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Métodos Ativos para Educação

Musical

Prof.Me. Ivan Veras Gonçalves

Unidade II São Luís - 2017


Métodos Ativos para Educação Musical
O que são os Métodos Ativos?

De forma simples podemos classificar os Métodos Ativos como aqueles


que proporcionam , dentro do processo de aprendizagem musical uma
participação direta e efetiva do aluno.

O aluno participa ativamente dos processos musicais desenvolvidos


em sala de aula, oportunizando o contato com várias dimensões do
fazer musical (FIGUEIREDO, 2012,p,85)

O foco não é mais a teoria musical e as práticas fora do contexto, que


desestimulam o aluno e são vistas, por muitos, como experiências musicais
sem validade.

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O que são os Métodos Ativos?
Esses métodos chegaram ao Brasil a partir da década de 1950
depois de terem sido aplicados em seus países pelos seus
criadores.

Figueiredo ( 2012) nos aponta um dado importante sobre essas propostas:

“O que grande parte das propostas desenvolvidas no século XX apresentam em


comum é a revisão dos modelos de ensino praticados em períodos anteriores,
ou seja, aqueles modelos de educação musical que focalizavam a formação do
instrumentista, reprodutor de um repertório vinculado a uma tradição musical,
a partir de concepções fortemente arraigadas na questão do talento e do gênio
musical.” (FIGUEIREDO,2012,p.85)

E quem foram esses pioneiros?

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Émile Jacques-Dalcroze (Suíça,1865-1950)


https://media1.britannica.com/eb-media/33/79333-004-B4F377B1.jpg

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Dalcroze apresentou uma proposta de educação musical que relacionava


a música ao movimento do corpo.

Ele era professor do conservatório de Genebra, e observou que seus


alunos não ouviam internamente o que escreviam e, a partir dessa
descoberta e de outros fatores por ele observados, elaborou uma
maneira inédita de se aprender música.
Seu sistema de educação musical inicialmente pensado para seus alunos do
conservatório, foi chamado de Rythmique, nesse sistema a música não é mais
vista como algo exterior ao corpo, mas como integrado a ele, unificando

música, corpo e movimento.

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Dalcroze propôs várias estratégias metodológicas para se alcançar o
objetivo principal que é estimular “o desenvolvimento global da pessoa
na área física, afetiva, intelectual e social” (DEL BIANCO,2007, p. 27)

Ritmo, Solfejo e improvisação fazem parte das suas propostas para o


desenvolvimento musical que podem ser aplicados com crianças, jovens,

adultos e portadores de necessidades especiais.

Nesse link vocês poderão ver vários vídeo clips produzidos pela FIER
Fédération Internationale des Enseignants de Rythmique, com o método
sendo aplicado: Site da FIER: http://www.fier.com/

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Edgar Willems (Suíça, 1890-1978)


http://www.musicaemovimento.com.br/images/pedagogoativos/edgarwillems.jpg

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Desenvolveu sua metodologia pensando em crianças a partir de 3 anos

Ele acreditava que havia uma profunda conexão entre o ser humano, a
música e a audição. Por isso ele afirmava que “ a escuta é a base da
musicalidade”. (FONTERRADA, 2005, p. 126)

Willems procurou estabelecer uma relação entre a Psicologia e a


Educação Musical Suas pesquisas tentaram estabelecer uma relação
intima entre o som e a natureza humana a partir dos aspectos: sensorial,
afetivo e mental. (FIGUEIREDO,2012)

Um bom material com mais informações sobre o Método Willems disponível


in:<https://www.youtube.com/watch?v=1ZuM32h3gCw>

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Zoltán Kodály (Hungria, 1882-1967)


https://www.ceu.edu/sites/default/files/main_image/event/18853/cover.jpg

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Um dos trabalhos em Educação Musical mais importantes do século XX,


foi o que desenvolveu Zoltán Kodály, por sua proposta e abrangência.

Diferente de outros métodos ele criou e desenvolveu uma


proposta de educação musical que não era dirigida só para
estudantes de música e nem para ser usada restritamente
no ambiente escolar, mas poderia ser aplicado nos
ambientes mais diversos a todas as pessoas.

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A música popular folclórica húngara foi pesquisada
exaustivamente, ele chegou a recolher mais de 100.000
canções, peças, trechos e melodias populares húngaras, que
foram a base do seu método.

“A música folclórica”, afirma Szonyi (1990), “é a herança de todas as


pessoas... e um princípio fundamental do método Kodály que pode
ser aplicado a diferentes experiências culturais em educação
musical”.
Para Kodály, a prática vocal em grupo, o treinamento
auditivo e o solfejo são as atividades centrais da sua
metodologia.

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A grande obra da vida de Kodály, embora fosse um grande compositor, foi a


Educação Musical. Sua obra pedagógica conta com 22 livros de dimensão
pequena e usados hoje no mundo inteiro, em edições na Hungria, Inglaterra,
USA, Brasil, Espanha, Portugal ,Argentina, etc.

É uma obra pedagógica abrangente que vai do Vol.01- Canções de


Berçário até Epigramas para 2 vozes ou 2 instrumentos com
acompanhamento de piano (essa obra é usada em muitos cursos
superiores de música ao redor do mundo)

Mais informações sobre o autor in: <http://www.kodaly-inst.hu/>

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Carl Orff (Alemanha, 1895-1982)


http://images.uncyc.org/pt/0/06/Carl-orff.jpg

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Sua proposta metodológica buscava combinar a música e a
dança, o ritmo ligado a fala, atividades em grupo, tendo como
ponto principal a improvisação e a criação musical.

O instrumental Orff, que é um conjunto de instrumentos musicais idealizados por


ele mesmo, inclui xilofones, metalofones, tambores e diversos instrumentos de
percussão, além de violas da gamba e flautas doces (FIGUEIREDO,2012,p.85)

Para Orff, a prática de tocar em grupo era essencial para que elas
sentissem a força de esta produzindo música de verdade. “o que as
faz imergir numa sonoridade poderosa, que as motiva a executar
música em grupo desde os primeiros estágios” (FONTERRADA, 2005,
p. 149).

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Carl Orff se tornou muito conhecido em nossos dias graças a uma de suas
obras que é muito utilizada em filmes e programas de TV. Estamos falando da
Cantata Carmina Burana ( em português: Canções Beuern, devido ao nome do
local onde foram encontrados).
Orff fez uma seleção dentre os mais de 300 textos escritos na idade média
encontrados num mosteiro da Baviera, Mosteiro Benediktbeuern. Ele escolheu
apenas 22 poemas e os agrupou em assunto para construir um tipo de enredo.
As peças são, em geral, picantes, irreverentes e satíricas e escritas em latim
medieval, embora algumas tenham sido escritas em médio – alto-alemão.
Disponível in:< https://www.youtube.com/watch?v=dLOk8nHimlA>
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Shinichi Suzuki (Japão, 1898-1998)


http://s.fixquotes.com/files/author/shinichi-suzuki_zTqUX.jpg

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Como diria o personagem famoso de uma série de TV, Suzuki teve uma
“vida longa e próspera”.
Sua proposta pedagógica se baseava na aquisição da
língua materna pelas crianças, ele dizia que se as
crianças aprender a falar apenas ouvindo em casa, o
aprendizado de música poderia efetivado da mesma
forma.
Assim, as crianças aprendem a língua a partir da escuta de exemplos
constantes das pessoas que estão à sua volta e poderiam aprender música
da mesma forma, contando com um entorno de qualidade, baseando a
aprendizagem no processo de imitação (HOFFER, 1993, p. 129)

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O Método Suzuki é também conhecido como o método da Educação do Talento.

Como nos diz ILARI & MATEIRO,2010, p.187:

“Mais do que um simples método de ensino instrumental, a Educação do talento é uma


verdadeira filosofia educacional que propõe uma nova leitura da criança instrumentista, do
talento, do papel da socialização na aprendizagem instrumental e do potencial da
educação musical na vida humana”.

O Método Suzuki foi iniciado no Brasil em 1973 , na cidade de Santa


Maria/RS, pela Irmã Maria Wilfried. Religiosa e também professora de
violino, nascida na Áustria, veio fixar residência no Brasil em função
do seu apostolado (PENNA,1998 apud ILARI ; MATEIRO,2010, p.191).

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No seu livro Educação é Amor: um novo método de educação Suzuki aponta


alguns passos a ser seguidos no processo de aprendizagem:

1-ouvir diariamente a gravação da peça em casa;

2-Iniciar o ensino da peça;

3-Aprender o dedilhado;

4-Após aprender o dedilhado tocar com beleza.


(SUZUKI,1983,p.88).

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Dentro da filosofia Suzuki a tríade Mãe ( mais recentemente o Pai)- Aluno –


Professor é fundamental para o desenvolvimento do aluno. A participação dos
pais nesse contexto triádico é importante porque são eles os motivadores da
criança para a prática instrumental diária.

Atualmente a filosofia Suzuki é utilizada para o ensino de diversos


instrumentos: Piano, Flauta Transversa, Flauta Doce, Violoncello, Violão, e
outros. Com relação a novas abordagens do método cabe ressaltar a sua
utilização no Canto Coral.

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A partir desses pioneiros muitas outras propostas, algumas baseadas em
estudos profundos a cerca do trabalho dos teóricos que citamos surgiram
no final do século XX e começo do século XXI, são propostas inovadoras e
que estão demonstrando eficácia.

Dentre os mais importantes podemos citar:

Raimond Murray Schafer ( 1933 - ) é um compositor e pedagogo canadense


cujas ideias tem se destacado nos últimos anos. Suas ideias são bastante
inovadoras e contemporâneas se compararmos com outras metodologias ao
longo do século XX. Segundo ele, o barulho a que somos submetidos nos impede
de ouvir os sons que nos rodeiam.

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Jonh Paynter (1931-2010) foi compositor e professor, ficou conhecido


internacionalmente pelo trabalho que desenvolveu em escolas inglesas.

Ele propunha um fazer musical adequado à realidade do século XX, propunha


o uso da tecnologia, dos sons eletrônicos e do dia-a-dia. Além propor a i
incorporação de ruídos e de novas possibilidades sonoras.
Paynter não criou um método ele, ao contrário de muitos, os repudiava e
chegou a afirmar que “os métodos eram a antítese da mente criativa”
(PAYNTER,1992,p.30)

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Keith Swanwick (1937- ) pesquisador e pedagogo inglês que propõe uma teoria
sobre o desenvolvimento musical de crianças e adolescentes, e investiga várias
maneiras de ensino-aprendizagem em música.
Sua teoria Espiral do Desenvolvimento Musical, sugere que as
pessoas se desenvolvem em ciclos, como uma espiral.
Ou seja, antes das palavras, sons; antes da vida adulta, a infância, etc.
Sua teoria se aproxima muito do que foi proposto por Piaget (DA COSTA,2010)

Uma de suas obras bastante conhecida no Brasil é Ensinando Música


Musicalmente.
Disponível in:<https://pt.scribd.com/document/354904090/Ensinando-musica-
musicalmente-Keith-Swanwick-pdf>

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DEL BIANCO, Silvia. Jacques-Dalcroze. In M. Diaz e A. Giráldez (coords.), Aportaciones
teóricas y metodológicas a La educación musical: uma selección de autores relevantes (p.
23-32). Espanha: Editorial GRAÓ, 2007. Biblioteca de Eufonia: Serie Didáctica de La
expressión musical.
FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira de. A educação musical do século XX: os métodos
tradicionais. In: Gisele Jordão, Sérgio Molina, Renata R. Alucci, Adriana M. Terahata (orgs.),
A Música na Escola. São Paulo: Alucci & Associados, 2012
FONTERRADA, Marisa. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo:
Editora da UNESP, 2005.
HOFFER, Charles. Introduction to music education. 2ª ed. Belmont, CA: Wadsworth, 1993.
ILARI, Beatriz; MATEIRO,Teresa . Pedagogias em Educação Musical. São Paulo:
Saraiva,2010.
PAYNTER, Jonh. Sound and structure. London: Cambridge University Press, 1992.
SUZUKI,Shinichi. Educação é Amor: um novo método de educação. 2ª ed. Santa Maria:
Imprensa Universitária,1983
SZONYI, Erzsebet. Kodály´s principles in practice. 5ª ed. Hungria: Corvina, 1990.

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