricos de produção. SOCIUS - Centro de Investigação em
Sociologia Económica e das Organizações: Working Papers. Lisboa, nº 6/93.

KOVÁCS, Ilona. (1996/97). Novos modelos de produção: alguns resultados de um projeto de investigação.
Revista: Organizações e Trabalho, APSIOT. Lisboa, nº 16/17. Pg. 33-51.

MARQUES, R. e PEIXOTO, J. (Org.) (2003). A Nova Sociologia Económica. Uma Antologia. Edições
Celta. Oeiras. Pg. 103 - 123.

RAUD-MATTEDI, Cécile. (2005). A Construção social do Mercado em Durkheim e Weber: análise do


papel das instituições na sociologia económica clássica. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 20, n.º 57.
Pg. 127 - 208.

SAMUELSON, P. e NORDHAUS, W. (2005) Economia. 18ªed., Edições MacGrawHill, Lisboa.

SUITER, Heráclito. (2011). Resenha crítica do documentário A História das Coisas. Disponível on-line:
http://www.webartigos.com/artigos/resenha-critica-do-documentario-a-historia-das-coisas/81831/, visualizado a
15 de maio de 2013.

Raquel Portas & Sofia Dias


Obrigada !
Raquel Portas & Sofia Dias

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