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Teoria Geral do Direito e

Marxismo – Eugeny Pachukanis

Alunos: Marina Gomide, Matheus Ribeiro, Thais


Amaral, Yugo Mitsutake
Biografia

 Evgeni Pachukanis foi um jurista soviético, membro


do Partido Bolchevique, considerado um influente
teórico marxista no campo do Direito.
 Escreveu sua obra em 1924, inserido no contexto da
Revolução, inspirado na criação de um Estado
diferente do modelo de produção capitalista
 Com a ascenção de Stalin, Pachukanis foi perseguido,
e logo após preso, pois sua teoria estava em
desacordo com a que regia o governo sovietico.
 Pachukanis foi obrigado a produzir textos fazendo
uma “autocorreção” de sua teoria, presentes nas
obras: Curso de Direito Econômico Soviético (1935) e
Estado e Direito no Socialismo (1936)
Introdução

 Em sua obra, A Teoria Geral do Direito e o Marxismo,


o autor estabelece uma crítica ao direito vinculado ao
Estado Burguês e propõe a extinção da forma jurídica
promovendo um Estado social que não exista
conflitos entre interesses individuais e sociais.
 Associa-se a forma mercantil à forma jurídica, que é,
historicamente determinada pelas relações de
produção capitalista.
 Dessa forma, o direito, na sociedade capitalista, é um
instrumento de privilégios para a classe burguesa, ou
seja, a essência do direito privado burguês é o que
garante a “superestrutura jurídica”.
 O autor baseia-se na generalidade das leis
fundamentais do ordenamento jurídico burguês,
comum a várias sociedades, e não se restringindo à
ordenamentos específicos.
 Os métodos de construção do concreto nas ciências
abstratas
 Ideologia e Direito
 Relação e norma
 Mercadoria e sujeito
 Direito e Estado
 Direito e Moral
 Direito e violação do direito
I- Os métodos de construção do
concreto nas ciências abstratas
- O objeto de estudo das ciências de generalização é
chegar a uma realidade total e concreta.

- A abstração vem para auxiliar o que não pode ser


decomposto na prática, portanto, fundamental para as
ciências sociais.

- Pachukanis relaciona as ciências sociais com as ciências


naturais, citando os conceito de Estado e “valor” como
processos histórico-sociais.
 Expõe a visão de Marx defendendo que a sociedade ou o
Estado não podem ser totalidade concreta, ou seja, objetos
de análise a priori, pois seriam abstrações vazias.

 A sociedade burguesa promoveu a transformação do


fenômeno natural em fenômeno social, como exemplo a
relação do trabalho e evolução do conceito econômico.

 O direito presente na mente não só de juristas, mas na


sociedade como um todo, baseado na pressão das relações
sociais de produção. O homem como sujeito jurídico.
 Expõe o Direito Natural, atribuindo como expressão e
fundamento de todas as teorias ideológicas burguesas.

 Cita porém, a importância do Direito Natural para a criação


da ordem jurídica moderna, libertação do sistema feudal,
liberdade de religião, confessional, científica e a garantia a
propriedade privada.

 Paralelismo entre a evolução do pensamento jurídico e


evolução econômica.

 “Direito justo” exige submissão ao direito positivo vigente,


mesmo que este seja injusto
 Crítica o formalismo de Kelsen que, para Pachukanis,
representa a decadência do pensamento burguês , pois
promove um afastamento do concreto, restringindo-se
a conceitos lógico-formais que não correspondem toda
realidade.
II - Ideologia e Direito

 Direito como experiência psicológica vivida através de


regras, normas gerais e princípios

 “Fetichismo econômico” e o modo capitalista de


produção

 As concepções mesmo psicológicas não devem ser


dissociadas de seu caráter material – oposição entre
Rejsner e Kelsen – a exemplo do Estado como um “Ser
Social” que domina e se manifesta entre os homens, por
consistir em uma relação histórico-material.
 Natureza ideológica de um conceito não suprime a
realidade e a materialidade das relações por ela expressas.

 Uma das premissas fundamentais da regulação jurídica é o


antagonismo de interesses particulares e privados

 Direito privado é onde há a maior liberdade e segurança

 Na sociedade de produção mercantil, os contratos e as


relações de troca assumem forma não meramente
econômica mas também jurídica.
III - Relação e Norma

 A sociedade capitalista possui como principal riqueza


o acumulo de mercadorias e é composta por uma
cadeia ininterrupta de relações jurídicas.
 As relações jurídicas não são mais o oposto da relação
entre os produtos de trabalho se tornando
mercadorias.
 O Direito se torna real quando se tem relação
jurídicas. E é abstrato caso seja feito somente de
normas.
Relação e Norma

 Relações jurídicas derivadas da norma, Kelsen


defendia que a norma era o fato gerador das relações
jurídicas, enquanto Pachukanis acredita que sem as
relações as normas não se tornam reais.
 Ver o direito como sendo fenômeno social, e não
somente como o conteúdo das normas.
 Direito publico já foi direito privado, mas o contrário
também já aconteceu.
IV- Sujeito e Mercadoria
 Elemento mínimo, geral e abstrato fundamental para
entender o fenômeno jurídico é o sujeito de direito.
 - Não são as normas responsáveis por criar as relações
jurídicas, relação jurídica que ger a norma - realidade como
base (Kelsen)
 -Não é a propriedade - caracteriza a forma jurídica, posterior
a ela. Ex: a propriedade da terra significa possibilidade do
proprietário fazer o que bem entender dela. (Razumoviskij)
 -- Sujeito de direito - liberdade e igualdade para trocas
mercantis, livre para expressao acordos de vontade
recíprocos
 -Marx : mercadoria -Pachukanis: sujeito de direito -
Foco: guardião
 Produto do trabalho reveste as propriedades da
mercadorias torna essas portadoras de valor,
concomitantemente, o homem se torna jurídico e
portador de direitos .
 -Forma jurídica= forma mercantil (sobredeterminação) -
o fenômeno jurídico está instrinseco a uma relação
social específica de troca de mercadorias.
 troca de mercadorias :
 relação entre coisas sob forma de mercadorias - forma
jurídica
 relação de portadores de mercadorias - sujeito de
direito
 - Direito é consequencia das realações de trocas de
mercadorias estabelecida por sujeitos (carater
derivado) - relação jurídica : "o outro lado da relação
entre os produtos do trabalho tornados mercadoria"
ou "relação de sujeitos privados através do contrato"
 equivalência subjetiva reflete na equivalência material
(igualdade formal; trabalho abstrato, especificidade)
 - Mediação jurídica: determina o trabalho abstrato
empregado que garante valor à mercadoria. - direito
reproduz a equivalência
 - Sujeito de direito - torna-se guardião da sua própria força
de trabalho
 -Mercantilização das forças de trabalho, produção coisifica
as pessoas, pois sujeito como proprietário de si vende-se
como mercadoria- direito formula um equivalente geral para
as diferentes formas de trabalho
 -Relaçãoes sociais específicas dominam o indivíduo
 - Direito: base na movimento de circulação de
mercadorias influenciado pelas exigências da produção
 a infraestrutura (meios de produção e força de trabalho)
 superestrutura ( ideologia e instituições)
 -As forças produtivas e o modo de produção delimitam as
diretrizes e a criação do direito e do Estado e o direito
também exerce papel fundamental na consolidação do
capitalismo (estágios do direito)
 Evolução e consolidação do capitalismo = complexidade
das relações sociais (indireta).
 - Igual direito = direito desigual para trabalho
desigual(direito dos produtores é correspondente ao que
produzem).
 - sujeito de direito torna-se sujeito jurídico (o qual encarna o
poder de organizações de classes - evolução das forças
produtivas) - além da vontade, o poder também necessário.
 - direitos subjetivos tornam-se ordem jurídica (invenção
artificial da razão humana)
 -direito absoluto da propriedade, defendido a mão armada
(direito associa-se à violência institucionalizada)
 - vontade expressa torna-se propriedade social, uma vez
que o poder passa a ser necessário
 -direito absoluto da propriedade, defendido a mão
armada ( direito associa-se à violência institucionalizada)
 - Exploração se dá de forma jurídica( senhor x escravo -
força ; capital x trabalhador -Direito e EStado) - Duplo
valor da vida social:
 relações coisificadas, "escravo" das relações econômicas
perante à lei do valor
 relações em que o homem é definido como sujeito de
direito
 - Ditadura do capital financeiro (monopólio) fundamenta a
tomada do poder do proletário (socialismo)
 - Socialismo - prevê o aniquilamento da forma jurídica, vê a
supressão do incentivo ao lucro e da forma mercantil para
atingir a emancipação ( transição para o comunismo)
 -Fim do capitalismo = fim do fenômeno jurídico
V - Direito e Estado

 Relação jurídica não pressupõe um Estado de paz.


Pois o direito é uma forma de comunicação entre
elementos sociais dissociados .
 Interpretação jurídica do Estado.
 Como na época medieval o poder do senhor feudal se
impõe como autoridade social.
 A função do Estado como um apaziguador da luta
entre classes de interesses econômicos opostos.
Direito e Estado

 A interpretação do poder do Estado.


 No período medieval o poder publico se misturava
com o poder privado. No capitalismo isso não o
ocorre. Pois existe um poder acima do empresário,
que cuida da relação do empresário com funcionário.
 O Estado como fator de força externa e interna.
VI - Direito e Moral

 3 determinações do homem:
 sujeito moral - homem enquanto igual como condição para
a realização de troca na lei do valor
 sujeito jurídico - homem enquanto proprietário como
condição para a realização de troca na lei do valor
 sujeito econômico egoísta - apto de adquirir direitos e
obrigações (sujeito jurídico) que não devem extrapolar um
limite imposto pelo costume ( sujeito moral)
 -3 máscaras fundamentais e ideológicas para fundamentar
o capitalismo
 - ética da igualdade = forma mercantil
 Pessoa moral - sujeito da produção mercantil - lei moral
deveria ser regra nas relações entre proprietários.
 - Obrigação jurídica: responsabilidade e não dever -
esfera moral x esfera jurídica
 - ser moral + ser jurídico (complementam) nas relações
entre proprietários de mercadorias, fazendo com que a
obrigação jurídica oscile em dois limites : " o homem
deve cumprir ' livremente', ou seja, por íntima
convicção, aquilo que seria coagido a fazer na esfera do
direito".
 - Determina assim uma conveniência burguesa.
 Justiça : relativo e não-autônomo, uma vez que
depende da pessoa à quem essa justiça se refere e a
relatividade do que seria justiça para essa
 Consequências:
 interpretar desigualdades como igualdade
 camuflar o caráter duplo da forma ética
 -Justiça (forma jurídica) pode ser obtida pela força
enquanto que a conduto moral (forma ética) deve ser
livre.
 -Duplo caráter da ética:
 Regra : o próximo é um fim sem si ex: dar esmola a um
pobre ou recusar mentir em determinadas situações
ainda que é possível impunição do ato.
 Prática: meio a serviço de outro - aspecto egoísta do
sujeito econômico.
 " A pessoa do proletário é 'igual em princípio' à pessoa do
capitalista; isso se expressa no 'livre' contrato de trabalho.
Porém, desta mesma 'liberdade materializada' é que nasce,
para o proletário, a possibilidade de ele morrer de fome."
 "O grande capitalista massacra de 'boa fé' o pequeno
capitalista sem com isso se preocupar com o valor absoluto
da pessoa".
 - Contradições capitalistas são fundamentais e sustentadas
pelas relações do homem por meio do fetichismo da
mercadoria.
 Para se atingir a economia socializada e planificada: requer
supressão desse caráter duplo da ética, abolindo a duplicidade
da existência material e , consequentemente, a própria ética. (
fim do valor de troca).
 - Assim, o mecanismo a ser utilizado torna-se a "utilidade" e o
"prejuízo", os quais serão base para as relações humanas.
 -Moral, Direito, Estado - sociedade burguesa.
 -Imperativo categórico que universalize os interesses de
classe para que se tornem interesses pessoais ,suprimindo o
"eu" perante à classe para que a partir disso deixa-se de
existir um dever moral, atribui-se à logica ética um
enquadramento dessas classes.
 Depois que a conduta e a consciência moral cumprirem a sua
função histórica de enquadramento de classes, devem ceder
lugar à outras firnas de relaçâo entre a coletividade e o
indivíduo.
 - Ainda que na transição socialista, o proletário deva abusar
desses conteúdos em declínio até que se esgotem, sabendo
da necessidade histórica de sua existência e do seu
desaparecimento.
 - Socialismo não é uma forma específica de direito, mas sim o
declínio da forma jurídica, ainda que tenha resquício, nesse
período, do direito.
 - Não existe, portanto, Direito Proletário. Direito deixa de ser
um instrumento para auxiliar a luta dos proletários.
VII – Direito e violação do direito

 O surgimento e evolução da pena nas diferentes


sociedades e a função que ela exerce.

 A pena estabelecida pela Igreja, e também por


regimes militares, associada à ideologia, para garantir
a manutenção da disciplina e o domínio de classe.
 A justiça penal como um instrumento da classe
dominante para oprimir

 A burguesia privilegiada pelas leis

 O direito penal é determinado pela relação de trocas


equivalentes e influenciado pelas relações de capital
 Ideia de proporcionalidade da pena, com conceitos de
equivalência, tempo, mercadoria, privação da
liberdade multa pela liberdade.

 Há sugestão de medidas alternativas de punição, com


finalidade diferente: reestabelecer o delinquente e
proteger a sociedade, e promover a defesa social.
“A ideia de reparar o delito com uma multa pela
liberdade só poderá ser criada quando todas as formas
concretas de riqueza social tivessem sido reduzidas à
mais abstrata e mais simples das formas, ao trabalho
humano medido pelo tempo” (PACHUKANIS, pg 130 )
 O aniquilamento das classes possibilitara um direito
penal efetivo, mas nessa situação, é provável que não
seja necessário a existência de um sistema penal.

 Se a prática penal do poder de Estado é, no seu


conteúdo um instrumento de defesa da dominação de
classe, ela aparece na sua forma como um elemento
da superestrutura jurídica e integra-se no sistema
jurídico como um dos seus ramos
“Assim que nos libertarmos dos conceitos de culpa, de
delito e de pena, tudo irá melhor. Quanto a isto pode-se
contestar que as formas da consciência burguesa não se
deixarão suprimir somente através de uma critica
ideológica, uma vez que elas constituem um todo com
as relações materiais que exprimem. A única via para
aniquilar tais aparências, tornadas realidade, é a
abolição pratica destas relações, ou seja, a luta
revolucionaria do proletariado e a realização do
socialismo” (PACHUKANIS, pg 133)
“Os conceitos de delito e de pena são determinações
necessárias da forma jurídica, das quais não poderemos
nos libertar a não ser quando tiver inicio o aniquilamento
da superestrutura jurídica em geral. E quando
começarmos a ultrapassar realmente, e não somente nas
declarações, esses conceitos tornados inúteis, então essa
será a melhor prova de que o horizonte limitado do
direito burguês começou finalmente a se alargar diante de
nós.” (PACHUKANIS, pg 136)
Bibliografia

 PACHUKANIS, Evgene – Teoria do Direito e o Marxismo


 BILHARINHO, Marcio – Marxismo e Direito, um estudo
sobre Pachukanis

 http://www.scientific-socialism.de/KMFEDireitoIntrod.htm
 http://josevictornunes.jusbrasil.com.br/artigos/152106064/m
arxismo-e-direito?ref=topic_feed
 http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=Pachukanis

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