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Contencioso Administrativo

Processo Executivo
Paulo Daniel Comoane, PhD
25/04/2018
Espécies de Julgados da Jurisdição Administrativa
• As espécies de julgados da jurisdição administrativo
dependem do tipo de contencioso administrativo e dos
poderes da jurisdição, os quais podem ser divididos em:
 Contencioso Administrativo: propriamente dito (recurso
contencioso) e o contencioso por atribuição ( o contencioso
das acções) – art 32 da LPPAC
 Poderes da jurisdição:
– mera legalidade (recurso contencioso e respectivo meio
acessório) – poderes declarativos de ilegalidade do acto
administrativo – Art 32
– Plena jurisdição (contencioso das acções e respectivos
meios acessórios) – poderes condenatórios da AP à
adopção de condutas/prestações – art s 106, 123, 125 e
130, 144 , 154
Espécies de Julgados da Jurisdição
Administrativa – natureza do título executivo

 Julgados anulatórios: os que declaram a nulidade e a


inexistência de actos administrativos
 Declaração de nulidade e inexistência – art 32
 Anulação – art 32
 Julgados condenatórios:
 Prestação de facto – condutas de facere e non facere – art 191
 Prestação de coisa – entrega de coisa – art 191
 Pagamento de quantia certa – pagamento duma quantia
arbitrada em sede de indemnização extracontratual ou
contratual, bem como por compensação de direitos/coisas (art
190)
Execução (cumprimento) dos Julgados da
Jurisdição Administrativa
• A execução das julgados da jurisdição, quanto:
 à forma pode ser:
 Voluntária: cumprimento espontâneo da AP ( art 187)
 Forçada: cumprimento com intervenção judicial
 à finalidade pode:
 Reintegratória: reconstitutiva da situação anterior à prática do
acto ou ocorrência do facto
 Indemnizatória: responsabilidade civil
contratual/extracontratual
 Compensatória: quando não for possível a execução efectiva da
decisão, por existência de causa legítima de inexecução (art 188)
 Ao procedimento
 Prática de actos jurídicos
 Operações materiais
Execução dos Julgados da Jurisdição Administrativa:
Cumprimento Voluntário
• Cumprimento: consiste na prática de todos os
actos jurídicos e operações materiais que
sejam necessários, conforme os casos, à
reintegração efectiva da ordem jurídica
violada e à reconstituição da situação actual
hipotética. Este cumprimento vai
dependendo da espécie de julgado:
– Anulatório:
– Condenatório:
Execução de Julgados Anulatórios
• A execução duma decisão judicial anulatória de actos
administrativos consiste na extracção de efeitos
jurídicos e materiais que resultam da eliminação do
acto na ordem jurídica, os quais consistem em ( cfr art
187, n.º 2) :
 reconstituição da situação que existiria se o acto ilegal
não tivesse sido praticado:
Reintegração material
Prognose da situação hipotética (material) em que o
administrado estaria na dada do cumprimento da decisão
 A LPPAC não distingue, quanto aos efeitos
reintegratórios, a anulação, nulidade e inexistência.
Portanto, mesma na anulação, para efeitos de
prognose da situação hipotética, tem efeitos
retroactivos como se fosse uma nulidade.
Execução de Julgados Anulatórios
A Administração Pública pode ou não
reconstituir/reformar os actos anulados
judicialmente com fundamento em vícios de forma?
 artigos 133, n.º 2, e 135, alínea b): não se pode
reformar/rectificar um acto anulado
contenciosamente, por força do artigo 215 da
CRM, que estabelece que as decisões dos
tribunais são de cumprimento obrigatório.
Prazo para execução voluntária: 60 ( dias) após
o trânsito em julgado
Inexecução de Julgados Anulatórios
 A inexecução dum julgado anulatório pode ser feita por invocação
de causa legítima de inexecução – art. 188 da LPPAC: - a
impossibilidade absoluta ou definitiva de execução e o grave
prejuízo ao interesse público que decorreria do cumprimento

 Procedimento de invocação: fundamentação e notificação da


decisão no prazo de 60 dias ( n.º 1 do art 188 e n.º 3 do art .187 da
LPPC);

 não há causa legítima de inexecução nos casos previstos no n.º 4


do artigo 188 : suspensão de eficácia, produção antecipada de
prova, intimação para informação, consulta de documentos e
emissão de certidões, declaração de ineficácia dos actos
administrativos de execução indevida, providências não
especificadas.
Execução de Julgados Condenatórios
 execução para pagamento de quantia certa ( art 190): -
pode ser usado para a execução de obrigações que se
traduzam no pagamento em dinheiro e corre nos termos do
processo de execução fiscal.
 Neste meio processual não há lugar à invocação de causas
legítimas de inexecução: pressupõe-se que o Estado,
pessoa de bem, tem sempre recursos para cumprir as suas
obrigações, assumindo o legislador que esse pagamento
nunca causa lesão grave ao interesse público. No entanto,
a autoridade pública pode invocar a falta de verba ou
cabimento orçamental, do que vai resultar o diferimento do
cumprimento da obrigação para momento posterior à
cabimentação.
 Não sendo certa a obrigação: deve ser liquidada nos
termos do CPC
Execução de Julgados Condenatórios
 Execução para entrega de coisa certa ou prestação dum facto: pode
ser usado para tanto para as prestações de facto positivas como as
negativas, bem como para a entrega efectiva de coisa certa em
poder da AP e que deva ser entregue ao particular.
 Prazo: 365 dias
 Em caso de invocação de causa legítima de inexecução:
 o exequente deve contestá-la e juntar a cópia da sua invocação pela AP
( art 191, n.º 3)
 O exequente pode no mesmo prazo pedir a fixação de indeminização (
art 191, n.º 4)
 O órgão administrativo deve cumprir no prazo de 10 dias ou
responder ao pedido de execução, podendo nesta fazer ainda
invocar a causa legítima de inexecução – art 192
Conteúdo da Decisão Judicial Executiva dos
Julgados ( art 195 da LPPAC)
 declarar a existência ou inexistência de causa
legítima;
 a ocorrência de grave prejuízo ao interesse
público no cumprimento da decisão, quando
tenha sido invocado;
 especifica os actos jurídicos e as operações
materiais em que a execução deve consistir e fixa
o prazo para o cumprimento
Pode ainda declarar nulos os actos que tenham
sido praticados posteriormente à decisão judicial
e que sejam a ela contrários
Fixação de Indemnização em caso de procedência da
causa legítima de inexecução – art 196 da LPPAC
 As partes deve fixar o conteúdo por acordo,
no prazo de quinze dias prorrogáveis,
mediante notificação do Tribunal
Na falta de acordo, as partes apresentam as
suas alegações e o Tribunal decide sobre o
valor a fixar
Garantias conta a Inexecução Ilícita
Medidas Compulsórias: são aplicáveis ao titular
do órgão responsável para ordenar o
cumprimento da decisão. O órgão responsável
determina-se nos termos do n.º 3 do artigo 187,
designadamente:
O órgão que praticou o acto (recurso contencioso)
Pelo principal órgão dirigente da pessoa colectiva
visada nas pessoas colectivas públicas (nas acções)
Aquele que tenha sido concretamente obrigado a
dar cumprimento da decisão.
Garantias contra a Inexecução Ilícita
• Espécies de medidas compulsórias:
– Monetária: responsabilização pessoa do seu
destinatário em multa entre 25% a 100% do
salário mínimo ( art. 197, n.º 1)
– Criminal (art 201, n.º 2): instauração de processo-
crime por desobediência qualificada

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