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Universidade UNIDERP

Curso de Psicologia e Licenciatura


Trabalho de Conclusão de Curso

A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO DO SUICÍDIO:


DESMISTIFICANDO TABUS EM BUSCA DA SAÚDE
MENTAL

Autor: Kelli Cristina de O. Crepaldi


Orientador: Heiny Diesel.
JUSTIFICATIVA

O fenômeno suicídio é visto como um problema individual, cercado de


tabus pelo desconhecimento, medo, preconceito, incomodo e atitudes
condenatórias, o que leva ao silêncio a respeito do problema. Portanto
a contribuição desse estudo é de demonstrar a sociedade que através
do rompimento dos estigmas, poderá haver um declínio na taxa de
mortalidade por causa do suicídio.
OBJETIVO GERAL

Compreender a influência da sociedade nas ideações suicidas.


OBJETIVOS ESPECIFICOS:

• Abordar a temática do suicídio dentro de um levantamento


sócio histórico para uma melhor compreensão do tema.
• Compreender os fatores que levam os indivíduos a cometerem
o suicídio.
• Identificar os tabus na sociedade contemporânea acerca do
suicídio.
• Analisar as estratégias de prevenção e intervenção de
profissionais na área da saúde mental.
MÉTODO
O presente trabalho constitui-se de um estudo exploratório,
descritivo, bibliográfico de cunho qualitativo (Gonçalves, 2014).
1 O SUICÍDIO NA SOCIEDADE

Antigamente a palavra suicídio era descrito e qualificado como:

[...] com ela descrevemos uma maneira de morrer; tirar a própria


vida, voluntária e deliberadamente; por outro lado, utilizamos para
condenar a ação, ou seja, para qualificar o suicídio de
pecaminoso, criminoso, irracional, injustificado... (SZASZ, 2002,
p. 21 – grifos no original).
O suicídio é compreendido como um problema multicausal, que
resulta de uma interação complexa entre fatores ambientais, sociais,
fisiológicos, biológicos, psicológicos, genéticos, históricos e
culturais, ou seja, nos apresenta novas configurações de sofrimento
psíquico que se refletem em um sujeito imediatista, fragmentado,
narcisista, desiludido, ansioso, hedonista, depressivo, que mudam de
acordo com a cultura, momento histórico e grupo social. (VALLADOLID,
2011, CASSORLA 2004, KAPLAN & SADOCK, 2007).
Existem pelo menos três desejos que podem contribuir para um ato
suicida, sendo o desejo de matar, de ser morto e de morrer, sendo então
considerada uma morte auto-inflingida causada de modo intencinoal e,
normalmente, representa uma atitude complexa ( FREUD 1923 apud.
FERRARI, 2005).
2 FATORES DE RISCO PARA O SUICIDO

Alguns fatores de risco podem ser obtidos através de estudos


epidemiológicos, em que se mapeiam sexo masculino, idosos,
história de tentativa prévia (principal fator isolado), histórico familiar
positivo para suicídio, e mudança recente de status social ou
econômico.
• abuso de álcool/substâncias,
• depressão,
• eventos estressores: divórcio/desemprego, ou insatisfação no
trabalho entre outros ....

• Imitação/ contagio
• isolamento
• vingança
Contudo, não são as adversidades em si que levam a tentativa de
suicídio, mas que o determinante é a incapacidade do indivíduo de
encontrar alternativas para os seus problemas e sofrimentos
considerando a sua morte a única alternativa definitiva (RAPELI, CAIS,
BOTEGA,2004).

Ambivalência

Impulsividade

Rigidez
2.1 O SUICÍDIO E O TABU

A contemporaneidade ainda enfrenta dificuldades em aceitar e


compreender problemas psicológicos e/ou mentais como algo
importante e que deve ser trabalhado, estudado e “que toda doença se
refere a um doente, e que esse doente deve necessariamente ser levado
em conta no tratamento” (CANGUILHEM apud. DIAS; MOREIRA, 2011, p. 84).
3 ESTRATÉGIAS DE PREVEÇÃO, INTERVENÇÃO

As prevenções de acordo com a concepção de Gordon (1987, citado por


BERTOLOTE 2012, p.90):
Nível de Cobertura Público Alvo Intervenções
Universal Toda a população Limitação do acesso a substância tóxicas

Indivíduos com risco Tratamento de pessoas com transtornos


baixo a moderado de mentais (incluindo transtornos por uso
Seletiva comportamentos de substancias psicoativas)
suicidas
Segmento terapêutico frequente de
Indivíduos com risco portadores de transtorno bipolar ou
Indicada evidente de com episódios psicóticos recorrentes.
comportamentos
Segmento psicossocial frequente de
suicidas, ou que já os
iniciaram. pessoas com história de tentativas
previas de suicídio.
IMPLANTAÇÃO DE PREVENÇÃO DO SUICÍDIO

I. Desenvolver estratégias de promoção da qualidade de vida, educação,


proteção e recuperação da saúde e prevenção de danos;

II. Desenvolver estratégias de informação, comunicação e sensibilização


da sociedade de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode
ser prevenido;
III. Organizar linha de cuidados integrais (promoção, prevenção,
tratamento e recuperação) em todos os níveis de atenção, garantindo o
acesso às diferentes modalidades terapêuticas;

IV. Identificar a prevalência dos determinantes e condicionantes do


suicídio e tentativas, assim como os fatores protetores e o
desenvolvimento de ações intersetoriais de responsabilidade pública,
sem excluir a responsabilidade de toda a sociedade
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contudo o índice de suicídio na contemporaneidade tem crescido


consideravelmente, em todo o mundo. No entanto o comportamento
suicida está frequentemente associado com a incapacidade do indivíduo
de identificar alternativas possíveis para a solução de seus conflitos,
optando pela morte como resposta de fuga da situação estressante.

As alterações no comportamento, são índice de um sinal de alerta, que


necessita tanto olhar dos familiares, como também envolve toda a
equipe multidisciplinar, como um catalisador de pedido de ajuda.
Quanto à prevenção do suicídio, ficou evidenciado que a OMS tem
buscado estratégias de prevenção para abranger toda as esferas da sociedade.
Destacam-se algumas possibilidades como o tratamento de pessoas com
transtornos mentais; a apresentação apropriada de notícias, informações
sobre depressão, suicídio na mídia, uma necessária articulação de fatores
clínicos e educacionais para populações de risco em geral.

Outro aspecto a ser ressaltado são os serviços de saúde e seus


profissionais, que atendem pessoas por tentativa de suicídio, e que não
costumam acompanhar estes pacientes pós-evento, negligenciando a
importância vital do encaminhamento para serviços de atenção em saúde
mental para tratamento e orientação dos familiares.
“O principal objetivo da Terapia Psicológica não é transportar o
paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a
adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece
no equilíbrio entre a alegria e a dor. Quem não se arrisca para além
da realidade jamais encontrará a verdade” (C. G. Jung)
REFERÊNCIAS
BERTOLOTE, J.M ,2012 O suicídio e sua prevenção/ Jose Manuel Bertolote. - São Paulo: Editora Unesp,2012.
(Saúde e cidadania).
CASSORLA R.M.S. (2004). Suicídio e autodestruição humana. In Werlang, B. e Botega, N.J. (Org.).
Comportamento suicida (pp. 21-33). Porto Alegre: Artmed
DEJONG, T.M., OVERHOLSER, J.C. & STOCKMEIER, C. (2009). Apples to oranges? A direct comparison
between suicide attempters and suicide completers. Journal of Affective Disorders, 124, pp. 90-97.

DIAS, D.A. S; MOREIRA, J.de O. As vicissitudes dos conceitos de normal e patológico: Relendo Canguilhem.
Revista Psicologia e Saúde, v. 3, n.1, p. 77-85, Jan./Jun. 2011. Disponível em: Acesso em 29 set. de 2017.

FERRARI, Ilka Franco. Melancolia: de Freud a Lacan, a dor de existir. 2005.Disponível em: <
http://www.fundamentalpsychopathology.org

GONÇALVES; A.; Hortência , Manual de Metodologia de Pesquisa Cientifica- ed.2, Editora


AVERCAMP, Brasil, 2014.
KAPLAN & SADOCK. Compêndio de Psiquiatria Ciência do comportamento e psiquiatria clínica: Tradução:
Claudia Dornelles ... [et al.]. –Porto Alegre: Artmed, 2007.
MINISTÉRIO DA SAÚDE Gabinete do Ministro PORTARIA Nº 1.876, DE 14 DE AGOSTO DE 2006.
Institui Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, a ser implantadas em todas as unidades
federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt1876_14_08_2006.html> Acesso> 05 de out. 2017.

RAPELIS, C.B.; CAIS, C.F.; BOTEGA, N.J. Comportamento suicida no hospital geral. In: WERLANG,
B. S.G.; BOTEGA, N.J.(Orgs) Comportamento suicida. Porto Alegre: Artmed, 2004.p.183-188.

SZASZ, Thomas. Libertad fatal – Ética y política del suicídio. Buenos Aires: Paidós, 2002

VALLADOLID, Martín Nizama. Suicídio. Revista Peruana de Epidemiologia -


RPE,v.15,n.2,ago.2011.Disponívelem:<http://rpe.epiredperu.net/rpe_ediciones/2011_V15_N02/
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WERLANG, B. S. G., Borges, V. R. & Fensterseifer, L. (2005). Fatores de risco ou proteção para
a presença de ideação suicida na adolescência. Revista Interamericana de Psicologia, 39(2), 259-
266
Muito Obrigada!

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