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Professora:
Dra. Susie Amâncio G. de Roure
Segunda Parte
1. Definição
2. Principais Nomes da Psicologia Transpessoal
3. Conceitos e Fundamentação da Psicologia Transpessoal
4. Métodos e Técnicas Utilizadas pela Psicologia Transpessoal
5. Críticas Sobre a Psicologia Transpessoal
6. Conclusões
7. Exemplos de Cursos de Pós-Graduação em Psicologia Transpessoal
8. Bibliografia
Galileu Galilei (1564-1642)
Viveu no período de maior radicalização da luta entre duas concepções de mundo: a
heliocêntrica e a geocêntrica, cada uma com implicações determinadas – optar pela teoria
heliocêntrica e explicitá-la era um empreendimento bastante perigoso.
Galileu considerava a observação e a experiência como requisitos metodológicos muito
importantes para a construção da ciência, em oposição ao caráter abstrato e livresco da
ciência clássica e medieval, fundada nas ideias de Aristóteles. Por isso, Galileu é considerado
o pai da ciência moderna
Desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e
do movimento do pêndulo.
Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia, bem como o conceito de referencial inercial, ideias
precursoras da mecânica newtoniana.
Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e, através desse instrumento descobriu as manchas
solares, as montanhas da Lua, as fases de Vênus, os quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno e as
estrelas da Via Láctea. Suas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo.
Sua obra Diálogo Sobre os Dois Sistemas do Mundo foi marcante para a revolução
científica. Nela há três personagens: Salviati, Simplício e Sagredo que debatem sobre
questões relacionadas com a Mecânica. Porém, esta obra posteriormente a sua publicação
foi proibida pela Igreja Católica, fazendo com que Galileu se retratasse e o manteve em
prisão domiciliária sob vigilância.
FRANCIS BACON (1561-1626)
Julgava imprescindível o domínio do homem sobre a natureza a partir do conhecimento de suas leis, e
este não tem valor em si, mas pelos resultados práticos que ele pode gerar e para que se cumpra essa
finalidade, tem que estar fundados em fatos, numa ampla base de observação;
Para ele, a pesquisa experimental pelo método indutivo deve buscar as causas naturais dos fatos:
primeiro deve-se acumular os fatos; em seguida classifica-los e, finalmente, determinar suas causas;
A análise dos fenômenos, portanto, é indutiva permitindo separar o fenômeno que buscamos conhecer – e
que se apresenta misturados com outros fenômenos da natureza, de tudo o que não faz parte dele
RENÉ DESCARTES (1596–1650) (latinizado como Renatus Cartesius)
Foi advogado, filósofo, matemático (algebrista e geômetra por excelência) e físico
francês. Criador da doutrina do cartesianismo e considerado um dos fundadores da
filosofia moderna e o pai da geometria analítica.
Rompeu com a filosofia aristotélica adotada nas academias, pois acreditava que o
universo era um vórtice de matéria em violento e contínuo movimento, baseado nas
teorias de Copérnico, tornando-se defensor do método lógico e racional para
construir o pensamento científico e um dos principais precursores dos iluministas.
Para ele, só por meio do uso adequado da razão, é possível
conhecer e chegar à verdade; para isso, é necessário obter
ideias claras e distintas adotando a dúvida como
procedimento metódico inicial.
Cientista inglês que, além de químico, foi físico, mecânico e matemático. Foi um dos
criadores, juntamente com Leibniz, do Cálculo Infinitesimal. Também foi descobridor
de várias leis da Física, entre elas a Lei da Gravidade.
Para ele, a função da ciência era descobrir leis universais e enunciá-las de forma precisa
e racional.
Principia Mathematica é reconhecido como o livro científico mais
importante escrito. Newton analisou o movimento dos corpos em
meios resistentes e não resistentes sob a ação de forças
centrípetas. Os resultados eram aplicados a corpos em órbita e
queda livre perto da terra.
Ele também demonstra que os planetas são atraídos pelo Sol pela Lei da Gravitação
Universal, e generalizou que todos os corpos celestes atraem-se mutuamente.
O Universo é infinito e seu movimento é mecânico e Universal. As aplicações de Newton tiveram grande
impacto na filosofia dos empiristas, sobretudo em John Locke, que pretende explicar o conhecimento
humano do mundo natural levando em conta a nova descrição desse mundo formulada por Newton.
Newton pode ser considerado o criador da física moderna, devido à formalização que efetuou da mecânica de
Galileu, à formulação da Lei da Gravidade, e suas pesquisas em ótica sobre a natureza da luz. Também é
notável sua contribuição ao amadurecimento da concepção de ciência moderna a partir de Francis Bacon,
Galileu e Descartes.
1. O PARADIGMA CARTESIANO-NEWTONIANO
Seu princípio básico é: dividir, separar, analisar e entender cada parte, acreditando explicar o todo. Substitui as
teorias organicistas de Aristóteles e da escolástica medieval por uma concepção de espaço geometrizado, no
interior do qual as relações entre os objetos são governadas deterministicamente.
Base epistemológica: Francis Bacon (1561-1626), Galileu Galilei (1564-1642), René Descartes (1596-1650), Issac
Newton (1646-1727).
Características principais:
Mecanicista: O Universo é considerado uma máquina, um mecanismo sujeito a leis matemáticas. A tecnologia
avalia, controla e submete tudo e todos aos seus parâmetros de validade e certeza. Todos os fenômenos físicos,
portanto, materiais, e devem ser explicados pelas leis do movimento.
Assim, a Natureza passa a ser considerada como uma “máquina” em funcionamento em que as peças se
encaixam regularmente como em um grande relógio.
Determinista: Só vale o que é cientifico comprovado materialmente, dentro de suas especialidades; os eventos
se constituem no esquema de causa/efeito ou sujeito/objeto; sabendo-se a causa, o efeito pode ser
determinado. Só existe a realidade positiva, sensorial, que se pode tocar, medir, controlar.
Reducionista: Tudo tem que ser reduzido a um princípio único ou às partes mínimas. Prevalece a fragmentação e
a departamentalização capitaneada pela autoridade e pela razão. Encapsulamento da realidade.
2. O PARADIGMA HOLÍSTICO-SISTÊMICO
Transcendendo o modelo cartesiano-newtoniano, a Física Quântica, revelou que o Universo não poderia ser
simplesmente considerado mecânico, mas, ao contrário, é vivo, dinâmico, interligado, sistêmico;
Não há leis que possam descrever com total segurança o comportamento das partículas subatômicas, porque
muitas vezes ele é indeterminada, ora se manifestam como onda, ora como partícula - surge então o
princípio da incerteza e do probabilismo. O estudo sobre a propagação da luz, foi objeto de intensas
pesquisas desenvolvidas pelos cientistas Max Plank, Maxwell, Niels Born e Albert Einstein.
Sobre a Física Quântica, ver o filme “Quem Somos Nós?” e o documentário da National Geográfic
“Além do Cosmos – A Mecânica Quântica” .
O Paradigma Holístico-Sistêmico é uma abordagem centrada no todo (holos: todo, inteiro, completo), é o
entendimento de que o Universo é como uma teia de sistemas inter-relacionados. A partir disso, busca-
se perceber e interpretar a relação de tudo com tudo, levando-se em consideração que tudo no Universo
é energia em constante transformação.
Base epistemológica:
Immanuel Kant (1724-1804), G.W. Hegel (1770-1831), Albert Einstein (1879-1955), Teilhard de Chardin
(1881-1955), Niels Bohrn (1885-1962), Werner Heisenberg (1901-1976), Ludwig von Bertalanfly (1901-
1972),
Características do Paradigma Holístico-Sistêmico
Visão sistêmica: sistema é um conjunto de elementos ajustados dentro de um certo padrão, vinculado a um
certo resultado. Todos os sistemas são constituídos por energia em seus diversos níveis e formam cadeias
evolutivas ou subsistemas holísticos
Compreensão evolutiva da realidade: a evolução está presente em todo Universo, e acontece através do binômio
complexidade-expansão é, às vezes linear, às vezes não-linear ou caótica, às vezes avança, outras regride para
avançar mais. Há uma recorrência e transformação em todo processo evolutivo, mas a partir de uma base
probabilista; os ciclos evolutivos podem ser representados em forma de espiral, fluxograma ou senóide.
Proporcionalidade: no Universo nada é absoluto, tudo é relativo; não há igualdade e desigualdade absolutas; não
há liberdade absoluta; não há felicidade absoluta, há momentos felizes há proporcionalidade.
Há uma regra áurea ou ponto de ouro em tudo: 62% e 38% (a média e a extrema razão) em cada unidade
variando segundo a Lei das Distribuições de Carl Gaus (Lei de Gaus). Esta lei trata da composição e
distribuição das partes de um todo e que pode-se vê-la repetida em tudo. No formato (retângulo áureo), na
Arquitetura (desde o Grécia Clássica), na órbita dos planetas etc.
Multidisciplinaridade/Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade
O multidisciplinar e o interdisciplinar estão relacionados às disciplinas de conhecimentos que se intercruzam e o
transdisciplinar é ir além das duas anteriores. Dar um passo além, buscar além do que é estabelecido como a base
epistemológica. A partir de uma visão não fragmentada da realidade, exclui-se toda forma de racionalismo
exacerbado. O Paradigma Holístico-Sistêmico faz intercâmbio dinâmico entre os conhecimentos sobre Filosofia
Ciência, Arte e Tradições Espirituais (ou Mística).
Pensadores que deram fundamentação ao Paradigma Holístico-Sistêmico
Fritjof Capra. O Ponto de Mutação - faz uma revisão do processo evolutivo das principais áreas da atividade
humana, postulando a integração entre ocidental e oriental em Psicologia e Psiquiatria.
Helena Blavatski. A Doutrina Secreta, apresenta a História da origem do homem e do Universo, dos estados
de consciência e das formas de energia.
Thomas Kuhn. A Estrutura das Revoluções Científicas, descreve o desenvolvimento científico focalizando as
modificações e os fatores que a determinam. Apresenta e discute o conceito de paradigma como modelo
para a utilização das ciências.
Michael Talbot. O Universo Holográfico. Descreve a chamada teoria da concepção holográfico do Universo
desenvolvida por Karl Pribam e David Bohm.
Niels Born. Estudando o átomo de hidrogênio, que é o mais simples de todos, Bohr conseguiu, em 1913,
formular seu novo modelo. Concluiu que o elétron desse átomo não emitia radiações enquanto
permanecesse numa mesma órbita, mas somente ao se deslocar de um nível mais energético (órbita mais
distante do núcleo) a outro de menor energia (órbita menos distante).
A teoria quântica lhe permitiu formular essa concepção de modo mais preciso: as órbitas não se
localizariam a quaisquer distâncias do núcleo; ao contrário, apenas algumas órbitas seriam possíveis, cada
uma delas correspondendo a um nível bem definido de energia do elétron. A transição de uma órbita a
outra não seria gradativa, mas se faria por saltos: ao absorver energia, o elétron saltaria para uma órbita
mais externa; ao emiti-la, passaria para outra mais interna. Cada uma dessas emissões, de fato, aparece no
espectro como uma linha luminosa bem localizada.
Ken Wilber. O Paradigma Holográfico e Outros Paradoxos: uma investigação nas fronteiras da ciência.
Apresenta os principais pontos de contato entre as modernas teorias científicas e as sabedorias
tradicionais.
Ludwig Von Bertalanffy. Teoria Geral dos Sistemas. Tendo estudado as particularidades dos fenômenos
biológicos e suas diferenças em relação aos fenômenos físicos, propôs-se a identificar os princípios gerais
do funcionamento de todos os sistemas.
Postulados do Paradigma Holístico-Sistêmico
A visão holística respeita o que cada conhecimento tem de importante e entende que a diversidade é não
somente aceitável como até recomendável e essencial para a riqueza e a fertilização do pensamento.
“Considera que em cada coisa está representado o Todo e que este transcende a simples soma de suas partes
.(...) Por isso não se contrapõe a nenhum sistema de ideias, a nenhuma teoria.” (Tavares, 2000).
Tudo é Sistêmico
Definição de Sistema: “conjunto de elementos mutuamente ajustados dentro de um certo padrão, vinculado a
um certo resultado ou função. Todos os sistemas são constituídos por energia em seus diversos níveis e
formam cadeias evolutivas ou subsistemas holísticos, sempre no sentido: epgênese transformação,
transformação; homeostase equilíbrio, transformação neguentropia (capacidade de proporcionar
integração e organização evolução; entropia desorganização, desintegração.” (De Gregori, 1984).
Como tudo é sistêmico (e não sistemático), A nível bioquímico, “Os ecossistemas são compreendidos como
teias alimentares (ou seja, redes de organismos); os organismos são redes de células, órgãos e sistemas de
órgãos; e as células são redes de moléculas. A rede é um padrão comum a todas as formas e níveis de vida.
Onde quer que haja vida, há redes.” (Capra, 1986);
Características dos sistemas: é instável e evolutivo, se regula ou se regula internamente por meio de um
mecanismo de feedback ou auto-regulação, é composto por energia em suas diferentes formas de
manifestação.
Esquema simplificado de um sistema
Ambiente
Feedback Neguentropia
“evolução”
Mudança
inputs Mecanismo de regulação
Transformação
Processamento outputs
(entradas) Processamento
Feedback (saídas)
Alomorfização
Entropia
“desintegração”
Máximo
DESPROPORCIONAL 90%
Mínimo
2 20%
DESPROPORCIONAL 80% 1
pobreza crítica
DESPROPORCIONAL 90% 10%
± 62%
±15% ± 23%
± 62%
±23% ±62%
Espiral logarítmica
A Lei de Gauss está presente em toda natureza pode ser aplicada em todos os sistemas,
desde os mais simples até os mais complexos evitando os distúrbios da igualação e
desigualação máximas.
Em sistemas humanos esse conceito está presente, sob alguma forma, em quase todas as
religiões e tradições éticas. Também pode ser explicada sob a perspectiva da Psicologia,
da Filosofia, da Sociologia e da Economia. Psicologicamente, envolve o desenvolvimento de
empatia com os demais.
O Homem
Filosoficamente, envolve uma pessoa perceber seu próximo também como um "eu". Virtruviano (1490),
de Leonardo Da
Sociologicamente, pode estabelecer as diferenças aceitáveis “naturais”, funcionais e de Vinci.
menor atrito – proporcionais - entre vários níveis sócio-econômicos de sobrevivência. Este desenho é
chamado de Cânone
das Proporções.
A física quântica tem caráter probabilístico, ao contrário da física moderna, que é
determinista.
A Probabilidade é, portanto, o estudo das chances de obtenção êxito num determinado empre-
endimento, evento ou situação. Em pesquisa, por exemplo, representa um experimento aleatório, ponto
amostral, espaço amostral, ou simplesmente cálculo da probabilidade.
3. SÍNTESE HISTÓRICA DA PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Na segunda metade do século XX (1960), os psicólogos humanistas, entre eles Abraham Maslow e Carl
Rogers, estavam preocupados com a necessidade de uma nova abordagem que não avaliasse a pessoa com um
doente, mas alguém que, sobretudo, necessitava empreender satisfatoriamente sua busca de auto-
realização.
Eles afirmavam que:
A pessoa deve ser vista em sua totalidade – os seres humanos não são apenas objetos de estudo, mas
devem ser descritos e compreendidos em termos de suas visões subjetivas pessoais do mundo, suas
percepções e valores próprios.;
A escolha humana, a criatividade e a auto-realização devem ser também tópicos de investigação.
Somente os impulsos básicos como sexo e agressão não são suficientes. As pessoas sentem necessidade
de desenvolver seus potenciais e capacidades;
O crescimento e a auto-realização deveriam ser critérios de saúde psicológica, não apenas o controle do
ego e a adaptação ao ambiente;
Era preciso estudar os problemas humanos e sociais importantes, mesmo que isso, às vezes, venha
implicar na adoção de métodos menos rigorosos;
Era preciso também resgatar o valor fundamental da dignidade humana num sentido mais amplo e admitir
que as pessoas possuem boa índole e buscam melhorar cada vez mais;
Enfim, o objetivo da psicologia é compreender, e não prever ou controlar o comportamento.
1. DEFINIÇÃO
A Psicologia transpessoal é uma abordagem da Psicologia considerada por Abraham Maslow (1908-1970) como a
"Quarta Força da Psicologia", sendo a primeira força a Psicanálise, seguida da Psicologia Comportamental, e a
terceira a Psicologia Humanista.
É uma forma de sincretismo teórico que abarca conteúdos de muitas escolas psicológicas, adotando também
técnicas de ascese oriental. Nela estuda-se os estados alterados da consciência, a manifestação do Eu superior,
as dimensões além do ego, a transcendência ou espiritualidade.
Considera o Ser em sua totalidade, estudando os diferentes estados de consciência, a relação corpo/mente,
a transformação pessoal, a evolução espiritual, a autoimagem, a morte e transcendência do ego, a relação com
o sagrado etc.
Os terapeutas transpessoais valorizam a totalidade, tendo em vista que a essência de cada indivíduo é uma
combinação dos aspectos transpessoais ou transcendentes e espirituais da experiência humana.
Há uma correspondência entre as descrições da experiência cósmica (expansão da consciência) e as
conclusões da Física Moderna;
A consciência cósmica se situa num nível existente antes do início da filogênese*, isto é, antes do
nascimento, depois da morte do corpo físico e na fonte da energia;
Existe dentro de cada pessoa um “algo” preexistente ao seu nascimento e integrado dentro da área fora
do tempo-espaço;
Dentro dessa abordagem, todas as experiências vividas são consideradas valiosas, e cada um é tratado de
acordo com seu esforço inato em direção a uma realidade mais elevada. Portanto, na psicologia
transpessoal, a cura e o crescimento são abordados através do reconhecimento da centralidade do “eu”.
Portanto, a Psicologia Transpessoal estabelece um diálogo científico com a Física quântica, a Neurologia e a
holografia. Ainda coloca a Psicologia Analítica (C. G. Jung) e a Gestalt (F. Pers) como as mais próximas dos
conceitos da transpessoal. Também muitos dos conceitos utilizados dentro da prática transpessoal são os
mesmos que o de tantas outras psicoterapias.
4. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS PELA PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Como o objetivo básico é ajudar o cliente a obter níveis ótimos de saúde e bem-estar mental, atingindo-se
mesmo certos patamares perceptuais que excedem o que costuma ser aceito como normal, pode-se definir
algumas metas básicas a serem trabalhadas no ambiente clínico:
A primeira, e a mais fundamental, “é desenvolver a capacidade de assumir a responsabilidade por si
mesmo no mundo e nos relacionamentos pessoais” (Walsh & Vaughan, 1991, p. 204). Isso pode se construir
à medida que a pessoa entende que é capaz de experienciar toda uma gama de emoções de modo maduro
ao mesmo tempo que começa a estar menos apegada com rotulações sociais ou comportamentos que se
restringem à determinadas situações, sem identificar-se com estas ou acreditar que elas são medidas
valorativas do “Eu”, ou self, que é muito mais profundo que a pequena janela do ego.
Uma outra meta “é a de possibilitar a cada pessoa o atendimento adequado de necessidades físicas,
emocionais, mentais e espirituais, segundo as preferências e predisposições individuais.
Estas metas são, em grande parte, similares aos objetivos psicoterapêuticos das abordagens humanistas
(principalmente a rogeriana) e junguianas. Em todas, o terapeuta não cura uma enfermidade, mas ajuda o
cliente a se capacitar para descobrir em si mesmo os recursos interiores que permitam ao organismo entrar,
da forma mais livre possível, no fluxo natural de autocura e crescimento.
“À medida que as identificações parciais com visões limitadas são descartadas ou transcendidas, o processo
de cura de divisões psicológicas imaginárias, de reintegração de partes rejeitadas da psique, de resoluções
de conflitos interiores pode ser acelerado” (Walsh & Vaughan, 1991, p. 205).
Assim, o conteúdo da terapia transpessoal, e o seu processo, é determinado pelo cliente e pelo material que
ele traz, consistindo em todos os tipo de problemas, experiências e preocupações.
O terapeuta não insiste na ocorrência dos níveis transpessoais, mas trabalha com o cliente dentro do
enquadramento em que ele está em cada momento da terapia. Embora reconhecendo o valor terapêutico da
experiência transpessoal, chegar a ela não é o alvo básico da terapia transpessoal em si.
As experiências transpessoais podem ocorrer, e frequentemente ocorrem até mesmo em outras
abordagens, e ai está a vantagem do processo transpessoal, pois o terapeuta estará preparado para apoiar
o cliente nestas dimensões estranhas e maravilhosas, cuja principal consequência é facilitar na
desidentificação de papéis superficiais e de uma autoimagem distorcida.
Tudo é energia em
diferentes formas de
manifestação e em
permanente estado de
tensionamento
Equilíbrio: homeostase
(harmonização);
Desequilíbrio: entropia
(desintegração);
Reequilíbrio: feedback
DINÂMICA
(regulação)
GRUPAL
5. CRÍTICAS SOBRE A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
No início, a Psicologia Transpessoal sofreu diversas críticas e as principais delas dizem respeito a:
A ausência de síntese e à existência de um mosaico teórico que foram interpretados como ecletismo
filosófico e sincretismo religioso;
A proposta de unir Oriente e Ocidente, ciência e tradições espirituais, psicologia moderna e práticas
ancestrais, práticas ancestrais e pesquisa científica de ponta, por outro fizeram com que a transpessoal
corresse o risco de ser confundida com parapsicologia, New Age e uma forma de religião.
6. CONCLUSÕES
A Psicologia Transpessoal deve ser considerada como uma abordagem científica e rigorosa, evitando ser
confundida com ecletismo ou seitas e religiões constituídas, sejam elas quais forem; bem como deve estar
distante de práticas “alternativas”.
Ela deve possuir um corpo teórico específico que também não pode ser confundido com qualquer um dos seus
componentes (por exemplo, a respiração holotrópica de Grof, a Psicossíntese de Roberto Assagiogli ou a
psicologia de espectro, de Ken Wilber).
Ressalte-se que em ciências humanas, a utilização de pesquisas quantitativas deve-se observar suas limitações,
pois nelas o qualitativo torna-se mais significativo e singular.
Ao mesmo tempo, todos seus estudiosos e praticantes devem estar cientes de que se trata de uma abordagem
ainda em processo, longe de constituir-se numa teoria fechada. Para seu desenvolvimento futuro, a Psicologia
Transpessoal convida todos os estudiosos que queiram dar sua contribuição sincera para a melhoria eficaz da
qualidade de vida do homem todo e de todos os homens.
Ainda a título de conclusão, acrescentas as afirmações de Descamps*:
[...] a articulação se dava ao redor de um novo paradigma científico que incluía o espiritual.
O mundo, que não é formado de objetos materiais separados, é uma estrutura energética fluida, como
nosso corpo.
Há uma unidade subjacente entre o homem e o universo. (...) As diversas terapias transpessoais
permitiram acessar uma dimensão interior que ainda não tinha sido explorada pela psicologia: a
dimensão do sagrado (...);
(Nesse contexto), era também natural que se utilizasse a exploração interior fornecida pelas diversas
formas de meditação e as múltiplas experiências possíveis de expansão da consciência.
A Transpessoal, portanto, oferece uma nova visão do mundo, do homem e da ciência. Vivendo num
Universo onde tudo está interligado, o homem não está mais só e perdido num mundo material frio,
hostil e absurdo. Pois a raiz da alienação reside na oposição entre espírito e matéria.
MÓDULO I MÓDULO IX
História da Transpessoal: das antigas tradições de Recursos e Técnicas Transpessoais para Expansão da
sabedoria aos pesquisadores atuais da consciência. Consciência II.
MÓDULO II MÓDULO X
Paradigma Holístico: uma visão sagrada e ética da vida. Treinamento do Facilitador de Orientações da Transpessoal I.
MÓDULO III MÓDULO XI
Psicologia Transpessoal: um psicologia da alma. Recursos e Técnicas Transpessoais para Expansão da
MÓDULO IV Consciência III.
Anatomia Energética Humana: o ser multidimensional. MÓDULO XII
MÓDULO V Recursos e Técnicas Transpessoais para Expansão da
Biopsicoespiritualidade: a conexão corpo-mente-espírito. Consciência IV
MÓDULO VI MÓDULO XIII
Estados de Expansão da Consciência. Treinamento do Facilitador de Orientações da Transpessoal
MÓDULO VII II.
Saúde e Educação: o o despertar do Ser Integral. MÓDULO XIV
MÓDULO VIII Encerramento: Autotransformação – Uma jornada interior.
Recursos e Técnicas Transpessoais para Expansão da
Consciência I.
7.2. Programa da UNIPAZ – Universidade da Paz
Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em Psicologia Transpessoal
Carga Horária: 550 h, com 24 encontros - Local: Goiânia-GO
Período: setembro de 2017 a março de 2019.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: Cultrix, 1986.
Essencial para aqueles que desejam compreender a nova visão do mundo; expõe a evolução do conhecimento na
maioria das áreas da atividade humana. Aborda temas como os novos conceitos de espaço, tempo e matéria
desenvolvidos pela física quântica. Trata da integração entre as abordagens ocidental e oriental em Psicologia
e Psicoterapia.
CREMA, Roberto. Introdução à Visão Holística: breve relato da viagem do velho ao novo paradigma.. São
Paulo: Summus Editorial, 1989.
Faz uma síntese das ideia essenciais sobre a visão holística, abrangendo todos os aspectos indispensáveis à
compreensão dessa nova perspectiva.
OLIVEIRA, Colandi Carvalho de. Psicologia da Ensinagem, 2ª. Ed. Goiânia: Editora Kelps, 2003.
Livro-texto de aplicação a estudantes de Psicologia e Pedagogia. Afirma que é preciso transcender a educação
instrumental e que é fundamental reinterpretar importantes temas como aprendizagem, inteligência,
pensamento, habilidades etc.
TAVARES, Clotilde Santa Cruz. Iniciação à Visão Holística. 5ª. Ed. Record, 2000.
Expõe, de forma acessível, os conceitos e ideias básicas que fundamental o paradigma holístico-sistêmico. Ao
final do livro, apresenta um apêndice com pergunta e respostas sobre holística.
DE GREGORI, Waldemar. Cibernética Social II. São Paulo: Perspectiva, 1990.
Fundador do movimento Cibernética Social e Proporcionalidade. Faz uma síntese da visão sistêmica em
contraposição ao sistemismo e cibernetismo norte-americanos. Defende, sobretudo, a trialética sistêmica que
afirma poder ser aplicada a tudo. Enfatiza a necessidade de dessacralização e demitização do planeta, da vida,
do gigantismo das instituições explicitando que é preciso uma nova vida grupal e social em novas bases.
DE LUCA, Arturo. Et al. Psicologia Transpessoal uma Introdução. Trad. Juliana Salvetti Alves Machado. São
Paulo: Totalidade Editora, 1993.
TALBONE, Márcia. A Psicologia Transpessoal: introdução à nova visão da consciência em psicologia e educação.
São Paulo: Editora Cultrix, 1993.
Autora é mestre e doutora em Psicologia Transpessoal, atualmente coordena os cursos de pós-graduação na
Universidade de São Paulo (UNIP)
WEIL, Pierre. A Consciência Cósmica: introdução à psicologia transpessoal. Petrópolis: Editora Vozes, 1978.
Fundador da Universidade da Paz (UNIPAZ). Neste livro Weil apresenta a Psicologia Transpessoal como um ramo
da Psicologia especializada no estudo da consciência com a influência de diversas abordagens da psicologia, tanto
ocidental quanto oriental. Trata-se de um livro básico sobre o assunto.
Artigos
Exemplo das pirâmides político-econômicas injusta e menos injusta:
PARIZI, V. G. Psicologia transpessoal: algumas notas sobre sua história, críticas e perspectivas. Revista de
Psicologia. n. 14(1) p. 109-128, 2015.
LATTERZA, Andréa Romero, et al. Técnicas da psicologia transpessoal que induzem aos estados ampliados da
consciência como cuidado integrativo: revisão da literatura. Revista da Universidade Ibirapuera. v. 8, p.47-55,
jul/dez.-2014.
ANDERY, Maria Amália, et al. Para Compreender a Ciência – uma perspectiva histórica. Rio de Janeiro: Gramond
Livraria, 2007.
ATKINSON, Rita L., et al. Introdução à Psicologia de Hilgard. São Paulo: Artmed, 13ª. ed. 2002.