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Síndrome de Munchausen
Manuela Felisbino Costa; Morgana Velho Sartor;
Rafael de Souza Gabriel
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•Foi descrita pela primeira vez pelo médico inglês


Richard Asher em 1951.

•É um transtorno factício em que o paciente se mostra


aguda e dramaticamente doente, com a habilidade
de mimetizar sinais e sintomas de forma a necessitar
de internações prolongadas, procedimentos de
diagnósticos invasivos, longo tempo de terapia com as
mais variadas classes de drogas e cirurgias.

MENEZES A.P.T et al., 2002


Critérios Diagnósticos
Transtorno Factício Autoimposto
A. Falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou
indução de lesão ou doença, associada a fraude identificada.
B. O indivíduo se apresenta a outros como doente, incapacitado
ou lesionado.
C. O comportamento fraudulento é evidente mesmo na
ausência de recompensas externas óbvias.
D. O comportamento não é mais bem explicado por outro
transtorno mental, como transtorno delirante ou outra condição
psicótica.
Especificar.
Episódio único
Episódios recorrentes (dois ou mais eventos de falsificação de
doença e/ou indução de lesão)
DSM V
Critérios Diagnósticos
Transtorno Factício Imposto a Outro
(Antes Transtorno Factício por Procuração)
A. Falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou
indução de lesão ou doença em outro, associada a fraude
identificada.
B. O indivíduo apresenta outro (vítima) a terceiros como doente,
incapacitado ou lesionado.
C. O comportamento fraudulento é evidente até mesmo na
ausência de recompensas externas óbvias.
D. O comportamento não é mais bem explicado por outro
transtorno mental, como transtorno delirante ou outro transtorno
psicótico.
Nota: O agente, não a vítima, recebe esse diagnóstico.
Especificar:
Episódio único
Episódio recorrentes ( dois ou mais eventos de falsificação de
doença e/ou indução de lesão)
DSM V
Diagnóstico Diferencial
 Transtorno de sintomas somáticos, pode haver busca excessiva por
atenção e tratamento em função de preocupações médicas
percebidas.

 Simulação é diferenciada de transtorno factício pelo relato


intencional de sintomas para ganho pessoal (p. ex., dinheiro, licença
do trabalho).

 Transtorno conversivo (transtorno de sintomas neurológicos


funcionais). O transtorno conversivo é caracterizado por sintomas
neurológicos incompatíveis com a fisiopatologia neurológica. O
transtorno factício com sintomas neurológicos é distinguido do
transtorno conversivo por evidência de falsificação fraudulenta dos
sintomas. DSM V
Diagnóstico Diferencial

 Transtorno da personalidade borderline. A automutilação


deliberada na ausência de intenção suicida também pode
ocorrer em outros transtornos mentais, como no transtorno da
personalidade borderline.

 Condição médica ou transtorno mental não associados a


falsificação intencional de sintomas. A apresentação de sinais e
sintomas de doença sem conformidade com uma condição
médica ou um transtorno mental identificável aumenta a
probabilidade da presença de um transtorno factício.

DSM V
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Teorias 8

 Pankratz & Lezak, descreve uma disfunção no hemisfério direito


em pacientes com Munchausen;

 King & Ford, relata anormalidades no sistema nervoso central em


40% dos 72 pacientes estudados.

 Evans et al, fala de alteração no sistema hipotalâmico-pituitário-


adrenal.

 História de trauma psicológico pode existir, como privações na


infância, abuso infantil, rejeição dos pais ou de outros familiares,
abandono em instituições e presença de fatores ambientais
estressantes.

 O tratamento se baseia principalmente em psicoterapia


individual ou de grupo e em medidas de suporte físico,
psicológico e social. O uso de medicações, como
antidepressivos, pode ser necessário.
MENEZES A.P.T et al., 2002
Caso 9

Paciente do sexo feminino com 26 anos, solteira que trabalha


como agente de saúde. Cinco dias anteriores à admissão, a paciente
passou a apresentar artralgia em cotovelos, punhos, interfalangeanas,
joelhos e tornozelos e, um dia antes, notou aparecimento de artrite nessas
articulações. Além disso, apresentou febre alta (40ºC). Não relatou uso de
medicações para tratar as artralgias.
Na infância apresentou febre reumática. Disse ser hipertensa e
sentir uma dor precordial com queimação esporádica relacionada a
esforço físico. Estava usando hidroclorotiazida e propranolol e era
acompanhada regularmente no serviço de cardiologia desse hospital.
Foi internanda por pielonefrite em 1998. Foi adotada, tendo sua mãe
falecido havia cerca de dois anos. Desde então, assumiu todas tarefas
domésticas, a responsabilidade pelos irmãos, tornando os atritos com o
pai bastante frequentes. Passou a apresentar labilidade emocional e
tristeza intensa. Diagnosticada com depressão - uso de amitriptilina.

MENEZES A.P.T et al., 2002


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 Exame da paciente

 Encontrava-se com estado geral bom, normotensa,


presença de edema em tornozelo, calor, rubor e
edema no joelho esquerdo com enfisema
subcutâneo. Sempre quando falava da mãe ou da
própria vida, apresentava crises de choro.

 A paciente fez tratamento como medicamentos para


conter a infecção.
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 Apesar de a principal hipótese diagnóstica ser infecção


anaeróbia, a paciente em nenhum momento
apresentou torpor, toxemia ou qualquer outro sinal de
infecção sistêmica.

 O quadro de artrite e enfisema subcutâneo era


migratório, principalmente de grandes articulações e
partes moles, com predomínio do lado esquerdo, em
que algumas vezes se flagrava o local da punção para a
injeção do ar.

MENEZES A.P.T et al., 2002


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 A confirmação da síndrome veio com a localização de


locais de punção no joelho e mão esquerda (feitos pela
injeção de ar com uma seringa descartável), das
medicações prescritas durante um mês no hospital nos seus
objetos pessoais e das seringas descartáveis em locais
pouco comuns.

Hipótese - a morte da mãe, o convívio com o pai agressivo,


a responsabilidade com as tarefas domésticas e com os
irmãos possam ter motivado a paciente a produzir o
transtorno factício, levando ao diagnóstico de SM.

A paciente passou por psicoterapia e recebeu alta não


apresentando novos episódios.

MENEZES A.P.T et al., 2002


Síndrome de Munchausen
por procuração- relato de
dois casos
Joelza M.A. Pires
Lucas Dalle Molle
Ano: 1999
Disponível em:http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-04-281/port.pdf
SÍNDROME DE MUNCHAUSEN POR
PROCURAÇÃO

 A Síndrome de Munchausen por procuração(SMPP) é uma


forma de abuso na infância, recentemente relatada na
literatura médica e definida inicialmente como uma desordem
psiquiátrica. A doença é usualmente fabricada pela mãe, mas
ocasionalmente com a participação simbiótica do filho.

 Foi descrita pela primeira vez em 1977 por Roy Meadow. Nesta
síndrome, o perpetrador assume a doença indiretamente (por
procuração), exacerbando, falsificando ou produzindo histórias
clínicas, evidencias laboratoriais, causando lesões físicas e
induzindo a hospitalizações com procedimentos terapêuticos e
diagnósticos desnecessários.
SINTOMAS INDUZIDOS E/OU
SIMULADOS

 Há uma grande variedade de sintomas, com seus


respectivos métodos de indução e/ou simulação,
descritos na literatura:

 Apnéia (sufocação)
 vômitos intratáveis (intoxicação ou falso relato),
 febre (falsificação da temperatura ou da curva térmica)
 crises convulsivas (intoxicações, falso relato, sufocação),
 diarreia ( intoxicação por laxativos), entre outros.
CASO
 Paciente W., 5 anos, masculino, com tempo de permanência no hospital
de 45 dias, com queixa principal de ter apresentado convulsão. A mãe
relata que o paciente apresentou a 1ª crise convulsiva logo após o parto,
ficando internado na UTI nos primeiros 3 meses de vida, alegando
cardiopatia tratada com fármacos até 1 ano de idade. Aos 2 anos de
idade relata outra crise convulsiva.
 Uso de medicação anticonvulsivante por 1 ano, suspensa há 6 meses da
internação atual.
 Quando reiniciaram as crises, as mesmas nunca foram vistas pela equipe
médica, pois o paciente chegava ao hospital sempre em estado pós-
convulsivo, , dormia por vários dias, chamando atenção a tranquilidade
materna.
 Nas internações, a dosagem sérica do fenobarbital era sempre
analisada, e inicialmente encontramos valores acima de 130g/ml. A dose
foi reajustada, e ainda assim a criança retornava ao hospital com
frequência e, finalmente, quando a dose foi maior que 150g/ml,
levantamos a hipótese de que a mãe estivesse administrando mais do
que deveria.
 O fato foi relatado ao Comitê dos Direitos da Criança do serviço e então
iniciada uma pesquisa mais detalhada das internações anteriores. Nessa
revisão encontramos um diagnóstico a mãe prévio, de Síndrome de
Munchausen por procuração já feito há 6 meses.
 Após exaustivas avaliações sociais, psiquiátricas e
psicológicas, a mãe relatou sua compulsão por medicar seus
filhos, visando ao bem-estar dos mesmos, e também a
tentativa de reaproximação com seu ex-marido.
 Tem 4 filhos, o pai relata que os outros três faziam uso de
Muricalm, para tratamento de agitação excessiva.

 Avós referem que a mãe do paciente teve problemas


emocionais quando criança, e frequentou escola especial
pois tinha dificuldades de aprendizado. Perdeu a mãe aos 6
anos e foi viver com tia e avó, onde mora com seus filhos até
o momento atual. A criança não teve mais crises e parou
com a medicação e teve acompanhamento psicológico. A
mãe encaminhada para tratamento psiquiátrico.
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Referências

 ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Transtorno


Factício Autoimposto . In: Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais. 5 ed. 2013.

 MENEZES A.P.T et al. Síndrome de Munchausen: relato


de caso e revisão da Literatura. Rev Bras Psiquiatr
2002;24(2):83-5.

 PIRES, J.M.A. MOLLE, L. D. Síndrome de Münchausen por


procuração: relato de dois casos. Jornal de Pediatria -
Vol. 75, Nº4, 1999

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