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25.

º Curso de Formação para Polícia Municipal

Estatuto dos Funcionários Autárquicos

Formadora: Dra. Carla Acúrcio

12/05/2019 1
Exercício do Poder Disciplinar

dos Trabalhadores que

Exercem Funções Públicas

Lei n.º 35/2014, de 20/06 e

respectivo Anexo
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O que é uma infracção disciplinar?

Considera-se infracção disciplinar o


comportamento do trabalhador, por acção ou
omissão, ainda que meramente culposo, que viole
deveres gerais ou especiais inerentes à função
que exerce .
(artigo 183.º)

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A infracção disciplinar pode definir-se como uma

conduta externa, culposa, ilícita e prejudicial do

trabalhador, traduzida na violação de deveres

gerais ou especiais previstos na lei e inerentes às

funções que executa e para as quais está

habilitado.

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Pode então dizer-se que a infracção disciplinar é
composta por quatro elementos:
1.º. Ter um comportamento externo por acção ou
por omissão – O trabalhador poderá ser punido
disciplinarmente sempre que adoptar uma
conduta (voluntária) contrária ao dever geral ou
especial a cujo respeito está obrigado, seja
fazendo o que é proibido por tal dever (acção),
seja omitindo o comportamento imposto pelo
mesmo (omissão);
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2.º. Ter um comportamento culposo – o grau de

culpa e a intensidade do dolo (culpa) ou da

negligência (mera culpa) será aferido para

efeitos de determinação da sanção disciplinar

aplicar;

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3.º. Ter um comportamento ilícito – para se
poder exercer o poder disciplinar sobre os
trabalhadores públicos não basta que se esteja
perante um comportamento que possa ser
censurado, exigindo-se ainda que se proceda a
uma qualificação jurídica de tal comportamento,
de forma a que o mesmo possa ser considerado
como transgressor de um dever.
A violação de um dever disciplinar representa
sempre um acto ilícito e antijurídico.

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4.º. Ter um comportamento prejudicial -
embora, este quarto elemento não decorra
directamente da lei, Paulo Veiga e Moura
entende que, “só se estará perante uma
infracção disciplinar (só podendo,
consequentemente, o trabalhador ser punido)
quando o comportamento culposo e ilícito tenha
causado um qualquer dano ao interesse público
que competia ao organismo público empregador
prosseguir e tutelar.”

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Significa isto que os 4 elementos que
consideramos integrantes do conceito de
infracção disciplinar são de verificação
cumulativa, pelo que a falta de um deles afasta
de imediato a existência de qualquer infracção
disciplinar, inviabilizando, consequentemente, o
exercício do poder disciplinar por parte do
empregador público.

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A compreensão do regime da infracção
disciplinar não seria alcançada na plenitude sem
se proceder ao seu enquadramento no mais vasto
regime de responsabilidade constitucional dos
trabalhadores da Administração Pública.
A Constituição da República Portuguesa (CRP)
não poderia ficar insensível à importância da
figura da responsabilidade para a promoção de
uma Administração eficiente, pelo que nos seus
artigos 22.º e 271.º clausulou essa mesma
responsabilização.
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Artigo 22.º da CRP 11

(Responsabilidade das entidades públicas)


“O Estado e as demais entidades públicas são
civilmente responsáveis, em forma solidária com
os titulares dos seus órgãos, funcionários ou
agentes, por acções ou omissões praticadas no
exercício das suas funções e por causa desse
exercício, de que resulte violação dos direitos,
liberdades e garantias ou prejuízo para outrem.”
Artigo 271.º da CRP 12
(Responsabilidade dos funcionários e agentes)
“1. Os funcionários e agentes do Estado e das
demais entidades públicas são responsáveis civil,
criminal e disciplinarmente pelas acções ou
omissões praticadas no exercício das suas
funções e por causa desse exercício de que
resulte violação dos direitos ou interesses
legalmente protegidos dos cidadãos, não
dependendo a acção ou procedimento, em
qualquer fase, de autorização hierárquica.
Artigo 271.º da CRP (continuação) 13
(Responsabilidade dos funcionários e agentes)
2. É excluída a responsabilidade do funcionário
ou agente que actue no cumprimento de ordens
ou instruções emanadas de legítimo superior
hierárquico e em matéria de serviço, se
previamente delas tiver reclamado ou tiver
exigido a sua transmissão ou confirmação por
escrito.
Artigo 271.º da CRP (continuação) 14
(Responsabilidade dos funcionários e agentes)
3. Cessa o dever de obediência sempre que o
cumprimento das ordens ou instruções implique
a prática de qualquer crime.
4. A lei regula os termos em que o Estado e as
demais entidades públicas têm direito de
regresso contra os titulares dos seus órgãos,
funcionários e agentes.”
Sujeição ao poder disciplinar
(artigo 176.º n.º 1)

Todos os trabalhadores são disciplinarmente

responsáveis perante os seus superiores

hierárquicos

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A partir do momento em que um trabalhador

estabelece uma relação jurídica de emprego

público fica sujeito às exigências disciplinares

do serviço, ficando vinculados a respeitar os

deveres gerais e especiais.

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A partir do início de funções, os trabalhadores

respondem disciplinarmente perante todos os

superiores hierárquicos da estrutura

organizacional ou serviço que integram.

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Deveres gerais dos trabalhadores (artigo 73.º)

- O dever de prossecução do interesse


público;
- O dever de isenção;
- O dever de imparcialidade;
- O dever de informação;
- O dever de zelo;
- O dever de obediência;
- O dever de lealdade;
- O dever de correcção;
- O dever de assiduidade;
- O dever de pontualidade.
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Definição de cada um dos deveres

O dever de prossecução do interesse público –

consiste na defesa desse interesse público, com

respeito pela CRP, pelas leis e pelos direitos e

interesses legalmente protegidos dos cidadãos .

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O dever de isenção - consiste em não tirar

vantagens, directas ou indirectas, pecuniárias ou

outras, para si ou para terceiro, das funções que

exerce;

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O dever de imparcialidade – consiste em

desempenhar as funções com equidistância

relativamente aos interesses com que seja

confrontado, sem discriminar positiva ou

negativamente qualquer deles, na perspectiva do

respeito pela igualdade dos cidadãos;

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O dever de informação – consiste em prestar ao

cidadão, nos termos legais, a informação que

seja solicitada, com ressalva daquela que,

naqueles termos, não deva ser divulgada;

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O dever de zelo – consiste em conhecer e

aplicar as normas legais e regulamentares e as

ordens e instruções dos superiores hierárquicos,

bem como exercer as funções de acordo com os

objectivos que tenham sido fixados e utilizando

as competências que tenham sido consideradas

adequadas;
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O dever de obediência – consiste em acatar e

cumprir as ordens dos legítimos superiores

hierárquicos, dadas em objecto de serviço e com

a forma legal;

O dever de lealdade – consiste em desempenhar

as funções com subordinação aos objectivos do

órgão ou serviço;
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O dever de correcção – consiste em tratar com

respeito os utentes dos órgãos ou serviços e os

restantes trabalhadores e superiores

hierárquicos;

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O dever de assiduidade - consiste em

apresentar-se ao serviço de forma regular e

continuada;

O dever de pontualidade – consiste em

comparecer ao serviço no horário que está

sujeito.

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O processo disciplinar como procedimento
administrativo, se bem que especial, porque é
sancionatório, com uma concreta tramitação,
deve igualmente obediência aos princípios gerais
- a que deve estar sujeita qualquer actuação da
Administração - contidos no Código do
Procedimento Administrativo (CPA) e portanto
também aplicáveis ao processo disciplinar.

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Artigo 3.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)
28

Princípio da legalidade

1 - Os órgãos da Administração Pública devem atuar em


obediência à lei e ao direito, dentro dos limites dos
poderes que lhes forem conferidos e em conformidade
com os respetivos fins.

2 – […]
Artigo 4.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)
29

Princípio da prossecução do interesse público e da


protecção

dos direitos e interesses dos cidadãos

Compete aos órgãos da Administração Pública


prosseguir o interesse público, no respeito pelos
direitos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos.
Artigo 4.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)
30

Princípio da prossecução do interesse público e da


protecção

dos direitos e interesses dos cidadãos

Compete aos órgãos da Administração Pública


prosseguir o interesse público, no respeito pelos
direitos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos.
Artigo 46.º do DL n.º 4/2015, de 7/0131
(CPA)
Princípio da Igualdade

Nas suas relações com os particulares, a Administração


Pública deve reger-se pelo princípio da igualdade, não
podendo privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar de
qualquer direito ou isentar de qualquer dever ninguém
em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território
de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas,
instrução, situação económica, condição social ou
orientação sexual.
Artigo 7.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)
32
Princípios da proporcionalidade
1 - Na prossecução do interesse público, a Administração
Pública deve adotar os comportamentos adequados aos
fins prosseguidos.

2 - As decisões da Administração que colidam com


direitos subjetivos ou interesses legalmente protegidos
dos particulares só podem afetar essas posições na
medida do necessário e em termos proporcionais aos
objetivos a realizar.
Artigo 8.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)
33
Princípios da justiça e da razoabilidade

A Administração Pública deve tratar de forma justa


todos aqueles que com ela entrem em relação, e rejeitar
as soluções manifestamente desrazoáveis ou
incompatíveis com a ideia de Direito, nomeadamente em
matéria de interpretação das normas jurídicas e das
valorações próprias do exercício da função
administrativa.
Artigo 9.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)34

Princípio da imparcialidade

Administração Pública deve tratar de forma imparcial


aqueles que com ela entrem em relação, designadamente,
considerando com objetividade todos e apenas os
interesses relevantes no contexto decisório e adotando
as soluções organizatórias e procedimentais
indispensáveis à preservação da isenção administrativa e
à confiança nessa isenção.
35
Artigo 10.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)

Princípio da boa fé
1 - No exercício da atividade administrativa e em todas
as suas formas e fases, a Administração Pública e os
particulares devem agir e relacionar-se segundo as
regras da boa-fé.
2 - No cumprimento do disposto no número anterior,
devem ponderar-se os valores fundamentais do Direito
relevantes em face das situações consideradas, e, em
especial, a confiança suscitada na contraparte pela
atuação em causa e o objetivo a alcançar com a atuação
empreendida.
Artigo 11.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)
36
Princípio da colaboração com os particulares

1 - Os órgãos da Administração Pública devem atuar em


estreita colaboração com os particulares, cumprindo-
lhes, designadamente, prestar aos particulares as
informações e os esclarecimentos de que careçam,
apoiar e estimular as suas iniciativas e receber as suas
sugestões e informações.

2 - A Administração Pública é responsável pelas


informações prestadas por escrito aos particulares,
ainda que não obrigatórias.
37
Artigo 11.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)

Princípio da participação

Os órgãos da Administração Pública devem assegurar a


participação dos particulares, bem como das associações
que tenham por objeto a defesa dos seus interesses, na
formação das decisões que lhes digam respeito,
designadamente através da respetiva audiência nos
termos do presente Código.
Artigo 13.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)
38
Princípio da decisão

1 - Os órgãos da Administração Pública têm o dever de


se pronunciar sobre todos os assuntos da sua
competência que lhes sejam apresentados e,
nomeadamente, sobre os assuntos que aos interessados
digam diretamente respeito, bem como sobre quaisquer
petições, representações, reclamações ou queixas
formuladas em defesa da Constituição, das leis ou do
interesse público.

39
Artigo 13.º do DL n.º 4/2015, de 7/01 (CPA)

Princípio da decisão

2 - Não existe o dever de decisão quando, há menos de
dois anos, contados da data da apresentação do
requerimento, o órgão competente tenha praticado um
ato administrativo sobre o mesmo pedido, formulado
pelo mesmo particular com os mesmos fundamentos.

3 - Os órgãos da Administração Pública podem decidir


sobre coisa diferente ou mais ampla do que a pedida,
quando o interesse público assim o exija.
Além dos deveres gerais, os agentes da polícia municipal
estão, ainda, sujeitos aos deveres próprios da sua
carreira:

Dever de obediência hierárquica;

Dever de sigilo profissional;

Dever de denúncia;

Dever de uso de uniforme;

Dever de identificação.

DL n.º 239/2009, de 16/09 (art.º 5.º)

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Definição de cada um dos deveres:
Dever de obediência hierárquica – consiste em acatar e
cumprir com exactidão e oportunidade as ordens dos
seus legítimos superiores hierárquicos, dadas em
objecto de serviço e com a forma legal;

Dever de sigilo profissional – consiste na obrigação dos


elementos da polícia municipal em guardar sigilo sobre as
informações a que tenham acesso no exercício das suas
funções;
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Dever de denúncia – Consiste na obrigação do pessoal da
polícia municipal que tenha conhecimento de factos
relativos a crimes no exercício das suas funções, deve
comunicá-los imediatamente à entidade competente para
a investigação, sem prejuízo da competência para
levantamento do respectivo auto;

Dever de uso de uniforme – consiste na obrigação dos


agentes da polícia municipal exercerem as suas funções
uniformizados;
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Dever de identificação - Os agentes da polícia municipal
consideram-se identificados sempre que estejam
uniformizados. Todavia, devem exibir prontamente o
crachá ou o cartão de livre-trânsito, sempre isso lhe
seja solicitado ou as circunstâncias do serviço o exijam.

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Exclusão da responsabilidade disciplinar:

É excluída a responsabilidade disciplinar do

trabalhador que actue no cumprimento de ordens ou

instruções, que considere ilegal, emanadas pelo

legítimo superior hierárquico quando previamente

delas (ordens) tenha reclamado ou exigido a sua

transmissão ou confirmação por escrito (art.º 177.º

da LTFP).

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O dever de obediência cessa sempre que o

cumprimento das ordens ou instruções implique a

prática de qualquer crime (art.º 177.º da

LTFP).

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Dos crimes cometidos no exercício de funções
públicas 46

Artigo 372.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO


PENAL
Recebimento indevido de vantagem

1 - O funcionário que, no exercício das suas funções ou


por causa delas, por si, ou por interposta pessoa, com o
seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar,
para si ou para terceiro, vantagem patrimonial ou não
patrimonial, que não lhe seja devida, é punido com pena
de prisão até cinco anos ou com pena de multa até 600
dias.

Artigo 372.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
PENAL 47

Recebimento indevido de vantagem


2 - Quem, por si ou por interposta pessoa, com o seu
consentimento ou ratificação, der ou prometer a
funcionário, ou a terceiro por indicação ou conhecimento
daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial, que
não lhe seja devida, no exercício das suas funções ou por
causa delas, é punido com pena de prisão até três anos
ou com pena de multa até 360 dias.

3 - Excluem-se dos números anteriores as condutas


socialmente adequadas e conformes aos usos e
costumes.
Artigo 373.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO PENAL
48

Corrupção passiva
1 - O funcionário que por si, ou por interposta pessoa, com
o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar,
para si ou para terceiro, vantagem patrimonial ou não
patrimonial, ou a sua promessa, para a prática de um
qualquer acto ou omissão contrários aos deveres do cargo,
ainda que anteriores àquela solicitação ou aceitação, é
punido com pena de prisão de um a oito anos.

2 - Se o acto ou omissão não forem contrários aos deveres


do cargo e a vantagem não lhe for devida, o agente é
punido com pena de prisão de um a cinco anos.
Artigo 374.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO PENAL
49
Corrupção activa
1 - Quem, por si ou por interposta pessoa, com o seu
consentimento ou ratificação, der ou prometer a funcionário,
ou a terceiro por indicação ou com conhecimento daquele,
vantagem patrimonial ou não patrimonial com o fim indicado no
n.º 1 do artigo 373.º, é punido com pena de prisão de um a
cinco anos.

2 - Se o fim for o indicado no n.º 2 do artigo 373.º, o agente


é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de
multa até 360 dias.

3 - A tentativa é punível.
50
Artigo 375.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO PENAL

Peculato

1 - O funcionário que ilegitimamente se apropriar, em


proveito próprio ou de outra pessoa, de dinheiro ou
qualquer coisa móvel ou imóvel ou animal, públicos ou
particulares, que lhe tenha sido entregue, esteja na sua
posse ou lhe seja acessível em razão das suas funções, é
punido com pena de prisão de 1 a 8 anos, se pena mais
grave lhe não couber por força de outra disposição legal.
51
Artigo 375.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO PENAL

Peculato
2 - Se os valores ou objectos referidos no número anterior
forem de diminuto valor, nos termos da alínea c) do artigo
202º, o agente é punido com pena de prisão até 3 anos ou com
pena de multa.

3 - Se o funcionário der de empréstimo, empenhar ou, de


qualquer forma, onerar valores ou objectos referidos no nº 1,
é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa,
se pena mais grave lhe não couber por força de outra
disposição legal.
Artigo 376.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO52
PENAL

Peculato de uso
1 - O funcionário que fizer uso ou permitir que outra
pessoa faça uso, para fins alheios àqueles a que se
destinem, de coisa imóvel, de veículos, de outras coisas
móveis ou de animais de valor apreciável, públicos ou
particulares, que lhe forem entregues, estiverem na sua
posse ou lhe forem acessíveis em razão das suas
funções, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com
pena de multa até 120 dias.
até 120 dias.
Artigo 376.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO53
PENAL

Peculato de uso

2 - Se o funcionário, sem que especiais razões de


interesse público o justifiquem, der a dinheiro público
destino para uso público diferente daquele a que está
legalmente afectado, é punido com pena de prisão até 1
ano ou com pena de multa até 120 dias.
Artigo 377.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
54
PENAL

Participação económica em negócio

1 - O funcionário que, com intenção de obter, para si ou


para terceiro, participação económica ilícita, lesar em
negócio jurídico os interesses patrimoniais que, no todo
ou em parte, lhe cumpre, em razão da sua função,
administrar, fiscalizar, defender ou realizar, é punido
com pena de prisão até 5 anos.
55
Artigo 377.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
PENAL

Participação económica em negócio

2 - O funcionário que, por qualquer forma, receber, para


si ou para terceiro, vantagem patrimonial por efeito de
acto jurídico-civil relativo a interesses de que tinha, por
força das suas funções, no momento do acto, total ou
parcialmente, a disposição, administração ou
fiscalização, ainda que sem os lesar, é punido com pena
de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 60 dias.
Artigo 377.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
56
PENAL

Participação económica em negócio

3 - A pena prevista no número anterior é também


aplicável ao funcionário que receber, para si ou para
terceiro, por qualquer forma, vantagem patrimonial por
efeito de cobrança, arrecadação, liquidação ou
pagamento que, por força das suas funções, total ou
parcialmente, esteja encarregado de ordenar ou fazer,
posto que não se verifique prejuízo para a Fazenda
Pública ou para os interesses que lhe estão confiados.
Do abuso de autoridade
57
Artigo 378.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
PENAL

Violação de domicilio por funcionário

O funcionário que, abusando dos poderes inerentes às


suas funções, praticar o crime previsto no nº 1 do artigo
190º, ou violar o domicílio profissional de quem, pela
natureza da sua actividade, estiver vinculado ao dever
de sigilo, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com
pena de multa.
Artigo 379.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
PENAL 58
Concussão
1 - O funcionário que, no exercício das suas funções ou
de poderes de facto delas decorrentes, por si ou por
interposta pessoa com o seu consentimento ou
ratificação, receber, para si, para o Estado ou para
terceiro, mediante indução em erro ou aproveitamento
de erro da vítima, vantagem patrimonial que lhe não seja
devida, ou seja superior à devida, nomeadamente
contribuição, taxa, emolumento, multa ou coima, é punido
com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até
240 dias, se pena mais grave lhe não couber por força de
outra disposição legal.
59
Artigo 379.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
PENAL
Concussão

2 - Se o facto for praticado por meio de violência ou

ameaça com mal importante, o agente é punido com pena

de prisão de 1 a 8 anos, se pena mais grave lhe não

couber por força de outra disposição legal.


Artigo 380.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO60
PENAL

Emprego de força pública contra a execução da lei


ou de ordem legítima

O funcionário que, sendo competente para requisitar ou


ordenar emprego da força pública, requisitar ou ordenar
este emprego para impedir a execução de lei, mandado
regular da justiça ou ordem legítima de autoridade
pública, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com
pena de multa até 240 dias.
Artigo 381.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
61
PENAL

Recusa de cooperação

O funcionário que, tendo recebido requisição legal de


autoridade competente para prestar a devida
cooperação à administração da justiça ou a qualquer
serviço público, se recusar a prestá-la, ou sem motivo
legítimo a não prestar, é punido com pena de prisão até 1
ano ou com pena de multa até 120 dias.
Artigo 382.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
62
PENAL

Abuso de poder

O funcionário que, fora dos casos previstos nos artigos


anteriores, abusar de poderes ou violar deveres
inerentes às suas funções, com intenção de obter, para
si ou para terceiro, benefício ilegítimo ou causar
prejuízo a outra pessoa, é punido com pena de prisão até
3 anos ou com pena de multa, se pena mais grave lhe não
couber por força de outra disposição legal.
Artigo 383.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO63
PENAL
Violação de segredo por funcionário
1 - O funcionário que, sem estar devidamente
autorizado, revelar segredo de que tenha tomado
conhecimento ou que lhe tenha sido confiado no
exercício das suas funções, ou cujo conhecimento lhe
tenha sido facilitado pelo cargo que exerce, com
intenção de obter, para si ou para outra pessoa,
benefício, ou com a consciência de causar prejuízo ao
interesse público ou a terceiros, é punido com pena de
prisão até 3 anos ou com pena de multa.
Artigo 383.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
64
PENAL
Violação de segredo por funcionário
2 - Se o funcionário praticar o facto previsto no número
anterior criando perigo para a vida ou para a integridade
física de outrem ou para bens patrimoniais alheios de
valor elevado é punido com pena de prisão de um a cinco
anos.
3 - O procedimento criminal depende de participação da
entidade que superintender no respectivo serviço ou de
queixa do ofendido.
Artigo 384.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
PENAL 65
Violação de segredo de correspondência ou de
telecomunicações
O funcionário de serviços dos correios, telégrafos,
telefones ou telecomunicações que, sem estar
devidamente autorizado:
a) Suprimir ou subtrair carta, encomenda, telegrama ou
outra comunicação confiada àqueles serviços e que lhe é
acessível em razão das suas funções;
b) Abrir carta, encomenda ou outra comunicação que lhe
é acessível em razão das suas funções ou, sem a abrir,
tomar conhecimento do seu conteúdo;
Artigo 384.º do DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO
PENAL 66
Violação de segredo de correspondência ou de
telecomunicações
c) Revelar a terceiros comunicações entre determinadas
pessoas, feitas pelo correio, telégrafo, telefone ou
outros meios de telecomunicações daqueles serviços, de
que teve conhecimento em razão das suas funções;
d) Gravar ou revelar a terceiro o conteúdo, total ou
parcial, das comunicações referidas, ou tornar-lhe
possível ouvi-las ou tomar delas conhecimento; ou
e) Permitir ou promover os factos referidos nas alíneas
anteriores;
é punido com pena de prisão de 6 meses a 3 anos ou com
pena de multa não inferior a 60 dias.
Artigo 385.º DL n.º 48/95, de 15/03 – CODIGO PENAL
67
Abandono de funções

O funcionário que ilegitimamente, com intenção de

impedir ou de interromper serviço público, abandonar as

suas funções ou negligenciar o seu cumprimento é punido

com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até

120 dias.
O trabalhador só poderá ser responsabilizado
disciplinarmente por ter cumprido ordens
dos seus superiores hierárquicos em duas
situações bem definidas, a saber:
1. Quando tenha executado uma ordem ilegal
sem dela ter reclamado ou pedido a redução
a escrito;
2. Quando a ordem implique a prática de um
crime e seja executada, ainda que precedida
de reclamação ou confirmação por escrito.

12/05/2019 68
Caso a ordem dada seja legal e o trabalhador se
recusar a acatá-la por a julgar ilegal, a sua
responsabilização decorrerá da violação do
dever de obediência.
Em conclusão: o trabalhador deve verificar a
legalidade da ordem e, se a julgar ilegal, não a
cumprir, sem que possa ser responsabilizado se
tal ordem se vier a revelar efectivamente ilegal.

12/05/2019 69
Pode, contudo, optar por cumprir tal ordem

mediante a prévia dedução de uma reclamação

contra a mesma ou a solicitação da sua

confirmação por escrito, hipótese essa em que

não incorrerá em qualquer tipo de

responsabilidade, excepto se tal ordem conduzir

à prática de um crime.

12/05/2019 70
Considerando a ordem como ilegal e
predispondo-se a cumprir a mesma, o
trabalhador tem, para se eximir (livrar) da
responsabilidade pelo seu cumprimento, de
reclamar contra a mesma, quando dada por
escrito, ou de pedir a sua redução a escrito,
quando transmitida oralmente.
No pedido, deve enunciar expressamente que
considera ilegal a ordem recebida e
fundamentar as razões de tal ilegalidade.

12/05/2019 71
Se a ordem for transmitida com a indicação de
que é para ser cumprida de imediato, a
reclamação ou pedido de redução a escrito só é
efectuado após a execução da ordem.
Se, pelo contrário, o comando não vier
acompanhado da obrigatoriedade de ser de
imediato executado, o trabalhador deve suster
(aguardar) a execução, se possível, até à decisão
da reclamação ou até à redução da ordem a
escrito.

12/05/2019 72
Sanções disciplinares (artigo 180.º)

Repreensão escrita;
Multa;
Suspensão;
Demissão ou despedimento disciplinar;
Cessação da comissão de serviço (só para
cargos dirigentes).
A enumeração das penas na lei é taxativa e é feita por
ordem crescente de gravidade.

12/05/2019 73
A pena de repreensão escrita consiste em

mero reparo pela irregularidade praticada.

12/05/2019 74
A pena de multa é fixada em quantia certa e não

pode exceder o valor correspondente a seis

remunerações base diárias por cada infracção e

um valor total correspondente à remuneração

base de 90 dias por ano.

12/05/2019 75
A pena de suspensão consiste no afastamento
completo do trabalhador do órgão ou serviço
durante o período da pena.

A pena de suspensão varia entre 20 e 90 dias


por cada infracção, num máximo de 240 dias por
ano.

12/05/2019 76
A pena de demissão consiste no afastamento

definitivo do órgão ou serviço do trabalhador

nomeado, cessando do vínculo de emprego

público.

12/05/2019 77
A sanção de despedimento disciplinar consiste

no afastamento definitivo do órgão ou serviço

do trabalhador com contrato de trabalho em

funções públicas, cessando o vínculo de emprego

público.

12/05/2019 78
A pena de cessação da comissão de serviço

consiste na cessação compulsiva do exercício de

cargo dirigente ou equiparado.

Estas penas têm a caracterização e os efeitos

previstos nos artigos 182.º a 188.º.

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