CLÍNICAS E TOXICOLÓGICAS IMUNOLOGIA CLÍNICA PROF. DR. GLÁUCIO SALDANHA
MONONUCLEOSE INFECCIOSA MONONUCLEOSE INFECCIOSA
O vírus Epstein-Baar (VEB) é o agente causador da síndrome
da mononucleose infecciosa, caracterizada por febre, dor de garganta e linfadenopatia, pertencente à família herpesviridae. EPIDEMIOLOGIA
O VEB é encontrado na orofaringe de cerca de 15% de adultos
soro positivos e a excreção na saliva é mais freqüente em pacientes com MI e em pacientes imuno comprometidos ( transplantados, AIDS). A transmissão se dá através de contato íntimo, geralmente pelo contato com secreções orais de um individuo que está excretando o vírus. A prevalência de anticorpos anti-VEB é diretamente relacionada ao nível sócio econômico da população estudada. A MI ocorre primariamente em indivíduos que contraíram a doença entre 10 a 20 anos de idade. Em indivíduos mais jovens, a infecção primária é geralmente subclínica. QUADRO CLINICO
A MI comumente ocorre entre os 15 a25 anos de idade. Em
crianças a infecção primária é geralmente assintomática ou de apresentação inespecífica. O período de incubação é de 30 a 45 dias. O período prodrômico pode durar de 7 a 14 dias e é caracterizada por fadiga, mialgias e dores de cabeça. Dor de garganta é o sintoma mais comum (80%). Outros sintomas incluem fadiga, dor de cabeça, anorexia, mialgias, calafrios, enjôo, desconforto abdominal, tosse e artralgias. Febre ocorre em mais de 90% dos pacientes. Linfadenopatia (90%) envolve principalmente a cadeia cervical posterior, mas pode ser generalizada. Aumento de tamanho das amígdalas, tonsilite exsudativa ou edema faringiano ocorre em 50% dos casos e hepatomegalia discreta em 10%. COMPLICAÇÕES
Embora a maioria dos casos de MI causada pelo VEB
apresente uma evolução benigna, complicações da doença podem ocorrer ocasionalmente: HEMATOLÓGICAS
Anemia hemolítica: Na maioria dos casos (80%) é do tipo
coombs direto positivo. Trombocitopenia: Cerca de 50% dos pacientes com MI não complicada apresentam diminuição discreta do número de plaquetas. Granulocitopenia: É geralmente discreta e autolimitada. NEUROLOGICAS
Ocorrem em menos de 1% dos casos e podem ser a única
manifestação de infecção pelo VEB. Os quadros descritos incluem: meningite, encefalite, neurite óptica, neuropatia, mononeurite, mielite transversa, paralisia de Bell e Síndrome de Guillain-Barré. RUPTURA ESPLÊNICA
Ocorre em cerca de 0,2% dos casos. Pode ser a manifestação
inicial da MI ou ocorrer durante o curso da doença. Cerca de 50% dos casos de ruptura esplênica são associados com trauma, palpação do baço ou esportes que envolvem contato físico. INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DE EPSTEIN-BARR Reativação do VEB pode resultar em uma doença rara e grave caracterizada por defeito de imunidade humoral e celular e evidência histológica de infecção pelo VEB, com manifestações sistêmicas: linfadenopatia, esplenomegalia, pancitopenia, hepatite, má absorção intestinal, pneumonite, uveíte. SÍNDROME LINFOPROLIFERATIVA LIGADA AO CROMOSSOMA X Também chamada de síndrome de Duncan, é uma doença familiar rara que afeta principalmente crianças e cuja manifestação inicial mais comum é a de MI grave, com evolução fatal em cerca de 75% dos casos. OUTRAS
Pneumonite intersticial, pericardite e miocardite já forma
descritas. Aumento do nível de aminotransferases hepáticas é comum (80% dos casos), mas hepatite é rara. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico de certeza de infecção pelo VEB baseia-se em
dois tipos de técnicas: 1- Sorológica 2- Demonstração do vírus, antígenos virais ou DNA viral. DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO ANTICORPOS HETERÓFILOS
Anticorpos que reagem com antígenos de superfície
de eritrócitos de carneiro e cavalo, mas não com antígenos de células renais de cobaia, são denominados anticorpos heterófilos. Estes anticorpos estão presentes em cerca de 90% dos pacientes com MI durante algum momento na evolução da doença. O título de AC heterófilos diminui após a fase aguda da MI, mas pode der detectado até 9 meses após o início da doença. O teste mais simples e mais útil para a detecção de AC heterófilos é o Monospot, que é um teste rápido para a detecção de AC heterófilos. Neste teste, uma gota de soro do paciente é misturada com um reagente que contem hemácias de cavalos e a mistura é observada para a presença de aglutinação. Caso haja aglutinação, o teste é positivo para a presença de AC heterófilos. O teste de Paul Bunnel-Davidsohn, ainda bastante empregado em nosso meio, baseia-se nos mesmos princípios acima descritos, exceto pelo fato de ser realizado em tubos de ensaio. Os testes de aglutinação rápida atualmente disponíveis apresentam sensibilidade semelhante ou ligeiramente superior ao teste de Paul-Bunnel, com a vantagem de execução mais rápida. Em pacientes com suspeita de infecção primária pelo VEB, o Monospot e similares é indicado como teste inicial. Se positivo, testes para AC específicos não são necessários. Se o Monospot for negativo, então os casos suspeitos devem ser avaliados através da determinação de AC específicos para o VEB. É importante lembrar que o Monopost é pouco útil no diagnóstico de MI em pacientes imuno- comprometidos, pois a grande maioria desses pacientes não produz AC heterófilos. ANTICORPOS ESPECÍFICOS
Estes testes são úteis no diagnóstico de MI com AC heterófilos
negativos (10% dos casos ) em casos atípicos. Linfócito B infectados com o VEB produzem vários anticorpos específicos, os quais podem ser detectados por Imunofluorescência ou ELISA. CULTURA
Embora o VEB possa ser cultivado de secreções orofaríngeas
ou Linfócitos de cerca de 90% dos pacientes com MI aguda, as dificuldades técnicas associadas ao cultivo do VEB e o fato de que o VEB pode ser cultivado da orofaringe de pessoas saudáveis faz com que esse teste tenha pouco valor clínico. Hibridização com sondas de Ac. Nucléico. PCR