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Morfologia do Solo

Professor Elvio Giasson


Departamento de Solos
UFRGS
 Assuntos

– o perfil de solo
– características morfológicas do solo
– descrição morfológica do perfil de solo
A

B
 O perfil do solo é
uma seção vertical do
solo através de todos
seus horizontes e
camadas e
estendendo-se para
dentro do material de
origem (CURI et al.,
1993).
Os horizontes transicionais miscigenados são horizontes
miscigenados nos quais as propriedades de dois horizontes
principais se associam conjuntamente em fusão,
evidenciando coexistência de propriedades comuns a
ambos, de tal modo que não há individualização de partes
distintas de um e de outro: AB, BE, EB, BC.

Horizontes transicionais mesclados: com visualização de


partes distintas de um e de outro horizonte: A/B, B/C, E/B
HORIZONTES DO SOLO

O
O Horizonte ou
camada superficial de
cobertura, de constituição A
orgânica, sobreposto a
alguns solos minerais,
podendo estar
ocasionalmente saturado
com água.
Bi

C
H Horizonte ou camada de constituição orgânica,
superficial ou não, composto de resíduos acumulados ou em
acumulação sob condições de prolongada estagnação de
água, salvo se artificialmente drenado.

- Consiste em camadas ou horizontes de matéria orgânica,


superficiais ou não, em vários estádios de decomposição,
podendo incluir material pouco ou não decomposto
correspondendo a manta morta acrescida à superfície,
material fibroso ("peat") localizado mais profundamente ou
material bem decomposto superficial ou não.

- esse material orgânico é acumulado, em todos os casos,


em condições palustres e relacionadas a solos orgânicos e
outros solos hidromórficos.
H1

H2

H3
A Horizonte mineral,
superficial ou em seqüência a
horizonte ou camada O ou H, de
concentração de matéria orgânica
decomposta e perda ou
decomposição principalmente de A
componentes minerais.

- A matéria orgânica está


intimamente associada aos
constituintes minerais e é
Bi
incorporada ao solo mais por
atividade biológica do que por
translocação.

- As características do horizonte A C
são tipicamente influenciadas pela
matéria orgânica.
Horizonte A
Horizonte Ap
E Horizonte mineral, cuja característica principal é a
perda de argila, ferro alumínio ou matéria orgânica, com
resultante concentração residual de areia e silte constituídos
de quartzo ou outros minerais resistentes.

Bt
B Horizonte mineral
formado sob um E, A ou O,
bastante afetado por A
transformações
pedogenéticas, em que pouco
ou nada resta da estrutura
original da rocha. O horizonte
B pode encontrar-se
atualmente à superfície, em Bw1
conseqüência da remoção de
E, A ou O por erosão.

Bw2
C Horizonte ou
camada mineral de
material inconsolidado sob
o sólum, relativamente
pouco afetado por
processos pedogenéticos,
similar ao material do A
qual, o sólum pode ou não
ter se formado.

Bi

C
R Camada mineral de material consolidado, de tal sorte
"coeso" que, quando úmido, não pode ser cortado com uma
pá e constituindo substrato rochoso contínuo ou
praticamente contínuo.
Para designar características específicas de horizontes e
camadas principais usam-se, como sufixos, letras
minúsculas (EMBRAPA, 1988a):

a - propriedades ândicas
b - horizonte enterrado
c - concreções ou nódulos endurecidos
d - acentuada decomposição de material orgânico
e - escurecimento da parte externa dos agregados por
matéria orgânica não associada a sexquióxidos
f - material plíntico e/ou bauxítico brando (laterita)
g - glei
h - acumulação iluvial de matéria orgânica
i - incipiente desenvolvimento de horizonte B
j - tiomorfismo
k - presença de carbonatos
m - extremamente cimentado
n - acumulação de sódio trocável
o - material orgânico mal ou não decomposto
p - aração ou outras pedoturbações
q - acumulação de sílica
r - rocha branda ou saprólito
s - acumulação iluvial de sesquióxidos com matéria orgânica
t - acumulação de argila
u - modificações ou acumulações antropogênicas
v - características vérticas
w - intensa alteração com inexpressiva acumulação de
argila, com ou sem concentração sexquióxidos
x - cimentação aparente, reversível
y - acumulação de sulfato de cálcio
z - acumulação de sais mais solúveis em água fria que
sulfato de cálcio
3. COMPARAÇÃO ENTRE A CLASSIFICAÇÃO ANTIGA
(1962) E ATUAL (1988) DE HORIZONTES DE SOLOS

- Muitos levantamentos de solos foram realizados utilizando


a nomenclatura de 1962 do Serviço Nacional de
Levantamento e Conservação de Solos
NOMENCLAT NOMENCLAT NOMENCLATURA NOMENCLAT
URA URA DOS SUBSCRITOS URA DOS
DOS DOS ANTIGA (1962) SUBSCRITOS
HORIZONTES HORIZONTES ATUAL (1988)
ANTIGA ATUAL (1988)
(1962)

O1 Oo, Ood cm c

O2 Od, Odo pl f

(não H ca k
havia)

A1 A si q

A2 E ir s

A3 AB ou cs y
EB

B1 BA ou sa z
BE

B2 B

B3 BC
- horizontes pedogênicos: seções do perfil do solo dotadas
de propriedades geradas por processos pedogenéticos

- camadas: seções do perfil do solo que possuem


propriedades não resultantes ou pouco influenciadas pelos
processos pedogenéticos.

- Os horizonte principais podem ser divididos em


subhorizontes:
- exemplo A1, A2, A3, etc., são subhorizontes do horizonte
principal "A".

- nomenclatura dos horizontes: mudança de material de


origem, prima
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DO PERFIL DE SOLO
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DO PERFIL DE SOLO

As características morfológicas são descritas em cada


horizonte ou camada, pois as mesmas podem variar ao
longo do perfil.

A descrição morfológica apresenta metodologia e redação


padronizada (LEMOS e SANTOS, 1996).
a) Espessura do horizonte ou camada: distância vertical
entre o início e o final do horizonte.
- exemplo: um solo qualquer possui um horizonte O
com 5 cm de espessura, um horizonte A com 50 cm de
espessura, e um horizonte B com 200 cm de espessura).

b) Profundidade do horizonte ou camada: distância vertical


entre o início e o final de um horizonte e a superfície do
horizonte A.
- exemplo: um solo qualquer possui um horizonte O
com profundidade de 5 a 0 cm, um horizonte A com
profundidade de 0 a 50 cm, e um horizonte B com
profundidade de 50 a 250 cm).
c) Transição entre horizontes ou camadas:
A transição se refere à nitidez ou contraste de separação
entre os horizontes ou camadas.

-Pode ser avaliada quanto à:


* distinção
abrupta: < 2,5 cm
clara: 2,5 a 7,5 cm
gradual: 7,5 a 12 cm
difusa: > 12 cm

* topografia (horizontal, ondulada, irregular, descontínua).

(Não confunda transição entre horizontes com horizontes transicionais - são


aspectos diferentes na descrição do perfil do solo).
A

Bt
A

Bt
A

Bt
A

Cr
Cor do Solo

 Porque avaliar a cor do solo?


– Característica do solo mais óbvia e mais
facilmente determinada
– Características importantes do solo podem ser
inferidas a partir da cor.
• Solos bem drenados possuem cor uniforme.
• Solos com lençol freático oscilante possuem
mosqueados em cores acinzentadas, amareladas
e/ou laranjadas.
Agentes colorantes no solo
 Matéria orgânica escurece o solo e é tipicamente
associada com camadas superficiais do solo. A
MO pode mascarar outros agentes colorantes do
solo.
 O ferro (Fe) é o principal agente colorante dos
horizontes subsuperficiais. Cores avermelhadas,
laranjadas e marrons associadas com solos bem
drenados são o resultado de óxido de ferro
recobrindo partículas individuais.
 Manganês (Mn) é comum em alguns solos,
resultando em cores muito escuras em todo o
perfil ou na forma de nódulos.
Padrões de cores
Cor da matriz do solo é a cor dominante no
solo.
Mosqueados são manchas de cores que
diferem da cor da matriz do solo. Seu padrão
está relacionado com a aeração e drenagem
do solo.
Cores glei são cores acinzentadas, possuem
croma baixo com ou sem mosqueados. Se o
solo apresenta cores gleizadas é provável
que esteja reduzido e úmido na maior parte
do ano.
Que cor é esta?
Que cor é esta?
Que cor é esta ?
Que cores são estas?
Sistema de Cores de Munsell
10YR Page
Matiz
 Matiz é uma medição da composiçào
cromática da luz, como: vermelho/red (R)
ou amarelo/yellow (Y).
 Matizes (10R até 5Y) são divididos em 4
segmentos.
– Por exemplo, matiz yellow-red (YR) são
identificados como 2.5YR, 5YR, 7.5YR e
10YR
 matizes mais usuais para uso em solos
são: 5R, 7,5R, 10R, 2,5YR, 5YR, 7,5YR, 10YR,
2,5Y e 5Y
(vermelho -> amarelo).
Matiz
PR R

P YR

PB Y

B GY

BG G
Valor
 Valor indica o quanto clara ou escura a core
é, ou com que tonalidade de cinza a cor é
misturada.
 Valores vão de preto puro (0/) a branco puro
(10/);
 valor é uma medição da quantidade de luz
refletida pela cor.
 Cores mais claras tem valor entre 5/ e 10/;
cores mais escuras tem valor entre 5/ e 0/.
Valor
Croma
 Croma é a pureza relativa da cor. Indica o
grau de sauração com da cor espectral pura
com o cinza neutro.
 Valores de croma vão de /0 (para cores
neutras) a /8 para a cor espectral pura;
 Algumas páginas da caderneta de Munsell
possuem símbolos como N 6/. Estas são
cores totalmente acromáticas (cores neutras)
e não possuem matiz e croma, somente
valor.
Croma
0 8
Cor do solo:

VALOR
(Value)

MATIZ CROMA
(Hue) (Chroma)
Feature
Matrix
b) textura: A textura corresponde à proporção relativa das frações
granulométricas do solo.

- pelo tato, com a amostra de solo molhada

- Procedimento: pegue uma amostra de solo do tamanho de um


ovo pequeno e adicione água suficiente para umedecê-la.

- Amasse a amostra até que a umidade seja uniforme

- Aperte a amostra entre os dedos e estime a composição


granulométrica da amostra
c) estrutura:
- A estrutura é a agregação das partículas primárias do solo
em unidades estruturais compostas, separadas entre si
pelas superfícies de fraqueza.

- É avaliada quanto a:
- tipo (laminar, prismática, blocos angulares, blocos
subangulares, e granular)
- classe (muito pequena, pequena, média, grande,
muito grande)
- grau de estrutura (sem estrutura grãos simples, sem
estrutura maciça, com estrutura fraca, com estrutura
moderada, com estrutura forte)
Granular – Small polyhedrals, with
curved or very irregular faces
Blocos angulares– poliedro com faces
que se intersectam com ângulos agudos
e com faces planas
Blocos subangulares
– poliedros que se
interceptam sem
ângulos agudos e
com faces
arredondadas ou
planas
Laminar – agregados planos e tabulares
Prismática – agregados alongados
verticalmente e com topo plano
Colunar – agregados alongados
verticalmente e com topo arredondado
Grau da estrutura

 Sem estrutura
 fraca
 moderada
 forte
Sem estrutura:
- grão simples
- massiva
Massiva – sem unidades estruturais
com material coerente
Estrutura fraca
Estrutura moderada
Estrutura forte
Forte grande
colunar
Moderada grande
granular

Moderada a forte
média prismática
que se desfaz em
moderada a forte
médios blocos
subangulares
Fracos médios blocos
subangulares
d) poros:

- é o espaço do solo ocupado pela solução do solo e pelo ar


do solo

- identificada pelo tamanho (muito pequenos, médios,


grandes, muito grandes) e quantidade (pouco, comum,
muitos) dos macroporos visíveis.

Note-se que na determinação morfológica do solo somente são observáveis os


poros visíveis, não havendo possibilidade de estimar a porosidade total do solo
(macroporos não visíveis e microporos).
e) cerosidade:
A cerosidade é o aspecto brilhante e ceroso que pode
ocorrer na superfície dos das unidades de estrutura,
manifestada freqüentemente por um brilho matizado.

- é conseqüência da película de material coloidal (minerais


de argila e óxidos de ferro) depositados na superfície das
unidades estruturais.

- descritas quanto ao grau de desenvolvimento (fraca,


moderada, forte) e a quantidade (pouco, comum, abundante)
f) consistência:

- é conseqüência da manifestação das forças físicas de


coesão e adesão entre as partículas do solo, conforme a
variação do grau de umidade.

- deve ser determinada com o solo seco (dureza), úmido


(friabilidade) e molhado (plasticidade e pegajosidade).
 - graus de dureza são: solta, macia, ligeiramente dura,
dura, muito dura, extremamente dura
- graus de friabilidade são: solta, muito friável, friável,
firme, muito firme, extremamente firme
 - graus de plasticidade são: não plástica, ligeiramente
plástica, plástica, muito plástica
 - graus de pegajosidade são: não pegajosa, ligeiramente
pegajosa, pegajosa, muito pegajosa.
g) cimentação:

- refere-se à consistência quebradiça e dura do material do


solo, determinada por qualquer agente cimentante que não
seja mineral de argila, tais como: carbonato de cálcio, sílica,
óxido ou sais de ferro ou alumínio.
 petrocálcico
h) nódulos e concreções:

- corpos cimentados de origem pedogenética que podem ser


removidos intactos do solo.

- nódulos distinguem-se de concreções, pois estas


apresentam organização interna, enquanto os nódulo não
apresentam.

- Os nódulos e concreções são identificados quanto a


quantidade, tamanho, dureza, e natureza do material.

- Nódulos e concreções tem origem pedogenética e não


devem ser confundidos com resíduos da decomposição da
rocha.
i) conteúdos de carbonatos:

- a presença de acúmulo de carbonatos no solo é


identificada pela identificação de carbonatos (normalmente
na forma de mosqueados esbranquiçados) que apresentam
efervescência com ácido clorídrico a 10%.

- mais comuns em solos com pH alcalino (pH > 7,0).


j) eflorescências de sais:

- são ocorrências de sais cristalinos sob forma de


revestimentos, crostas e bolsas, observáveis após período
seco

- normalmente constituídas de cloreto de sódio, sulfato de


cálcio, magnésio e sódio.

- mais comuns em ambientes áridos e semiáridos.


3. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DO PERFIL DE
SOLO

Além das características morfológicas, podem ser


determinadas características ambientais do local do perfil do
solo.

1) Pedregosidade: quantidade de calhaus e matacões (até


100 cm de diâmetro) sobre o solo ou na massa de solo.

- as classes de pedregosidade são: não pedregosa,


ligeiramente pedregosa, moderadamente pedregosa,
pedregosa, muito pedregosa, e extremamente pedregosa.
2) Rochosidade

- quantidade de matacões (com mais de 100 cm de


diâmetro) e afloramentos rochosos.

- as classes de rochosidade são: não rochosa, ligeiramente


rochosa, moderadamente rochosa, rochosa, muito rochosa,
e extremamente rochosa.
3) Relevo local e regional

- a declividade é normalmente determinada a campo com o


auxílio de um clinômetro.

CLASSE DE RELEVO DECLIVIDADE (%)


Plano <3
Suave ondulado 3-8
Ondulado 8 - 20
Forte ondulado 20 - 45
Montanhoso 45 - 75
Escarpado > 75
4) Erosão

- Refere-se à remoção da parte superficial e subsuperficial


do solo, principalmente devido à chuva e/ou vento.

- formas de erosão encontradas são: erosão laminar e


erosão em sulcos.

- sulcos são classificados quanto à freqüência (ocasionais,


freqüentes, muito freqüentes) e à profundidade (superficiais,
rasos, profundos).

- classes de erosão: não aparente, ligeira, moderada, forte,


muito forte, e extremamente forte).
5) Drenagem

- facilidade de remoção do excesso de água do solo

- classes de drenagem:
- excessivamente drenado
- fortemente drenado
- acentuadamente drenado
- bem drenado
- moderadamente drenado
- imperfeitamente drenado
- mal drenado
- muito mal drenado
6) Vegetação primária

- Indica a vegetação que originalmente existia na área

- as formas de vegetação utilizadas pelo Centro Nacional de


Pesquisa de Solos (EMBRAPA-CNPS) constam em LEMOS
e SANTOS (1996, p. 60-61).
7) Raízes

- deve ser indicados os horizontes/profundidade nos quais


ocorrem, caracterizando-se:

- tipo (fasciculares, pivotantes, secundárias)


- quantidade (muitas, poucas, raras)
- diâmetro.

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