You are on page 1of 38

DESAFIOS DO

PROCESSO INCLUSIVO
- ALGUMAS REFLEXÕES -

Ms. Karla Fernanda Wunder da Silva


“Ser diferente é
um valor e não um
defeito”
Lopez Melero, 1998
REFLEXÕES LEGAIS
INCLUSÃO
• Garantida na Constituição Federal e na
Legislação Educacional;

• Foco é o ensino regular;

• Educação baseada na heterogeneidade;

• A escola deve se adaptar ao aluno.


CONSTITUIÇÃO FEDERAL
• Art. 5 – garante o direito à igualdade;
• Art. 205 – direito de TODOS à educação;
• Art. 206 – “igualdade de condições de acesso e
permanência na escola”

Constituição garante a todos o direito à


educação e ao acesso à escola. Toda a escola
deverá atender os princípios constitucionais,
não podendo excluir nenhuma pessoa em razão
de sua origem, raça, sexo, cor, idade,
deficiência ou ausência dela.
LDBEN – LEI 9394/96 - Capítulo V
• Art. 58 . Entende-se por educação especial, para os
efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar,
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino,
para educandos portadores de necessidades especiais.

§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio


especializado, na escola regular, para atender as
peculiaridades da clientela de educação especial.

§2º O atendimento educacional será feito em classes,


escolas ou serviços especializados, sempre que, em
função das condições específicas dos alunos, não for
possível a sua integração nas classes comuns do ensino
regular.
LDBEN – LEI 9394/96 - Capítulo V
Art. 59 . Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o
nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude
de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes
comuns;
O poder Público adotará, como alternativa preferencial, a
ampliação do atendimento aos educandos com necessidades
especiais na própria rede pública regular de ensino
LEI 7853/89 – MP
• Escolas comuns que se negarem a matricular
alunos com NEES devem ser denunciadas ao
Ministério Público tendo em vista a Lei 7853/89,
artigo 8º.

• Art. 8º - Constitui crime punível com reclusão de


1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa:
I - recusar, suspender, procrastinar, cancelar
ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição
de aluno em estabelecimento de ensino de
qualquer curso ou grau, público ou privado,
por motivos derivados da deficiência que
porta;
RESOLUÇÃO 2/2001 – CNE/CEB
• Institui as diretrizes para a educação
especial na educação básica.
• Apresenta de forma detalhada orientações
para o atendimento dos PNEES na escola
regular.
• Exigir matrícula de todos alunos com
NEES nas escolas regulares;
• Transformação das E.E em Centros de
Apoio ao Ensino Regular (2015)
REFLEXÕES TEÓRICAS
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

CARÁTER INTELECTUAL
CARÁTER SENSORIAL
•D.M
•Cegos/ baixa visão
•Altas Habilidades
•Surdos/ D.A
TGD (AUTISMO)

NEES CARÁTER EMOCIONAL


* Psicose
PROBLEMAS DE SAÚDE
Diabete, asma, hemofilia,
Problemas cardiovasculares
epilepsia CARÁTER PROCESSOLÓGICO
•Dificuldades de Aprendizagem
(dislexia, disgrafia, discalculia)
CARÀTER FÍSICO (Motor)
Paralisia Cerebral, Spina Bifída
Distrofia muscular, Hemiplegia, etc.
INCLUSÃO
• Respeito as singularidades
• Não se dá por Decreto

• Não é uma tentativa de igualizar todos e sim


respeitar necessidades e particularidades /
singularidades
• Contrapõem-se a segregação/exclusão, e da
ênfase a importância do atendimento integrado do
aluno na escola regular
INCLUSÃO
Perspectiva primordial

diferenças que impossibilidade


caracterizam da existência de
o ser humano pessoas iguais

Único
Constitui-se
ALUNO Ser singular e Social como ser
histórico
História de vida diferente
“A inclusão é um programa a ser instalado no
estabelecimento de ensino a longo prazo.
Não corresponde a simples transferência de
alunos de uma escola especial para uma
escola regular, de um professor
especializado para um professor de ensino
regular. O programa de inclusão vai
impulsionar a escola para uma
reorganização. A escola necessitará ser
diversificada o suficiente para que possa
maximinizar as oportunidades de
aprendizagem dos alunos com necessidades
educacionais educativas especiais”

(ROSSETO, 2005, p. 42)


Mudança
de
Paradigma
Acesso Complexo
e e
permanência Dinâmico

INCLUSÃO
Projeto da
Diversidade Escola
toda

Mudança Apoio
das
Práticas
e
escolares Recursos
INCLUSÃO
• Defende a formação de classes
heterogêneas, com a inserção também de
alunos com NEES.
• Requer um Sistema Educacional em
permanente reflexão/transformação
• Processo gradual e interativo
• É Processo Particular de cada sistema
• Não há modelo pronto para a implementação
do processo de inclusão escolar
• Exige constante avaliação e aperfeiçoamento
• Pressupõe analise permanente dos êxitos e
fracassos do “processo educacional”
compreendido como uma totalidade
(interdependência) e não como partes
independentes.
• Exige um olhar do professor (e da escola)
desfocado da patologia
• Favorece as potencialidades, sem negar as
necessidades
• As Propostas Pedagógicas favorecem
trocas e cooperação entre alunos
• Exige Mudança na forma de compor as
turmas
idade cronológica e parcerias

• Pressupõe adaptações curriculares e


Terminalidade Específica
• Exige Sistema de Apoio ao professor e
alunos
PROFESSORES NA PROPOSTA
INCLUSIVA
• Desafios são enormes.

• Há desgaste emocional.

• Necessário criar um momento de “discussão” e


de “escuta”.

CRENÇAS
CONCEPÇÃO
VALORES
“Não há como propor uma educação inclusiva, onde
literalmente se jogue crianças com necessidades
especiais nas salas de aula regulares, quando o
professor não tem uma formação que lhe possibilite
lidar com tais alunos”

(BEYER, 2005, p.56)


PROFESSORES NA PROPOSTA
INCLUSIVA

• Formação continuada para a escola como um


todo;

• Estudo de caso constante dos alunos com


necessidades educacionais especiais;

• Avaliação flexível.
“Pensar na inclusão dos alunos com
deficiência(s) nas classes regulares sem
oferecer-lhes a ajuda e apoio de
educadores que acumularam
conhecimentos e experiências
específicas, podendo dar suporte ao
trabalho dos professores e aos familiares,
parece-me o mesmo que fazê-los contar
seja como número de matrícula, seja
como mais uma carteira na sala de aula”

(CARVALHO, 2004, p.29)


ESCOLA
INCLUSIVA

REDE PROJETO PARCERIA


FORMAÇÃO RECURSOS
DE POLÍTICO COM AS
CONTINUADA MATERIAIS
APOIO PEDAGÓGIO FAMÍLIAS

PROFESSOR
MATERIAL
DE ESTUDOS FILOSOFIA REUNIÕES
PEDAGÓGICO
EDUCAÇÃO TEÓRICOS INCLUSIVA CONSTANTES
ADEQUADO
ESPECIAL

ITINERANTE MOMENTOS
ESTUDOS DE
SALA DE DE
CASO ESCUTA
RECURSOS

REUNIÕES
DE
TROCAS
A Escola Especial numa perspectiva
inclusiva

• Qual o papel da Escola Especial na


perspectiva inclusiva?
• Educadores especiais não são recursos
humanos necessários na Inclusão?
• A escola especial é um espaço inclusivo
ou exclusivo?
DE QUAL ESCOLA ESPECIAL FALAMOS?
 Uma escola que não se fundamenta na
PATOLOGIA e sim nas POTENCIALIDADES de
cada sujeito;
 Uma escola que desenvolve uma proposta
pedagógica com o objetivo principal de
“construção de conhecimento” e não de
“atendimento terapêutico”;
 Uma escola que visa a educação do ser integral
na perspectiva social desenvolvendo um
currículo regular de ensino
 Uma escola que tem o objetivo de promover a
preparação do aluno para o mercado de trabalho;
IMPÕE-SE PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL:
a oferta das mesmas oportunidades à todos
alunos para o acesso à cultura, aos avanços
tecnológicos, aos ambientes interativos,
buscando-se o afastamento das práticas de
“integração segregada”,ou seja, uma presença
sem significado no espaço fisico de uma sala de
aula supostamente integradora e maquiadora do
atendimento às reais necessidades
educacionais do alunado.
(Farenzena,Zelia M.F. 1999)
“O direito à educação comum, isto é, à
inclusão escolar, não é de forma alguma um
valor maior do que o direito ao atendimento
educacional adequado, conforme as
necessidades específicas dos alunos.
Infelizmente, em algumas experiências de
inclusão escolar não se têm dado justa
consideração a este princípio”
(BEYER, 2005, p. 36).
TERMINALIDADE ESPECÍFICA
• De acordo com a legislação vigente (Parecer 0056/06 –
CEE) pode-se proceder a terminalidade específica, por
meio de certificação de conclusão de escolaridade para
os educandos que em virtude de suas deficiências não
puderam atingir os níveis exigidos, e para os portadores
de altas habilidades, aceleração para concluir em menor
tempo o programa escolar.
TERMINALIDADE ESPECÍFICA
Certificação de Terminalidade Específica
Certificado de conclusão de curso acompanhada de
histórico escolar através de avaliação descritiva
individual que deve conter:
- Identificação do Estabelecimento de Ensino
- Dados de identificação do aluno
- Registro do percurso escolar
- Descrição das habilidades e competências
alcançadas pelo aluno
- Anexar documentos necessários para comprovação
das NEES
- Documento assinado pela direção, supervisão e
orientação escolar.
LIDANDO COM AS DIFERENÇAS...
• Conhecer o aluno;
• Conhecer o comportamento típico da faixa etária;
• Antes dos 18 anos muitos diagnósticos não são
“fechados” – personalidade encontra-se em formação;
• Os comportamentos apresentados pelos alunos
apresentam maior impacto nos outros do que no próprio
sujeito;
• Normalmente surge um desinteresse escolar.
• Proposta pedagógica adequada, suporte familiar e
relações afetivas positivas;
• Registrar potencialidades, dificuldades e necessidades
de cada aluno (avaliação diagnóstica);
LIDANDO COM AS DIFERENÇAS...
• Reconhecer a capacidade de aprendizagem de cada
sujeito;
• Propor Adaptações Curriculares;
• Medicações – aliviam sintomas, não são a única
solução;
• 50% é psicoterapia (atendimentos / medicação/ parceria
com família) e 50% é intervenção escolar.
• Necessário conhecer a necessidade especial
(patologia);
• Distinguir a incapacidade de compreensão da rebeldia
(intervenções são diferentes);
• Oferecer instruções positivas – evitar o não;
LIDANDO COM AS DIFERENÇAS...
• Respostas imediatas, freqüentes e coerentes ao
comportamento;
• Escolher as “batalhas”- aplicação de conseqüências
imediatas ao comportamento;
• Regras claras, precisas, simples e uma de cada vez.
• Sala de aula estruturada, antecipação de tarefas.
• Intervenção do professor deve ser freqüente;
• Interrupções e pequenos incidentes têm menores
conseqüências se ignorados;
• Tarefas devem variar, mas os conteúdos precisam ser
retomados constantemente;
LIDANDO COM AS DIFERENÇAS...
• Horários de transição, tarefas agendadas devem ser
supervisionados;
• Colocar o aluno perto de colegas que não o
provoquem e perto do professor;
• Encorajar, elogiar e ser afetuoso;
• Proporcionar atividades em grupos pequenos ou
duplas
• Favorecer oportunidade de movimentos
monitorados;
• Flexibilidade (tempo e da avaliação);
LIDANDO COM AS DIFERENÇAS...
• Adaptações Curriculares

- Organizativas (agrupamento, espaço, didática);


- Objetivos e Currículo (Priorização de tipos de
conteúdos, objetivos, seqüenciação, eliminação de
conteúdos secundários);
- Avaliativas (Adequação ou modificação de técnicas e
instrumentos);
- Didática e atividades (Introdução de atividades
alternativas às previstas, atividades complementares,
modificação do nível de complexidade das atividades);
- Temporalidade (tempo)
SUGESTÕES DE ATUAÇÃO
• CHAMAR E PRENDER A ATENÇÃO
- Uso de novidade e incentivo;
- Diferentes técnicas de questionamento;
- Uso de sinais para chamar atenção (gráficos, ou sons);
- Uso do data-show;
- Respostas escritas combinadas com atividades auditivas.

• MANEJO NA CLASSE
- Clareza na comunicação;
- Uso de colegas tutores;
- Repetição das instruções pelo aluno;
- Revisão de regras e das atividades constantemente.
SUGESTÕES DE ATUAÇÃO
• ORGANIZAÇÃO E HÁBITOS DE ESTUDO
- Utilização de cadernos e agendas de tarefas;
- Exposição das tarefas na sala;
- Aprendizagem cooperativa;
- Intervenção com parceria da família;
- Revisão das anotações do aluno.
• RESPEITO AOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM
- Conteúdos apresentados visual e auditivamente;
- Uso do computador e atividades práticas (uso do corpo);
- Uso do fone de ouvido (isolamento do som);
- Opção por área informal de estudo (fora da sala);
SUGESTÕES DE ATUAÇÃO
• MODIFICAÇÃO DA AVALIAÇÃO
- Apresentação de trabalhos e testes orais;
- Tarefas e atividades mais curtas;
- Utilização das tecnologias (computador, notebook, etc..)
- Tipos variados de papel (gráfico, quadriculado, etc..);
- Exigências diferenciadas de acordo com as
necessidades;
- Avaliação em duplas cooperativas;
- Avaliação marcada individualmente fora do período, do
horário ou da sala.
“O processo de inclusão de alunos com necessidades
especiais nas classes regulares é possível quando se
acredita no potencial humano, na alegria que a diferença
pode significar entre as pessoas, na capacidade que
cada um de nós sempre tem de aprender e de ensinar.
Por isso mesmo, é essencial compreender que não
existem pessoas melhores ou piores, mais inteligentes
ou destituídas de cognição. Sabe-se que a perfeição,
simplesmente, não existe. Existem, sim, pessoas
diferentes. Somente diferentes. E a propósito disso, se
pode dizer:
que monótono seria a igualdade”.

Karla Fernanda Wunder da Silva - 2007

You might also like