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O Pensamento e

suas Alterações
Definição:

▰ Pensamento: se constitui a partir de elementos sensoriais que podem fornecer substrato para
o processo do pensar:
▻ Imagens perceptivas;
▻ Representações.

▰ Os elementos propriamente intelectos do pensamento são:


▻ Conceitos;
▻ Juízos;
▻ Raciocínio.
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Conceitos:

▰ Se formam a partir das representações;


▻ Não apresenta elementos de sensorialidade;
▻ É puramente cognitivo, intelectivo, não tendo qualquer resquício sensorial;
▻ É o elemento estrutural básico do pensamento.

Passos para sua formação:


▻ Eliminação dos caracteres de sensorialidade: tem forte caráter de representação.
▻ Generalização: o conceito resulta da síntese, por abstração e generalização, de um
número considerável de fenômenos singulares.
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Alterações dos conceitos:

▰ Desintegração dos conceitos:


▻ Processo de perda do seu significado original;
▻ Uma mesma palavra passa a ter significados cada vez mais diversos;
▻ Esquizofrenia e síndromes demenciais.

▰ Condensação dos conceitos:


▻ Dois ou mais conceitos são fundidos;
▻ Condensa duas ou mais ideias em um único conceito.
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Juízos:

▰ Formar juízos é o processo que conduz ao estabelecimento de relações significativas entre os


conceitos básicos;
▰ É a afirmação de uma relação entre dois conceitos.

•Juízo deficiente ou prejudicado:


–Os conceitos são inconsistentes; e o raciocínio, pobre e defeituoso.

•Juízo de realidade ou delírio:


–Juízos patologicamente falsos;
–É um erro do ajuizar que tem origem na doença mental. 5
Raciocínio:

▰ Raciocínio: representa um modo especial de ligação entre conceitos, de sequência de juízos,


de encadeamento de conhecimentos, derivando sempre uns dos outros.

▰ Assim como a ligação entre conceitos permite a formação de juízos, a ligação entre juízos
conduz à formação de novos juízos.

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O processo de pensar:

MOMENTOS DO PENSAMENTO:

Curso do Pensamento: Forma do Pensamento: Conteúdo do Pensamento:


É o modo como o É a estrutura básica Aquilo que dá substância
pensamento flui, a sua preenchida pelos mais ao pensamento, os temas
velocidade e seu ritmo diversos conteúdos e predominantes, o assunto
ao longo do tempo interesses do em si.
indivíduo;

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Funcionamento normal do pensamento:

▰ Pensamento normal: é regido pela lógica formal e orienta-se segundo a realidade e os


princípios de racionalidade da cultura na qual o indivíduo se insere;
▰ Segundo Aristóteles,
–Princípio da identidade ou não-contradição: se A é A, e B é B, logo, A não pode ser B;
–Princípio da causalidade: se A é causa de B, A não pode ser ao mesmo tempo efeito de B;
–Lei da parte e do todo: discrimina rigorosamente a parte do todo;
▰ Segundo Hegel,
–Lei da transformação da quantidade em qualidade;
–Toda afirmação encerra em si mesma o princípio de sua negação;
–Tudo é, a um só tempo, causa e efeito de si mesmo.
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Funcionamento normal do pensamento:

▰ Pensamento indutivo: parte da observação dos fatos elementares, da experimentação e da


comparação entre fenômenos para chegar a conclusões e concepções mais gerais;

▰ Pensamento dedutivo: parte de esquemas, axiomas, definições e teoremas já bem-


arquitetados, para, por meio de demonstrações lógicas, deduzir a sua verdade;

▰ Intuição ou pensamento intuitivo: apreensão de uma realidade de forma direta e imediata.

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Tipos alterados de pensamentos:

▰ O patológico e normal são difíceis de separar: há preconceitos, crenças sociais, pessoais, estereótipos.
▰ Pensamento mágico: Fere frontalmente os princípios da lógica, bem como os indicativos e
imperativos da realidade;
▰ Regido por algumas leis:
▻ Lei da contiguidade à Magia de contágio
- Se o ato mágico agir sobre um objeto que pertenceu a uma pessoa, há a crença
de que estará, de fato, agindo sobre a própria pessoa;
▻ Lei da similaridade à Magia imitativa
- Produz a ideia de que o “semelhante produz o semelhante”;
▻ Ex: Ao queimar um boneco com alguma semelhança
com um inimigo, estará queimando o próprio 10
inimigo;
Pensamento mágico:

▰ Pode-se verificar a ocorrência de tal forma de pensar em


alguns transtornos da personalidade:
–Transtornos esquizotípico;
–Histriônico;
–Borderline;
–Narcisista;

▰ Nos quadro obsessivos-compulsivos, ocorrem com


frequência pensamentos mágicos e rituais compulsivos;
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Pensamento dereístico:

▰ Se opõe marcadamente ao pensamento realista à semelhante ao pensamento mágico;


– O pensamento só obedece à lógica e à realidade naquilo que interessa ao desejo do
indivíduo;

▰ Pode ocorrer nos transtornos da personalidade:


–Esquizotíca;
–Histriônica;
–Borderline;
–Narcisista;
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Pensamento concreto ou concretismo:

▰ O indivíduo não consegue entender ou utilizar metáforas, o pensamento é muito aderido ao


nível sensorial da experiência;
–Não ocorre a distinção entre dimensão abstrata
e simbólica e dimensão concreta e imediata
dos fatos;

▰ Os indivíduos com deficiência mental e pacientes


dementados e esquizofrênicos graves podem
apresentar concretismo.
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Pensamento inibido

▰ Ocorre a inibição do raciocínio, com diminuição da velocidade e do número de conceitos,


juízos e representações;
▻ Pensamento lento, rarefeito e pouco produtivo;

▰ Ocorre em quadros demenciais depressivos graves.

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Pensamento vago:

▰ Pensamento com falta de clareza e precisão no raciocínio;


▻ Ambíguo, podendo mesmo parecer obscuro;

▰ Pode ser um sinal inicial de esquizofrenia;

▰ Pode ocorrer em:


▻ Quadros demenciais iniciais;
▻ Transtornos da personalidade;
▻ Neuroses. 15
Pensamento prolixo:

▰ O paciente dá longas voltas ao redor do tema, e mescla, de


forma imprecisa, o essencial com o supérfluo;
▰ Tipos:
▻ Tangencidade à Pensamento tangencial
▻ O paciente responde as perguntas de forma oblíqua e irrelevante;
▻ Não sabe discriminar o supérfluo do essencial;
▻ Circunstancialidade à Pensamento circunstancial
▻ Paciente roda em volta do tema sem entrar nas questões essenciais e decisivas.

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Pensamento prolixo:

▰ Ocorre em:
–Transtornos de personalidade;
• Associado à epilepsia com crises parciais-complexas ou a patologias do lobo temporal;
–Indivíduos com lesões cerebrais;
–Deficientes mentais;
–Limítrofes.

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Pensamento deficitário ou oligofrênico:

▰ Pensamento de estrutura pobre e rudimentar;


–Os conceitos são escassos e utilizados em sentido mais literal que abstrato ou metafórico;
▻ Não há distinção entre:
▻ Essencial e supérfluo;
▻ Necessário ou acidental;
▻ Causa e efeito;
▻ Todo e as partes;
▻ Real e imaginário;
▻ Concreto e simbólico. 18
Pensamento deficitário ou oligofrênico:

▰ Possuem memorização de determinados conteúdos ou temos muito extensa e


numerosa, porém é mecânica e rígida à Ilhotas de memórias;
▻ Ocorre geralmente em deficientes mentais e autistas, que, em função de tal
habilidade, eram chamados de idiotas-sábios (savant).

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Pensamento demencial:

▰ Pensamento pobre, porém tal empobrecimento é desigual;


–Pensamento deficitário, o empobrecimento é homogêneo;

▰ Paciente tem dificuldade em encontrar as palavras e procura termos mais genéricos, evita os
adjetivos e os substantivos específicos;
–Ex: Não consigo encontrar aquela coisa...

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Pensamento confusional:

▰ Impede que o indivíduo aprenda de forma calma e precisa os estímulos ambientais;


▻ Devido à:
▻ Turvação da consciência;
▻ Pensamento incoerente;

▰ Ocorre principalmente nas síndromes confusionais agudas;


▻ Há alteração de consciência, de atenção e de memória imediata.
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Pensamento desagregado:

▰ Radicalmente incoerente;
▻ Mistura aleatória de palavras, que nada comunica ao interlocutor;

▰ Ocorre nas formas graves e avançadas de esquizofrenia;

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Pensamento obsessivo:

▰ Predominam ideias ou representações que,


apesar de terem conteúdo absurdo ou repulsivo
para o indivíduo, se impõem à consciência de modo persistente e incontrolável;
▻ Gera um estado de angústia constante, porque o indivíduo se esforça para bani-las de sua
consciência;

▰ Pode aparecer aspectos do pensamento mágico;


▻ “Se eu tocar na roupa de uma prostituta ficarei contaminada”;

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Alterações do Processo de Pensar

▰ Curso do pensamento:
▻ Aceleração do pensamento:
▻ Flui de forma muito acelerada, uma ideia sucede a outra rapidamente;
▻ Ocorre nos casos de mania, esquizofrenia, ansiedade intensa, psicoses tóxicas e na
depressão ansiosa;
▻ Lentificação do pensamento:
▻ Progride de forma lenta e com dificuldade;
▻ Latência entre as perguntas formuladas e as respostas;
▻ Ocorre nas depressões graves, rebaixamento do nível de consciência, intoxicações
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e em determinados quadros psicóticos orgânicos;
Alterações do Processo de Pensar

▰ Curso do pensamento:
▻ Bloqueio ou interceptação do pensamento:
▻ Bloqueio do pensamento no meio de uma conversa, brusca, repentina;
▻ Alteração quase exclusiva da esquizofrenia;
▻ Roubo do pensamento:
▻ Frequentemente associada ao bloqueio do pensamento;
▻ Sensação que seu pensamento foi roubado por uma força ou estranho, máquina,
antena, etc;
▻ Típica da esquizofrenia; 25
Alterações do Processo de Pensar

▰ Forma/estrutura do pensamento:
▻ Fuga de ideias:
▻ Alteração da estrutura do pensamento secundária à aceleração do pensamento;
▻ Ideia se segue a outra forma extremamente rápida, perturbando as associações lógicas entre os
juízos e os conceitos;
▻ Palavras deixam de seguir uma lógica ou de sua finalidade;
▻ Alteração característica dos quadros maníacos;
▻ Dissociação do pensamento:
▻ Pensamentos passam a não seguir uma sequência lógica e organizada;
▻ Inicia de forma leve e vai se agravando  Pensamento totalmente incoerente e incompreensível
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▻ Ocorrem em certas formas de esquizofrenia;
Alterações do Processo de Pensar

▰ Forma/estrutura do pensamento:
▻ Afrouxamento das associações:
▻ As associações parecem mais livres, não tão articuladas;
▻ Manifesta nas fases iniciais da esquizofrenia e em transtornos da personalidade;

▻ Descarrilhamento do pensamento:
▻ Pensamento extravia de seu curso normal;
▻ Associado a distraibilidade;
▻ Observado na esquizofrenia e em transtornos maníacos; 27
Alterações do Processo de Pensar

▰ Forma/estrutura do pensamento:
▻ Desagregação do pensamento:
▻ Perda total dos enlaces associativos, perda total da coerência do pensamento;
▻ Sobram somente pedaços de pensamentos, conceitos e ideias fragmentadas,
irreconhecíveis, sem articulação racional;
▻ Alterações típica de forma avançada de esquizofrenia e de quadro demenciais;

▻ Na esquizofrenia o progredir da desestruturação do pensamento segue em


afrouxamento das associações, descarrilamento do pensamento e desagregação do
pensamento; 28
Alterações do Processo de Pensar

▰ Conteúdo do pensamento:

▻ Preenche a estrutura do processo de pensar é a temática do pensamento;


▻ Não se fala em alterações patológicas do conteúdo
▻ Seus conteúdos de pensamento são basicamente persecutórios, entretanto ele
não está necessariamente delirando;

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Alterações do Processo de Pensar

▰ Os principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos são:


▻ Persecutoriedade:
▻ Vivência de perseguição;
▻ Sente que vai ser atacado, destruído;
▻ Sexualidade:
▻ Ao desenvolvimento das relações afetivas há a erotização dessas
relações;
▻ Amar é ao mesmo tempo, um fenômeno afetivo e erótico;
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Alterações do Processo de Pensar

▰ Os principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos são:


▻ Temas religiosos e místicos:
▻ Muito comum na psicopatologia, o que justifica pelo fato de que
não há cultura ou grupo social humano em que a religião não
desempenhe papel central;
▻ Temas hipocondríacos:
▻ Narcisismo relacionado as vivências corporais;
▻ Desejo do bem estar físico;
▻ Temores relacionados ao risco permanente que todo ser humano 31
tem de adoecer, sofrer e falecer;
O Juízo de Realidade
e suas Alterações
Definições Psicológicas:

▰ A produção de juízos/julgamentos é uma atividade humana

▰ Todo juízo implica em um julgamento. Por um lado é subjetivo, individual e por outro é
social, produzido historicamente, em consequência com determinantes socioculturais

▰ As alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento.

▰ Juízos falsos podem ser produzidos de várias formas, sendo ou não patológicos.
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Distinção fundamental: Erro simples x Delírio

▰ Não há limite nítido


▰ O erro origina-se da ignorância e baseado em falsas premissas
▰ O erro ocorre no julgar quando:
▻ Tomam-se coisas parecidas ou semelhantes por iguais ou idênticas
▻ Atribui-se, a coincidências ocasionais a força de relações consistentes de
causa-efeito
▻ Aceitar ingenuamente as impressões de nossos sentidos como verdades
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Distinção fundamental: Erro simples x Delírio

▰ Erros podem surgir e persistir em virtude da ignorância, fanatismo, preconceitos,


superstições

-Preconceito: é um juízo sem reflexão, com base em falsas premissas. São


produzidos socialmente por interesses de determinados grupos sociais que
constroem tais concepções por se colocarem em situação de superioridade, ou pra
justificar atitudes, regras, posturas que privilegiam determinados grupos. Racismo,
sexismo, etnocentrismo, classismo(de classe), religioso

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Distinção fundamental: Erro simples x Delírio

▰ Delírio: incompreensibilidade
▻ Não pode ser compreendido psicologicamente

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Crenças Culturais e Superstições

▰ As crenças culturalmente sancionadas são descritas como partilhadas por um


grupo cultural(religioso, político, étnico...)
▻ Ex. Grupo new age, que seus membros acreditam plenamente em discos
voadores ou gnomos

▰ Superstições: crença culturalmente sancionada.


▻ Geralmente são motivadas por fatores afetivos(desejos, temores)
▻ O que a diferencia das ideias delirantes é que, nas crenças sancionadas, há
o compartilhamento com um grupo social, mesmo que seja 37
bizarro.
Alterações Patológicas do Juízo

▰ Ideias prevalentes ou sobrevaloradas (ideias errôneas por superestimação


afetiva)
▻ São idéias que, por conta da importância afetiva, adquirem predominância
enorme sobre os demais pensamentos, conservando-se em sua mente.
▻ “Não consigo pensar em outra coisa”
▻ As idéias prevalentes diferem das idéias obsessivas, pois são
egossintônicas, aceitas pelo indivíduo que as produz. Além disso, fazem
sentido para o paciente.
▻ São levadas por motivações afetivas pessoais  Catatimia 38
Alterações Patológicas do Juízo

▰ Causa sofrimento ou disfunção no sujeito ou naqueles que com ele convivem.

▰ Geralmente induz o indivíduo a agir.

▰ Pode progredir para delírio verdadeiro.

▰ O paciente não busca ajuda por conta dessas ideias.

▰ Assemelha-se a convicções religiosas ou políticas apaixonadas. 39


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Delírio

▰ As ideias delirantes, são patologicamente falsas

▰ Sua base e mórbida, pois é motivado por fatores patológicos

▰ Mas cabe ressaltar que não é tanto falsidade por causa do conteúdo que faz uma
crença ser um delírio

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Identificação clínica do Delírio:

1. Convicção Extraordinária
2. Impossível modificação do delírio pela experiência objetiva
3. O delírio é quase sempre um juízo falso (Ex: Político que se sente perseguido,
porém realmente há pessoas que são “contra” ele)
4. Produção ASSOCIAL, onde ele mesmo cria seus símbolos, crenças, culturas

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Dimensões do Delírio

▰ Alguns autores propuseram uma série de dimensões que também servem como
indicadores de sua gravidade.

▰ Essas dimensões foram aplicadas nos diferentes transtornos mentais.

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Dimensões do Delírio:

Grau de Convicção: Extensão: Bizarrice ou


Mais marcantes na Implausibilidade
Maior extensão
esquizofrenia e menos também é observada Os delírios bizarros, tem
intensa nas psicoses na esquizofrenia, valor diagnóstico mais
reativas breves e nos seguida de depressão importante para se
transtornos do humor psicótica, transtornos identificar esquizofrenia
com sintomas delirantes e psicoses
psicóticos reativas breves

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Dimensões do Delírio:

Desorganização:
Indivíduos com retardo Pressão e Resposta Afetiva ou
mental e/ou demência Preocupação: Afeto Negativo
Comportamento É mais acentuada em É mais marcante em
Desviante: indivíduos com pacientes com
transtorno delirante, depressão psicótica e
É mais acentuado em
seguido por naqueles com
indivíduos com
esquizofrenia e transtorno delirante
transtorno delirante,
depressão psicótica
seguidos por casos de
depressão psicótica e
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mania psicótica
Delírios Primários ou Ideias Delirantes Verdadeiras

▰ São psicologicamente INCOMPREENSÍVEIS

▰ IMPRENETRÁVEIS, ou seja, incapaz de ser atingido pela relação intersubjetiva,


pelo contato empático entre entrevistador e entrevistado

▰ Algo inteiramente novo na curva vital do indivíduo

▰ A personalidade sofre uma verdadeira mutação


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Delírios Secundários ou Ideias Deliroides e os
Delírios Compartilhados

▰ Alterações profundas em áreas da atividade mental, como afetividade,


consciência

▰ Delírios de grandeza do paciente em estado maníaco, com graves sentimentos


de inferioridade e com forte tendência a sentir-se preterido, ofendido e
discriminado

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Delírios Compartilhados

▰ Em geral há um sujeito realmente psicótico, com esquizofrenia ou transtorno


delirante, por exemplo, que apresenta delírio primário e, ao interagir intimamente
com outra pessoa influenciável (ou com mais pessoas), acaba por gerar delírio
em tal pessoa

▰ A pessoa influenciada, geralmente tem limitações físicas ou psicossociais; frágil.


E também é próximo ao verdadeiro delirante (Irmão, Cônjuge, filho, etc)

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Estrutura do Delírio

Delírio Delírio
Delírio Não- Delírio
Simples Complexo
Sistematizado Sistematizado
(Monotemático) (Pluritemático)

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Relação entre Alteração do Humor e Temática
Delirante

Podem ser classificados em CONGRUENTES ou NÃO-CONGRUENTES:

▰ HUMOR-CONGRUENTE ▰ HUMOR NÃO-CONGRUENTE


No caso da depressão, tiver
O delírio for de perseguição (sem
temática de culpa, de ruína, de
que tal perseguição seja “merecida”,
hipocondria ou, no caso da mania,
decorrente de falta ou erro do
de grandeza, de poder ou de
paciente) ou, na mania, o delírio for
religiosidade (incluindo ser ou ter
de controle ou de influência
contato com entidades especiais,
poderosas)
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Evolução do Delírio: Estados Pré-Delirantes

▰ Nesse período, o paciente experimenta aflição e ansiedade intensas, sente como


se algo terrível estivesse por acontecer
▰ Esse estado pode durar horas ou dias
▰ O humor delirante cessa quando o paciente configura o delírio, isto é, quando
descobre, como se fosse por uma revelação inexplicável, o que está de fato
acontecendo
Ex: “Ah, então é isso, os vizinhos organizaram um grande complô para me matar”

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Evolução do Delírio: Estados Pré-Delirantes:

Klaus Konrad: processo sequencial no desenvolvimento do delírio,


com períodos:

Reorganização
Pré- Fases
Delirantes da
delirantes personalidade
residuais

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Evolução do Delírio: Estados Pré-Delirantes

▰ Ele sugere os seguintes momentos:


1. Trema – Ideias delirantes
2. Apofania – percepção delirantes, falsos reconhecimentos e
desconhecimentos delirantes
3. Fase Apocalíptica – sem continuidade de sentido do Mundo, há uma
reestruturação estranha do seu Mundo
4. Consolidação – depois de idas e vindas, há uma consolidação dos
elementos a partir da personalidade do indivíduo
5. Fase de Resíduo – busca pelo isolamento 53
Delírio Agudo X Delírio Crônico:

▰ Os delírios agudos surgem de forma rápida, podendo desaparecer em pouco


tempo (horas a dias)
Ex: transtornos da consciência em psicoses tóxicas ou infecciosas

▰ Delírios crônicos tendem a ser persistentes, contínuos, de longa duração (vários


anos), pouco modificáveis ao longo do tempo

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Mecanismos Constitutivos do Delírio

▰ “O delírio nasce de uma multiplicidade de fatores complexos que implicam e


comprometem o psiquismo todo” – Carlos Pereyra
▰ Assim como nos outros sintomas psíquicos há uma interação bastante complexa de
fatores:
 Cerebrais
 Psicológicos
 Afetivos
 Da personalidade pré-mórbida
 Socioculturais
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Mecanismos Constitutivos do Delírio

▰ Deve-se pensar no delírio como uma construção


▰ Tal construção está inserida em um processo de tentativa de
reorganização do funcionamento mental
▰ o aparelho psíquico do paciente tenta lidar com a desorganização
que a doença de fundo produz

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Mecanismos Constitutivos do Delírio

▰ A psicopatologia ainda não dispõe de evidências consistentes


relativas à etiofisiopatologia ou à psicogênese do delírio.
▰ Costuma-se considerar como mecanismos (formadores) dos
delírios aqueles fenômenos ostensivos ou processos segundo os
quais se produzem as idéias delirantes
▰ Tal distinção apenas tem um valor prático

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Mecanismos Formadores do Delírio

1. Interpretação: Delírio Interpretativo


▻ É um mecanismo que, de forma geral, está na base
constituinte de todos os delírios
▻ Geralmente respeita determinada lógica, produzindo histórias
que, embora delirantes, guardam verossimilhança

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Mecanismos Formadores do Delírio

2. Intuição: Delírio Intuitivo


▻ O indivíduo intui o delírio de repente, pois capta de forma
imediata novo sentido nas coisas
▻ o delirante não sente qualquer necessidade de fundamentar o
delírio em possibilidades plausíveis e verossímeis
▻ não busca provas que certifiquem a verdade de seu delírio, ele
simplesmente sabe, simplesmente intui a revelação delirante.
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Mecanismos Formadores do Delírio

3. Imaginação: Delírio Imaginativo


▻ Também está presente na constituição da maior parte dos
delírios, acompanhando a atividade interpretativa lado a lado.
▻ O indivíduo imagina determinado episódio ou acontecimento e,
a partir disso, pela interpretação, vai construindo o delírio.

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Mecanismos Formadores do Delírio

4. Afetividade: Delírio Catatímico


▻ Em estados afetivos intensos, como nas depressões graves e nos quadros de mania, o
indivíduo passa a viver em um mundo fortemente marcado por esse estado afetivo
(catatimia)
▻ Em estado de profunda depressão, o sujeito reorganiza o mundo e o seu eu com delírio de
conteúdo depressivo.
▻ o maníaco cria, a partir de seu estado afetivo de euforia e exaltação, um delírio de grandeza,
coerente com tal estado

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Mecanismos Formadores do Delírio

5. Memória: Delírio Mnêmico


▻ o delírio é construído por recordações e elementos da memória
(verdadeiros ou falsos) que ganham dimensão delirante.
▻ O indivíduo utiliza tanto recordações verdadeiras quanto falsificações da
memória, como as alucinações ou ilusões mnêmicas, para construir seu
delírio.
▻ Por exemplo, o paciente afirma que foi raptado quando era criança, que foi
criado por pais milionários, e que, por isso, é herdeiro de grande fortuna,
etc.
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Mecanismos Formadores do Delírio

6. Alteração Da Consciência: Delírio Onírico


▻ São os delírios associados a quadros de turvação da
consciência, ricos em vivências oníricas com alucinações
cênicas, ansiedade intensa e certa confusão do pensamento
▻ desenvolve-se devido principalmente à crítica insuficiente
relacionada às vivências oníricas
▻ podem ocorrer durante ou após a turvação da consciência
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Mecanismos Formadores do Delírio

7. Alterações Sensoperceptivas: Delírio Alucinatório


▻ Construído a partir de experiências alucinatórias ou pseudo-alucinatórias
intensas, como alucinações auditivas de conteúdo persecutório ou
alucinações visuais muito vívidas
▻ O indivíduo forma seu delírio desenvolvendo, de certa forma, a temática e
a experiência gerada pela atividade alucinatória.
▻ A experiência alucinatória é tão marcante e penetrante que não lhe resta
outra alternativa a não ser integrá-la em sua vida por meio do delírio
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Mecanismos Formadores do Delírio

▰ Percepção delirante: é um tipo especialmente importante de delírio


▻ A percepção delirante é vivenciada como uma revelação, uma descoberta abrupta
que o indivíduo faz, passando então a entender tudo o que se passa
▻ É um processo com duas vertentes: perceptiva e ideativa

Logo entende que se trata de


Ao entrar na sala, vê um lenço conspiração contra ele, que querem
amarelo sobre a mesa matá-lo
PERCEPÇÃO REAL ATRIBUIÇÃO DE UM SIGNIFICADO
DELIRANTE À PERCEPÇÃO NORMAL

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Mecanismos Manutenção do Delírio

▰ É relevante saber por que motivo um grande número de pacientes se mantém


delirante
▰ Sims (1995) assinala alguns fatores envolvidos em tal “estabilização do delírio”:
1. Inércia
2. Pobreza na comunicação interpessoal
3. Alta rejeição pelo meio social, estimulando esse ciclo vicioso
4. Pode diminuir o respeito e a consideração que as pessoas que convivem
tem por ele, levando a novas interpretações delirantes
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Tipos De Delírio Segundo Os Seus Conteúdos

1. Delírios De Perseguição
▻ Delírios cuja temática predominantemente é a perseguição,
incluindo complôs, ameaças, calúnias e atos planejados ou
realizados contra o sujeito
▻ Nesse grupo, estão o delírio de perseguição (propriamente
dito), o delírio de auto-referência, de relação e os delírios
(também chamados “vivências”) de influência ou controle
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Tipos De Delírio Segundo Os Seus Conteúdos

1. Delírios De Perseguição
▻ O indivíduo acredita que é vítima de um complô e está sendo
perseguido por pessoas conhecidas ou desconhecidas
▻ Ele pensa que querem envenená-lo, prendê-lo, matá-lo,
prejudicá-lo no trabalho ou na escola, desmoralizá-lo, expô-lo
ao ridículo ou mesmo enlouquecê-lo
▻ É o tema mais frequente dos delírios.
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Tipos De Delírio Segundo Os Seus Conteúdos

2. Delírio De Referência (De Alusão Ou Auto-referência)


▻ o indivíduo apresenta a tendência dominante a experimentar fatos cotidianos não
planejados
▻ Diz ser alvo freqüente ou constante de referências depreciativas, caluniosas
▻ Ao passar diante de um bar e observar as pessoas conversando e rindo, entende
que estão falando dele, rindo dele
▻ Às vezes, ouve o seu nome e que o xingam (mecanismo alucinatório) ou
simplesmente deduz que a conversa das pessoas em um bar diz respeito a ele
(mecanismo interpretativo)
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Delírios e o Mecanismo de Projeção

▰ Projeção: mecanismo psicológico particularmente importante na formação dos delírios


de perseguição e de referência

▰ Descrito por Freud: inconscientemente, o indivíduo “projeta” para fora de seu mundo
mental, no mundo externo, idéias, conflitos, temores e desejos.

▰ Também supôs que o delirante também deforma o conteúdo inaceitável, invertendo o


tipo de afeto associado a tal idéia (amor em ódio, desejo em repugnância, etc.

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Delírios e o Mecanismo de Projeção

1. DELÍRIO DE RELAÇÃO
▻ O indivíduo delirante constrói conexões significativas (delirantes) entre os fatos
normalmente percebidos

▻ Por exemplo, o paciente agora sabe que tudo faz sentido, os fatos se relacionam
(as chuvas do verão passado, o inverno atual mais frio, etc.), indicando “que realmente a
guerra dos seres alienígenas irá começar”

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Delírios e o Mecanismo de Projeção

2. Delírio De Influência Ou Controle (Também Denominado Vivências De Influência)


▻ O indivíduo vivencia intensamente o fato de estar sendo controlado, comandado ou
influenciado por força, pessoa ou entidade externa.
▻ O doente afirma ter perdido a capacidade de resistir a essa força externa e passa a
submeter-se inteiramente a ela.
▻ São fortes indicativos de esquizofrenia

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Delírios e o Mecanismo de Projeção

3. Delírio De Grandeza (De Enormidade)


▻ O indivíduo acredita ser extremamente especial, dotado de capacidades e
poderes
▻ O delírio é dominado por ideias de poder e riqueza.
▻ O sujeito pensa que pode tudo, que tem poderes mentais, místicos ou
religiosos, além de conhecimentos superiores ou especiais.
▻ Ocorrem tipicamente nos quadros maníacos.
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Delírios e o Mecanismo de Projeção

4. Delírio Místico Ou Religioso


▻ O indivíduo afirma ser (ou estar em comunhão permanente com, receber
mensagens ou ordens de) um novo messias, um Deus, Jesus, um santo
poderoso ou, até, um demônio
▻ Frequentes em nosso meio
▻ Os delírios religiosos frequentemente apresentam aspecto grandioso,
enfatizando a própria importância do sujeito que delira
▻ podem ocorrer em quase todas as formas de psicose, predominando,
porém, na mania delirante e na esquizofrenia
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Delírios e o Mecanismo de Projeção

4. Delírio De Ciúmes E Delírio De Infidelidade


▻ O indivíduo percebe-se traído pelo cônjuge de forma vil e cruel; afirma que ela(e)
tem centenas de amantes, que o(a) trai com parentes, etc.
▻ Em geral o indivíduo acometido pelo delírio de ciúmes é extremamente ligado e
emocionalmente dependente do ser amado
▻ O delírio de ciúmes e infidelidade pode ocorrer em todas as psicoses, mas é mais
característico no alcoolismo crônico e no transtorno delirante crônico
▻ Pacientes com intensa atividade delirante do tipo ciúmes não raramente cometem
violência física ou mesmo homicídio contra o(a) suposto(a) “traidor(a)”.
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Delírios e o Mecanismo de Projeção

5. Delírio Erótico (Erotomania)


▻ O indivíduo afirma que uma pessoa, geralmente de destaque social (um
artista ou cantor famoso, um milionário, etc.) ou de grande importância
para o paciente, está totalmente apaixonada por ele e irá abandonar tudo
para que possam se casar.
▻ Ocorre mais entre as mulheres, e a pessoa amada geralmente é mais rica,
mais velha, de status social mais alto que o da paciente

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Delírios e o Mecanismo de Projeção

6. Delírios De Conteúdo Depressivo


▻ São aqueles que têm temática de colorido marcadamente triste, como
ruína ou miséria, culpa ou auto-acusação, doenças e mesmo o
desaparecimento de partes do corpo (negação de órgãos).
▻ Intimamente associados a estados depressivos profundos
▻ Os principais delírios de conteúdo depressivo são os de ruína, de culpa e de
auto-acusação, de negação de órgãos e hipocondríacos.

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Delírios e o Mecanismo de Projeção

7. Delírio De Ruína (Ou Niilista)


▻ O indivíduo vive em um mundo repleto de desgraças, está
condenado à miséria, ele e sua família irão passar fome, o
futuro lhe reserva apenas sofrimentos e fracassos
▻ Em alguns casos, o paciente acredita estar morto ou que o
mundo inteiro está destruído e todos estão mortos.

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Delírios e o Mecanismo de Projeção

8. Delírio De Culpa E De Auto-acusação


▻ O indivíduo afirma, sem base real para isso, ser culpado por
tudo de ruim que acontece no mundo e na vida das pessoas
que o cercam.
▻ É bastante característico das formas graves de depressão

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Delírios e o Mecanismo de Projeção

9. Delírio De Negação De Órgãos


▻ O indivíduo experimenta profundas alterações corporais.
▻ Relata que seu corpo está destruído ou morto, que não tem
mais um ou vários órgãos...
▻ Denomina-se síndrome ou delírio de Cottard quando o delírio
de negação de órgãos vem acompanhado de delírio de
imortalidade e de enormidade.
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Delírios e o Mecanismo de Projeção

9. Delírio Hipocondríaco
▻ O indivíduo crê com convicção extrema que tem uma doença grave, incurável.
▻ É um tipo de delírio muitas vezes difícil de ser diferenciado das idéias
hipocondríacas não-delirantes.
▻ O que diferencia o delírio hipocondríaco da idéia hipocondríaca é a intensidade da
crença
▻ O delírio hipocondríaco ocorre em pacientes com depressões graves, em casos de
transtorno delirante (paranóia) e também na esquizofrenia.

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Outros Tipos De Delírio Menos Frequentes

1. Delírio De Reivindicação (Ou Querelância)


▻ o indivíduo, de forma completamente desproporcional em relação à
realidade, afirma ser vítima de terríveis injustiças e discriminações
▻ São freqüentes os delírios de reivindicação associados a questões de
herança e trabalhistas
2. Delírio De Invenção Ou Descoberta
▻ o indivíduo, mesmo completamente leigo na ciência ou na área tecnológica
em questão, revela ter descobertas ou invenções que irão mudar o mundo
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Outros Tipos De Delírio Menos Frequentes

3. Delírio De Reforma (Ou Salvacionismo)


▻ Ocorre entre indivíduos que se sentem destinados a salvar, reformar, revolucionar ou redimir
o mundo ou a sua sociedade
▻ Esses delirantes têm convicção plena de que seu sistema religioso ou político é
absolutamente o único capaz de salvar de fato a humanidade

4. Delírio Cenestopático
▻ O indivíduo afirma que existem animais (cobra, rato, etc.) ou objetos dentro de seu corpo
▻ Pode ocorrer principalmente na esquizofrenia e nos transtornos delirantes.

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Outros Tipos De Delírio Menos Frequentes

5. Delírio De Infestação (Síndrome De Ekbom)


▻ O indivíduo acredita que seu corpo (principalmente sua pele e/ou seus
cabelos) está infestado por pequenos (mas macroscópicos) organismos
▻ o paciente relata, no mais das vezes, que há “bichinhos sob a pele”, insetos
nos cabelos, vermezinhos, aranhas.
▻ Esse tipo de delírio ocorre em pacientes esquizofrênicos, deprimidos, no
delirium tremens, em intoxicações por cocaína ou alucinógenos e em
indivíduos obcecados pela higiene corporal
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Outros Tipos De Delírio Menos Frequentes

6. Delírio Fantástico Ou Mitomaníaco


▻ O indivíduo descreve histórias fantásticas com convicção plena, sem
qualquer crítica.
▻ é notável pelas histórias e narrativas fabulosas, totalmente irreais,
descrições que se assemelham a contos fantásticos, ricos em detalhes e
francamente inverossímeis
▻ Ocorre tipicamente na parafrenia (por isso, denominada por Kraepelin de
parafrenia fantástica).
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Frequência dos delírios segundo seus conteúdos

▰ Os delírios mais
frequentes são os
que têm conteúdo
de perseguição

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Possíveis causas e teorias etiológicas dos delírios

Hipóteses causais e modelos psicanalíticos e psicodinâmicos

Modelo básico:
1º) Eu (um homem) amo aquele homem – conteúdo básico
Freud: há na base do delíro um inconsciente.
processo de transformação de
2º) Eu odeio aquele homem – inversão afetiva inconsciente de
impulsos e desejos inaceitáveis
amor em ódio
ao sujeito consciente.
3º) Aquele homem me odeia – projeção, também inconsciente,
de impulsos inconscientes sobre objetos externos ao Eu,
gerando conteúdo consciente, agora aceitável.

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Possíveis causas e teorias etiológicas dos delírios

Hipóteses causais e modelos psicanalíticos e psicodinâmicos

Teoria da Hostilidade: Teoria da Humilhação:

Postula que ocorrem os dois Postula que a projeção de auto-


ultimos passos da formula acusações em outros, sobretudo
froidiana. quadro o sujeito transfere a
acusação de inferioridade pessoal
Assim, o sujeito delirante para fora de seu Eu (não é mais o
paranoide projetaria paciente que se acusa de
inconscientemente seu ódio ou inferioridade, são os outros que o
hostilidade intensos nos outros e acusam).
passariam a sentir que estes os 88
odeiam e querem destrui-los.
Possíveis causas e teorias etiológicas dos delírios

Hipóteses causais e modelos existenciais (focados na interação humana)


▰ Na perspectiva existencial, o delírio advém de profundo distúrbio do encontro
co-humano. Haveria um transtorno fudamental da comunicação inter-humana.

▰ Decapitação existencial, da privação de poder e liberdade existencial.

▰ O sujeito delirante apresenta um modo peculiar da capacidade de


comunicação lógica. Ele não pode mais se colocar na relação com o outro por
meio de um diálogo em que se formulem varias hipoteses, nao pode
interrogar-se sobre o mundo, experimentar diversas solucoes e optar entre
elas.

▰ Ele enrijece e empobrece, lançando mão de ideias automatizadas, de uso 89


comum.
Possíveis causas e teorias etiológicas dos delírios

Hipóteses causais e modelos cognitivos:

Da Do viés tipo Do déficit na


De vieses De vieses
experiência salto-para- teoria da
atencionais atributivos
anômala conclusões mente

90
Experiência anômala:

• O sujeitos que experimentam vivências estranhas, como ilusões e


alucinações sensoriais e/ou estados afetivos disfóricos intensos
(desconforto e angústia difusos), tenderiam a atribuir um significado
delirante a tais vivências.

91
Viés atencional:

• Verificou-se que as pessoas que apresentam delírios de perseguição têm a


tendência, já anterior ao delírio, de dirigir sua atenção seletivamente para
estímulos ameaçadores do ambiente, costumando lembrar de forma
constante de tais episódios

92
Viés atributivo:

• Postula-se que os delírios poderiam estar vinculados a processos


distorcidos de atribuição de causas, atos e intenções. Tais pacientes
tenderiam a exagerar marcadamente tal viés de atribuição, colocando a si
mesmo o papel de inocentes e vítimas e aos perseguidores o papel dos
que detêm todos os defeitos e perversidades.

93
Viés de salto-para-conclusões:

• Teorema de decisões de Bayes


• A confiança do sujeito em uma crença corrente deveria aumentar ou diminuir
com o valor de novas evidências, o que não ocorre nos delirantes.
• Pacientes com delírio tendem a extrair firmes conclusões com muito menos
evidencias fatuais que os indivíduos normais.
• Eles saltam logo para as conclusões com muito menos evidencias fatuais
que os indivíduos normais.

94
Déficit da teoria da mente:

• Investiga-se a habilidade que o indivíduo


tem de inferir o estado mental (crenças,
pensamentos e intenções) de outras
pessoas para, com isso, predizer e explicar
os comportamentos dessas pessoas.

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Possíveis causas e teorias etiológicas dos delírios

Hipóteses causais e modelos neuropsicológicos

▰ A capacidade de auto-observação e auto-avaliação, assim como a


monitoração e o teste da realidade, são funções psicológicas altamente
dependentes da integridade das áreas pré-frontais. Tais capacidades e
funções estão quase sempre comprometidas nos sujeitos delirantes.

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Diagnósticos diferenciais do delírio:

Ideias Prevalentes x Ideias Delirantes:

▰ Baseia-se sobretudo em observar cuidadosamente se os indícios externos


ao delírio estão ou não presentes.
▻ Ideação delirante: tem que haver convicção extraordinária (a certeza
praticamente absoluta), não compartilhado pelo grupo cultural do
sujeito, do juízo afirmado.

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Diagnósticos diferenciais do delírio:

Ideias Obsessivas x Ideias Delirantes:

▰ Ideias obsessivas são descritas como ideias estranhas


ou absurdas recorrente que se introduzem de forma
repetida e incômoda na consciência do sujeito, o qual,
apesar de sofrer com elas, tem crítica em relação a seu
caráter absurdo

▰ Ex. O indivíduo religioso -> pensamentos, por exemplo,


“Jesus é um sem vergonha”.

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Diagnósticos diferenciais do delírio:

Delírio x Alucinação :

▰ Sugere-se classificar o fenômeno por meio do caráter


predominante da experiência:

▻ Sensorial: alucinação
▻ Ideativa ou de caráter mais interpretativo: delírio

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Diagnósticos diferenciais do delírio:

Mitomania x Ideias delirantes:


▰ Mitomania – tendência patológica de mentir e criar mitos, de modo mais ou
menos voluntário e consciente.
▻ Mitomania maligna: o sujeito inventa histórias, cria fatos falsos e os
divulga para prejudicar ou depreciar alguém (que geralmente é uma
pessoa ingênua e confiante)
▻ Mitomania vaidosa: o sujeito busca impressionar os outros para se
promover, em geral ele é um fanfarrão e charlatão
▻ Mitomania da criança: é menos patológica, pois expressa a inclinação
natural pelo maravilhoso e legendário 100
Diagnósticos diferenciais do delírio:

Pseudologia fantástica x Ideias delirantes:


▰ Pseudologia fantástica: é
uma forma de mentira
patológica. E é Ex:muitoA situação clássica, é a de um indivíduo solitário,
difícil de ser diferenciada
sem familiares ou amigos, que aparece no OS de um
tanto da mitomania como relatanto historias, as vezes bizarras,
hospital
referentes a sua grande importância, sobre como tem
do delírio fantástico.
sido injustiçado e sobre as adversidades pelas quais
tem passado.

101
Obrigada!
Referência:
Psicopatologia e Semiologia dos transtornos mentais - Dalgalarrondo
102

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