You are on page 1of 42

{

 Detalhes da disciplina

 A antropologia cultural busca estudar o homem e as


sociedades humanas, em busca do conhecimento de sua
história, crenças, filosofia, linguagem, características
psicológicas, valores éticos, religiosidade, etc.

 Objetivos do Curso

 Compreender o estudo da antropologia cultural,


conhecendo as diversas teorias e pensadores sociais que
abordaram o homem no contexto social do seu povo, da sua
cultura e da sua religião como objeto central de estudo.
Conteúdo Programático

• Introdução aos estudos antropológicos


• Principais acepções do termo cultura
Possivelmente, a sua primeira pergunta ao
está matriculada no curso, caso você tenha
feito alguma outra, foi mais ou menos
assim: por que o futuro profissional da área
de Pedagogia deve conhecer, ainda que em
rápidas pinceladas, a trajetória de uma
disciplina chamada Antropologia? E mais,
por que estudar uma de suas subdivisões
conhecida como Antropologia cultural? por
que devemos estudá-la num curso de
Pedagogia?
Não há aqui a pretensão de identificar o que é ou não é
cultural. Oportuno seria desnaturalizar e investigar a
história de hábitos, práticas e costumes. Por que somos
religiosos? Por que estudamos? Por que nos casamos? Por
que, mesmo livres, não podemos fazer o que queremos?
Por que somos capazes de amar ou odiar épocas em que
não vivemos, lugares onde nunca fomos e pessoas que
não conhecemos? Nada é natural. Nada sempre foi assim.
Todas as crenças, todos os costumes, todos os hábitos,
todas as preferências e todas as práticas têm uma história.
Estão inseridos em práticas culturais historiáveis. Aí está
uma primeira resposta à nossa indagação central. De
maneira geral, muitos historiadores e antropólogos
partilham hoje dessa mesma opção interpretativa —
historiar, compreender e interpretar múltiplas
possibilidades coexistentes de práticas culturais.
O olhar antropológico
O que estudam os antropólogos?

A questão central que nos interessa abordar aqui não é


apenas a de um equívoco passado adiante pelo senso
comum a respeito do que a Antropologia é ou acerca do que
os antropólogos fazem, trata-se de, a partir desses e de
outros exemplos, compreender que a Antropologia, como
área do conhecimento, não sobreviveria se definida pelo seu
primeiro objeto de estudo — o selvagem, o primitivo, o não
civilizado.
Pois, no longo e dramático processo histórico que conduziu
ao domínio das sociedade tecnológica—baseada no fluxo
rápido de informações e pessoas, sedenta por trabalhadores
baratos e especializados, bem como pela expansão constante
dos mercados consumidores —, houve uma generalização
do processo de exploração da maior parte das regiões do
globo, como nunca antes visto.
É precisamente esse ponto de vista da totalidade, e o
fato de que o antropólogo procura compreender, como
diz Lévi-Strauss, aquilo que os homens 'não pensam
habitualmente em fixar na pedra e no papel' (nossos
gestos, nossas trocas simbólicas, os menores detalhes
dos nossos comportamentos), que faz dessa
abordagem um tratamento fundamentalmente
diferente dos utilizados setorialmente pelos geógrafos,
economistas, juristas, sociólogos, psicólogos [...] A
antropologia não é apenas o estudo de tudo que
compõe uma sociedade. Ela é o estudo de todas as
sociedades humanas (a nossa inclusive), ou seja, das
culturas da humanidade como um todo em suas
diversidades históricas e geográficas (LAPLANTINE,
2006, p. 20).
Algumas atividades são mais conhecidas, tais como a observação, o
registro e a interpretação de rituais e episódios cotidianos da vida de
diferentes grupos de indivíduos. Não raro, antropólogos figuram em
filmes, documentários e programas de TV realizando o que ficou
conhecido como atividade de campo: entrevistando moradores,
observando e anotando à distância, ou ainda, experimentando
momentos de profunda imersão nas práticas e costumes dos grupos
estudados. Eles podem ser flagrados misturados aos militares de um
quartel, junto aos fiéis das mais variadas religiões, seitas e crenças—
em alguns casos até convertendo-se —, pintados tomando parte nos
rituais de uma etnia indígena, morando em barracas com
comunidades de ciganos, convivendo com os sem-teto em prédios
abandonados, com os sem-terra em assentamentos e áreas ocupadas,
com descendentes de escravos africanos em uma comunidade
remanescente de quilombo, com seringueiros na Amazônia,
trabalhando com garis nas ruas, juntando recicláveis com os
catadores de uma cooperativa e assim por diante
Outras atividades desempenhadas pelos antropólogos,
menos divulgadas pelos meios de comunicação de massa,
estão fortemente ligadas à interdisciplinaridade, ou seja,
encontram-se associadas aos trabalhos realizados em
conjunto com profissionais — ou a partir dos métodos — de
outras disciplinas. Os antropólogos participam de
escavações arqueológicas, trabalham na interpretação dos
significados simbólicos conferidos por povos ancestrais a
determinados artefatos, tais como vasos utilizados como
urnas funerárias, estátuas cultuadas como deuses, entalhes
em rochas que serviam para medir o tempo, dentre muitos
outros. Empreendem medições de fósseis, realizam o
mapeamento das plantas (utilizadas como alimentos e
medicamentos por determinados povos) existentes em uma
dada região
No âmbito das inúmeras tendências existentes no
interior da Antropologia empírica, é possível estabelecer
dois grupos principais: Antropologia física e
Antropologia cultural. A partir de dualidades típicas —
e hoje muito criticadas — do pensamento ocidental
moderno tais como natureza/cultura,
biologia/sociedade, Barrio aponta uma dupla dimensão
do ser humano como ponto de partida da definição do
objeto de estudo das principais subdivisões da
Antropologia empírica, quais sejam: a Antropologia
física, que analisa o homem sob o ponto de vista
natural, de ser corpóreo e biológico; a Antropologia
cultural, que aborda o homem a partir de sua forma de
explicar o mundo, a partir de uma concepção cultural,
de ser civilizado e simbólico.
Antropologia física ou biológica concentra seus experimentos e análises
no processo de evolução biológica dos animais, incluindo nele o homem
como objeto de estudo. O homem é visto como um organismo vivo, tal
como os de mais seres vivos que integram a natureza. Em geral, esses
estudioso ocupam-se da investigação:

[...] da origem e evolução do homem (processo de hominização) e das


diferenças físicas que se dão entre os seres humanos, da variação genética e
das adaptações fisiológicas do homem frente aos diversos ambientes. Para
isso, conta comum a série de estudos e de áreas de especialização:
primatologia (estudo dos primatas, grupo animal próximo ao homem),
paleoantropolgia (estudo da evolução humana através dos fósseis),
antropormofologia (anatomia comparada de diversos tipos e raças
humanas), genética antropológica, ecologia humana [dentre outros]. A
atividade concreta destes cientistas costuma consistir em trabalhos
próximos da arqueologia, recolhimento de fósseis, antropometria (medição
de partes corporais humanas, especialmente, o crânio – craniometria) e,
ultimamente, análises mais sofisticadas relativas às características
serológicas [relativas ao estudo dos anticorpos presente no soro sanguíneo],
genéticas ou fisiológicas e sua relação com o ambiente (BARRIO, 2005, p.
20).
A Antropologia cultural parte do pressuposto de que as
características humanas são adquiridas historicamente. Elas
não são inatas. Não nascemos necessariamente
predestinados a sermos mais ou menos inteligentes porque
nossa caixa craniana é maior ou menor. Não somos mais ou
menos propensos à atividade intelectual porque nascemos
em terras mais frias ou mais quentes, ou porque a cor da
nossa pele é mais clara ou mais escura. Não somos mais
alegres ou tristes por descendermos de suíços ou italianos.
Ter como pai Albert Einstein (1879-1955) não garante ao
filho ser um físico brilhante. Uma mãe tuaregue que dá a
luz a um bebê no meio do Saara, no norte da África, não
lega ao seu filho, no momento do nascimento, a capacidade
de sobreviver no deserto
1 Introdução aos estudos antropológicos

1.1 Delimitações da Antropologia Cultural

A palavra Antropologia deriva do grego άνθρωπος – anthropos,


(homem / pessoa) e λόγος (logos – razão / pensamento). A
Antropologia analisa as características biológicas, culturais e sociais
dos seres humanos. Por ser um estudo muito complexo iremos
privilegiar, nesse curso, o aspecto cultural. A Antropologia Cultural é o
estudo do comportamento do ser humano, das crenças religiosas e
dos sistemas simbólicos.
Podemos definir a Antropologia Cultural como uma
possibilidade de compreendermos quem somos por
intermédio da observação atenta do comportamento do outro.
O outro deixa de ser visto como um indivíduo
ameaçador/estapafúrdio que não tem nada para acrescentar,
ou seja, o “alien”. Esse olhar diferenciado possibilita uma
mudança muito relevante, posto que o outro passa a ser visto
como alguém que possui hábitos, costumes e valores
diferentes que os nossos e justamente por este motivo pode
ensinar muitas coisas para nós, assim sendo, o outro é o
“Alter” (diferente) e não o “alien” (estranho).
A Antropologia Cultural analisa a essência humana
e o que determinados grupos sociais criam
historicamente. Entendemos que o homem é onto-
societário, ou seja, ele é um ser social, portanto, ele
aprende sempre com outros indivíduos. Assim, o
ser humano ao utilizar suas inúmeras habilidades e
competências perscruta a sua realidade e tenta
explicar a mesma.
Quando descobrimos que somos essencialmente
coletivos, percebemos que o individualismo
exacerbado que existe atualmente em nossa
sociedade foi algo historicamente construído, ou
seja, o ser humano não possui uma essência
solitária, mas ele precisa do outro para poder
sobreviver.
Entretanto se não fôssemos inseridos em nenhum
grupo social desde o nosso nascimento poderíamos
aprender a falar, andar e gesticular?

Será que existe a possibilidade de iniciarmos o


processo de humanização de uma forma isolada de
um grupo social?
Trabalho: atividade humana
O que distingue os homens dos animais é a nossa capacidade de

pensar e utilizar a nossa inteligência para sanar as nossas

vicissitudes por meio do trabalho. O conceito trabalho é, na maioria

das vezes, entendido como algo penoso que fazemos para ganhar um

salário no fim do mês e assim continuarmos sobrevivendo. No

entanto, essa conceituação (criada pelos economistas do século XIX)

não explica a complexidade desse conceito. Trabalho é toda ação

humana sensível com valor de uso, ou seja, todo ser humano trabalha

quando desempenha qualquer ação que acontece na realidade

(escola, casa, igreja) com uma finalidade.


O lazer é considerado um trabalho, pois, quando alguém vai ao
parque já está realizando uma atividade que tem um objetivo
que pode ser diversão, entretenimento ou descanso. Assim
sendo, a capacidade que o homem tem de raciocinar está
intrinsecamente ligada à capacidade que ele tem de trabalhar
e são essas potencialidades humanas que nos diferenciam dos
outros animais. O ser humano sempre trabalhou, ou seja,
transformou a natureza para atender as suas necessidades.
Por intermédio da sua inteligência e da capacidade que tem
para criar, a espécie humana evoluiu e continuará evoluindo.
Em busca de uma definição para o termo
CULTURA

O que é cultura?

Será que todos possuem cultura?

Você tem cultura?


O primeiro intelectual a formular um conceito de
cultura foi Edward B. Tylor (1871) em sua obra Cultura
Primitiva. Para Tylor o conceito cultura engloba todas
as coisas e acontecimentos relativos ao homem. Já
para Ralph Linton (1936), a cultura “consiste na soma
total de ideias, reações emocionais condicionadas a
padrões de comportamento habitual que seus
membros adquiriram por meio da instrução ou
imitação e de que todos, em maior ou menor grau,
participam” (LINTON, 1965, p. 17-20)
Franz Boas (1938) entende cultura como “a
totalidade das reações e atividades mentais e físicas
que caracterizam o comportamento dos indivíduos
que compõem um grupo social [...]” (BOAS,1964, p.
166) Malinowski (1944) define cultura como “o todo
global consistente de implementos e bens de
consumo, de cartas constitucionais para os vários
agrupamentos sociais, de ideias e ofícios humanos,
de crenças e costumes.” ( MALINOWSKI, 1962, p.
43)
O elemento fundamental das preocupações com cultura foi a
constatação da variedade de modos de vida entre povos e
nações. No final do século XV e início do XVI os europeus
começaram a buscar novos mercados, ou seja, lugares onde
pudessem explorar as riquezas naturais e levá-las consigo. Os
portugueses conquistaram o Brasil e tiverem contato com os
nativos e a mesma coisa aconteceu com os espanhóis quando
conquistaram outras áreas da América. Os povos encontrados
pelos europeus tinham hábitos, costumes e valores muito
diferentes dos que eram aceitos na Europa, então era
necessário conhecer as especificidades dessas culturas para
explorar os nativos com mais facilidade.
Embora existam várias definições para o termo
cultura, duas concepções são mais discutidas e
aceitas:

 cultura são todos os aspectos de uma realidade


social;
 cultura é o conhecimento, ideias e crenças de um
povo.
Cultura, portanto, será entendida por nós como a variedade
de modos de vida, crenças, hábitos, valores e práticas de
diversos povos. Assim, o termo cultura também pode ser
entendido como modo de produção já que ambos significam
o jeito de ser de uma determinada sociedade e o que ela
produz. Aprendemos que o ser humano é coletivo e que
necessita do grupo para dar início ao seu processo de
humanização e que, por meio do trabalho e da sua
capacidade de pensar modifica a natureza para sanar as
suas necessidades.
Além disso, cria códigos de comunicação que são utilizados
pelo grupo ao qual pertence. A história nos mostra inúmeras
culturas, ou seja, modos de vida. Ao analisarmos, por
exemplo, os rituais dos maias, civilização mesoamericana
pré-colombiana com uma existência de 3 000 anos,
podemos perceber que essa civilização realizava alguns
rituais, entre eles o sacrifício humano. Os espanhóis
criticaram a crença dos maias com base na doutrina da
Igreja Cristã e disseram que tinham por missão ensinar a
religião “certa” para os “primitivos”. Para os espanhóis,
esses rituais eram selvagens e demoníacos:
[...] Colombo age como se entre as duas ações se
estabelecesse um certo equilíbrio: os espanhóis dão a
religião e tomam o ouro. Porém além de a troca ser bastante
assimétrica, e não necessariamente interessante para a
outra parte, as implicações desses dois atos se opõem.
Propagar a religião significa que os índios são considerados
como iguais (diante de Deus). E se eles não quiserem
entregar suas riquezas? Então será preciso subjugá-los,
militar e politicamente, para poder tomá-las à força; em
outras palavras, colocá-los, agora do ponto de vista
humano, numa posição de desigualdade (de inferioridade).
(TODOROV, 1999, p. 53)
Principais acepções do
termo Cultura
A cultura, portanto, pode ser analisada, ao mesmo tempo,
sob vários enfoques: ideias (conhecimento e filosofia);
crenças (religião e superstição); valores (ideologia e moral);
normas (costumes e leis); atitudes (preconceito e respeito
ao próximo); padrões de conduta (monogamia, tabu);
abstração do comportamento (símbolos e compromissos);
instituições (família e sistemas econômicos); técnicas (artes
e habilidades) e artefatos (machado de pedra, telefone).
(MARCONI; PRESSOTO, 1989, p. 44)
A cultura, portanto, pode ser analisada, ao mesmo tempo,
sob vários enfoques: ideias (conhecimento e filosofia);
crenças (religião e superstição); valores (ideologia e moral);
normas (costumes e leis); atitudes (preconceito e respeito
ao próximo); padrões de conduta (monogamia, tabu);
abstração do comportamento (símbolos e compromissos);
instituições (família e sistemas econômicos); técnicas (artes
e habilidades) e artefatos (machado de pedra, telefone).
(MARCONI; PRESSOTO, 1989, p. 44)
 Cultura material São coisas materiais, concretas, que foram
criadas pelo ser humano com uma finalidade. São, por exemplo,
vestuários, arco e flechas, vasos, talheres, alimentos, habitações
etc.
 Cultura imaterial São elementos não concretos da cultura como
valores, hábitos, crenças, potencialidades, normas, valores,
significados etc.
 Cultura real (ação e pensamento) A cultura real só pode ser
percebida parcialmente, posto que ela representa aquilo que
todos os membros de uma sociedade praticam ou pensam nas
suas tarefas cotidianas. A cultura real é subjetiva, por este
motivo, os estudiosos da cultura não podem ter uma única
visão da realidade, pois a mesma é apresentada de diversas
maneiras de acordo com o ponto de vista de cada indivíduo.
 Cultura ideal (filosofia correta em termos teóricos)
Representa um conjunto de comportamentos que são
propagados como corretos, perfeitos, no entanto, na prática não
são seguidos por todos os membros de um grupo social.
 Endoculturação É a aprendizagem e estabilidade de uma
cultura, ou seja, cada indivíduo recebe as crenças, os
modos de vida da sociedade a que pertence, o
comportamento, hábitos e valores. A sociedade controla os
atos, comportamentos e atitudes de seus membros.
 Aculturação É a fusão duas culturas diferentes, ou seja,

dois grupos que entraram em contato. Esse contato,


quando contínuo, engendra alterações nos padrões de
cultura de ambos os grupos. Paulatinamente, essas culturas
fundem-se e formam uma sociedade e cultura nova.
 Subcultura É um meio peculiar de vida de um grupo menor

dentro de uma sociedade maior. Exemplo: a cultura do


Nordeste brasileiro; a cultura do vodu na Jamaica;
skinheads; punks etc.
 Sincretismo cultural É a fusão de dois elementos culturais
análogos (práticas e crenças), de culturas diferentes ou não.
Exemplo: a cultura africana que entra em contato com a cultura
cristã.
 Raça A palavra raça foi introduzida há aproximadamente
200 anos nos estudos científicos. No entanto, pouco se
sabe sobre a sua origem. Etimologicamente a palavra raça
viria de “radix”, palavra latina que quer dizer raiz ou tronco.
Em vários estudos a palavra raça tem sido empregada para
fazer referência a indivíduos que são identificados como
pertencentes a um determinado grupo. Assim sendo, são
indivíduos que pertencem a uma mesma linhagem
ancestral e possuem os mesmos hábitos, ideais, crenças,
costumes e tradições. A palavra raça, entretanto, tem uma
conotação muito mais ampla. Cientificamente ela significa o
que é único biologicamente. Assim, não existem
subdivisões raciais quando falamos em seres humanos,
pois, neste caso, só existe uma raça que nos distingue dos
outros animais, ou seja, a raça humana.
O etnocentrismo denota a maneira pela qual um grupo,
identificado por sua particularidade cultural, constrói uma
imagem do universo que favorece a si mesmo. Compõe-se
de uma valorização positiva do próprio grupo, e um
referência aos grupos exteriores marcada pela aplicação de
normas do seu próprio grupo, ignorando, portanto, a
possibilidade de o outro ser diferente. Sendo baseado numa
preferência que não encontra uma validade racional, o
etnocentrismo é encontrado, em diferentes graus, em todas
as culturas humanas. Mas não é só o fato de preferir a
própria cultura que constitui o que se convencionou chamar
de etnocentrismo, e sim o preconceito acrítico em favor do
próprio grupo e uma visão distorcida e preconceituosa em
relação aos demais. O etnocentrismo é um fenômeno sutil,
que se manifesta através de omissões, seleção de
acontecimentos importantes, enunciado de um sistema de
valores particular, etc.
 Relativismo cultural Mostra as particularidades de cada modo de
vida. Os indivíduos possuem modos de vida específicos adquiridos
pela endoculturação. Assim, possuem suas próprias ideologias e
costumes: Toda a cultura é considerada como configuração
saudável para os indivíduos que a praticam. Todos os povos
formulam juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus.
Por isso, o relativismo cultural não concorda com a ideia de normas
e valores absolutos e defende o pressuposto de que as avaliações
devem ser sempre relativas à própria cultura onde surgem.
(MARCONI; PRESSOTO, 1989, p. 51) Exemplo: a figa é utilizada
por algumas pessoas como um amuleto da sorte. No entanto, para
os antigos romanos ela significava uma relação sexual.
 Etnocentrismo É a supervalorização da própria cultura em
detrimento das demais. O etnocentrismo gerou e ainda gera muita
intolerância, preconceito e discriminação. Quando julgamos a
cultura do outro, entendemos que a nossa cultura é a única correta
e que o outro precisa modificar-se e seguir os nossos “ideais
perfeitos”. O nazismo é um exemplo de etnocentrismo, posto que
os alemães supervalorizaram a sua cultura e afirmavam pertencer
a uma “raça pura”, assim, praticaram atrocidades contra todos
aqueles que não pertenciam ao mesmo modelo de perfeição que
eles. Inúmeros judeus foram assassinados em campos de
concentração durante a Segunda Guerra Mundial, vítimas dessa
intolerância.

You might also like