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DIREITO PENAL III

AULA 5: CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL


DIREITO PENAL III
Crimes contra a liberdade individual

CRIMES CONTRA A CRIMES CONTRA A


LIBERADDE INDIVIDUAL INVASÃO DE DOMICÍLIO

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CRIMES CONTRA A CRIMES CONTRA A INVASÃO CRIMES CONTRA
LIBERDADE PESSOAL DE DISPOSITIVO INFORMÁTICO O PATRIMÔNIO

AULA 5: CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL


DIREITO PENAL III
Crimes contra a liberdade individual

• Noção: A liberdade individual, como conceito jurídico, pode ser definida como a faculdade de
exercer a própria vontade, nos limites do direito.

• Os crimes contra a liberdade individual são crimes notadamente subsidiários, que se


caracterizam pelo atentado à liberdade, mas é necessário que a ação não constitua meio para
ofensa de outro bem ou interesse, caso em que o crime contra a liberdade deixa de existir.

• Existem outros crimes em que o bem jurídico liberdade pessoal também é atingido ou
violado, mas nesses outros, tal fato é apenas meio para a obtenção de fins diversos, tais como
econômicos (roubo, extorsão); libidinosos (estupro), em que o atentado à liberdade é
absorvido pelo crime fim.

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Crimes contra a liberdade individual

Constrangimento ilegal

1) Bem jurídico: a liberdade individual.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.

3) Sujeito passivo: qualquer pessoa física, desde que possua alguma capacidade de autodeterminação.

4) Tipo objetivo: constranger alguém a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda. O
constrangimento (coação) deve ser praticado por meio de violência física sobre pessoa (vis absoluta ou
corporal), grave ameaça (vis compulsiva) ou qualquer outro meio capaz de reduzir a resistência da vítima.
Admite-se o constrangimento por omissão.

5) Tipo subjetivo: dolo (vontade livre e consciente de constranger).

6) Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que o ofendido faz ou deixa de fazer a coisa a
que foi constrangido. É admissível a tentativa.

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Crimes contra a liberdade individual

7) Formas majoradas:
a) quando se reúne um mínimo de quatro pessoas, computando-se inimputáveis e desconhecidos,
que estejam conscientes de concorrer para o mesmo objetivo;
b) quando há emprego de armas próprias (revólver, punhal) ou impróprias (pedras, estilhaços de
vidro, corda, tesoura).

8) Aplicação da pena no caso de violência real: se do constrangimento resulta ofensa à integridade


física ou à saúde da vítima, responderá o agente pelo constrangimento em concurso material com
lesão corporal.

9) Exclusão da tipicidade:
a) intervenção médica, sem consentimento do paciente, se justificada por iminente perigo de vida;
b) coação exercida para impedir suicídio.

10) Ação penal: pública incondicionada.

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Crimes contra a liberdade individual

Ameaça
1) Bem jurídico: liberdade individual.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa. Se funcionário público, no exercício de suas funções, pode ser abuso
de autoridade (art. 3º da Lei 4.898/65).

3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, incluindo a criança, desde que seja capaz de sentir a intimidação.

4) Tipo objetivo: ameaçar significa procurar intimidar, anunciar ou prometer malefício, é prometer a
prática de mal grave a alguém, restringindo sua liberdade psíquica. O mal deve ser grave e injusto. É
necessário que a ameaça seja idônea e séria, para constranger e intimidar, verossímil e não fantástica ou
impossível.

5) Tipo subjetivo: dolo (vontade livre e consciente de intimidar).

6) Consumação e tentativa: consuma-se quando o agente toma conhecimento da ameaça idônea. Na


forma escrita, poderá haver tentativa. Como a ação depende de representação, a tentativa é irrelevante.
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Crimes contra a liberdade individual

7) Ação penal: pública condicionada à representação.

Sequestro e cárcere privado

1) Bem jurídico: liberdade individual, notadamente a liberdade de locomoção.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.

3) Sujeito passivo: qualquer pessoa, ainda que em estado de inconsciência, inclusive a criança,
ainda que seja incapaz de entender a privação da liberdade de locomoção.

4) Tipo objetivo: sequestro e cárcere privado são formas semelhantes de privação da


liberdade. Sequestro é a privação da liberdade de locomoção sem confinamento. Já no cárcere
privado, a privação da liberdade ocorre em recinto fechado. A privação de liberdade pode ser
praticada mediante detenção (levar a vítima de casa e prendê-la em outro quarto) ou retenção
(impedir que a vítima saia de casa).

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5) Tipo subjetivo: dolo. Não há a forma culposa.

6) Consumação e tentativa: consuma-se no momento em que ocorre a privação; é crime


permanente. Tentativa é admitida.

7) Formas majoradas
a) haver especial relação entre agente e vítima (ascendente, descendente, cônjuge, companheiro)
ou quando se trata de idoso (maior de sessenta anos);
b) se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
c) se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias; se a vítima for menor de 18 (dezoito)
anos; ou for para fins libidinosos;
d) se gerar grave sofrimento físico ou moral.

8) Ação penal: pública incondicionada.

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Redução a condição análoga a de escravo

1) Bem jurídico: liberdade pessoal. Busca-se evitar que uma pessoa seja submetida à servidão e ao
poder de fato de outrem.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.

3) Sujeito passivo: qualquer pessoa.

4) Tipo objetivo: consiste na submissão total do sujeito passivo, suprimindo seu status libertatis. A
vítima é forçada a sujeitar-se a uma situação atentatória aos seus mais básicos direitos. Não é
necessário que a vítima seja transportada ou transferida de um lugar para o outro, nem que seja
enclausurada, ou sofra maus-tratos, desde que haja privações ao seu direito de ir e vir. Ocorre nas
seguintes modalidades:
a) submissão a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva;
b) sujeição a condições degradantes de trabalho mediante restrição, por qualquer meio, de sua
locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.

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5) Figuras equiparadas: é punível também quem:


a) cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
local de trabalho;
b) quem mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.

6) Tipo subjetivo: dolo. Nas figuras equiparadas é necessário o elemento subjetivo do tipo de reter a
vítima no local de trabalho. Não há forma culposa.

7) Consumação e tentativa: consuma-se com a redução da vítima à condição análoga a de escravo e,


como é crime permanente, é possível o flagrante enquanto durar a submissão. As figuras equiparadas
se consumam no momento em que há o cerceamento ou apoderamento de documentos e objetos
pessoais do trabalhador, com a finalidade especial de mantê-lo no local de trabalho. Admite-se a
tentativa em ambas as hipóteses.

8) Formas majoradas: a pena será aumentada de metade, se o crime é cometido contra criança ou
adolescente ou por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.

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Violação de Domicílio

1) Bem jurídico: liberdade individual, especialmente no aspecto da inviolabilidade do domicílio, e a


tranquilidade doméstica.

2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.

3) Sujeito passivo: aquele que mora na casa, ou representa o titular do direito de admissão (morador,
proprietário, locatário ou legítimo possuidor).

4) Tipo objetivo: entrar ou permanecer, clandestinamente, astuciosamente ou contra a vontade


expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia. Casa significa qualquer compartimento
habitado; aposento ocupado de habitação coletiva; ou compartimento não aberto ao público, onde
alguém exerce profissão ou atividade. O consentimento da vítima exclui o delito. É atípica a violação
de casa desabitada, mas a eventual ausência do morador não impede a configuração do delito.

5) Tipo subjetivo: dolo direto ou eventual. Não há forma culposa.

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6) Consumação e tentativa: na modalidade entrar, quando o agente transpõe os limites que separam
a casa ou suas dependências do mundo exterior (delito instantâneo). Na modalidade permanecer, há
uma omissão quando insiste em continuar no local por tempo juridicamente relevante (crime
permanente).
Admite-se tentativa na primeira modalidade.

7) Formas qualificadas:
a) se o crime for praticado durante a noite; em local ermo; ou com o emprego de arma ou violência.
b) se for praticada por duas ou mais pessoas.
c) se o agente for funcionário público fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades
estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
Invasão de dispositivo informático
1) Bem jurídico: a liberdade individual e o direito à intimidade, visto que protege a inviolabilidade dos
dados e das informações existentes nos dispositivos informáticos.

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2) Sujeito ativo: qualquer pessoa.

3) Sujeito passivo: o proprietário do dispositivo informático invadido, seja ele pessoa física ou jurídica,
ou qualquer outra pessoa que tenha dados ou informações arquivadas no dispositivo.

4) Tipo objetivo: invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores,
mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir
dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. Dispositivo informático seria todo aparelho capaz de
receber dados, tratá-los e transmitir os resultados. São exemplos os computadores, smartphones,
tablets etc. O dispositivo pode estar ou não conectado à rede de computadores. Deve haver também a
violação indevida de mecanismo de segurança, que são meios para garantir que somente
determinadas pessoas tenham acesso ao dispositivo. Seriam senhas e login, por exemplo.

5) Tipo subjetivo: dolo com o especial fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem
autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
vantagem ilícita.

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Crimes contra a liberdade individual

6) Consumação e tentativa: consuma-se com a invasão o dispositivo informático alheio, conectado


ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o
fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do
titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. Admite-se a tentativa.

7) Modalidade equiparada: incorre na mesma pena quem produz, oferece, distribui, vende ou
difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta
definida no caput.

8) Majoração de pena:
a) se da invasão resulta prejuízo econômico;
b) se o crime for praticado contra: presidente da República, governadores e prefeitos; presidente do
Supremo Tribunal Federal; presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia
Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou dirigente
máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.

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Crimes contra a liberdade individual

9) Qualificadora: se a invasão resultar na obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas


privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o
controle remoto não autorizado do dispositivo invadido. A pena pode ainda ser aumentada de um
a dois terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título,
dos dados ou informações obtidos.

10) Ação penal: pública condicionada à representação, salvo se o crime for cometido contra a
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos.

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Assuntos DA
CONTEÚDO da PRÓXIMA
próxima aula:
AULA:

Crimes contra o patrimônio

Furto

Furto mediante arrebatamento e furto


noturno

Furto privilegiado e furto qualificado

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