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Procura e Oferta Turística

UFCD 3479
Procura Turística
Traduz as diversas quantidades de bens e serviços que os visitantes, residentes
e não residentes, adquirem num dado momento. Deste modo a procura
turística é o conjunto dos bens e serviços que as pessoas que se deslocam
adquirem para realizar as suas viagens, expressos em termos de quantidade.

Pode assumir as seguintes formas:


• Física
• Monetária
• Geográfica
• Global
Física
• Traduz-se pelas deslocações dos indivíduos em
conformidade com a definição de visitante.
Nestes termos, é dada pelo número de
pessoas que se deslocam para locais diferentes
daqueles em que residem e onde realizam as
suas atividades profissionais remuneradas.
• A procura física é, portanto, constituída pelos fluxos
turísticos, que se medem pelas chegadas às fronteiras de
cada país e pelas dormidas nos meios de alojamento,
quer tenha origem no próprio país quer no exterior.

– Exemplo: se em cada ano entram em Portugal 28 milhões de


visitantes, dizemos que a procura externa portuguesa, do ponto
de vista físico é constituída por 28 milhões de visitantes
Monetária
A procura turística é dada pelo valor do conjunto dos consumos realizados pelos
visitantes de origem externa e interna ou seja, das quantidades de bens e
serviços que adquirem em razão das suas deslocações e que se medem pelas
receitas turísticas.
Geográfica
Do ponto de vista geográfico, a procura turística expressa as origens e os destinos.
Define as localidades onde se geram os movimentos turísticos (origens) e os locais
para onde eles se dirigem com vista à satisfação das suas necessidades (destinos).
Traduz os aspectos direccionais dos fluxos turísticos e determina as áreas ou os
países que lhe dão origem e os locais ou os países para onde se destinam
• A importância da análise geográfica reside no facto
de permitir determinar o modo como se reparte a
procura turística de um país do ponto de vista
espacial bem como os países ou os locais onde a
mesma se origina e as principais vias de penetração.
Global
• À escala nacional, interna, a procura global de
um país é avaliada pela “taxa de partida” que
exprime a participação da sua população nas
viagens.
• (nota: a taxa de partida é dada pela relação entre a população
desse país que passa férias e as sua população total e
determina a propensão à viagem desta população.)
Global
• Procura turística global originada num país- é
a procura aí gerada, quer se destine a viajar
para o estrangeiro, que no interior do próprio
país.
Global
• Procura turística global dos residentes- é a
constituída pelo conjunto daqueles que partem de
férias independentemente do local para onde se
dirigem (no próprio país ou estrangeiro).

• Procura global dos produtos turísticos- é constituída


pelos residentes que partem de férias no interior do
país (turismo doméstico) e pela procura dos não
residentes (turismo recetor).
Grupos de procura turística
• Procura efetiva- é constituída pelo número de pessoas que
num determinado período participa na atividade turística,
ou seja, que viajam por razões turísticas.

• Procura potencial- é a parte da população que num


determinado momento, não viaja por qualquer motivo, mas
que tem condições para viajar no futuro quando se
verificarem alterações das situações que, no período
considerado impediram a realização da viagem (motivos
profissionais, familiares, saúde, etc).
Características fundamentais da
procura turística

• Crescimento constante
• Heterogeneidade
• Concentração
Crescimento constante
• A evolução constante no sentido do crescimento
é uma característica geral da procura turística que
corresponde a uma expansão global e universal.
• Ao longo das últimas cinco décadas registaram-se
períodos de aceleração das taxas de crescimento
da procura turística internacional como também
se registaram afrouxamentos significativos, mas a
tendência geral foi sempre a do crescimento.
https://www.youtube.com/watch?v=
qMwgnc-J-Gc
Crescimento constante
• Dificilmente se encontrará outra atividade que
tenha mantido um tão longo período de
crescimento apesar de o mundo ter
atravessado momentos de sérias dificuldades
económicas, sociais, políticas e monetárias
que afetaram profundamente as relações
económicas e o comércio internacional.
https://www.youtube.com/watch?v=m8rJYfqrQy8
Heterogeneidade
• As razões que levam as pessoas a viajar
(motivações) são extremamente diversificadas
conduzindo a situações díspares.

• As pessoas viajam por:


– motivos de carácter meramente pessoal (psicológicos)
– motivos sociais (imitação, afirmação social)
– motivos profissionais (realização de negócios,
participação em congressos)
– motivos familiares (visita a amigos e parentes)
– por muitos outros motivos.
Heterogeneidade
• A gama de motivos tende a aumentar e
constantemente surgem razões adicionais que
levam as pessoas a viajar do que resulta uma
grande variedade de tipos de turismo e de
produtos. É um processo inerente, também, à
democratização do turismo e que acompanha
a alteração dos modos de vida.
Concentração
• Tempo
• Espaço
• Atrativos
Concentração no tempo
• A nível de cada destino a procura concentra-se
em poucos meses do ano, durante os quais se
verificam fluxos turísticos mais elevados,
conduzindo ao fenómeno da SAZONALIDADE que,
nas condições atuais, é inerente ao turismo.

• Na generalidade dos destinos turísticos a


distribuição da procura turística ao longo do ano
é muito desigual, conduzindo a
– períodos de grande procura (estação alta)
– períodos de reduzida procura (estação baixa)
Concentração no espaço
• A procura turística é fortemente concentrada no
espaço:
– quer do ponto de vista das origens
– quer do ponto de vista dos destinos

• A União Europeia, por exemplo


despende em turismo mais de
40% das receitas turísticas
também mundiais. A Europa, no
seu conjunto, continua a ser a
zona do mundo com maior
concentração turística, não só em
termos de destino como também
de origem.
Concentração de atrativos
• Apesar da grande diversidade de motivos da viagem, a
procura continua a ser fortemente concentrada em atrativos.
– O mar onde se situam os principais centros culturais,
– As montanhas concentram os atrativos mais procurados pelos
turistas e é para aí que se dirigem as correntes
– As grandes cidades turísticas mais fortes

• Desde os anos 80 que se tem vindo a registar uma


cada vez maior fragmentação da procura, dando
origem a uma maior segmentação com a
consequente criação de novos e mais diversificados
produtos turísticos, no entanto, os atrativos que
atraem maior número de turistas continuam a ser
os três acima referidos
Causas da concentração
• Condições climatéricas. As pessoas escolhem para
viajar o bom tempo e as condições climatéricas que
satisfaçam as suas motivações: procura de neve e
desportos de inverno, sol e mar.
• Regime e época de férias: as épocas de férias dos
trabalhadores e dos estudantes e a sua distribuição ao
longo do ano determinam as épocas em que as
pessoas viajam. As férias escolares determinam as
épocas em que não só os jovens têm disponibilidade
de tempo para viajar, como também as dos pais com
filhos em idade escolar e o regime de férias laborais
influencia fortemente a eleição dos períodos de férias
por parte dos trabalhadores.
Causas ca concentração
• Hábitos: os hábitos adquiridos ao longo do tempo
relativamente à escolha da altura do ano para passar
férias acabam por se transformar num factor que
influencia a sazonalidade. Muitas pessoas habituam-se
a ir para férias em certas épocas e passam a eleger
sempre essa épocas efetuando as reservas dos meios
de alojamento de uns anos para os outros.
• Condições sociais: a moda, o espírito de imitação e os
encontros de amigos e parentes durante as férias
levam a que se escolham as férias por motivos
idênticos e nas mesmas épocas do ano que, por via da
regra, coincidem com a época alta.
Causas da concentração (tempo)
• Razões económicas: muitas empresas
encerram ou diminuem a sua produção
durante o verão, sobretudo aquelas que se
destinam a produzir bens e serviços para as
populações locais que durante essa época
abandonam os grandes centros.
Causas da concentração (espaço)
• A concentração no espaço tem como principal causa o
nível de desenvolvimento económico. É nos países
mais desenvolvidos economicamente, cujas
populações desfrutam de mais elevados níveis de
rendimento e de melhores condições de vida que se
originam as maiores correntes turísticas.
• De igual modo o desenvolvimento económico favorece
a concentração turística em termos de destino: os
países principais destinatários do turismo mundial
contam-se entre os países mais desenvolvidos do
planeta.
Causas da concentração (atrativos)
• As causas principais da
concentração em atrativos
resultam das motivações
dominantes e da desigual
repartição de atrativos.

• As correntes turísticas
procuram atrativos limitados,
grande parte dos quais
irreproduzíveis, e
desigualmente repartidos no
espaço, provocando a sua
concentração.
Consequências da concentração
• Da concentração da procura turística resultam consequências que
originam uma série de problemas de difícil solução e que têm de ser
tomados em consideração no processo de desenvolvimento turístico.

• Alguns desses problemas são


inerentes à atividade turística e
não são elimináveis mas podem
ser atenuados reduzindo-se as
suas influências negativas, se
forem bem compreendidos nas
suas causas e efeitos
Consequências da sazonalidade
• Para as empresas turísticas a sazonalidade
levanta problema de subutilização nas épocas
baixas, em que as taxas de ocupação são
reduzidas, obriga a investimentos adicionais
resultantes da sua sobredimensão ou da
necessidade de dotar os empreendimentos
turísticos com equipamentos que atuem como
fator de atração na época de menos procura.

• Para as administrações públicas levantam-se, sobretudo,


problemas relacionados com os investimentos que é
necessário realizar em infra-estruturas (têm de ser
planeadas para satisfazer as necessidades dos períodos de
ponta a fim de evitar estrangulamentos), com a gestão dos
serviços públicos e com a segurança (necessitam de ser
reforçados nas épocas de maior procura e reduzidos nas
épocas baixas o que provoca problemas de gestão).
Consequências da sazonalidade
• A sazonalidade arrasta também consequências
relativamente aos trabalhadores não só para os
contratados temporariamente para a época alta,
mas também para aqueles que ocupam postos de
trabalho fixos:
– os primeiros realizam um trabalho incerto para o qual,
muitas vezes, não possuem adequada preparação
profissional
– os segundos, são sujeitos a um desgaste e a uma
grande pressão nos períodos de maior concentração
da procura.
Consequências da concentração no
espaço
• No caso da procura turística ser concentrada em origens, situação
comum à maior parte dos destinos turísticos cuja procura depende
fortemente de dois ou três mercados, a consequência é a
dependência de poucos mercados fornecedores.

• A degradação do ambiente e destruição dos recursos naturais


devido à excessiva concentração da procura em alguns destinos que
conduz à excessiva concentração da procura em alguns destinos que
conduz à construção de infra-estruturas, equipamentos, centros
desportivos e recreativos, estabelecimentos comerciais e
alojamentos que acabam por ocupar os espaços verdes e os próprios
recursos naturais.

• Excesso de capacidade de carga.


Consequências da concentração no
espaço
• Fraca repartição dos
benefícios do turismo,
sendo que algumas zonas
se transformam em
grandes centros de
atividade económica
gerada pelo turismo,
enquanto outras se
mantêm fora dos fluxos
turísticos o que aumenta
os desequilíbrios
regionais.
Consequências da concentração em
atrativos
• A concentração em atrativos conduz à concentração no
espaço com as consequências acima assinaladas. Ao mesmo
tempo torna os destinos mais dependentes dos mercados,
épocas e motivações. .
Embora sejam estas que estão na
origem da concentração em atrativos
é, porém cada vez menor a
dependência dos atrativos naturais e
histórico-monumentais pela
construção de novos equipamentos
que se transformam em autênticos
recursos turísticos
Fatores determinantes da procura
turística

• Fatores socioeconómicos
• Fatores técnicos
• Fatores aleatórios
• Fatores psicossociológicos
Fatores socioeconómicos
• Todos os fatores de carácter económico ou
social que impedem, permitem ou influenciam
a decisão de viajar. De entre eles destacam-se:
– os rendimentos
– os preços
– a demografia
– a urbanização
– a duração do lazer.
Rendimentos
• A análise dos efeitos dos rendimentos sobre
procura efetuados ao longo do tempo, têm
demonstrado que a extensão das férias e a
variação da procura turística são diretamente
proporcionais ao rendimento e inversamente
proporcionais ao custo de vida existindo,
portanto, uma relação positiva entre a procura
e o rendimento disponível.
Preços
• A variação dos preços influencia a procura
turística em sentido contrário, isto é, quando
os preços aumentam a procura turística
diminui e, inversamente, quando os preços
diminuem aumenta a procura turística.
Preços
• Em relação ao nível geral dos preços (preços de conjunto de bens e
serviços em geral adquiridos pelas famílias) podemos distinguir
duas situações, consoante nos posicionemos no mercado de origem
ou no mercado de destino:

– Quando no mercado de origem se regista um aumento geral dos


preços, aumentam os gastos no consumo de bens de primeira
necessidade provocando a redução do rendimento disponível para
consumos turísticos o que conduz à diminuição da procura turística.

– O aumento do nível geral dos preços nos mercados recetores,


provocará uma diminuição da procura turística mas, neste caso, para o
próprio destino. O aumento diminui a procura deste.
Demografia
• Do ponto de vista demográfico, a procura turística é determinada pela
taxa de partida e propensão à viagem. Este indicador mostra-nos que
alguns dos países com menor população mundial são aqueles que
possuem uma mais elevada propensão à viagem, o que se deve a fatores
económicos, mas também às alterações demográficas:
– Nos países mais desenvolvidos economicamente já há
algumas décadas que se regista um declínio da taxa de
natalidade que, associada à diminuição da taxa de
mortalidade, provoca o envelhecimento da população, que
deu origem a um novo segmento de mercado (turismo
sénior);

– O declínio das taxas de natalidade tem reduzido o tamanho


das famílias. Esta redução, acompanhada do aumento da
participação da mulher na vida profissional, tem como efeito
o aumento do rendimento disponível para a realização de
viagens, isto é, o aumento da procura turística.
Demografia
• Os trabalhadores dos países mais desenvolvidos
beneficiam, cada vez mais, de férias e viagens pagas pelas
entidades patronais o que tem levado ao aumento da
realização de viagens mais vezes por ano.

• Os estudos turísticos internacionais têm mostrado que a


maior parte dos turistas vivem em áreas urbanas o que
permite concluir que a maior parte da procura turística é
originada nos grandes centros populacionais. Os países com
mais elevados gastos turísticos possuem elevadas taxas de
urbanização. A tendência que se regista desde há muitos
anos é a de se acentuar o grau de urbanização na
generalidade dos países de todo o mundo o que
influenciará a evolução da procura turística mundial
Duração do lazer
• A diminuição do tempo de trabalho e o
consequente aumento do tempo livre é um facto
comum a todos os países em resultado do
progresso social e do desenvolvimento
tecnológico, mas também de um desejo humano:
à medida que aumentam os ganhos reais por
hora de trabalho as pessoas abdicam de
aumentos adicionais de rendimentos para
disporem de mais tempo livre. A partir de certos
níveis de rendimento, as pessoas trocam
rendimento por lazer preferindo diminuir o seu
tempo de trabalho a obter mais rendimento.
Fatores técnicos
• Os fatores técnicos incluem os meios e os processos técnicos
e tecnológicos que facilitam as deslocações ou permitem a
realização de viagens.
– Ao garantir melhores condições de vida ao proporcionar novas bases
de desenvolvimento económico e social, todo o desenvolvimento
tecnológico influencia, direta ou indiretamente, a procura turística.

• É no domínio dos transportes que o progresso


tecnológico exerce maior influência sobre a procura
turística. Também as novas tecnologias das
telecomunicações e da informação constituem uma
área de progresso técnico que favorece o aumento da
procura turística (facilidades nas reservas nos
pagamentos, nas informações, etc.)
Fatores psicossociológicos
• O comportamento
dos consumidores é
influenciado por
fatores
psicossociológicos
que determinam os
gostos, as
preferências e os atos
de consumo turístico.
Incluem-se aqui os
sociais, pessoais e
culturais.
Fatores sociais
• A viagem corresponde à necessidade individual
de evasão, isto é, constitui uma forma de romper
com a rotina da vida quotidiana, com os
constrangimentos da vida urbana e com as
condições de realização do trabalho em
ambientes fechados. .
O turismo é, para muitas pessoas, um ato
de libertação, dos constrangimentos da vida
moderna
Fatores pessoais
• Os fatores pessoais resultam de desejos e de
aspirações profundamente enraizados na
natureza humana e que são despertados pelas
condições de vida. As pessoas que têm um
trabalho rotineiro, desenvolvido em grandes
aglomerados urbanos e que habitam em locais
despersonalizados vivendo em isolamento,
sentem maior necessidade de natureza, de
comunicação e de mudar de ambiente,
necessidades que são satisfeitas pelas viagens.
Fatores culturais
• Os atuais padrões culturais, a maior informação e a difusão de imagens de outros
países, de outras paisagens e de acontecimentos, e manifestações artísticas,
desportivas e culturais exercem uma grande influência sobre as decisões de
viagem, conduzindo à criação de uma predisposição cultural à viagem,
profundamente influenciada pelo conformismo e pelo espírito de imitação: parte-
se porque os outros o fazem e para ganhar status.

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