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Aula didática apresentada como requisito parcial ao concurso docente para o departamento de psicologia da Universidade

Federal de Santa Maria, edital 143/2018

Intervenções em saúde mental

Candidato Jaisso R. Vautero


Objetivos

• Identificar as mudanças ocorridas para a concepção atual de saúde


mental
• Aplicar os três passos principais no desenvolvimento de programas:
estudo preparatório, construção propriamente dita e teste-piloto e as
tarefas inerentes a cada etapa-
• Diferenciar as fases da implementação, apontando aspectos críticos,
identificar fatores que influenciam a qualidade da implementação
• Aplicar diferentes formas de metodologia de avaliação de uma
intervenção
O que é saúde mental?

Muitos (e diversos) significados


Campo de atuação e campo de conhecimento
• Melhor pensar o que é uma mente saudável (Lancetti & Amarante,
2017)
• Três perspectivas e três momentos históricos:
O que é saúde mental?

1)Origens históricas da psiquiatria


O que é saúde mental?

2)A saúde mental como ideal de sociedade


O que é saúde mental?

2)Desistitucionalização
num primeiro momento busca a
transformações no âmbito intra-
hospitalar
A realidade do manicômio é
extremamente dramática para
permitir a ilusão deque a
solução esteja restrita, tão
somente, a uma resposta
técnica
Cada ciência inventa seu objeto

À medida que o manicômio vai sendo


desativado, vão também sendo
construídas novas estruturas
assistenciais
... a desinstitucionalização não é um
processo que dispensa instituições
(...) A desinstitucionalização, nesse
contexto, faz com que se veja que o
problema da doença não é uma
questão exclusivamente científica a
encontrar explicação e solução na
ciência, mas é também um problema
técnico, normativo, sociais e
existencial

é o doente, é a pessoa o objetivo do trabalho, e não a doença


As mudanças e o surgimento da ideia de Saúde
Mental

o movimento de
desinstitucionalização
psiquiátrica
caótica situação da assistência
psiquiátrica brasileira
a lei Paulo Delgado de 2001

Novos dispositivos de saúde mental: o Centro de Atenção Psicossocial


(CAPS)
Base comunitária e territorial
Modo psicossocial
Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)
Rede de atenção psicossocial – RAPS
Níveis de atenção Dispositivos
Atenção Básica Unidade Básica de Saúde (UBS), Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF), Equipe de Consultório na Rua
(ECR) e Centro de Convivência (CC).
Atenção Psicossocial especializada Centro de Atenção Psicossocial (CAPs), tipos I, II e III,
CAPsAD e CAPSi
Atenção de Urgência e emergência Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU),
Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Pronto Socorro
(PS) e UBS.
Atenção hospitalar Hospitais gerais com leitos ou enfermaria específicas
para a saúde mental.
Atenção residencial de caráter transitório Unidade de Acolhimento Adulto (UAA), Unidade de
Acolhimento Infantil (UAI) e Comunidade Terapêutica
(CT).
Estratégias de desistitucionalização Serviços de Residência Terapêutica (SRT), Programa de
Volta para Casa.
Estratégias de reabilitação psicossocial Iniciativas de geração de trabalho e renda,
empreendimentos solidários e cooperativas sociais.
Níveis de atenção e dispositivos assistenciais que conformam as RAPS. Fonte: Ronzani, T.M., Mota, D.C.B., & Costa, P.H.A. (2015). Avaliação de necessidades em saúde
mental: utilizando métodos participativos. In S.G., Murta, Leandro-França, C. & Polejack, L. (Org.) Prevenção e promoção em saúde menta: Fundamentos, planejamento e
estratégias de prevenção (pp. 152-167). Novo Hamburgo: Synopsys
A prevenção e a assistência em saúde mental

• Os serviços de atenção à saúde no SUS se organizam em três níveis de atenção:


• A prevenção de doenças é posterior à promoção da saúde
caráter amplo e respondam ao compromisso ético de melhorar o
potencial de saúde socioecológico das comunidades
• Prevenção e intervenção primária:
atenção em equipe, voltada a coletivos ou indivíduos, não especializada.
• Prevenção e intervenção secundária:
acompanhamento ao paciente no seguimento de seu tratamento, cabe
assistência especializada (aqui se localiza maioritariamente o tratamento).
• Prevenção e intervenção terciária:
de alta complexidade, fatores biopsicossociais que intervêm na
etiologia dos problemas de saúde (Alves, 2008)
Intervenções em saúde mental: tratamento e
prevenção

• Tratamento:
Vinculado a problemas psíquicos (distúrbios psíquicos) e utilização de técnicas
e métodos geralmente vedadas a outros profissionais (psicoterapia).
Possui um fundamento teórico/prático bem sedimentado na Psicologia Clínica.

• Prevenção:
Conjunto mais complexo de técnicas, com a participação de diversos atores e
técnicas.
Estudante pode estar fora de um setting mais delimitado, pode ser mais
ansiogênico, por um lado, mas está em contato com uma rede de apoio maior.

• Psicologia em situações extremas


Realidade caótica, atuação rápida, nos três níveis no mesmo contexto.
O desenvolvimento de uma
intervenção psicossocial
Estudo preparatório
-Avaliação de necessidades Construção da intervenção
-Seleção do grupo-alvo -Estratégias
-Material
-Determinantes
-Contexto de implementação
-Modelo lógico
Canal de Implementação
-Objetivos -Pré-teste
-Customização para o grupo-alvo
Estudo Piloto
-Avaliação da sequência
-Decisões de reformulação
e implementação
Fonte: Adaptado de Murta, S.G., & Santos, K.B. (2015). Desenvolvimento de programas preventivos e de promoção de saúde
mental. In S.G., Murta, Leandro-França, C. & Polejack, L. (Org.) Prevenção e promoção em saúde menta: Fundamentos,
planejamento e estratégias de prevenção (p. 171). Novo Hamburgo: Synopsys.
Estudo preparatório

• Avaliação de necessidades
Importante ferramenta de gestão e planejamento
Auxilia na decisão de prioridades
Resistência em se avaliar o que se faz
• Seleção do grupo-alvo
A quem será dirigida, grupo primário, por vezes grupo secundário, população geral, grupos
específicos
• Determinantes
São definições de metas, resultados esperados, podem incluir as mudanças ambientais
(contextuais) referente a dimensões sociais (fortalecimento aplicação de legislação),
comunitárias (ampliação de acesso a serviços), organizacionais (qualificação de
profissionais).
• Modelo lógico
• Objetivos
Construção da intervenção
Como resultado do estudo preparatório devem estar claros os alvos de
mudança pretendidos, os determinantes a serem focados e os objetivos do
programa, os métodos ou estratégias de intervenção teoricamente embasados
e o modelo lógico do programa.
• Estratégias
Pautar-se pelo que foi estabelecido anteriormente, se ficou claro o estudo preparatório não haverá dificuldades.
• Material
Considerar: características desenvolvimentais e especificidades(cartilhas, guias, jogos, websites, livros, apps)
• Contexto de implementação
Os dados da avaliação podem sugerir contextos e canais viáveis (escolas , CRAS).
• Canal de Implementação
Mediados por facilitador, com profissional de saúdem mental, agente comunitário, professor, orientador, pares
• Pré-teste
Ainda não é o estudo piloto, mas uma primeira aplicação em território confiável (simulação na equipe)
• Customização para o grupo-alvo
O anterior ajuda a desenhar uma intervenção à medida para o público alvo, é um ajuste de alfaiataria.
Estudo piloto e implementação

Estudo piloto
• Avaliação da sequência, clareza
• Tomada de decisão para reformulação
• Tomada de decisão para implementação
A implementação da intervenção: o ciclo de pesquisa-intervenção
• Desenvolver e implementar uma equipe
• Promover um clima de suporte organizacional e comunitário
• Desenvolver um plano de implementação
• Prover/receber treinamento e assistência
• Executar o programa da intervenção
• Estabelecer colaboração entre implementação e desenvolvedores
• Avaliar a efetividade da implementação
Fatores que influenciam na qualidade
da uma intervenção psicossocial
• Características da intervenção
• Características dos indivíduos
• Contexto interno
• Contexto externo
Algumas perguntas antes e começar
uma intervenção
Processo e características
• Há um desenho, esquema ou método para conduzir a implementação?
• Qual o grau de fidelidade da implementação?
• Há evidência de eficácia e de efetividade do que estou fazendo?
• Que vantagens a intervenção apresenta?
Características dos indivíduos
• O que as pessoas pensam sobre a intervenção?
• A intervenção gera entusiasmo?
Contexto interno
• As necessidades e dos recursos do público-alvo são conhecidos e priorizados?
• Os usuários estão satisfeitos com a intervenção?
Contexto externo
• A equipe de implementação se sente bem vinda?
• A intervenção é apoiada dentro da organização?
Algumas perguntas antes e começar
uma intervenção
Processo e características
• Há um desenho, esquema ou método para conduzir a implementação?
• Qual o grau de fidelidade da implementação?
• Há evidência de eficácia e de efetividade do que estou fazendo?
• Que vantagens a intervenção apresenta?
Características dos indivíduos
• O que as pessoas pensam sobre a intervenção?
• A intervenção gera entusiasmo?
Contexto interno
• As necessidades e dos recursos do público-alvo são conhecidos e priorizados?
• Os usuários estão satisfeitos com a intervenção?
Contexto externo
• A equipe de implementação se sente bem vinda?
• A intervenção é apoiada dentro da organização?
Mas que tipo de intervenção é
possível?
• Oficinas
• Visita domiciliar
• Intervenções breves
• Meditação
• Grupo
• Intervenções na escola
• Terapia comunitária
• …
Referências

Alves, R.F., & Eulálio, M.C (2011). Abrangência e níveis de aplicação da Psicologia da Saúde. In
R.F. Alves (Org.), Psicologia da saúde: teoria, intervenção e pesquisa [online] (pp. 65-88).
Campina Grande: EDUEPB.
As principais perguntas que guiam uma avaliação
de necessidades (adaptado de WHO, 2000)
• Quais são as principais características da população?
• Qual é a vulnerabilidade social das pessoas?
• Que fatores locais estão afetando essa vulnerabiliade?
• Quais serviços estão sendo oferecidos atualmente?
• O que as pessoas veem como suas necessidades?
• Quais são as prioridades nacionais e locais para a assistência
social dessas pessoas?
• Que tipo de intervenção é necessária?
Modelo ou matriz lógica.

Modelo lógico. Fonte: Murta, S.G., & Santos, K.B. (2015). Desenvolvimento de programas preventivos e de promoção de
saúde mental. In S.G., Murta, Leandro-França, C. & Polejack, L. (Org.) Prevenção e promoção em saúde menta:
Fundamentos, planejamento e estratégias de prevenção (pp. 168-191). Novo Hamburgo: Synopsys
Fonte: arquivo pessoal.
Encontro Tema Objetivo Técnica

Significado do nome;
Primeiro contato com os Expectativas para o contrato de
1 Apresentação participantes trabalho
Conhecimento de si Resgatar aspectos pessoais; Interesse X habilidades
mesmo; Interesses Colher dados referentes ao profissionais; Como me vejo/
2 profissionais interesse profissional como os outros me vêem;

Inventário de tipos de atividades;


Iniciar o processo Cartões; Pesquisa em materiais
Interesses profissionais/ informativo e direcionar as informativos; Organização para
3 Informação profissional entrevistas com profissionais entrevistas

Estilo de vida; Exigências do


mundo “lá fora” (um dia de
Explorar as expectativas do trabalho); Auxílio para
Futuro profissional e aluno em torna da questão informações importantes a ser
4 vida adulta “quem quero ser?” obtidas na entrevista

Fonte: arquivo pessoal.


Fonte: Núcleo de Atenção ao Estudante (2015). Relatório Anual do Setor de Atenção Integral ao Estudante
– SATIE. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria.
Aspectos da
estratégia Prevenção tradicional Redução de vunerablidade
Alvo Indivíduos expostos Populações suscetíveis
Finalidade Alertar Favorecer capacidades de resposta
Processos educativos Modeladores Construtivistas
Informações Transmissão unilateral Compartilhamento bilateral
Base institucional Saúde Intersetorial
Agentes privilegiados Técnicos Pares
Expectativa de
resposta Adesão Autonomia
Transformação de contextos e
Impacto visado Mudança de comportamento relações
Espectro de intervenção em Saúde Menal. Fonte:
Institute of Medicine (Org) (1994). Reducing risks for
mental disorders: frontiers for preventive intervention
research. Committee on Prevention of Mental
Disorders, Division of Biobehavioral Sciences and
Mental Disorders, Institute of Medicine. Washington:
National Academy Press

Behavioral Health Continuum of Care Model. Fonte:


https://www.samhsa.gov/prevention#continuum-care

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