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Os impactos do neoliberalismo no futebol

brasileiro nos anos 90:

Do clube à empresa,
do torcedor ao consumidor

Fellipe Soares
2018
Modernização do Futebol Brasileiro na década
de 1990

 Inovações internas do campo esportivo: Futebol-


Empresa (PRONI, 2000);

 Conjuntura hegemonia do neoliberalismo no país.


“Sacralização do Mercado” – referência de
modernidade e eficiência (COSTA,2000).
Análise dos impactos do neoliberalismo no
futebol brasileiro a partir de 2 questões

 Clube à Empresa: Clubes historicamente constituídos


como associações sem fins lucrativos. Novas propostas
de reconfiguração jurídica e gestão dos clubes pautadas
pelo mercado;

 Torcedor ao Consumidor: Redefinição neoliberal da


relação clube-torcedor. Pertencimento a partir da
capacidade consumo.
Vínculos financeiros >> Emocionais
Década de 1980: A crise do futebol brasileiro e
o discurso da modernização
 Recessão Econômica no país – Impacto nos clubes:
êxodo de jogadores e baixo público nos estádios;
 Modelo Europeu do Futebol Empresa: Gestão
Empresarial, Patrocinadores, parceria com a TV e
profissionalização de dirigentes;
 Copa União 1987. Crise da CBF, organização pelo Clube
dos 13, sucesso comercial;
 Jornalistas e dirigentes apontam necessidade de
modernização na gestão dos clubes e na legislação.
Década de 1990: A modernização neoliberal do
futebol brasileiro
 Atuação do Estado neoliberal na formulação de leis que
aproximassem futebol do mercado;
Lei Zico 1993 - Lei Pelé 1998

 Paralelamente as leis, clubes buscavam se modernizar a


sua maneira, implementando métodos empresariais na
gestão. Leis apenas impulsionaram;

 Governo x Dirigentes : disputa na condução do


processo. Não defendiam projetos necessariamente
opostos.
 É preciso administrar melhor. [...] Mas não é o suficiente. Também é preciso fazer
uma nova lei. Vou mandar um projeto nesse sentido. [...] É difícil precisar
[quantos clubes profissionais teriam condições de se manter no país], mas no
mínimo 40% dos clubes brasileiros vão acabar por desaparecer. Eles não são
profissionais de fato. Não vão resistir às mudanças. (Pelé, Folha SP, 22/04/1997)

 O futebol tem de se sustentar por si só. Ser uma empresa. [...] Do jeito que eles
[os clubes] são administrados, se mudar de uma hora para outra, a maioria fecha
[...] Não dá para um time de US$ 100 milhões disputar um campeonato longo com
outro de 500 ‘merréis’. [...] Quem não mostra um mínimo de estrutura tem que
ser eliminado de cara [da Copa do Brasil]. Se os pequenos querem ser grandes,
que administrem direito. (Zico, Folha SP, 23/04/1997)

 Minha tendência é profissionalizar o Clube dos 13. [...] Um dos grandes negócios
do mundo é o entretenimento, da qual o futebol faz parte. Até bem pouco, os
dirigentes não sabiam explorar esse mercado. E não sabíamos porque a nossa
mercadoria não era boa. Agora, há consciência de que o futebol não é um jogo de
bola, mas é um negócio. [...] A intervenção do poder público [no esporte
profissional] não tem sentido. A própria Constituição dá autonomia. (Fábio Koff,
Folha SP, 25/04/1997)
O discurso da modernização na imprensa e seus
significados
 A modernização do futebol na Folha de SP – Matinas Suzuki
Jr Janeiro. 1997 - O Clube como Empresa

 Futebol Brasileiro tratado de maneira romântica. Desperdiçava chance de


ganhos financeiros. Por isso “A modernização do futebol é igual à
modernização do país. Ela requer uma redefinição de papéis, públicos e
privados.”
 “Ao Estado cabe a função de transformar a situação dos clubes brasileiro
[...] Em um setor altamente profissionalizado, como é o do futebol, a figura
da associação esportiva sem fins lucrativos é anacrônica e
ineficiente”.
 Urgência da mudança nos clubes “seja pela privatização, seja pela
reformulação jurídica que os insira em uma estrutura profissionalizada”.
 O torcedor como consumidor na Revista Placar 1998 –
Série de 3 reportagens com propostas para atrair o
público de volta aos estádios:

 “Especialistas ouvidos”: empresários, economistas e dirigentes. Torcedor


negligenciado;

 Referência modelo empresarial da NBA e da Copa do Mundo. Lugares numerados


(como teatro), cadeiras nas arquibancadas, shopping nos estádios, shows antes e
durante o intervalo;

 Arena da Baixada – Exemplo de estádio dos “sonhos” . Maracanã tido como


atrasado.
"O estádio não atrai empresas que poderiam instalar lojas para melhor servir o
torcedor. Também não há videotecas, livrarias, boas lanchonetes. Nada que
poderia tornar uma ida ao maracanã muito mais confortável e divertida.“
(PLACAR, edição Agosto 1998)
 “Ter lugar para fazer boas compras nos estádios (além de comer
e beber melhor lá dentro) também é direito do torcedor [...] Com
a transformação do futebol em negócio também no Brasil, será
impossível continuar ignorando os estádios como centros de
lazer em potencial. Afinal, dentro deles as pessoas passam pelo
menos duas horas dos seus fins de semana. Têm que comer,
beber, se divertir e - por que não? - gastar dinheiro“ (PLACAR,
edição Outubro 1998)

 Crítica
a limitação da concorrência na exploração das vendas -
defesa de grandes redes “fast food “ contra pequenos
comerciantes nos estádios.

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