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ATC JURÍDICOS

DIREITO ADMINISTRATIVO

Professor: Sérgio Brito


Email: sergioabrito@yahoo.com.br

ATOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO
 Ato administrativo: é um ato jurídico consistente na
declaração unilateral de vontade do Estado, ou de quem
lhe faça as vezes (ex: concessionário de serviço público),
que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da
lei, sob regime jurídico de direito público (ou seja, no
exercício de prerrogativas públicas) e sujeito a controle de
legitimidade por órgão jurisdicional.
 Cuidado – abrange também os atos normativos.
 DI PIETRO – no sentido estrito, o conceito de ato
administrativo abrange só os atos de efeito concreto.
 Ato da administração – engloba todos os atos praticados
pela AP no exercício da função administrativa (atos
administrativos, atos regidos pelo direito privado e os atos
materiais). No sentido amplo, atos da Administração
Pública abrange os atos políticos (de governo). Exemplo:
veto e sanção a projeto de lei pelo Chefe do Executivo.
CONCEITO

 Ato administrativo – espécie do gênero atos jurídicos, em


sentido estrito, pois decorrente da manifestação humana;
 Fato administrativo – está incluído no conceito de fatos
jurídicos, em sentido estrito – eventos da natureza, que
produz efeito jurídico no mundo administrativo. Exemplo:
morte do servidor tem repercussão jurídica (gera pensão e
vacância).
 Fato da Administração – ocorrência dentro da
Administração, mas sem repercussões jurídicas. Não
produz efeito jurídico. Exemplo: servidor cai da escada na
repartição pública e rapidamente se levanta. Não é ato
jurídico (pois não produz qualquer efeito no mundo
jurídico).
ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
Os atos administrativos possuem atributos típicos
inexistentes nos atos de Direito Privado. São eles:
1) Presunção de veracidade e de legitimidade
2) Imperatividade (ou coercibilidade);
3) Auto-executoriedade (*)
4) Tipicidade.

(*) Há autores que dividem a auto-executoriedade


em dois atributos: executoriedade (meio de
coerção direto) e exigibilidade (meio de coerção
indireto).
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E
VERACIDADE

 Presunção de legitimidade – presume-se que o


ato administrativo está em conformidade com as
normas jurídicas (com o Direito).
 Presunção de veracidade - presumem-se
verdadeiros os fatos declarados pela
Administração Pública no ato administrativo.
 Trata-se de presunção relativa (iuris tantum) e
não absoluta (iure et de iure) - cabe ao
administrado provar o contrário. Enquanto não
declarada a invalidade do ato administrativo, este
continua produzindo efeitos.
IMPERATIVIDADE

 Imperatividade (ou coercibilidade) - É a qualidade


de que dispõe o ato administrativo de impor
obrigação ao administrado independentemente da
sua aquiescência (concordância).
 Decorre do Poder de Império (poder extroverso).
 Todos os atos que impõem obrigação ao administrado
têm o atributo da imperatividade.
 Cuidado - nem todos os atos administrativos possuem
tal atributo. Exemplo: atos de interesse do
administrado ou que lhe concedem direitos (ex:
licença e autorização – atos negociais) ou atos
enunciativos (ex: certidão, declaração, atestado).
AUTO-EXECUTORIEDADE
 AUTO-EXECUTORIEDADE: é a qualidade em virtude da qual a
Administração Pública pode, de forma direta, compelir o
administrado ao cumprimento da obrigação, sem precisar
buscar previamente a via judicial. A auto-executoriedade existe
em duas situações:
 quando a lei expressamente a prevê; ou
 quando se tratar de medida urgente (para evitar o
perecimento do interesse público; ex: demolição de um
prédio que ameaça ruir).
 Nem todos os atos possuem tal atributo. Ex: multa deve ser
cobrada no Judiciário, se o particular não paga
espontaneamente.
 Há autores que dividem a auto-executoriedade em dois
atributos: executoriedade (meio de coerção direto) e
exigibilidade (meio de coerção indireto).
TIPICIDADE

 Tipicidade – é o atributo pelo qual o ato administrativo


deve corresponder a figuras definidas previamente pela
lei como aptas da produzir determinados resultados
(finalidades). Isso porque para cada finalidade que a
Administração pretende alcançar existe um ato
administrativo definido em lei.

 Tipo = é uma figura previamente definida em lei. Ex:


tipo penal.
ATO ADMINISTRATIVO
ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO:
1) Sujeito competente (ou competência);
2) Finalidade pública;
3) Forma prescrita em lei;
4) Motivo; e
5) Objeto.
 Lembrete - FF.COM

 O ato administrativo para ser válido deve ser expedido


por um agente competente, visando à finalidade
pública, na forma prescrita em lei, e com objeto e
motivo expressamente contidos na lei (ato vinculado)
ou autorizados pela lei (no caso de discricionariedade).
COMPETÊNCIA
 Competência - é o conjunto de atribuições das pessoas jurídicas,
órgãos e agentes, fixadas pelo direito positivo.
 A competência é elemento sempre vinculado.
 Fontes da competência: CF e as leis (fontes primárias) e os atos
infralegais (fontes secundárias).
 Características da competência: seu exercício é obrigatório (é
dever-poder de agir), é irrenunciável (por se um munus público).
Não pode ser transacionada nem modificada por vontade do
administrador. É improrrogável. É imprescritível. Mas, é delegável.

 Delegação – como regra, é admitida, mas a lei VEDA a delegação


para: edição de atos administrativos normativos, decisão em
recursos administrativos e a matéria de competência exclusiva.
 Avocação – é possível em caráter excepcional e por motivos
relevantes devidamente justificados, desde que temporária (não
pode ser definitiva a avocação).
FINALIDADE
 Finalidade – é o resultado ou o bem jurídico que a
Administração Pública quer alcançar com a prática do
ato.
 Finalidade (para que?) não se confunde com motivo (o
por que?) nem com o conteúdo (o quê?) do ato
administrativo.
 A finalidade é sempre elemento vinculado do ato
administrativo.
 O ato administrativo contém sempre uma finalidade
pública geral (= servir ao interesse da coletividade).
 Além da finalidade geral, há uma finalidade específica.
 Finalidade específica: cada ato administrativo destina-
se a um fim público específico. Ex: a remoção de ofício
tem por fim atender a necessidade do serviço público.
FINALIDADE
 Desvio de finalidade ou desvio de poder – é uma
forma de abuso de poder, em que o fim visado pelo
administrador não é o fim público ou não é aquela
finalidade específica prevista na lei. Leva à
ilegalidade do ato e invalidação.
 Não confundir com excesso de poder. Nesse caso, há
violação do elemento competência.

 Desapropriação – pode haver tredestinação


lícita. Exemplo: há desapropriação de um terreno
para construção de uma escola pública, mas se
constrói um hospital público. Nesse caso, não há
desvio de finalidade e ato é válido.
FORMA
 Forma – é o revestimento do ato administrativo. É o
modo através do qual o ato administrativo se
manifesta externamente.
 Normalmente, a forma do ato é a escrita, mas se
admite, excepcionalmente, ato administrativo oral
(ordens dadas a um servidor), expressado por gestos
ou mímica (agente de trânsito ordenando o trânsito em
uma via), pictórico (placas de sinalização de trânsito) e
eletromecânico (semáforo).
 É possível contrato administrativo verbal? Sim.
 SILÊNCIO – pode representar manifestação de
vontade da AP? Sim. Quando houver previsão legal.
Exemplo: a homologação tácita do tributo.
FORMA
 Forma não se confunde com formalização (=
solenidade reclamada para a exteriorização de
determinados atos. Ex: a desapropriação é feita por
meio de decreto.
 O vício de forma consiste na omissão ou na
observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis.
 A forma pode ser vinculada (quando a lei prescreve
– obriga - uma forma específica para o ato) ou
discricionária (= opção de forma).
 Atenção: violam o elemento forma: (i) a demissão de
um servidor público sem observância do devido
processo legal viola o elemento forma; e (ii)
demissão de um servidor sem a devida motivação.
MOTIVO
 Motivo – constitui o fato e o fundamento jurídico do ato. Quer
dizer: é a razão ou circunstância de fato ou de direito que
autoriza ou determina a prática do ato administrativo.
 Cuidado: Motivo é diferente de motivação.
 O motivo pode ser vinculado (quando está prescrito na lei) ou
discricionário (o agente poderá escolher uma situação de fato
para, diante dela, expedir o ato administrativo).
 Todo ato tem um motivo. É nulo o ato administrativo sem motivo.
 Da mesma forma, se o motivo declarado for falso ou inexistente, o
ato é nulo (Teoria dos Motivos Determinantes).

 Princípio da motivação – exige que todos os atos e decisões da


Administração Pública sejam fundamentados (motivados).
 Há exceção. Ex: o ato de exoneração do servidor público de
um cargo em comissão ou de uma função de confiança - não
precisa ser motivado.
MOTIVAÇÃO – Lei 9.784/99

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com


indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou
seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
relatórios oficiais;
MOTIVAÇÃO – Lei 9.784/99
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação
de ato administrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo
consistir em declaração de concordância com fundamentos de
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que,
neste caso, serão parte integrante do ato (MOTIVAÇÃO ALIUNDE).
- A motivação aliunde ou por referência é admitida tanto na
jurisprudência como na Lei n. 9.784/99 e consiste na declaração de
concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos
interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões
ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo
escrito.
CONTEÚDO OU OBJETO
 Objeto – é o próprio conteúdo do ato. É a disposição
jurídica do ato, aquilo que o ato determina. Ex: o ato de
nomeação de um servidor tem por objeto (conteúdo) a
própria nomeação do servidor.
 Di Pietro = objeto ou conteúdo é o efeito jurídico
imediato que o ato produz. A finalidade seria o efeito
jurídico mediato.
 O objeto do ato deve ser lícito, possível, certo e
moral.

 O objeto pode ser vinculado (quando está prescrito na


lei) ou discricionário (o agente poderá escolher o
conteúdo do ato dentro dos limites estabelecidos na
lei).
MÉRITO ADMINISTRATIVO
 MÉRITO ADMINISTRATIVO – consiste na valoração dos motivos e na
escolha do objeto do ato, feitas pelo agente competente para, quando
autorizado por lei, decidir sobre a conveniência e oportunidade de se
praticar o ato administrativo.

 Só existe mérito administrativo em atos discricionários. Nunca nos


atos vinculados. Contudo, nem todos os elementos do ato
administrativo são discricionários, pois não há discricionariedade
absoluta.

 O mérito administrativo não se sujeita ao controle pelo Poder


Judiciário. A conveniência e a oportunidade somente podem ser
revistas pelo Judiciário se violam o princípio da razoabilidade e
proporcionalidade, no controle legalidade (STJ). Enfim, se o ato for
ilegítimo (ilegal no sentido amplo), será passível de ANULAÇÃO.
MÉRITO ADMINISTRATIVO

 O controle de mérito é sempre controle de


conveniência e oportunidade, que poderá resultar, se
for o caso, na sua revogação, nunca em invalidação
(anulação). Por isso, só a AP controle de mérito
administrativo (doutrina majoritária).

 Mérito administrativo envolve: motivo + objeto do ato.

 ATENÇÃO: competência, finalidade e forma (esta


quando prescrita em lei) são sempre elementos
vinculados do ato administrativo.
FORMAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
 Perfeição (plano da existência): é o processo de conclusão do ato.
 Ato perfeito – é o que completou o ciclo necessário à sua
formação. O ato nasceu, logo existe.
 Ato imperfeito – é o que não completou o seu ciclo de formação.

 Validade (plano da validade): é a conformidade do ato com as


normas jurídicas (i.e., com o Direito).
 Ato válido – é aquele expedido em absoluta conformidade com as
exigências do sistema normativo (i.e., com a ordem jurídica).
 Ato inválido – não está em conformidade com o Direito.

 Eficácia (plano na eficácia): é a aptidão do ato para a produzir


seus efeitos típicos ou próprios.
 Ato eficaz – é aquele que está apto à produção de seus efeitos
próprios. Não está sujeito a nenhum termo ou condição
suspensiva.
 Ato pendente – é perfeito, mas, para produzir os seus efeitos
típicos, depende de algum evento posterior (termo ou condição).
EFEITOS TÍPICOS E ATÍPICOS
 Efeitos típicos (próprios) = são os efeitos correspondentes à
tipologia específica do ato, à sua função típica prevista pela lei.
Ex: é próprio do ato de nomeação habilitar alguém a assumir um
cargo; é próprio do ato de demissão o desligamento do
funcionário do serviço público.
 Efeitos atípicos (impróprios) - são efeitos decorrentes da
produção do ato, sem resultarem de seu conteúdo específico,
podendo ser de duas ordens:
 a) efeitos atípicos (impróprios) reflexos: atingem outra relação
jurídica, ou seja, atingem terceiros que não fazem parte da relação
jurídica travada entre a Administração e o sujeito passivo do ato.
Ex: o locatário de um imóvel que foi desapropriado";
 b) efeitos atípicos (impróprios) preliminares: também
denominados prodrômicos: são efeitos verificados enquanto
persiste a situação de pendência do ato, isto é, durante o período
que intercorre, desde a produção do ato até o início de produção
de seus efeitos típicos. Ex: nos atos sujeitos a controle por parte
de outro órgão, o dever-poder de emitir o ato de controle é um
efeito atípico preliminar do ato a ser controlado.
EFEITOS PRODRÔMICOS

 Celso Antônio Bandeira de Mello, ao falar nos efeitos preliminares


ou prodrômicos: "existem enquanto perdura a situação de
pendência do ato, isto é, durante o período que intercorre desde a
produção do ato até o desencadeamento de seus efeitos típicos.
Ex: no caso dos atos sujeitos a controle por parte de outro órgão,
o dever-poder que assiste a este último de emitir o ato
controlador que funciona como condição de eficácia do ato
controlado. Portanto, foi efeito atípico preliminar do ato
controlado acarretar para o órgão controlador o dever-poder de
emitir o ato de controle.
 A palavra “prodrômico” tem origem na Grécia, sendo que
pródromo era um tipo de cavalaria grega precursora, que corria à
frente, como escolta ou mensageira, afora servir nos combates.
 Efeitos prodrômicos da sentença - é utilizada no processo penal
no contexto da vedação à reformatio in pejus, direta ou indireta,
significando que, em caso de recurso exclusivo da defesa,
eventual decisão não pode piorar a situação do réu definida na
sentença recorrida.
EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
 Cumprimento de seus efeitos
 Desaparecimento do sujeito ou do objeto.
 Renúncia - extinção dos efeitos, em razão de o beneficiário abrir
mão (abdicar) de um direito. Ex: o sujeito nomeado não toma
posse no cargo público).
 Retirada do ato pelo Poder Público em razão da prática de outro
ato:
 Revogação – por razões de conveniência e oportunidade;
 Invalidação - por vício de ilegalidade desde a sua origem. Também é
chamada de ANULAÇÃO.
 Cassação – vício de ilegalidade superveniente (ex: se o beneficiário
de uma licença descumpre as condições a que estava obrigado, a
licença será cassada). O vício é posterior à origem do ato!!!
 Caducidade - superveniência de norma jurídica que tornou
inadmissível a situação anterior. Ex: permissão de uso de bem
público – se lei posterior vedar aquele uso, a permissão caduca.
REVOGAÇÃO
 Conceito: é a extinção (retirada do mundo jurídico) de ato
administrativo válido, por razões de conveniência e oportunidade.
O ato revogador desfaz um ato administrativo anterior.
 A revogação é um ato administrativo discricionário!!!
 Quem pode revogar? Só a Administração Pública (poder de
autotutela). O Poder Judiciário pode?
 Fundamentos da revogação – tem por fundamento o exercício de
uma competência discricionária.
 Cuidado: só o ato discricionário pode ser revogado.
 Efeitos - ex nunc, isto é, para o futuro (PROSPECTIVOS), não
retroage.
 Não há prazo para a revogação de ato administrativo.
 Não podem ser revogados: ato com efeitos já exauridos; ato que
gera direito adquirido; ato vinculado; e ato de conteúdo
meramente enunciativo (ex: as certidões, atestados, etc).
 A revogação não pode ser feita pelo agente que já exauriu a sua
competência. Isso ocorre no caso de recurso administrativo.
ANULAÇÃO OU INVALIDAÇÃO
 Conceito: é a extinção (retirada do mundo jurídico) de ato
administrativo inválido, por razões de ilegalidade
(ilegitimidade).
 Quem pode invalidar o ato? A Administração Pública (poder de
autotutela) e o Poder Judiciário (controle de legitimidade). É
ato vinculado para a AP (deve ou pode)?
 Motivos da invalidação – é a ilegalidade ou a ilegitimidade do
ato administrativo.
 Há prazo para anular. Decadência – 5 anos (atos que produzem
efeitos favoráveis aos destinatários).
 Contraditório e ampla defesa: se o ato atinge a esfera jurídica
de um particular.

 Efeitos - ex tunc, isto é, pretéritos (retroativos).


 Exceção – os terceiros de boa-fé são resguardados do
efeito retroativo da invalidação. Não retroage.
ANULAÇÃO OU INVALIDAÇÃO
 CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: DEVIDO PROCESSO
LEGAL

 Marçal Justen Filho - o desfazimento do ato administrativo


defeituoso exige a observância do devido processo legal.

 STF - a anulação não prescinde da observância do


contraditório, ou seja, da instauração de processo
administrativo que enseja a audição daqueles que terão
modificada situação já alcançada.

 José dos Santos Carvalho Filho - Em certas circunstâncias,


não pode ser exercida a autotutela de ofício em toda a sua
plenitude.
CONVALIDAÇÃO OU SANEAMENTO
 Conceito: é o suprimento (a correção) da invalidade de um
ato com efeitos retroativos. É a recomposição da legalidade
ferida.
 Atos anuláveis - Só é possível a convalidação de atos
anuláveis, isto é, quando for possível corrigir o defeito
(vício sanável). Podem ser objeto de convalidação só vício
nos seguintes elementos: competência (desde que ela não
seja exclusiva ou em razão da matéria) e forma (desde esta
não seja essencial à validade do ato). Além disso, a
doutrina traz a possibilidade de convalidação de vício no
objeto plúrimo, que ocorre quando num mesmo ato há
diversas providências administrativas. Sendo uma delas
inválida, esta é retirada, mantendo-se as demais.
 A incompetência em razão da matéria não admite
convalidação (CESPE). Porque se entende que a
incompetência, neste caso, é absoluta
CONVALIDAÇÃO OU SANEAMENTO
A convalidação é ato vinculado ou
discricionário? É um dever do administrador (ato
vinculado). Mas, há quem diga que é
discricionário (pois o verbo do art. 55 da Lei n.
9.784/99 é “poderão”). Melhor doutrina: nem
sempre será vinculada. Às vezes será vinculada
e às vezes discricionária. Depende do defeito.
 Quem pode convalidar o ato? Só a
Administração Pública (poder de autotutela).
 A convalidação não pode acarretar lesão ao
interesse público nem prejuízo a terceiros.
 Efeitos - ex tunc, isto é, pretéritos (retroativos).
FORMAS DE CONVALIDAÇÃO
 Ratificação = é o ato administrativo pelo qual o órgão
competente decide sanar um ato inválido
anteriormente praticado, suprindo a ilegalidade que o
vicia. A autoridade que deve ratificar pode ser a mesma
que praticou o ato anterior ou um superior hierárquico.
Enfim, deve ser competente para a prática do ato.
 Reforma = um novo ato suprime a parte inválida de ato
anterior, mantendo sua parte válida.
 Conversão = a AP retira a parte inválida do ato
anterior, processa a sua substituição por uma nova
parte, de modo que o novo ato passe a conter a parte
válida anterior e uma nova parte, nascida esta com o
ato de aproveitamento.
Lei n. 9.784/99
 Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

 Art. 54. O direito da Administração de anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer
medida de autoridade administrativa que importe impugnação à
validade do ato.

 Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao


interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.
DISTINÇÃO IMPORTANTE
 ATOS NULOS, ATOS ANULÁVEIS E ATOS INEXISTENTES:
 Ato anulável é aquele passível de ser convalidado, tal como o
praticado por sujeito incompetente. O ato nulo, por sua vez, é
aquele cujo conteúdo em si não pode ser repetido, com vício
de objeto.
 Celso Antônio Bandeira de Mello - “são nulos: a) os atos que a
lei assim declare; b) os atos em que é racionalmente
impossível a convalidação.
 Atos inexistentes são os atinentes à esfera do impossível
jurídico, abrangendo, inclusive, crimes, por exemplo. Admitem
resistência "Manu militari" .
 Weida Zancaner: são passíveis de convalidação os atos que
contêm os seguintes vícios: quanto à competência; quanto à
formalidade, entendida como a forma própria prevista em lei
para a validade do ato; e quanto ao procedimento, desde que a
convalidação não acarrete o desvio de finalidade, em razão da
qual o procedimento foi inicialmente instaurado.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
 A- Quanto aos destinatários:
 atos gerais ou impessoais – atingem a coletividade como um todo.
Não têm destinatários determinados. Ex: regulamentos
 atos individuais – possuem destinatários determinados. Ex:
desapropriação de um terreno X.
 B- Quanto ao alcance:
 atos internos - só produzem efeitos dentro da Administração.
 atos externos - produzem efeitos dentro e fora da Administração.
 C- Quanto à manifestação da vontade: atos unilaterais - uma
manifestação de vontade; e atos bilaterais - acordo de vontades.
 D- Quanto ao objeto:
 atos de império - a Administração se utiliza da supremacia do
interesse público (verticalidade);
 atos de gestão – há igualdade com o particular (relação horizontal);
 atos de expediente - objetiva impulsionar o processo e não tem
conteúdo decisório.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

 E- Quanto ao grau de liberdade da Administração na


prática do ato (cai muito em prova):
 atos vinculados - a Administração Pública não tem
margem de liberdade para a escolha de seus
elementos ou requisitos, que já vêm previamente
definidos em lei. Não há conveniência e oportunidade.
Exemplo: licença para construir e aposentadoria
compulsória.
 atos discricionários - a Administração Pública possui
certa margem de liberdade para decidir acerca dos
motivos e do objeto do ato. Há análise de
conveniência e oportunidade. Exemplo: autorização
de uso de bem público, autorização de porte de arma.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

 F- Quanto à formação (cai muito em prova):


 ato simples - aperfeiçoa-se com uma única manifestação de
vontade; Pode ser de um órgão singular (unipessoal) ou colegiado
(pluripessoal).
 ato composto – seu conteúdo resulta da manifestação de vontade de
um único órgão, mas a produção de efeitos depende de um outro ato
que o aprove. A função do segundo ato (aprovação, autorização,
ratificação, visto ou homologação), que pode ser prévio ou posterior, é
meramente instrumental, seu efeito é justamente tornar eficaz o ato
principal. VONTADE PRINCIPAL + VONTADE ACESSÓRIA. Ex:
nomeação do PGR que exige prévia aprovação pelo Senado Federal.
 ato complexo - depende de mais de uma manifestação de vontade,
ambas em patamar de igualdade e emanadas de órgãos diferentes.
Há duas manifestações de vontade, mas elas acontecem em órgãos
diferentes. VONTADE PRINCIPAL + VONTADE PRINCIPAL. Uma
destas vontades sozinha não é suficiente para dar existência ao ato.
Ex: Portaria Conjunta dos Ministérios da Fazenda e da Previdência.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

 G- Quanto à estrutura do ato:


 atos concretos - dispõem para um único caso determinado.
 atos abstratos - cuidam de situações ainda indefinidas.

 H- Quanto aos efeitos do ato:


 atos constitutivos - criam uma situação jurídica nova. Ex: multa
 atos declaratórios - reconhecem (declaram) uma situação de fato ou
de direito jurídica pré-existente.
 atos meramente enunciativos - se prestam apenas a emitir um juízo
de conhecimento ou de opinião, atestando ou reconhecendo uma
determinada situação de fato ou de direito. Ex: certidão

 I- Quanto aos resultados na esfera jurídica:


 atos ampliativos - ampliam a esfera de direitos do destinatário.
 atos restritivos - restringem a esfera de direitos do destinatário.
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

 a) Atos normativos: contêm um comando geral e abstrato,


visando à correta aplicação da lei (ROGA). Ex: regulamentos.
 b) Atos ordinatórios: são atos administrativos internos que
disciplinam o funcionamento da Administração e a conduta
funcional dos seus agentes, representando exercício do poder
hierárquico. Exemplos: as portarias, as instruções, os avisos, as
circulares, as ordens de serviço.
 c) Atos negociais: contêm uma declaração de vontade da
Administração, coincidente com a pretensão do particular,
visando concretizar atos jurídicos, nas condições previamente
impostas pela Administração Pública. Não há imperatividade
nestes atos. São espécies: alvará, licença, concessão, permissão,
autorização administrativa, admissão, aprovação e homologação.
O ato negocial pode ser:
 discricionário (ex: autorização) ou vinculado (ex: licença);
 precário ou definitivo (ex: licença)
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
 d) Atos enunciativos: são todos aqueles em que a
Administração se limita a certificar ou atestar um
determinado fato, ou então a emitir uma opinião acerca de
um tema definido.
 Exemplo: a certidão, o atestado e o parecer.

 e) Atos punitivos: são aqueles que contêm uma sanção


imposta pela Administração contra aqueles que praticam
alguma infração administrativa. Pode referir-se à atuação
interna ou externa. Dependem, em qualquer caso, de
processo administrativo, com a observância dos princípios
do contraditório e da ampla defesa.
 Exemplo: as multas, as interdições, embargos de obras.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE:
QUANTO AO CONTEÚDO
 1. Autorização – é o ato administrativo unilateral,
discricionário e precário pelo qual a Administração faculta ao
particular o uso de bem público (autorização de uso) ou a
prestação de serviço público (autorização de serviço público)
ou o desempenho de atividade material ou a prática que, sem
esse consentimento, seriam legalmente proibidos (autorização
como ato de polícia – ex: autorização de porte de arma).
 2. Licença – é o ato administrativo unilateral e vinculado
pelo qual a Administração faculta àquele que preencha os
requisitos legais o exercício de uma atividade. Ex: licença para
construir uma casa.
 3. Admissão – é o ato administrativo unilateral e vinculado
pelo qual a Administração reconhece ao particular, que
preencha os requisitos legais, o direito à prestação de um
serviço público. Ex: admissão nas escolas públicas.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE:
QUANTO AO CONTEÚDO
 4. Permissão – é o ato administrativo unilateral, discricionário e
precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a Administração Pública
faculta ao particular a execução de serviço público ou utilização
privativa de bem público. Lei 8.987/95 – permissão de serviço
público – é contrato de adesão.
 5. Aprovação – é o ato unilateral e discricionário pelo qual se
exerce o controle a priori ou a posteriori de ato administrativo.
 6. Homologação – é o ato unilateral e vinculado pelo qual a
Administração Público reconhece a legalidade de um ato jurídico.
Sempre se realiza a posteriori e examina apenas aspectos de
legalidade.
 7. Parecer – é o ato pelo qual os órgãos consultivos da
Administração emitem opinião sobre assuntos técnicos ou
jurídicos de sua competência.
O parecer pode ser: (i) facultativo ou obrigatório; e (ii)
vinculante ou não vinculante.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE:
QUANTO AO CONTEÚDO

 8. Visto – é o ato administrativo unilateral pelo qual a


autoridade competente atesta a legitimidade formal de
outro ato jurídico. Não significa concordância quanto
ao seu conteúdo. Para Di Pietro, são meros atos
administrativos e não atos administrativos
propriamente ditos, pois não encerram manifestação
de vontade. Exemplo: visto do chefe imediato exigido
para encaminhamento de requerimento de servidores
subordinados.
ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE:
QUANTO À FORMA
 1. Decreto – é a forma de que se revestem os atos individuais
ou gerais, emanados do Chefe do Poder Executivo (Presidente da
República, Governador e Prefeito).
 2. Resolução e Portaria – são formas de que se revestem os
atos, gerais ou individuais, emanados de autoridades outras que
não o Chefe do Executivo.
 3. Circular – é o instrumento particular de que se valem as
autoridades para transmitir ordens internas uniformes a seus
subordinados.
 4. Despacho – é o ato administrativo que contém decisão das
autoridades administrativas sobre assunto de interesse individual
ou coletivo submetido à sua apreciação.
 5. Alvará – é o instrumento pelo qual a Administração Pública
confere licença ou autorização para a prática de ato ou exercício
de atividades sujeitos ao poder de polícia do Estado.
DISTINÇÃO IMPORTANTE
 LICENÇA: é um ato administrativo vinculado e definitivo através do
qual a AP reconhece, em benefício do administrado, um direito
referente ao exercício de uma atividade. Ex: licença para construir.

 AUTORIZAÇÃO: é um ato administrativo discricionário e precário por


meio do qual a AP faculta ao cidadão, no interesse
predominantemente do particular, o exercício de certa atividade
material (ex: autorização para porte de arma de fogo), a utilização de
bem público em caráter privativo (ex: autorização de utilização do
passeio público pelas bancas de jornais), ou para prestar serviço
público em caráter extremamente precário (ex: serviço de taxi).

 PERMISSÃO: conceito doutrinário - é um ato administrativo


discricionário e precário através do qual a AP faculta ao particular, no
interesse predominantemente da coletividade, a utilização de bem
público ou a prestação de serviço público.
 Conceito legal: A permissão, no caso de prestação de serviços
públicos, trata-se de contrato de adesão (Art. 40 Lei n. 8.897/95).

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