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Colégio Equipe – Visconde do Rio Branco

Ensino Médio
Redação – 1º ano
Prof. M.s. Leonardo Coelho Corrêa-Rosado

Intertextualidade
considerações introdutórias
Exemplo
Explicando...

Texto 1 = Mortal Kombat

Texto em análise

Texto 2 = Enunciado da
candidata Luciana Genro no
Debate Presidencial de 2014
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Exemplo
Intertextualidade: o que é?

 As relações explícitas e implícitas que um texto ou um


enunciado estabelecem com os textos que lhe são antecedentes,
contemporâneos ou futuros (em potencial). (BAZERMAN, 2006,
p. 92)

 Um texto não só evoca a representação da situação discursiva,


mas também os recursos textuais que têm ligação com essa
situação e ainda o modo como o texto em questão se posiciona
diante de outros textos e os usa. (BAZERMAN, 2006, p. 92).
Exemplo Vem Nha Nha
(Boquinha da garrafa)

Ai, ai, ai
- Que foi minha filha? É lua cheia dupla ...

Seu jeito me deixa louco, eu quero te namorar


Dance comigo colado e deixe o corpo suar
É no calor do seu corpo que o meu esquenta também
Me transformando em fogo, no balé do vai e vem

Vem nha nha, devagarinho


Vem nha nha, vem de mansinho
Vem nha nha, bem gostosinho
E vem comigo, vem nha nha

Não diga que está cansada que já nha nhou com alguém
Te quero bem assanhada, não fique de nhém nhém nhém
Agora faça um pedido, com muito amor e emoção
Por que da intertextualidade?

 “Toda compreensão da fala viva, do enunciado vivo é de


natureza ativamente responsiva (embora o grau desse ativismo
seja bastante diverso); toda compreensão é prenhe de resposta, e
nessa ou naquela forma gera obrigatoriamente: o ouvinte se
torna falante.” (BAKHTIN, 2003, p. 271)

 Logo, todo texto/enunciado é produzido em resposta a outro(s)


texto(s)/enunciado(s).
Algumas metáforas

Corrente complexamente organizada de enunciados

enunciados

 “Cada enunciado é um elo na corrente complexamente


organizada de outros enunciados.” (p. 272)
Oceano de palavras e de linguagem

 “Nós criamos os nossos textos a partir do oceano de textos anteriores


que estão à nossa volta e do oceano de linguagem em que vivemos. E
compreendemos os textos dos outros dentro desse mesmo oceano.”
(BAZERMAN, 2006, p. 88)
Análise intertexual

 “A análise intertextual investiga não somente a relação de um


enunciado com aquele oceano de palavras, mas também o modo
como tal enunciado usa essas palavras e ainda a maneira como
ele se posiciona em relação às outras palavras.” (BAZERMAN,
2006, p 88)
Representando...

Análise intertextual Relação entre enunciados

Modo de uso dos enunciados

Posição em relação aos enunciados


Exemplo
A Criação do Cebolinha (1994)

Personagens da Turma da
A Criação do Adão (1510)
Mônica
Michelangelo (1475-1564)
• Cor e paleta de cores:

• O pintor (nosso sujeito scriptor) ameniza ou


acentua a paleta de cores das obras relidas, a
depender da estética que ele quer produzir;

• Cor como informação  aproximação com o


universo infantil;

• Uso da cor vermelha para representar a roupa de


“Mônica Lisa”  o autor reinveste a paleta de
forma a realçar uma característica da personagem
e permitir o reconhecimento (intericonicidade)
imediato por parte do espectador;

• Cores mais vivas (“quentes”) na obra Chico


Lavrador de Café em comparação à obra O
Lavrador de Café de Portinari  aproximação com
o universo infantil.

• Cores mais vivas (uso do rosa) na obra A Criação do


Cebolinha em comparação à obra de Michelangelo,
a Criação do Adão  aproximação com o universo
infantil;
• “(...) feitas quase sempre nas mesmas medidas da
obra original (...)” (SOUSA, 2010b, p. 7)

Quadrão Obra Relida


Mônica Lisa 71 x 61 cm Mona Lisa 77 x 53 cm
A Criação de A criação de
109 x 209 cm 280 x 570 cm
Cebolinha Adão
Chico
O Lavrador de
Lavrador de 113 x 93 cm 100 x 81 cm
Café
Café

– As medidas aproximadas funcionam em duas


direções:

 Aproximar das obras relidas;

 Atrair a atenção das crianças (quadros com


dimensões chamativas);
• Composição das imagens:

• O pintor mantém a composição geral das obras


relidas
• Dupla captação:

– Autoridade das obras relidas  Maurício de


Sousa (EUc) seleciona obras de pintores
consagrados pela sociedade e pela arte
(imaginário sociodiscursivo sobre Arte vs. Não
arte);

– Autoridade das personagens  como personagens


de quadrinhos editoriais para crianças, a Turma
da Mônica faz parte do imaginário infantil. Além
do mais, tais personagens possuem um caráter
mercadológico na medida em que constituem em
uma marca: a Turma da Mônica está presente em
sapatos, produtos de higiene, publicidades,
brinquedos, etc.
• Reinvestimento como estratégia de captação:

– O reinvestimento não funciona como um meio de


depreciar as obras dos autores;

– Ele ocorre em função das personagens selecionadas para


compor os “quadrões” e em função dos traços que as
caracterizam:

 os “dentões” da Mônica Lisa ressaltam uma propriedade


da personagem: Mônica dentuça;

 o personagem Chico Bento está associado ao universo


rural;

– A mudança na tonalidade e no matiz das cores, no


corpus, é um reinvestimento que permite a aproximação
com o universo infantil;

– Há pequenas alterações na composição dos “quadrões”


que não chegam a ser uma subversão. Eles ocorrem por
questões estéticas e por questão ligadas ao próprio
formato das personagens selecionados  adequação das
personagens ao contexto da obra relida.
• Intericonicidade e imaginários
sociodiscursivos:

– A escolha das obras reproduz um imaginário


sociodiscursivo a respeito da questão da Arte vs. Não
arte.

– Imaginário sociodiscursivo sobre a criança, manifestada


através das personagens da Turma da Mônica.

– Em Chico Lavrador de Café, o imaginário sociodiscursivo


do homem do campo é mantido e reiterado pelo uso do
personagem de Chico Bento  meio rural.

– Em A Criação do Cebolinha, o imaginário a respeito de


Deus, como um senhor de barba e cabelos longos, é
reproduzido. Além do mais, a fisionomia de Deus, nesse
quadro, é reinvestida pela fisionomia do sujeito social
Maurício de Souza  ethos do sujeito social.

– Mônica Lisa  imaginário a respeito da personagem


central da Turma da Mônica  Mona Lisa, uma das
maiores obras de arte da história da humanidade vs.
Mônica, a “maioral” da turma.
Exemplo
Exemplo
Intericonicidade

 “Toda imagem se inscreve em uma cultura


visual e esta cultura pressupõe a existência, no
indivíduo, de uma memória visual, de uma
memória das imagens na qual toda imagem
encontra um eco. Há um "sempre já" da
imagem”. (COURTINE, 2011, p. 39)
 “A intericonicidade pressupõe, assim, estabelecer relações entre
imagens: imagens exteriores ao sujeito (no sentido arqueológico,
imagens existentes na sociedade) e imagens internas ao sujeito
(que leva em conta todo um catálogo memorial de imagens do
indivíduo, incluindo sonhos, imagens vistas, ressurgidas ou que
povoam nosso imaginário)”. (COURTINE, 2011, p. 40)
 “A noção de intericonicidade é complexa porque supõe a relação
de imagens externas, mas também de imagens internas, a imagens
da lembrança, da rememoração, das impressões visuais estocadas
pelo indivíduo.” (COURTINE, 2011, p. 39-40)

 “Não existe imagem que não faça ressurgir em nós outras imagens,
que estas imagens já tenham sido vistas ou somente imaginadas.”
(COURTINE, 2011, 40)
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Coleção Yves Saint Laurent - 1965

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Referências Bibliográficas

 BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In. _______. Estética da


criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 261-306.

 BAZERMAN, Charles. Intertextualidade: como os textos apóiam


em outros textos. In. ______. Gênero, agência e escrita . São Paulo:
Cortez, 2006.

 COURTINE, Jean-Jacques. Corps, discours, images. In.


COURTINE, Jean-Jacques. Dechiffrer le corpus – penser avec
Foucautl. Grenoble: Jérome Millon, 2011.

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