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Lógica Proposicional

Clássica
Lógica proposicional

▪ A lógica proposicional remonta aos estóicos [Grécia].

▪ Mas é com Frege e Russell que se desenvolve.

G. Frege

Ao contrário [p.e.] da Lógica Aristotélica, recorre a


conectivas proposicionais.

B. Russell

2
Formas proposicionais

Linguagem natural Dicionário


Fifa 50 é um jogo fantástico e a internet é útil. P – Fifa 250 é um jogo fantástico.
Logo, Fifa 50 é um jogo fantástico e a internet é útil. Q – A internet é útil

P e Q.
P Q
Logo, P e Q.

Representam lugares vazios que só


Variáveis proposicionais
podem ser ocupados por proposições.
3
Dicionário
[P1] Lisboa é feita de maionese ou Coimbra é uma cidade. P – Lisboa é feita de maionese.
[C] Logo, Lisboa é feita de maionese. Q – Coimbra é uma cidade.

O argumento é inválido.
[P1] P ou Q.
A premissa é V.
[C] Logo, P. A conclusão é F.

É uma conectiva [operador] proposicional.


É uma expressão que se pode acrescentar a uma O Asdrúbal tem olhos verdes.

proposição, formando novas proposições. O Asdrúbal tem olhos azuis.

O Asdrúbal tem olhos verdes ou o Asdrúbal tem olhos azuis.


4
[P1] Se o conhecimento é sensação, então os
Dicionário
ratos têm conhecimento.
P – O conhecimento é sensação.
[P2] Mas os ratos não têm conhecimento.
Q – Os ratos têm conhecimento.
[C] Logo, o conhecimento não é sensação.

L
F
Ó [P1] Se P, então Q.
O
G
R Conectiva proposicional
I [P2] Não-Q. Se… então
M
C [C] Logo, não-P.
A
A

[P1] Se a vida tem sentido, então Deus existe. Dicionário


[P2] Mas Deus não existe.
P – A vida tem sentido.
[C] Logo, a vida não tem sentido. Q – Deus existe.

5
Conectivas verofuncionais

1. Ou o Asdrúbal está na praia ou no cinema. 2. O Asdrúbal está na praia e no cinema.

▪ A conectiva proposicional [ou e e] é verofuncional.


Se ligarmos duas proposições [P e Q] com «ou»,
sabemos o valor de verdade de P ou Q, desde que
saibamos o valor de verdade de P e Q.

Se soubermos que o Asdrúbal não está na


praia [não-P], sabemos que 1 é V e que 2 é F.

6
Nem todas as conectivas são verofuncionais.

A Zibelina pensa que o Asdrúbal está no cinema.

O valor de verdade é insuficiente para


determinar o valor de verdade da proposição.
Conectiva [operador] verofuncional
Quando o valor de verdade da proposição com a conectiva é inteiramente
determinado pelo valor de verdade da proposição sem a conectiva.

A lógica proposicional lida apenas com conectivas verofuncionais.


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Exercício
Apresenta a forma lógica dos seguintes argumentos:

Deus existe, uma vez que ou Ele existe ou a Bíblia está errada e sabemos que está correta.

Dicionário Ou P ou Q.
P – Deus existe. Não Q.
Q – A Bíblia está errada. Logo, P.

Se a virtude é o centro da ética, então Aristóteles está correto.


Mas a virtude não é o centro da ética, pelo que ele se enganou.

Dicionário Se P, então Q.
P – A virtude é o centro da ética. Não P.
Q – Aristóteles está correto. Logo, não Q.

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Conectivas proposicionais verofuncionais

 Âmbito da conectiva é a parte da fórmula proposicional a que a conectiva se aplica.

 Conectiva com maior âmbito é a conectiva que se aplica e abrange toda a fórmula lógica.
9
Negação
Formalização ~ [~P]
Expressão canónica Inverte o valor de verdade
“O conhecimento não é sensação”
Expressões alternativas de uma proposição.
“Não é verdade que o conhecimento seja sensação.”
“É falso que o conhecimento seja sensação.”

Chama-se negação a qualquer proposição da forma não P.

Dicionário:
O Asdrúbal não é inteligente. P – O Asdrúbal é inteligente. Não P ~P

A negação é a única conectiva unária (os restantes são binários).


Só se aplica a uma proposição.

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Conjunção
Proposição formada por Formalização ^ [P ^ Q]
Expressão canónica “A vida tem sentido e Deus existe.”
proposições elementares
colocadas antes e depois de Expressões alternativas “A vida tem sentido, mas Deus também existe.”

um e. “A vida tem tanto sentido como Deus existe.”


“Embora a vida tenha sentido, Deus existe.”

Chama-se conjunção a uma proposição da forma P e Q [e conjuntas às proposições P e Q].

Dicionário:
O Asdrúbal é inteligente e simpático. P – O Asdrúbal é inteligente. PeQ P^Q
Q – O Asdrúbal é simpático.

11
Disjunção [inclusiva]
Formalização V [P V Q]
É inclusiva quando
Expressão canónica “O José ganhou o Euromilhões ou a Vera ganhou o Euromilhões.”
pode acontecer que
Expressões alternativas “O José ou a Vera ganharam o Euromihões”.
as disjuntas sejam
“O José ganhou o Euromilhões a menos que a Vera o tenha ganho.”
ambas verdadeiras.
“Platão refletiu sobre ética a não ser que Aristóteles o tenha feito.”

Chama-se disjunção a uma proposição da forma P ou Q [e disjuntas às proposições P e Q].

Dicionário:
O Asdrúbal é inteligente ou P – O Asdrúbal é inteligente. P ou Q PvQ
simpático. Q – O Asdrúbal é simpático.

Para ser inclusiva, pelo menos uma das proposições

tem que ser verdadeira.


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Disjunção [exclusiva]
É exclusiva quando é Formalização V [P V Q]
impossível que as Expressão canónica “Ou Sócrates nasceu em Atenas ou nasceu em Roma.”
disjuntas sejam
Expressões alternativas “Sócrates nasceu ou em Atenas ou em Roma.”
ambas verdadeiras.

Chama-se disjunção a uma proposição da forma P ou Q [e disjuntas às proposições P e Q].

Dicionário: Ou P
O Asdrúbal ou é inteligente
P – O Asdrúbal é inteligente. PvQ
ou simpático. Q – O Asdrúbal é simpático. ou Q

Para ser exclusiva, uma das proposições tem que ser verdadeira e a

outra tem que ser falsa [não podem ambas ser verdadeiras ou falsas].
13
Condicional
Formalização [P Q]
Expressão canónica “Se há pensamento, então há matéria.”
Expressões alternativas “Se há pensamento, há matéria.”
“Há matéria somente se houver pensamento.”
“A matéria é uma condição necessária do pensamento.”
“Não há pensamento, a não ser que haja matéria.”

Chama-se condicional a uma proposição da forma Se P, então Q [P é a antecendente e Q a consequente].

Se o Asdrúbal é inteligente, Dicionário: Se P,


P – O Asdrúbal é inteligente. P Q
então é simpático. Q – O Asdrúbal é simpático. então Q

14
Bicondicional
Formalização [P Q]
Expressão canónica “Uma coisa é ouro se, e só se, tem número atómico 79 .”
Expressões alternativas “Uma coisa é ouro se, e somente se, tem número atómico 79.”
“Se uma coisa é ouro, então tem o número atómico 79 e vice-versa.”
“Uma condição necessária e suficiente para alguma coisa ser ouro é
ter o número atómico 79.”

Chama-se bicondicional a qualquer proposição da forma P se, e só se, Q.


É a conjunção de duas condicionais.

O Asdrúbal é inteligente se, Dicionário: P se, e só


P – O Asdrúbal é inteligente. P Q
e só se, é simpático. Q – O Asdrúbal é simpático. se Q

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Exercícios
Complete o quadro:

Proposição Forma lógica Designação Formalização


Sócrates não era holandês. Não-P Negação ~P
Temos livre-arbítrio e responsabilidade moral. PeQ Conjunção P ^Q
A ética é imperativa ou apenas sugestiva. P ou Q Disjunção PVQ
Se a arte é emoção, então os formalistas estão errados. Se P então Q Condicional P Q
Deus existe se e só se a vida é sagrada. P se e só se Q Bicondicional P Q
Sócrates é um filósofo se e apenas se for mortal. P se e só se Q Bicondicional P Q
A arte é a criação de um artista. P se e só se Q Bicondicional P Q
Não há pensamento, a menos que haja matéria. Se P então Q Condicional P Q
O pensamento é condição necessária da matéria. Se Q então P Condicional Q P
Não é o caso que o conhecimento seja possível. Não-P Negação ~P

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Complete o quadro: Exercícios
Proposição Dicionário Formalização
P: Platão era grego. P^Q
Tanto Platão como Aristóteles eram gregos Q: Aristóteles era grego.
P: Deus existe. PVQ
Deus existe ou a Bíblia está errada.
Q: A bíblia está errada.
Ou o Pedro está na praia ou no cinema. P: O Pedro está na praia. PvQ
Q: O Pedro está no cinema.
A arte não é imitação. P: A arte é imitação. ~P
O conhecimento e a fé são estudados pela P: O conhecimento é estudado pela Filosofia. P^Q
Filosofia. Q: A fé é estudada pela Filosofia.
O conhecimento é estudado pela Filosofia e a fé P^Q
P: O conhecimento é estudado pela Filosofia.
também. Q: A fé é estudada pela Filosofia.
Tanto o conhecimento como a fé são estudados P: O conhecimento é estudado pela Filosofia. P^Q
pela Filosofia. Q: A fé é estudada pela Filosofia.
Sócrates é um filósofo se, e só se, for mortal. P: Sócrates é um filósofo. P Q
Q: Sócrates é mortal.
Se há pensamento, há matéria. P: Há pensamento. P Q
Q: Há matéria.
Platão era grego e Kant alemão. P^Q
P: Platão era grego.
Se Platão era grego, então Kant era alemão. Q: Kant era alemão. P Q 17
Formalize as seguintes proposições: Exercícios

1. Se tudo está determinado, o livre-arbítrio é impossível. P Q


2. Quando chove, o presidente não tem medo de aranhas. P ~Q
3. Imortais é coisa que não existe. ~P
4. Ou Deus existe ou a vida não faz sentido. P V ~Q
5. O homem é um bípede sem penas. P ~Q
6. Nem o Asdrúbal nem a Zibelina têm relógios extraterrestres. ~P ^ ~Q
7. Ser um artefacto é uma condição suficiente para que algo seja uma obra de arte. P Q
8. A alternativa é ir a Luanda ou ficar em Lisboa. P V Q
9. O universo é indeterminado ou não temos livre-arbítrio. P V ~Q
18
Formalizações simples

P Q A vida tem sentido. Deus existe.

(P ^ ~Q) A vida tem sentido, mas Deus não existe.

(P v Q) Deus existe ou a vida tem sentido.

(~Q ~P) Se Deus não existe, então a vida não tem sentido.

(~Q ~P) Deus não existe se e só se a vida não tem sentido.

19
Formalização de fórmulas proposicionais
Formalizações complexas com mais de duas variáveis proposicionais.

Como formalizar esta proposição?


Dicionário
O Asdrúbal aterrorizou Lisboa e o Porto ou Guimarães. P – O Asdrúbal aterrorizou Lisboa.
Q – O Asdrúbal aterrorizou o Porto.
R – O Asdrúbal aterrorizou Guimarães.
P^QvR

Mas isto não nos permite compreender a


proposição sem ambiguidade.
Não sabemos qual é a conetiva mais forte!

20
Dicionário
O Asdrúbal aterrorizou Lisboa e o Porto ou Guimarães.
P – O Asdrúbal aterrorizou Lisboa.
Q – O Asdrúbal aterrorizou o Porto.
R – O Asdrúbal aterrorizou Guimarães.
Para superar ambiguidades, precisamos de recorrer a
parêntesis.

Permitem perceber qual a conetiva com maior âmbito.

O âmbito de uma conetiva é a parte

Opera sobre toda a fórmula. sobre a qual esta opera.

(P ^ ~ Q) A conectiva com maior âmbito é a que se

Apenas opera sobre Q. aplica a toda a proposição.


21
O Asdrúbal aterrorizou Lisboa e o Porto ou Guimarães.
Dicionário
P – O Asdrúbal aterrorizou Lisboa.
Q – O Asdrúbal aterrorizou o Porto.
R – O Asdrúbal aterrorizou Guimarães.

Será que temos:


1. O Asdrúbal aterrorizou Lisboa e o Porto, ou Guimarães? (P ^ Q) v R

2. O Asdrúbal aterrorizou Lisboa, e o Porto ou Guimarães? P ^ (Q v R)

22
Âmbito das conectivas
1. Se não é verdade que a vida tem sentido, então Deus existe.

~P Q A negação só afeta P. A condicional é a conetiva de maior


âmbito [o antecedente é falso; o consequente verdadeiro].

2. Não é verdade que se a vida tem sentido, então Deus existe

~ (P Q) A negação afeta toda a fórmula. A condicional apenas se


aplica a uma parte [neste caso, a condicional é falsa].

23
Âmbito das conectivas

1. Deus existe, e se a vida tem sentido, então há entrega ativa a projetos de valor.
Dicionário
P – Deus existe.
P ^ (Q R) A conjunção é a conectiva de maior
Q – A vida tem sentido.
âmbito. R - Há entrega ativa a
projetos de valor.

2. Se Deus existe e a vida tem sentido, então há entrega ativa a projetos de valor.
Dicionário
P – Deus existe.
(P ^ Q) R A condicional é a conectiva de
Q – A vida tem sentido.
maior âmbito. R - Há entrega ativa a
projetos de valor.

24
1. Formalize as seguintes proposições: Exercício

Sartre não era parisiense se, e apenas se, Paris fosse


~P Q
uma cidade alemã.

~P ^ ~Q Não há felicidade nem justiça.

Não é verdade que há felicidade ou justiça e alegria. ~(P v (Q ^ R)) / ~((P v Q) ^ R)

2. Qual a conetiva de maior âmbito nas seguintes formas proposicionais?

a) ~ (P ^ Q) Negação e) P (~Q ^ P) Bicondicional


b) ~P ^ Q Conjunção f) P ^ ~(Q ^ P) Conjunção
c) ~P ~Q Bicondicional g) ~ (P ^ ~(Q ^ P)) Negação
d) ~(P ~Q) Negação h) P ^ (Q v ~P) Conjunção
25
Formalize as seguintes proposições: Exercício

Se Deus não existe, então a vida tem sentido, e faz


(~P Q) ^ R
sentido a entrega ativa a projetos de valor.

É falso que se Deus existe, então a vida tem sentido


~(P ( Q ^ R))
e faz sentido a entrega ativa a projetos de valor.

Tanto sucede que Deus exista e a vida tenha sentido


(P ^ Q) ^ (~P ^ Q)
como sucede que Deus não exista e a vida tenha sentido.

Não é verdade que Deus exista e a vida não tenha sentido,


~(P ^ ~Q) ^((~P ^ R) ~Q) mas se Deus não existe e há entrega ativa a projetos de
valor, então a vida não tem sentido.
26
Tabelas de verdade

Recorremos a tabelas de verdade para determinar se a forma lógica dos argumentos é válida.

As tabelas de verdade permitem estudar as funções de verdade


[as circunstâncias que fazem uma proposição ser V ou F] das conetivas proposicionais.

As tabelas de verdade foram desenvolvidas por


L. Wittgenstein e Emil Post.

27
(P Q), ~Q ~P

Dicionário
P: O conhecimento é sensação.
Cada uma das proposições pode ser V ou F
Q: Os porcos têm conhecimento.
Valores de verdade de toda
e qualquer proposição.

Há quatro combinações possíveis de valores de verdade:

P Q
V V Ambas são verdadeiras
V F Só P é verdadeira
F V Só Q é verdadeira
F F Ambas são falsas
28
Tabelas de verdade
São diagramas lógicos que listam todas as combinações possíveis de valores
de verdade para cada variável proposicional de uma fórmula proposicional.

29
Tabelas de verdade

As tabelas de verdade permitem representar o comportamento das conetivas.

Dicionário
Negação ~P: Sócrates não é mortal.
P – Sócrates é mortal.

Só precisamos de duas filas


porque a conetiva é unária.

30
Tabelas de verdade

As restantes conetivas são binárias [aplicam-se a duas proposições].


As tabelas têm quatro filas [em vez de duas].

Conjunção Só é verdadeira quando P e Q são ambas verdadeiras.

Dicionário
P – Sócrates é mortal. Sócrates e Platão são mortais.

Q – Platão é mortal.

31
Tabelas de verdade

As restantes conetivas são binárias [aplicam-se a duas proposições].


As tabelas têm quatro filas [em vez de duas].

Disjunção inclusiva Só é falsa quando P e Q são ambas falsas.

Dicionário
P – Sócrates é mortal. Sócrates ou Platão são mortais.
Q – Platão é mortal.
32
Tabelas de verdade

As restantes conetivas são binárias [aplicam-se a duas proposições].


As tabelas têm quatro filas [em vez de duas].

Disjunção exclusiva É falsa quando P e Q são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

Dicionário
P – Sócrates é mortal. Ou Sócrates ou Platão são mortais.
Q – Platão é mortal.

33
Tabelas de verdade

As restantes conetivas são binárias [aplicam-se a duas proposições].


As tabelas têm quatro filas [em vez de duas].

Condicional Só é falsa quando P é verdadeira e Q falsa.

Dicionário
P – Sócrates é mortal. Se Sócrates é mortal, então

Q – Platão é mortal. Platão também é.

34
Tabelas de verdade

As restantes conetivas são binárias [aplicam-se a duas proposições].


As tabelas têm quatro filas [em vez de duas].

Bicondicional Só é verdadeira quando P e Q têm o mesmo valor de verdade.

Dicionário
Sócrates é mortal se e só se
P – Sócrates é mortal.
Platão também for.
Q – Platão é mortal.
35
Exercício

Complete corretamente as afirmações seguintes:

~P só é falsa quando… P é verdadeira


P ^ Q só é verdadeira quando… P e Q são ambas verdadeiras
P v Q só é falsa quando… P e Q são ambas falsas
P Q só é falsa quando… P é verdadeira e Q é falsa
P Q só é verdadeira quando… P e Q têm o mesmo valor de verdade

36
Admitindo que a vida tem sentido [P é verdadeira] e que o livre-arbítrio é uma ilusão [Q é verdadeira], completa a tabela:

Proposição Formalização Valor de verdade

A vida não tem sentido. ~P F


~Q F
O livre-arbítrio não é uma ilusão.
~P Q V E
Se a vida não tem sentido, o livre-arbítrio é uma ilusão.
P ~Q F
x
Se a vida tem sentido, o livre-arbítrio não é uma ilusão. e
~P ~Q V
Se a vida não tem sentido, o livre-arbítrio não é uma ilusão. r
P ^ ~Q F c
A vida tem sentido, mas o livre-arbítrio não é uma ilusão.
~P ^ Q F í
A vida não tem sentido e o livre arbítrio é uma ilusão.
PvQ V c
A vida tem sentido ou o livre-arbítrio é uma ilusão.
~P ^ ~Q F i
A vida não tem sentido e o livre-arbítrio não é uma ilusão. F
o
P ~Q
A vida tem sentido se e só se o livre-arbítrio não é uma ilusão. P Q V
A vida tem sentido se e só se o livre-arbítrio é uma ilusão.
37
Avaliação de fórmulas proposicionais simples

Fórmulas proposicionais podem ser:

1. Tautológicas Quando a fórmula apresenta valor V em todas as combinações de valores possível

2. Contraditórias Quando a fórmula apresenta valor F em todas as combinações de valores possível

Quando a fórmula apresenta valor V em algumas combinações de valores possível e


3. Contingentes
valor F noutras.

38
~ (P v ~Q) Tautologia, contradição ou contingência?

Para o sabermos, contruímos tabelas de verdade!

Por fim, calculamos a negação Segue-se o cálculo do valor da Começamos por calcular o valor

[maior âmbito]. conjunção do que tem menor âmbito

P Q
~ (P v ~ Q)

V V F V V F

V F
F V V V É uma fórmula

F V V F F contingente
F
F F F F V V

39
(P v ~P)
Tautologia, contradição ou contingência?

Para o sabermos, contruímos tabelas de verdade!

Por fim, calculamos a disjunção Começamos por calcular o valor


[maior âmbito]. do que tem menor âmbito

P
(P v ~ p)

V V V F É uma fórmula
F F V V tautológica

Representa a lei do terceiro excluído [qualquer proposição é verdadeira ou falsa].

40
Tabelas de Verdade Complexas

Tabelas de verdade com mais de duas variáveis proposicionais.

As linhas de verdade de uma tabela variam conforme o nº de variáveis.

P – 2 linhas
Fórmula 2n
P Q – 2x2 – 4 linhas
n variáveis proposicionais dá 2n linhas
P Q R – 2x2x2 – 8 linhas
[combinações de valores de verdade]
P Q R S – 2x2x2x2 – 16 linhas

41
P P Q P Q R P Q R S Normas de preenchimento:
V V V V V V V V V V
Começamos com a última variável proposicional,
F V F V V F V V V F
F V V F V V V F V alternando V e F.
F F V F F V V F F
F V V V F V V A penúltima é preenchida em grupos de dois [V, V, F, F]
F V F V F V F
F F V V F F V A antepenúltima é preenchida em grupos de quatro [V,
F F F V F F F V, V, V, F, F, F, F]
F V V V

F V V F
F V F V
Ordem para determinar os cálculos dos valores de
F V F F
F F V V
verdade:
F F V F Começar sempre na conetiva de menor âmbito e
F F F V progredir para a de maior.
F F F F
42
Avaliar fórmulas complexas

~ ((P Q) v (P R)) Tabela de verdade


4 2 3 1
P Q R ~ ((P Q) v (P R))
V V V F V V V
V V F F V V F
Única V F V F F V V
circunstância em
que a fórmula é V F F V F F F
verdadeira F V V F V V V
F V F F V V V
A fórmula é
contingente. F F V F V V V
F F F F V V V 43
Avaliar fórmulas complexas

P (~ Q ^ P) Tabela de verdade
3 1 2
P Q P (~ Q ^ P)
A fórmula é V V V F F F V
contingente.
V F V V V V V
F V F V F F F
F F F V V F F

44
Avaliação de argumentos

Aceitamos uma teoria quando ela nos propõe bons argumentos.

Um argumento [dedutivo] é bom quando é válido [quando a


sua estrutura é correta e a conclusão é consequência das premissas].

45
Inspetor de circunstâncias
[tabela de verdade aplicada a argumentos]

É um dispositivo gráfico com uma sequência de tabelas de verdade que mostra o valor
de verdade de cada premissa e da conclusão em todas as circunstâncias possíveis.

Se [pelo menos] um caso possível apresentar a possibilidade


de premissas V e conclusão F, o argumento é inválido.

(P Q), ~ Q ~P
Será válido?
46
P Q (P Q), ~Q ~P
V V V F F
V F F V F
F V V F V
F F V V V

Há alguma linha [circunstância] onde as premissas sejam V e a conclusão F?

Neste caso não! Chamamos modus tollens

O argumento pode ser sólido! [negação da consequente] a argumentos

com esta forma lógica!

47
P Q (P Q), Q P
V V V V V
V F F F V
F V V VV F
F F V F F

Há alguma linha [circunstância] onde as premissas sejam V e a conclusão F?

Neste caso sim! Chamamos falácia da afirmação da

O argumento é inválido! consequente a argumentos


com esta forma lógica!
48
Cinco passos para determinar se um argumento é válido

1. Expressão canónica

2. Dicionário

3. Formalização

4. Inspetor de circunstâncias Operação


Lógica
5. Análise

49
Se Sócrates fugir da prisão, então opta por obedecer ao Estado apenas quando isso lhe é conveniente.
Ora, se opta por obedecer ao Estado apenas quando isso é conveniente, então não acredita realmente
no que diz. Portanto, se acredita realmente no que diz, então não foge da prisão.

É um argumento válido?

1º passo P1 – Se Sócrates fugir da prisão, então opta por obedecer ao Estado apenas
Expressão canónica quando isso lhe é conveniente.
P2 – Se opta por obedecer ao Estado apenas quando isso lhe é conveniente,
então não acredita realmente no que diz.
C – Logo, se Sócrates acredita realmente no que diz, então ele não fugirá
da prisão.

50
P1 – Se Sócrates fugir da prisão, então opta por obedecer ao Estado apenas quando isso lhe é conveniente.
P2 – Se opta por obedecer ao Estado apenas quando isso lhe é conveniente, então não acredita realmente no que diz.
C – Logo, se Sócrates acredita realmente no que diz, então ele não fugirá da prisão.

É um argumento válido?

2º passo
Construir o dicionário

P – Sócrates foge da prisão.


Q – Sócrates opta por obedecer ao Estado apenas quando isso
lhe é conveniente.
R – Sócrates acredita realmente no que diz.

51
P1 – Se Sócrates fugir da prisão, então opta por obedecer ao Estado apenas quando isso lhe é conveniente.
P2 – Se opta por obedecer ao Estado apenas quando isso lhe é conveniente, então não acredita realmente no que diz.
C – Logo, se Sócrates acredita realmente no que diz, então ele não fugirá da prisão.

P – Sócrates foge da prisão.


Q – Sócrates opta por obedecer ao Estado apenas quando isso lhe é conveniente.
R – Sócrates acredita realmente no que diz.

É um argumento válido?

3º passo
(P Q), (Q ~R) (R ~P)
Formalizar o argumento

52
(P Q), (Q ~R) (R ~P)
É um argumento válido?

P Q R (P Q) (Q ~R) (R ~P)
V V V V F F
V V F V V V
V F V F V F
4º passo V F F F V V
Inspetor de circunstâncias F V V V F V
F V F V V V
F F V V V V
F F F V V V
53
P Q R (P Q) (Q ~R) (R ~P)
V V V V F F
V V F V V V
5º passo V F V F V F
Análise V F F F V V
F V V V F V
F V F V V V
F F V V V V
F F F V V V

É um argumento válido?

Sim, pois não existe nenhuma circunstância em que as premissas


sejam [todas] V e a conclusão F.

54
Exercício
Aplica as várias etapas de avaliação da validade aos seguintes argumentos:

Deus não quer evitar o mal ou ele não o pode fazer. Se Deus não quer evitar o mal,
então ele não é totalmente bom. Se Deus não pode evitar o mal, então ele não é
omnipotente. Portanto, Deus não é totalmente bom ou não é omnipotente.

1º Forma canónica P1 – Deus não quer evitar o mal ou Deus não pode evitar o mal.
P2 – Se Deus não quer evitar o mal, então não é totalmente bom.
P3 – Se Deus não pode evitar o mal, então não é omnipotente.
C – Logo, Deus não é totalmente bom ou não é omnipotente.

P – Deus quer evitar o mal.


2º Dicionário 3º Formalização (~P v ~Q), (~P ~R), (~Q ~S) (~R v ~S)
Q – Deus pode evitar o mal.
R – Deus é totalmente bom.
S – Deus é omnipotente.
55
P Q R S (~P v ~Q) (~P ~R) (~Q ~S) (~R v ~S)
4º Inspetor de
V V V V F V V F
circunstâncias
V V V F F V V V
V V F V F V V V
V V F F F V V V
V F V V V V F F
5º análise V F V F V
V V
V V
V V
V
V F F V V V F V
O argumento é válido.
V F F F V
V V
V V
V V
V
F V V V V F V F
F V V F V F V V
F V F V V
V V
V V
V V
V
F V F F V
V V
V V
V V
V
F F V V V F F F
F F V F V F V V
F F F V V V F V
F F F F V
V V
V V
V V
V
56
Lógica Proposicional

Exercícios de revisão
Selecione a alínea correta:

1. As tabelas de verdade são:


a) Letras usadas em lógica proposicional para designar proposições simples.
b) Representações gráficas onde se exibem os valores de verdade possíveis
para as proposições.
c) Proposições cujo valor de verdade varia com frequência.
d) Argumentos verdadeiros em todas as circunstâncias possíveis.

58
2. As conetivas verofuncionais:
a) Levam a que as proposições complexas por elas conectadas se tornem inevitavelmente verdadeiras.
b) São letras usadas em lógica proposicional para designar proposições simples.
c) São representações gráficas onde se exibem os valores de verdade possíveis para as proposições.
d) Permitem determinar o valor de verdade da frase complexa resultante partindo dos valores de verdade das
frases concatenadas.

3. As variáveis proposicionais são:


1. Letras usadas em lógica proposicional para designar proposições simples.
2. Representações gráficas onde se exibem os valores de verdade possíveis para as proposições.
3. Proposições cujo valor de verdade varia com frequência.
4. Proposições complexas com valor de verdade.

59
1. O Asdrúbal é estudioso e não gosta da Floriana.
(P ^ ~Q)

2. A Floriana nem gosta do Asdrúbal nem gosta da Afonsino.


(~ P ^ ~Q)

3. Não é verdade que o Asdrúbal seja trabalhador e divertido.


~ (P ^ Q)

4. Ou o Asdrúbal não é divertido ou gosta da Floriana e da Tertuliana.


(~ P v (Q ^ R))
5. O Asdrúbal gosta da Floriana ou da Tertuliana, mas não de ambas.

((P v Q) ^ ~ (P ^ Q)) PvQ


6. O Asdrúbal vai convidar a Floriana para o baile, a não ser que tenha juízo.
PvQ

7. Se o Asdrúbal convidar a Floriana ou a Tertuliana para o baile, então será espancado pelo Ricardino.

((P v Q) R)
8. O Asdrúbal convida a Tertuliana se e só se nem o Floriano nem o Afonsino a convidarem.
(P (~ Q ^ ~ R)) 60
1. Verdadeira quando as duas proposições que a constituem têm o mesmo
valor de verdade.
A. Conjunção

2. Verdadeira quando as disjuntas têm valores de verdade diferentes e


B. Negação
falsa quando têm o mesmo valor de verdade.

C. Condicional
3. Só é falsa quando ambas as disjuntas são falsas.

D. Disjunção inclusiva
4. O seu valor de verdade é o oposto da proposição original.

E. Bicondicional
5. Verdadeira se as duas proposições conectadas forem verdadeiras.

F. Disjunção exclusiva
6. Só é falsa quando o antecedente é verdadeiro e o consequente é falso.

61
Formalize e decida sobre a validade:

Chove muito, o que é uma chatice face aos nossos planos! Já sei que não vamos sair de casa. Tinha pensado em
sairmos para jantar… Poderemos sair de casa se este temporal horripilante e incomodativo acalmar e os
bombeiros limparem, com a nova e brilhante máquina, a neve… Mas se este temporal de uma figa não acalmar,
de certeza que os bombeiros não vão arriscar sair do quartel para limpar a neve… Olha, o temporal não
acalmou!

Dicionário: P1 - Se o temporal acalmar e os bombeiros limparem a neve, então podemos sair de casa.
P – Podemos sair de casa. P2 - Se o temporal não acalmar, então os bombeiros não limpam a neve.
Q – O temporal acalma.
R – Os bombeiros limpam a neve P3 – O temporal não acalmou.
C - Logo, não podemos sair de casa.

((Q ^ R) P), (~ Q ~ R),~Q ~P

62
Formalize e determine a validade:

Não podemos concluir senão que o Asdrúbal não fará um bom trabalho. Seja como for, está lixado. Ele faz um bom
trabalho, se vencer com maioria. Se calha de não ganhar com maioria, vamos ter o Floriano eleito para a assembleia e
o Asdrúbal não vai fazer um bom trabalho. E o pior é que a Maya já confirmou que o Asdrúbal não terá a maioria!

P1 – Se o Asdrúbal vencer com maioria, então faz um bom trabalho.


P2 – Se o Asdrúbal não vencer com maioria, então o Floriano é eleito e o Asdrúbal
não faz um bom trabalho.
P3 – O Asdrúbal não ganha com maioria.
C - Logo, o Asdrúbal não fará um bom trabalho.

Dicionário: P Q), (~ P (R ^ ~Q)), ~P ~Q


P – O Asdrúbal ganha com maioria.
Q – O Asdrúbal faz um bom trabalho.
R – O Floriano é eleito.
63
Formalize e determine a validade:

O Asdrúbal é um intelectual português contemporâneo, a menos que não tenha lido Eduardo Lourenço e José Gil. Todos
sabem que é mentira que ele tenha lido o escritor almadense e o moçambicano. Logo, é um intelectual português
contemporâneo.
Dicionário:
P – O Asdrúbal é um intelectual português contemporâneo. P v (~ Q ^ ~R) , ~(Q ^ R) P
Q – O Asdrúbal leu Eduardo Lourenço.
R –O Asdrúbal leu José Gil

Considere a seguinte fórmula: (P ^ Q) R, R (S ^ P), (~(S v P)) ^ (~ (P ^ Q)) ~T


• Traduza em linguagem natural.

Dicionário: Se tanto como salsichas como bebo sumos do MacoDonalts, então a vida é
P – Como salsichas. um absurdo. Se a vida é um absurdo, então faço o pino e como salsichas. É
Q – Bebo sumos do MacoDonalts. mentira que faço o pino ou coma salsichas, e é mentira que coma salsichas
R – A vida é um absurdo. ou que beba sumos do MacoDonalts. Assim sendo, este argumento não faz
S – Faço o pino. sentido.
T – Este argumento faz sentido. 64
Formas de

Inferência

válidas

65
Inferência
• Processo de concluir uma afirmação a partir de outras afirmações.

1. Se Deus existe, o inferno não é real.


2. Deus existe.

3. Logo, o inferno não é real.

Conhecendo as formas de inferência que são válidas,


deixamos de precisar de recorrer aos inspetores de circunstâncias
para determinar a validade dos argumentos.
66
Formas de inferência válidas

Modus ponens Modus tollens


[expressão latina para “modo de afirmação”] [expressão latina para “modo de negação”]

P1 - Se… então P1 - Se… então


P2 – Afirmação da antecedente P2 - Negação da consequente

C - Afirma a consequente C - Nega a antecedente

P1 - (P→Q) P1 - (P→Q)
P2 - P P2 - ~ Q
C - Q C - ~P

67
Se não espancar o Floriano, então passo fome e
(~ P → (Q ^ R))
perco o cartão da biblioteca.
Modus ponens ~P
Não espanco o Floriano.
Logo, não tenho lanche.  (Q ^ R)
Dicionário
P – Espanco o Floriano.
Q – Passo fome.
R – Perdi o cartão da biblioteca

Se não espanco o Floriano, então passo fome e


(~ P → (Q ^ R)) vou preso e perco o cartão da biblioteca.
É mentira que passo fome e perca o cartão da
~ (Q ^ R) Modus tollens
biblioteca.
~~P Logo, espanco o Floriano (É falso que não
espanque o Floriano).
68
Formas de inferência válidas

Silogismo hipotético Silogismo disjuntivo


[A 1ª premissa é uma disjunção; a 2ª diz oposto de uma
[Se P implica Q, e se Q implica R, então P implica R]
das disjuntas; a conclusão afirma a outra disjunta.]
P1 - Se P, então Q.
P2 - Se Q, então R.
P1 - P ou Q.
C -  Se P, então R P2 - ~P
C - Q
P1 - P v Q
P1 - (P→Q) P2 - ~ P
P2 - (Q→R) C - Q
C - (P→R)

 Silogismos são raciocínios dedutivos constituídos por três proposições [duas premissas e uma conclusão].
69
Identifica as formas de inferência dos seguintes argumentos:

~ (P ^ Q) v (R ^ S)
~ (R ^ S) Silogismo disjuntivo
~ (P ^ Q)

(P ^ Q) → (R v ~S)
~ (R v ~ S) Modus tollens
~(P ^ Q)

(P ^ Q) → (R v ~S)
(P ^ Q) Modus ponens
(R v ~S)

~ (P ^ Q) → (R v ~S)
(R v ~S) → (T → ~U) Silogismo condicional
~ (P ^ Q) → (T → ~U)
70
Formas de inferência válidas

• Duas fórmulas com os mesmos valores de verdade [em qualquer circunstância] são fórmulas
equivalentes.
• De uma forma equivalente podemos inferir a outra fórmula [sem alterar os valores de verdade].

Leis de De Morgan

• São equivalências a partir de:


1. A negação da disjunção “P ou Q” é igual à conjunção “Não-P e Não-Q”.
2. A negação da conjunção “P e Q” é igual à disjunção “Não-P ou Não-Q”.

Inferências das leis de De Morgan


~( P v Q) (~P ^ ~Q) ~( P ^ Q) (~ P v ~ Q)
(~P ^ ~Q) ~ (P v Q) (~P v ~Q) ~ (P ^ Q)
71
Formas de inferência válidas

A contraposição é outra equivalência lógica

Contraposição

(P→Q)
(~ Q → ~P)

(~ Q → ~P)
(P → Q)

72
Formas de Inferência inválidas

▪ Falácias formais

73
Falácias formais
Um argumento mau que parece bom. Os argumentos podem ser falaciosos 1) por serem inválidos e parecerem válidos, por
2) terem premissas falsas que parecem verdadeiras, ou por 3) não serem cogentes mas o parecerem. Por exemplo, o
argumento seguinte é inválido mas parece válido: «Todas as coisas têm uma causa; logo, há uma causa para todas as
coisas». O argumento seguinte tem uma premissa falsa, mas não parece: «Ou gostas de Picasso ou odeias Picasso; dado
que não gostas, odeias.» O argumento seguinte pode parecer cogente, mas não é: «Se os céticos tivessem razão, nada se
poderia saber; mas como é óbvio que se pode saber várias coisas, os céticos não têm razão».
A distinção entre argumentos maus que são enganadores porque parecem bons e argumentos maus que não são
enganadores porque não parecem bons não é formal mas sim informal. Esta distinção é crucial, uma vez que são as falácias
que são particularmente perigosas. Os argumentos obviamente maus não são enganadores e, se todos os argumentos
maus fossem assim, não seria necessário estudar lógica para saber evitar erros de argumentação.
Prova-se que um argumento é falacioso mostrando que é possível, ou muito provável, que as suas premissas sejam
verdadeiras mas a sua conclusão falsa; ou que tem premissas subtilmente falsas; o que as premissas não são mais
plausíveis do que a conclusão.
Quando se diz que uma definição, por exemplo, é falaciosa, quer-se dizer que é enganadora ou que pode ser usada num
argumento que, por causa disso, será falacioso. 74
Quando as premissas podem ser V e a
Falácia formal
conclusão F…

• Quando a estrutura de um argumento não garante uma

conclusão V a partir de premissas V.

• Quando um argumento parece ter forma válida,


mas na realidade é inválida.

75
Formas de inferência inválidas

Falácia da afirmação da consequente Falácia da negação da antecedente


[assemelha-se ao modus ponens, mas não o é] [assemelha-se ao modus tollens, mas não o é]

Se estou em Lisboa, estou em Portugal. Se estou em Lisboa, estou em Portugal.


Estou em Portugal. Não estou em Lisboa.
Logo, estou em Lisboa. Logo, não estou em Portugal.

(P→Q) Mesmo que as premissas sejam (P→Q) Mesmo que as premissas sejam

Q V, a conclusão pode ser F. ~P V, a conclusão pode ser F.

P Posso estar no Porto… ~ Q Posso estar no Porto…

76
Identifica as formas de inferência dos seguintes argumentos:
Exercício

(P ^ Q) → (R v ~S)
(R v ~ S) Falácia da afirmação do consequente
(P ^ Q)

(P ^ Q) → (R v ~S)
~ (R v ~ S) Modus tollens
~(P ^ Q)

(P ^ Q) → (R v ~S)
~ (P ^ Q) Falácia da negação do antecedente
~ (R v ~S)

(P ^ Q) → (R v ~S)
(P ^ Q) Modus ponens
(R v ~S)
77
Formaliza os seguintes argumentos e indica o tipo de inferência:

Se o Asdrúbal compra rebuçados e ganha cárie nos dentes,


perde o emprego e a vida torna-se absurda. Sabemos que
ele perdeu o emprego e que a vida se tornou absurda.
Inferimos, deste modo, que comprou rebuçados e ganhou
cárie dentária.
Falácia da afirmação
(P ^ Q) → (R ^ S), (R ^ S)(P ^ Q) do consequente.

Dicionário
O Asdrúbal ganha cárie nos dentes e suicida-se, ou compra P – O Asdrúbal compra rebuçados.
rebuçados e perde o emprego . Verifica-se, no entanto, que Q – Ganha cárie nos dentes.
é falso que tenha comprado rebuçados e que tenha sido R – O Asdrúbal perde o emprego.
despedido. Assim, façam as malas para irmos ao funeral de S – A vida é absurda.
um homem cariado… T – O Asdrúbal suicida-se.
U – O mundo torna-se melancólico.

(Q ^ T) v (P ^ R), ~ (P ^ R)  (Q ^ T) Silogismo disjuntivo


78
Formaliza os seguintes argumentos e indica o tipo de inferência:
Se o Asdrúbal compra rebuçados e ganha cárie nos dentes,
então perde o emprego e suicida-se. Mas não se verifica que
o Asdrúbal compra rebuçados e ganha cárie nos dentes.
Concluímos, então, que também é falso que perca o
emprego e que se suicide. Dicionário
P – O Asdrúbal compra rebuçados.
Falácia da negação Q – Ganha cárie nos dentes.
(P ^ Q) → (R ^ T), ~ (P ^ Q) ~ (R ^ T) do antecedente. R – O Asdrúbal perde o emprego.
S – A vida é absurda.
T – O Asdrúbal suicida-se.
Se o Asdrúbal compra rebuçados e ganha cárie nos dentes, U – O mundo torna-se melancólico.
perde o emprego e suicida-se. Na verdade, se ele perder o
emprego e se suicidar, a vida será absurda e o mundo
melancólico. Deste modo, podemos afirmar que se o
Asdrúbal comprar rebuçados e ganhar cárie nos dentes,
então a vida será absurda e o mundo melancólico.

(P ^ Q) → (R ^ T), (R ^ T) → (S ^ U) (P ^ Q) → (S ^ U) Silogismo hipotético


79
Formaliza os seguintes argumentos e indica o tipo de inferência:
O Asdrúbal comprar rebuçados e ganhar cárie nos dentes é
condição suficiente para que perca o emprego e não se
suicidar. No entanto, dados astrológicos comprovaram,
segundo avança a Maya, que é categoricamente falso que o
Asdrúbal perca o emprego e que não se suicide... Dicionário
P – O Asdrúbal compra rebuçados.
Q – Ganha cárie nos dentes.
(P ^ Q) → (R ^ ~T), ~ (R v ~ T) [~(P ^ Q) ] Modus tollens R – O Asdrúbal perde o emprego.
S – A vida é absurda.
T – O Asdrúbal suicida-se.
U – O mundo torna-se melancólico.
A vida é absurda e tornamo-nos melancólicos desde que o
Asdrúbal compre rebuçados! A Bíblia mostra claramente que
o Asdrúbal é comprador de rebuçados! Logo, é legitimo
considerar que a vida é absurda e que nos tornamos
melancólicos. Corramos para os manicómios!

(P → (S ^ U)), P,  (S ^ U) Modus ponens


80
Formaliza os seguintes argumentos e indica o tipo de inferência:
Tornamo-nos melancólicos e a vida é um absurdo só quando
o Asdrúbal não comprar rebuçados. Mas somos, de facto,
melancólicos… Assim, nesta triste melancolia angustiante,
em que nos vemos alienados e perdidos, como folhas caídas
num outono sem luar, só podemos abraçar a nossa
melancolia e contemplar o absurdo de existir… Dicionário
P – O Asdrúbal compra rebuçados.
Q – Ganha cárie nos dentes.
~P→ (U ^ S), U (U ^ S) R – O Asdrúbal perde o emprego.
S – A vida é absurda.
T – O Asdrúbal suicida-se.
O mundo torna-se melancólico mas o Asdrúbal não se suicida a U – O mundo torna-se melancólico.
menos que compre rebuçados. No entanto, quando, num
momento de atolhimento, vi o padrão celestial das estrelas,
percebi que o Asdrúbal tinha acabado de comprar rebuçados!
Irado, numa pulsão demencial, enfurecido com a tarologia, gritei
aos espíritos: é falso que o mundo é melancólico, mas o Asdrúba
não se suicida!

((U ^ ~T) v P), P~ (U ^ ~T) Silogismo disjuntivo 81


Formaliza os seguintes argumentos e indica o tipo de inferência:

Não é verdade que o Asdrúbal compre rebuçados ou seja


despedido. Portanto, nem ele compra rebuçados, nem ele
perde o emprego.

~(P v Q)(~P ^ ~Q) Equivalência – Lei de De Morgan

Dicionário
P – O Asdrúbal compra rebuçados.
Q – O Asdrúbal perde o emprego.

82

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