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ANIMAÇÃO EM LARES E

CENTROS DE DIA
A velhice
 No mundo de hoje, a velhice é entendida como um processo
inevitável de decadência ou deterioração.
 O envelhecimento é visto pela população como algo
negativo. Se perguntarmos a um jovem ou a um adulto como
definem uma pessoa idosa as suas respostas vão ser
completamente diferentes. Para os jovens, uma pessoa idosa
é caracterizada com chata, triste, deprimida, cansada, doente
e solitária, enquanto que para o adulto, um idoso é alguém
muito vivido, com bastante experiência, mais lento, com
doenças, com bastante tempo, tranquilo e mais perto da
morte. Mas estas ideias são erradas, pois estas características
também podem ser observadas em jovens ou até em
adultos.
 Envelhecer pressupõe alterações físicas,
psicológicas e sociais no indivíduo.

 Alterações a nível físico:


 Alterações externas:
 Aparecem manchas na pele;
 Perda do tónus muscular, tornando a pele
flácida;
 Nariz alarga-se;
 Olhos ficam mais húmidos;
 Encurvamento postural devido a modificações
na coluna vertebral;
 Diminuição da estatura devido ao desgaste
das vértebras;
 Alterações internas:
 O metabolismo fica mais lento;
 A digestão é mais difícil;
 A insónia aumenta;
 A visão de perto diminui devido à falta de
flexibilidade do cristalino;
 As células responsáveis pela propagação dos sons
no ouvido interno e pela estimulação dos nervos
auditivos degeneram;
 O olfacto e o paladar diminuem;
 Endurecimento das artérias e seu entupimento
provocam arteriosclerose.
 A velhice não é considerada doença, mas, sim, uma
fase na qual o ser humano fica mais susceptível a
doenças.
 Alterações a nível Social

 O envelhecimento, a nível social acarreta uma modificação no


status do indivíduo e no relacionamento dele com outras
pessoas, em função de:
 Crise de identidade – devido à falta de papel social, o
que levara a uma perda de auto-estima;
 Mudanças de papeis – na família, no trabalho e na
sociedade;
 Reforma – visto que após a reforma, ainda tem a
possibilidade de viver muitos anos, é importante estar
preparados para lutarem contra o isolamento e a depressão;
 Perdas diversas – desde condição económica ao poder
de decisão, à perda de parentes e amigos, da independência e
da autonomia;
 Diminuição de contactos sociais – devido a vida agitada,
falta de tempo, circunstâncias financeira e a realidade de
violência nas ruas.
 Alterações psicológicas

 Dificuldade em se adaptar a novos papeis;
 Falta de motivação e dificuldade de planear o
futuro;
 Necessidade de trabalhar as perdas orgânicas,
afectivas e sociais;
 Dificuldade de se adaptar às mudanças
rápidas;
 Alterações psíquicas que exigem tratamento;
 Depressão, hipocondria; somatização;
paranóia; suicídios;
 Baixa auto-imagem e auto-estima.
Animação de Idosos
Animação de Idosos
 Animação significa animar, dar vida a, vitalização,
dar movimento ao que está parado, motivar.
 Nos dias de hoje, a animação está no centro das
prioridades de todas as estruturas de
acolhimento de pessoas idosas.
 A animação representa um conjunto de
processos com vista a facilitar o acesso a uma
vida mais activa e criativa, à melhoria nas relações
e na comunicação com os outros, para uma
melhor participação na vida da comunidade de
que se faz parte, desenvolvendo a autonomia
pessoal.
 No trabalho com idosos, é importante que se tenha
consciência de alguns pontos básicos de grande importância:

 1. Respeitar as individualidades, evitando as generalizações.


 2. Não os infantilizar
 3. Não os tratar como doentes.
 4. Não os tratar como incapazes.
 5. Oferecer-lhes cuidados específicos para a sua faixa
etária.
 6. Preservar a sua independência e autonomia.
 7. Ajudá-los a desenvolver aptidões.
 8. Ter paciência, pois eles são mais lentos.
 9. Trabalhar as suas perdas e os seus ganhos.
 10. Promover muita estimulação biopsicossocial.
 Para se colocar em prática qualquer actividade, é
necessário fazer, inicialmente, uma avaliação
psicológica, social e física de cada um dos idosos, no
sentido de perceber quais as suas capacidades e
motivações.
 É também importante dar ao idoso a oportunidade
de propor actividades que sejam do seu interesse.
 As actividades desenvolvidas com os idosos podem
ser iguais às que se desenvolvem com as crianças, mas
deve-se ter em atenção que, por vezes, é necessário
fazer algumas alterações. Por exemplo numa
actividade onde as crianças precisam correr, sabemos
que idoso dificilmente corre mas sim anda, pelo que o
desenvolver da actividade será diferente e com uma
duração mais longa.
Momentos de Lazer
 Lazer é considerado o tempo livre de Homem, momento em
que o indivíduo pode desfrutar prazeres, tranquilidade e
descanso.
 Segundo Dumazedier (1976), o lazer é um conjunto de
ocupações às quais o individuo pode entregar-se de livre
vontade, seja para repousar, para se divertir, recrear-se e
entreter-se, ou ainda, para desenvolver a sua informação ou
formação desinteressada, a sua participação social voluntária
ou a sua livre capacidade criadora.
 Geralmente, os idosos parecem não aceitar o facto de o
lazer ser um aspecto de elevada importância. No entanto,
nesta fase da vida em que os idosos dispõem de maior
disponibilidade é importante que desenvolvam actividades
que lhes tragam auto-realização e melhoria da qualidade de
vida.
 Nos idosos, o momento de lazer está muitas
vezes relacionado com papéis que este
assume de forma a se sentir útil aos outros.
 Ao assumir papeis como avô, presidente de
qualquer grupo ou entidade, voluntário em
qualquer instituição o idoso sente-se activo
e participativo, aproveitando assim os seus
momentos de lazer para se sentir realizado e
também para manter a qualidade de vida que
deseja.
Factores que influenciam, em varias dimensões, a
satisfação da necessidade de se ocupar com vista à
auto-realização:
Animação Lúdica
Animação Lúdica
 A animação lúdica é um tipo de animação
que tem como objectivo divertir as
pessoas e os grupos, ocupar o tempo,
promover convívio e divulgar os
conhecimentos, artes e saberes. Este tipo
de animação está especialmente dirigido
para o lazer, o entretenimento e a
brincadeira.
 Áreas de animação que fazem parte da animação
lúdica:

 Desporto e recreio;
 • Turismo Sénior;
 • Visitas culturais;
 • Gastronomia;
 • Actividades de ciência;
 • Jogos de magia;
 • Jogos e rábulas;
 • Internet.

É importante que estas áreas sejam desenvolvidas com os


idosos pois para além de trabalhar a sua parte física trabalha
também a parte social, de convivência e a parte cognitiva e
psicológica.
Desporto e Recreio
Desporto e Recreio
 Esta animação engloba actividades físicas que pode ser praticado
em equipa ou individualmente, com ou sem fins competitivos.
 Os desportos mais aconselháveis para os idosos são o atletismo, os
jogos tradicionais, a natação, o ténis, a pesca, o golfe e a marcha.
 As actividades recreativas são realizadas em e para o grupo e têm
por objectivo o recreio, o convívio, a solidificação das relações
sociais e o desenvolvimento comunitário. Como actividades
recreativas tem-se os bailes (carnaval, final de ano, etc.), os torneios
de jogos de cartas, os desfiles de moda, as marchas populares, as
festas de aniversário e dos santos populares, as procissões, os
jornais de parede, os piqueniques, a decoração de casas ou ruas
com flores e outros adereços de papel, concursos de poesia, prosa
ou fotografia, etc.
Turismo sénior
Turismo sénior
 A animação turística sénior deve ser entendida
com “um conjunto de actividades, que
transformam o ver em envolver, o viver em
conviver, desafinando o turista numa estratégia de
desenvolvimento pessoal e humano numa
determinada fase do seu percurso de vida” (Peres,
2003, in Lopes, 2006, p.334).
 Quando se planeia uma viagem com idosos deve-
se ter em atenção se o local para onde se vai e
onde vão ficar instalados está preparado para
acolher pessoas com dificuldades de locomoção.
Visitas Culturais
Visitas Culturais
 As visitas culturais são idênticas ao turismo sénior, a
grande diferença é a duração, enquanto o turismo
sénior remete para vários dias as visitas têm, por
norma, a duração de um ou dois dias.
 Principais roteiros das visitas culturais:
 • Museus;
 • Exposições;
 • Cidades e monumentos históricos;
 • Teatro e cinema;
 • Feiras;
 • Parques Naturais.

Gastronomia
Gastronomia
 Na vida dos idosos a gastronomia assume um papel
fundamental, quer como consumidores, quer como
executantes. É também na culinária que os idosos se
podem sentir mais úteis, devido aos seus
conhecimentos e experiências.
 Ao trabalhar a culinária é possível:
 • Aprender a distinguir ervas aromáticas, bebidas,
molhos, cheiros e sabores.
 • Estimular a criatividade na preparação de
alimentos.
 • Manter e transmitir receitas antigas e tradicionais,
como licores, doces, enchidos, etc.
 • Aproveitar e reutilizar diversos alimentos.
Actividades de Ciência
 As actividades de ciência não são muito
vulgares na animação de idosos, no entanto
podem proporcionar momentos muito
interessantes e didácticos. Ao apresentar-se
algumas experiências científicas, os idosos
manifestam a sua surpresa ao descobrirem
como acontecimentos com que lidaram a
vida toda, tem explicações muito simples.
Exemplos de algumas actividades de ciência
que podem ser desenvolvidas:
 Sobe e desce
 Material: (Água gaseificada, copo de vidro e pão)
 Metodologia:
 1. Verter a água com gás para o copo de vidro até preencher cerca de
¾ do seu volume total;
 2. Fazer bolinhas de pão com um diâmetro igual a cerca de 4 mm;
 3. Deitar as bolas de pão no copo com água gaseificada;
 4. Esperar algum tempo e observar o que acontece. Aparece alguma
coisa a subir e a descer?
 Explicação: As bolinhas de pão começam a subir e a descer na água com
gás.
 A água gaseificada é uma solução sobresaturada de dióxido de carbono e
isso irá implicar a formação de bolhas de gás na superfície das bolas de pão.
O ciclo só acaba por ser quebrado quando não existir suficiente gás
dissolvido na água para elevar novamente a bola de pão.
 Balão à prova de fogo
 Material: dois balões, fósforos e água
 Metodologia:
 1. Encher um balão de ar e dar um nó na sua abertura.
 2. Acender um fósforo e colocá-lo debaixo do balão cheio de ar.
 3. O que acontece? (O balão rebenta instantaneamente.)
 4. Pegar noutro balão e deitar um pouco de água para o seu interior
(pode-se deitar meio copo de água).
 5. Encher o balão de ar e dar um nó na sua abertura.
 6. Acender outro fósforo e colocá-lo debaixo do balão (deve-se
colocar a chama do fósforo sob a parte do balão que tem água).
 7. O que acontece? (o balão rebenta mais lentamente do que o outro).

 Explicação:
 A água no interior do balão absorve a maior parte do calor fornecido pela
chama não deixando que a temperatura da borracha aumente muito. Assim,
a borracha não enfraquece o suficiente para não aguentar a pressão
exercida pelo ar. A água é uma boa armazenadora de calor porque tem
uma elevada capacidade calorífica.
 Jogos de Magia
 Os jogos de magia também não são muito usados na animação, mas pode
proporcionar bons momentos de entretenimento. Existem truques simples de
cartas, cordas ou moedas, que qualquer idoso pode aprender para depois
apresentar aos colegas numa festa ou passeio.

 Jogos e Rábulas
 Os jogos de mesa e as rábulas ou paródias são um excelente promotor de
entretenimento e lazer entre os idosos, estabelecendo o convívio e a
interacção entre eles.
 Alguns jogos que podem ser desenvolvidos são as damas, o Pictionary (jogo
em que é necessário adivinhar uma palavra através de desenhos), o dominó, o
xadrez, o monopólio (jogo em que objectivo é ganhar dinheiro com a venda e
compra de imóveis), Trivial Pursuit (jogo de cultura geral), o Scrable (jogo de
construção de palavras), o galo, etc.
 Nas rábulas estão incluídas as anedotas, histórias, pequenos actos teatrais,
mímica, provérbios, etc.

 Internet

 O uso da informática, e da internet, pelos idosos pode abrir novas


possibilidades de contacto com outras pessoas, realidades e culturas.
Estimulação de Competências
 A importância da estimulação do Idoso

 Muitas famílias e instituições não compreendem a importância de estimular o idoso, deixando-o


parado, inerte, sem participar em nenhuma actividade que o ocupe e o ajude a manter as suas
capacidades activas.
 Estimular significa excitar, incitar, instigar, activar, animar, encorajar. Para além de tudo isto,
estimular é também criar meios de manter a mente, as emoções, as comunicações e os
relacionamentos em actividade.
 O Homem, à medida que envelhece vai sofrendo um desgaste normal a idade. Esse desgaste não
é apenas físico, mas também nas relações sociais e na auto-estima, que vão diminuindo em
função do seu grupo, que fica cada vez mais reduzido devido às perdas, às dificuldades para sair
de casa, à falta de estímulo e às limitações físicas e psíquicas. Por estes motivos, o trabalho da
estimulação deve compreender estes três aspectos: físico, psicológico (cognitivo) e social.
 Quando é estimulado, o idoso ganha auto-estima, fica mais esperto, mais participativo, começa a
envolver-se em questões que o rodeiam, reivindica, reclama.
 Para que o idoso tenha uma velhice saudável é preciso que este esteja activo e desenvolva
diversas actividades em várias áreas.
 A estimulação faz com que os idosos vivam mais a vida, que vivam o hoje, que usem mais a
memória e a criatividade para criar situações, actividades, alegria e felicidade.
 A estimulação é uma das práticas mais importantes para manter os idosos com vida e com
saúde.
A estimulação física
A estimulação física
 Com o passar dos anos o nosso corpo apresenta algumas
alterações relacionadas com a força, a resistência, a
flexibilidade, a coordenação motora e o equilíbrio.

 É possível diminuir a deterioração física através de medidas


de prevenção de acidentes e da manutenção da saúde e da
realização de actividades mentais e físicas.
 O exercício físico regular ajuda a aumentar a força muscular
e a resistência, aumenta a flexibilidade, aumenta o fluxo
sanguíneo para os músculos, diminui lesões musculares,
melhora a coordenação e ainda promove o convívio.
 A estimulação deve incluir dois aspectos importantes o
lazer e o prazer.
 A actividade física nos idosos tem os seguintes
objectivos:

 Melhorar as condições musculares (força e resistência) e
articulares (mobilidade);
 Melhorar a flexibilidade;
 Prevenir e melhorar as condições
cardiorrespiratórias;
 Prevenir a obesidade;
 Prevenir a descalcificação óssea (osteoporose);
 Melhorar a postura, a coordenação motora e o
equilíbrio;
 Desenvolver a autoconfiança, a auto-imagem e a
socialização, quando os exercícios são feitos em grupo;
 Manter e promover a independência.
 As melhores actividades motoras para idosos são:

 Marcha (no mínimo 45 minutos por dia sem pausas);
 Musculação moderada;
 Ginástica;
 Natação;
 Hidroginástica;
 Bicicleta (normal ou estática);
 Yoga;
 Jogos populares;
 Massagem e dança.

 É importante ter em atenção, que quando se inicia uma


actividade mais intensa, deve-se fazer exercícios de
aquecimento.

Exemplos de exercícios de aquecimento que se pode
fazer com idosos:
 Tendo em vista um envelhecimento com qualidade e procurando
prevenir o agravamento de pequenos problemas, devemos estar
atentos quando o idoso apresentar alguns dos seguintes sinais:

 Durante a caminhada
 Apresentar dificuldade em elevar os pés do chão;
 Dar pequenos passos;
 Caminhar com flexão de joelhos;
 Desequilibrar-se, utilizando móveis e paredes como apoio;
 Apresentar aumento de cifose dorsal (dorso curvo).
 Na cadeira, poltrona ou sofá
 Senta-se com má postura;
 Tenta levantar-se muitas vezes até conseguir;
 Não consegue afastar o tronco do encosto;
 Quando se senta solta o corpo, sem conseguir sustentá-lo;
 Solicita auxílio para sentar-se e levantar-se;
 Na cama
 Demonstra medo ao deitar-se;
 Apresenta pouco mobilidade para trocar de posição;
 Tem dor na coluna vertebral;
 Queixa-se de frio ou calor (dificuldade no manejo da roupa da
cama);
 Tem dificuldade para deitar-se ou sair da cama.

 No banho, para vestir-se ou alimentar-se


 Deixa de gostar do banho;
 O corpo permanece molhado após enxugar-se;
 Corta-se facilmente a fazer a barba;
 Deixa cair copos ou talheres;
 Alimenta-se com dificuldade, deixando cair o alimento no
trajecto prato/boca;
 Apresenta dor e limitação de movimentos que dificultam o
vestir/despir.
Estimulação cognitiva/ psicológica
 Embora existam perdas de capacidades cognitivas com o envelhecimento, esses
efeitos podem ser bastante atenuados se o idoso mantiver uma boa actividade
cognitiva e contactos sociais regulares.
 As actividades que proporcionam estimulação psicológica/cognitiva são aquelas que
trabalham com:

 • Afecto;
 • Auto-estima;
 • Sentimento de identidade;
 • Conduta;
 • Pensamento;
 • Juízo Crítico;
 • Memória;
 • Atenção;
 • Percepção discernimento;
 • Capacidade de tomar decisões;
 • Capacidade de adaptação a novas situações.
 O exercício mental regular aumenta a
actividade cerebral, retarda os efeitos da
perda de memória e da acuidade e
velocidade perceptiva e previne o
surgimento de doenças degenerativas.
 A estimulação cognitiva tem por objectivo
manter a mente activa, desenvolver algumas
actividades cognitivas e prevenir algumas das
consequências do sedentarismo mental.
 No quadro seguinte sintetiza quais os efeitos
do envelhecimento no desempenho
cognitivo do ser humano
 Inteligência: Alguns aspectos da inteligência continuam estáveis
(como cultura geral e compreensão de vocabulário) durante a
maior parte da vida adulta, enquanto que outros declinam mais
cedo (como a capacidade de disposição de blocos, ordenação de
gravuras para contar uma história).

 Atenção: É o processo pelo qual dirigimos ou redirigimos as


energias mentais, é a condição prévia para um adequado
desempenho de todas as habilidades cognitivas.
Tanto os idosos como os jovens têm competências
Semelhantes para dirigir e manter a atenção sobre um único tópico
ou acontecimento, no entanto os idosos executam menos bem as
tarefas que exigem a filtração de informação, repartir a atenção para
várias tarefas ou desviar rapidamente a atenção de um tópico para
outro.

 Linguagem: A capacidade de comunicar por meio de linguagem


mantém-se bem ao longo da vida, contudo, a compreensão de
mensagens longas ou complexas é mais difícil de ser
compreendidas pelos idosos.
 Habilidades vísuo-espaciais: O reconhecimento de lugares e
caras familiares e a identificação e reprodução de formas
geométricas são habilidades conservadas na velhice, enquanto que
as destrezas topográficas (ler mapas) provavelmente apresentem
declínios com a idade.

 Raciocínio, funções de execução e rapidez: Os idosos


apresentam mais dificuldade em certos tipos de tarefas de
raciocínio, especialmente aquelas que exigem análise lógica e
organizada de material abstracto.
Relativamente à função de execução e à rapidez, em geral os idosos
apresentam maior dificuldade.
A lentidão afecta os processos perceptuais, mnésicos e cognitivos,
bem como as funções motoras.

 Memória e aprendizagem: Com o avançar da idade alguns


aspectos da memória declinam mais do que outros. A memória de
curto prazo pode manter-se ou diminuir, a memória de longo prazo
está bem mantida.
Estimulação social
 A estimulação social tem como base:
 Comunicação;
 Intercâmbio afectivo;
 Convivência;
 Sentimento de pertencer (sentir-se respeitado,
valorizado e aceite em seus grupos de convívio).

 A estimulação social visa que os idosos participem


activamente no seio da comunidade como elemento
válido e útil.
 Algumas das formas que os idosos encontram para
participarem activamente na sociedade é através da
integração em grupos sociais, associações, a fazer
voluntariado junto de organizações de saúde e
entidades de apoio social.
Ociosidade
 Quando se fala em ociosidade é importante
saber o que significa e com que conceitos
se relaciona.
 Etimologicamente, ociosidade refere-se ao
vício de ocioso, que por sua vez quer dizer
aquele que não trabalha. Outros conceitos
que significam o mesmo que ociosidade são:
repouso, preguiça, sossego.
 Ao pensar em ociosidade na terceira idade
estamos a falar do tempo que o idoso tem livre,
no qual não exerce qualquer actividade.
 Para a nossa sociedade, a chegada da idade da
reforma é sinónimo de tempo livre, de extinção
do trabalho e das rotinas diárias, é como se fosse
férias vitalícias. É verdade que o idoso possui
maior liberdade temporal, ou seja, pode gerir o
seu tempo diário da forma como desejar sem se
sentir obrigado a cumprir horários e tarefas. Mas
por vezes esta liberdade não é muito positiva pois
frequentemente, para Homem, a chegada à idade
da reforma transporta sensações negativas como
perda de papéis sociais, reconhecimento,
actividade, sentimento de utilidade e solidão.
No quadro seguinte são apresentados pontos positivos e negativos que a
reforma tem para o idoso.
Formas que ajudam a combater os efeitos negativos da ociosidade
trazida pela entrada na reforma
 Entrar na Terceira idade não deve ser encarado como sinónimo
de apatia e depressão, sentimentos que estão directamente
ligados à ociosidade. Se a chegada da reforma deixa mais tempo
livre, há que investir em actividades lúdicas que ajudam a deixar
de parte a tristeza e a evitar o isolamento., para tal é importante
procurar obter uma velhice bem sucedida.
 A velhice bem sucedida está associada à conciliação de três
importantes categorias de condições. A primeira é a reduzida
probabilidade de doenças, em especial as que causam perdas de
autonomia. A segunda consiste na manutenção de um elevado
nível funcional nos planos cognitivo e físico, o que por vezes é
denominado por velhice óptima. A terceira é a conservação de
empenhamento social e de bem-estar subjectivo.
 A principal forma de o idoso combater os sentimentos negativos
que o excesso de tempo livre, sem ocupação nenhuma, lhe traz é
procurar desenvolver qualquer actividade que lhe traga prazer e
realização pessoal. Para isso o idoso deve satisfazer a
necessidade de se distrair.
 A distracção é uma necessidade de todo o ser humano, quem se
diverte com uma ocupação agradável com o fim de se
descontrair física e psicologicamente satisfaz esta necessidade
fundamental
 As pessoas de idade têm necessidade, na medida das suas
capacidades, de ter actividades recreativas.
 Quando se fala em distrair-se surgem os conceitos de
“distracção” e de “recreação”. Petit Roher define a palavra Loisir
(tempo livre) com “ o estado em que é loisible, permitido a
alguém fazer ou não fazer alguma coisa, e define Récréation
(recreação, distracção) como “uma descontracção, um
divertimento após uma ocupação mais séria.
 Desta forma cada pessoa ocupa o seu tempo livre com
actividades recreativas, normalmente determinadas pelos
seguintes objectivos: descontrair, divertir, realização pessoal,
criatividade e transcendência dos sentidos. Estes são os
sentimentos que os idosos devem procurar no momento da sua
vida onde o tempo livre é imenso, para assim se sentirem activos,
úteis e bem com a vida e consigo próprios, atingindo assim uma
velhice bem sucedida.
Contacto com o ambiente externo à
Instituição
 Porquê institucionalizar um idoso?

 Para o idoso a casa tem uma importância


bastante relevante, pois é dentro dela que ele vai
passar grande parte do seu tempo e também é o
espaço onde viveu a sua vida inteira, onde amou,
criou filhos, sofreu perdas e ganhos. Muitas vezes
o idoso deixa de ter condições, físicas e até
psicológicas, para continuar na sua casa e acaba
por ter de se mudar para outro espaço que
poderá ser a casa de filhos ou uma instituição.
 Nos dias de hoje, as famílias tem a sua vida e nem sempre estão
disponíveis para acolher na sua casa os pais, acabando por coloca-los
numa instituição.
 Para muitos dos idosos a entrada numa instituição é bastante positiva
pois ai terá companhia, atenção e poderá estabelecer relações de
proximidade com outros idosos.
 Por vezes a família de muitos idosos não é aquela com quem têm laços
de consanguinidade mas sim com quem estabelecem relações de
amizade, como por exemplo, vizinhos, amigos, colegas de quarto nas
instituições, empregados. Estes laços são estabelecidos com as pessoas
com quem o idoso está regularmente, seja familiar ou não.
 O tema institucionalização do idoso é ainda muito polémico, muitos
consideram que a instituição é um depósito de idosos para onde as
pessoas são enviadas para morrer, sendo maltratadas, mal alimentadas e
sofrendo de falta de carinho e atenção. No entanto há também quem
considere que a instituição é muito positiva pois devolve ao idoso a
possibilidade de viver bem, de ter companhia e de combater a solidão e
o isolamento.
 Por vezes é o próprio idoso que prefere ir para uma instituição do que
ficar na sua casa ou dos seus filhos sozinho o dia inteiro, sem atenção,
carinho e companhia.
O que será melhor, o idoso ser
hospitalizado, indesejado, viver
amarrado a uma cama, suportar
hostilidades e repreensões o tempo
inteiro ou ser encaminhado para uma
instituição?
A importância que a convivência tem
para os idosos
 Termo convivência vem do latim: cum (com) + vivere (viver),
que significa viver com alguém, com alguma coisa, alguma
ideia.
 A convivência permite uma troca permanente de afecto, de
carinho, de ideias, de sentimentos, de conhecimentos, de
dúvidas.
 O ser humano para se desenvolver a todos os níveis precisa
de conviver com diferentes pessoas, em diversos meios e
com diferentes realidades.
 A convivência tem como objectivo estimular física, mental e
socialmente os idosos.
 Ao relacionarmo-nos com os outros partilhamos e
adquirimos conhecimentos novos que muito nos valorizam
como pessoas.
 Para o idoso, é muito importante continuar a participar activamente
na sociedade, pertencendo a grupos ou associações para assim
desenvolver novos conhecimentos e também partilhar aquilo que
sabe e conhece. Assim ele sentir-se-á mais vivo, com uma melhor
auto-estima e motivado para a vida.
 A motivação das pessoas idosas, em geral vai diminuindo, isto porque
por um lado obstáculos vão surgindo, cada vez mais difíceis de
ultrapassar (como doenças), e por outro lado, a consciência de que o
fim está próximo e que por isso não vale a pena investir muito.
 Para ajudar os idosos a manter o seu bem-estar e a qualidade de vida
é necessário promover a motivação.Tanto a família como técnicos
devem estar aptos a compreender, intervir e avaliar o
comportamento do idoso, levando-

 o a atingir melhor os objectivos que se propõe, isto é, promovendo-o


em todos as dimensões, não se limitando a remediar situações já
existentes, antes prevenindo-as, na medida do possível.
A importância do contacto com o
ambiente externo à instituição
 Numa instituição o tempo e o espaço são geridos
por regras e normas inerentes a mesma com as
quais os idosos estão familiarizados. Ao contrário
do que acontece em casa do idoso, quando este
vivia sozinho, na instituição existem momentos
próprios para determinadas actividades como
alimentação, higiene, lazer, descanso, etc.
 Quando um idoso entra para uma instituição
ocorrem muitas mudanças na sua vida, sendo a mais
importante a de viver e conviver com pessoas que
não conhece. Desta forma é importante que os
técnicos da instituição procurem inserir os idosos e
estimular a sua convivência.
 O papel das instituições não deve apenas ser o de oferecer um
espaço para viver onde tenha alimentação e cuidados de
higiene, mas também preocupar-se com o desenvolvimento e
manutenção das competências dos idosos. Por isso mesmo
cada vez mais as instituições criam programas de actividades
que serão desenvolvidas ao longo dos anos, actividades que
têm em vista a estimulação dos idosos a nível cognitivo, físico e
social, e também a distracção e o lazer.
 Um ponto muito importante que a instituição deve ter
presente é o contacto dos idosos com o meio externo, a
sociedade é muito importante, pois permite aos idosos
estabelecer contactos e vivenciar momentos de participação
activa no meio envolvente, por exemplo em campanhas de
sensibilização, passeios, visitas turísticas, bailes, arraiais,
festividades, etc.
 O contacto com o meio exterior trás ao idoso um sentimento
de utilidade e de capacidade de dar algo aos outros, de ensinar,
de transmitir saberes e conhecimentos, tudo isto é uma forma
de estimular e de motivar os idosos.
A importância dos encontros entre
gerações
 O encontro entre crianças/jovens e idosos é muitas vezes bastante
positivo para ambos, pois uns têm algo a transmitir aos outros.
 Enquanto que o idoso pode transmitir conhecimentos antigos,
tradições, costumes, a criança/jovem pode transmitir conhecimentos
modernos como as novas tecnologias, novos costumes, mais vitalidade
e alegria. No entanto é importante que tanto o idoso como a
criança/jovem tenha interiorizado que existem diferenças, pois o que o
idoso viveu e vivenciou na sua infância é completamente diferente
daquilo que a criança/jovem vive e vivencia nos dias de hoje.
 Quando se desenvolve uma actividade em conjunto com idoso e
crianças/jovens é importante ter em atenção que a vitalidade e rapidez
são diferentes, desta forma o tempo de execução não deve ser igual.
Por norma o idoso necessita de mais tempo para realizar a mesma
actividade, e o criança/jovem deve saber e estar preparada, pelos
técnicos, para respeitar essa diferença.
 Por vezes este é o ponto negativo do desenvolvimento de actividades
com crianças/jovens e idosos ao mesmo tempo, pois o idoso pode
sentir-se fragilizado por não conseguir executar da mesma forma
como o jovem.
Participação nas actividades planeadas pela
instituição

 Uma das funções da animação é fazer com que


alguns idosos não se auto-excluam de viver, devido
às ideias pré concebidas de que já não servem para
nada e que apenas lhes resta esperar pela morte.
 Para Golfman (citado por santos e Encarnação,
1998, p.239) “ As instituições totais ou permanentes
consistem em lugares de residência onde um grupo
numeroso de indivíduos em condições similares,
levam uma vida fechada e formalmente administrada
por terceiros. Existe uma ruptura com o exterior,
dado que todos os aspectos da vida são regulados
por uma única entidade.”
 Esta situação deve-se ao reduzido número de actividades que os
idosos institucionalizados realizam em relação aos que vivem em casa.
 Na grande parte dos lares para idosos, a vida destes é bastante pobre
em acontecimentos de vida, neste sentido a função do animador e ou
de ajudantes de lar passa pela elaboração e realização de actividades
com o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos idosos.
 As instituições devem proporcionar aos idosos não só a satisfação das
necessidades mais básicas, como higiene, alimentação e cuidados
médicos, mas também as necessidades de participação, ocupação da
sua vida social.
 A animação é muitas das vezes considerada como secundária e sem
grande validade, situação que não deveria acontecer pois a animação
contribui muito para a qualidade de vida do idoso.
 As instituições devem estruturar um plano de actividades que devem
ser desenvolvidas pelos idosos, essas actividades devem promover a
estimulação física, cognitiva, social e o lazer. Para além dessas
actividades também é positivo que seja possível aos idosos
participarem em actividade diárias da própria instituição como
confecção das refeições arrumação das divisões e manutenção de
espaços verdes. O objectivo das actividades deve ser a manutenção da
qualidade de vida para uma velhice bem sucedida.
Exemplos de situações que podem ocorrer nas instituições de
idosos e que podem ser colmatadas com o desenvolver de
actividades de animação:

 Conflito entre idosos - Os conflitos entre utentes e as


funcionárias podem surgir por duas razões. Primeiro, pela falta
de acontecimentos de vida nas instituições, ou seja nada que
faça diferença entre os dias. Todos os dias são iguais, guiados
por rotinas (pequeno-almoço; sala de estar, almoço, sala de
estar, lanche, sala de estar, ceia, deitar). Esta rotina faz com que
os idosos tenham de criar factos (histórias, criticas…) que
muitas vezes criam conflitos. Segundo, o hábito que os idosos
têm de se sentar sempre nos mesmos locais, quer na sala, quer
à mesa, faz com que estejam sempre ao lado das mesmas
pessoas o que origina cansaço que pode originar conflitos.
 Nestes casos, a animação cria acontecimentos de vida, ao
alterar a rotina e ao fazer com que os idosos convivam uns
com os outros, causando uma diminuição de conflitos.
 Imobilidade – A maioria dos utentes que frequenta serviços
de apoio a idosos não aumenta a sua mobilidade e autonomia.
O facto de terem pessoas que fazem os serviços por eles, estes
tendem a tornar-se ociosos e dependentes.
 A animação aliada à motricidade e às artes plásticas faz com
que os idosos melhorem ou mantenham a sua autonomia e
capacidade de movimento.

 Exemplo de actividades de animação que se pode desenvolver


em instituições: jornais de parede, decoração das instituições,
idas ao jardim e/ou café, leitura de livros, revistas ou jornais e
posterior comentário sobre o que se leu, jardinagem, pequenas
tarefas como ajudar na cozinha ou na lavandaria, comemoração
dos aniversários e dos dias festivos, ouvir musica ou ver filmes,
actividades físicas, cognitivas ou de expressão.
Conclusão
 Nos dias de hoje, em que cada vez mais
aumenta o número de idosos que
frequentam centros de dia ou vivem em
lares, a animação de idosos neste meio
tornou-se um ponto de grande importância
para as instituições.
 Desta forma, técnicos e profissionais de
geriatria devem ter sempre presente no seu
trabalho a importância da animação e da
estimulação para o bem-estar físico e
psicossocial do idoso.
 Envelhecer com qualidade é dignificar a
vida do ser humano desde o nascer até
morrer.

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