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NOÇÕES GERAIS: ELEMENTOS CONCEITUAIS,

PRINCIPAIS INSTITUTOS, POSIÇÃO, RELAÇÃO COM


OUTRAS DISCIPLINAS, CARACTERÍSTICAS,
FORMAÇÃO HISTÓRICA E PRINCÍPIOS.
Direito Civil.
 1. Noções Gerais.

 1.1. Conceito
 É o conjunto de normas que disciplinam as relações
jurídicas comuns de natureza privada.
 Normas (gênero) – regras e princípios (espécies).
 Semelhança: ambas prescrevem comportamentos.
 Diferenças: a) Quanto a linguagem: regras –
descritiva, detalhista, estabelecendo um
procedimento a ser seguido (fechada); princípios –
linguagem aberta, expressões propositalmente
amplas e indeterminadas. Ex: art. 45, do CC (regra) e
art. 421, CC (princípio).
Direito Civil
 b) Quanto ao modo de aplicação: regras – segue a
técnica do tudo ou nada, i.e., não há espaço para
ponderação; princípios – admite ponderação dos
interesses em jogo.

 1.2. Objeto.
 Relação jurídica – vínculo que o direito estabelece
entre sujeitos atribuindo-lhes direitos e deveres.
 No Direito Civil – relações jurídicas comuns ou
ordinárias. Disciplina a vida da pessoa (existência,
família, patrimônio, morte, sucessão, etc.)
Direito Civil
 1.3. Institutos Fundamentais.
 a) Personalidade
 b) Contrato
 c) Propriedade
 d) Família
 e) Sucessão
 f) Responsabilidade civil.

 1.4. Posição.
 Direito Privado.
Direito Civil
 1.5. Relação com outras disciplinas.
 a) Direito constitucional.
 b) Direito empresarial.
 c) Direito tributário.
 d) Direito administrativo.
 e) Direito processual civil.

 1.6. Características.
a) Formação histórica e jurisprudencial.
b) Altamente desenvolvido.
c) Estável.
d) Personalista.
e) Liberal.
Direito Civil
 1.7. Formação Histórica.
 1.7.1) Antiguidade.
 A) Roma: fundação em 753 a.C. - períodos da
Realeza, República e Principado.
 Direito Romano:
 Período arcaico (séc. 753 a.C ao séc. IV a.C):
interpretação e aplicação do direito pelos
religiosos; raízes nos costumes, na religião e na
magia, mas era laico; base
Direito Civil
 era o ius civile (direito dos cidadãos romanos) que
teve como primeira codificação a Lei das XII tábuas
(499 a.C.);
 Período clássico (séc. IV a.C – séc. III d.C): expansão
territorial romana altera a sua configuração
econômica e social que passa a exigir um direito civil
mais flexível; fortalecimento dos jurisconsultos e do
pretores (magistrados que aplicavam a lei civil – ius
honorarium); surgimento do ius gentium
(disciplinava as relações jurídicas entre romanos e
estrangeiros); conversão do direito romano em
direito comum e universal.
Direito Civil
 Período pós-clássico ( a partir do séc. III, d.C ao
séc. V, d. C) – universalização do direito romano
(adoção por todos as províncias como direito
comum, influenciando e sendo adotado
posteriormente por todos os povos do
continente europeu); compilação por Justiniano
através do Corpus Iuris Civilis (565 d. C.).
Direito Civil
 Corpus Iuris Civilis
 Justiniano (482-565 d.C.): reunificação do
Império Romano durante algumas décadas;
Corpus Juris Civilis: codificação do direito
romano
 jus civile para todos os cidadãos do Império
Romano, jus gentium para o direito internacional,
jus naturale como meta do jus civile e do jus
gentium
Direito Civil
 Codex: Reunião de todas as constituições
imperiais editadas desde o governo do
imperador Adriano (117 a 138);
 Digesto ou Pandectas: Continha os comentários
dos grandes juristas romanos.
 Institutas: Manual para ser estudado pelos que
se dedicavam ao Direito;
 Novelas ou Autênticas: Constituições elaboradas
depois de 534
Direito Civil
 Constantino I (272 – 337 d.C.): fim das guerras civis,
fundação de Constantinopla, adoção do cristianismo
como religião oficial do Império.
 Cisão do Império em 395 d.C.
 Invasões bárbaras no Império Romano do Ocidente
em 476 d.C.

 Legado romano: personalidade, família, obrigações,


propriedade (direito subjetivo absoluto) e sucessões,
crença na liberdade (autonomia da vontade).
Direito Civil
 1.7.2) Idade Média (476 d. C. à 1.453 – queda de Roma à
conquista de Constantinopla).
 Surgimento de uma pluralidade de cidades, nações, feudos,
cada qual com seu direito particular (ius proprium);
Feudalismo; Direito germânico (menos individual e mais
comunitário que o Direito Romano; baseado nos costumes)
e Direito canônico (a partir do séc. XI).
 “Renascimento” italiano (séc. XII): retorno ao Direito
Romano.
 1453: Fim do Império Bizantino e início do Império
Otomano.
 Formação dos Estados Nacionais absolutistas.
Direito Civil
 Direito comum europeu (ius commune)– conjugação
dos direitos romano (redescoberta do Redescoberta do
Corpus Iuris Civilis no séc. XII), germânico, canônico e
feudal, além dos costumes locais, estatutos comunais,
estatutos corporativos, estatutos de direito marítimo,
ordenamentos monárquicos, etc, estabelecendo o
dualismo entre o ius commune e o ius proprium.
Direito Civil
 1.7.3) Idade Moderna (período compreendido entre a queda
de Constantinopla em 1453, e a Revolução Francesa, em
1789).
 Compreende uma série de circunstâncias de natureza
política, econômica, social, religiosa e cultural que alteram
significativamente o direito privado, entre as quais:
 A) Revolução comercial – desenvolvimento de um regime
dinâmico de operações comerciais visando o lucro;
surgimento da burguesia mercantil; advento do capitalismo
(liberdade de iniciativa privada, concorrência e fim
lucrativo).
Direito Civil
 B) Reforma religiosa – compreendeu a revolução
protestante (1517) e a reforma católica (1545-1563) que
impulsionaram o individualismo e contribuíram para o
desenvolvimento de um direito geral e igualitário.
 Reflexos da revolução comercial e da reforma religiosa:
fortalecimento do poder real, com o surgimento do
Estado-nação e o desenvolvimento do absolutismo
como forma de governo; criação dos impérios coloniais
e o desenvolvimento do mercantilismo que promovem
o acúmulo de riqueza pelos reis para o custeio dos
exércitos e armadas.
Direito Civil
 C) Revolução Intelectual (sécs. XVII e XVIII).
 Progresso da filosofia e da ciência, através do
racionalismo (razão guia infalível do conhecimento) e
individualismo (sentido filosófico-predomínio da
personalidade; sentido político-instituições políticas e
jurídicas devem estar a serviço dos particulares; sentido
econômico- o poder público deve reduzir a sua
intervenção no domínio econômico ao mínimo; e
sentido jurídico- o indivíduo é a origem e o fim da
atividade jurídica estatal.
Direito Civil
 Codificação – reflexo do racionalismo
(jusracionalismo) que passa a conceber o direito como
sistema, conjunto unitário e coerente de princípios e
normas jurídicas, partindo da formulação de conceitos
gerais e dotado de método específico; no campo do
direito privado, o direito civil se liberta da submissão
às fontes de direito romano, surgem as figuras
abstratas da obrigação, do contrato, do negócio
jurídico, do sujeito de direito, que passam a integrar
teorias gerais.
Direito Civil
 Código – sistema de normas organicamente subordinadas e
coordenadas com o intuito de generalidade e plenitude,
agrupadas em institutos e redigidas de modo conciso.
 Vantagens – simplificou o sistema jurídico, facilitou o
conhecimento e a aplicação do direito, além de viabilizar a
elaboração de princípios gerais.
 Desvantagens – impede o desenvolvimento do direito,
produto da vida social e não pode ficar circunscrito,
limitado, aprisionado por estruturas formais e abstratas
que dificultam o entendimento dos seus destinatários.
Direito Civil
 D) Revolução Francesa (1789).
 Antecedentes: Bill of Rights (1689), Declaração de
Direitos da Virgínia (1776), Declaração de Direitos do
Homem e do Cidadão (1789).
 Consequências: substituição do Estado Absoluto pelo
Estado Liberal (de Direito ou burguês), caracterizado
pelo império da lei; divisão dos poderes; generalidade e
abstração das regras jurídicas; distinção entre direito
público e direito privado; crença na completude e na
neutralidade do ordenamento jurídico; concepção do
homem como um sujeito abstrato de direito.
Direito Civil
 Duas grandes Codificações:

 Código Civil Francês (1804) – 1ª codificação moderna;


características: individualismo (reflexo no caráter absoluto
da propriedade e no princípio da liberdade contratual).

 Código Civil Alemão (1896) – divisão em duas partes, uma


geral e uma especial; sistemático, rigoroso, dogmático,
normas com elevado nível de abstração e elasticidade;
confere grande valor à boa-fé na interpretação dos
contratos e à função educadora dos costumes
Direito Civil
 1.8. Formação histórica do Direito Civil Brasileiro.
 1.8.1. Portugal - Formação do Estado Português (final do
séc. XIV).
 Ordenações Afonsinas (1446): livro I (regimento
dos cargos públicos); livro II (direito eclesiástico,
privilégios da nobreza, direitos dos mouros e
judeus); livro III (processo civil); livro IV (direito
civil: obrigações e contratos, direito das coisas,
família e sucessões); livro V (direito penal e
processual penal).
Direito Civil
 Ordenações Manoelinas (1521)
 Ordenações Filipinas (1603); revogado em Portugal em
1867, e no Brasil apenas em 1916
 Revolução Francesa (1789), invasões napoleônicas
(1808)
 Constituição espanhola de 1812, Constituição
portuguesa de 1820: ideias ilumimistas (separação de
poderes, igualdade jurídica, liberdade, soberania
nacional) .
Direito Civil
 1.8.2. Brasil Colônia.
 Capitanias hereditárias: organização político-
administrativa, jurídica e econômica cabia aos
donatários
 Governo Geral (1548): Governador Geral, Provedor Mor,
Capitão Mor, Ouvidor Mor; concessão de sesmarias,
 Ordenações Afonsinas (1446)
 Ordenações Manoelinas (1521)
 Ordenações Filipinas (1603)
Direito Civil
 1.8.3. Brasil Império.

 Constituição de 1824
 Código Criminal de 1830
 Código Comercial de 1850
 Lei de Terras de 1850
 Abolição da escravidão
Direito Civil
 1.8.4. Código Civil de 1916.
 Projeto de Teixeira de Freitas: contratado em 1855,
elabora um projeto de “Consolidação das Leis Civis”
com 1702 artigos (publicado em 1865); renuncia em
1866 em virtude das pressões para submeter seu
projeto ao Código Comercial vigente.
 Nabuco de Araújo: encarregado em 1872 de elaborar
um novo projeto, morre em 1878 com apenas 182
artigos do novo Código.
Direito Civil
 Felício dos Santos apresenta proposta em 1881, mas o
projeto é vetado por uma comissão examinadora, não
chegando sequer à Câmara dos Deputados.
 Coelho Rodrigues apresenta em 1893 projeto para o
qual havia sido contratado em 1890. O projeto é vetado
pela comissão designada para examiná-lo
 Clóvis Beviláqua: contratado em 1896, aproveita o
projeto de Coelho Rodrigues para apresentá-lo em
1899
 Projeto passa pela Câmara dos Deputados onde é
aprovado em 1902, com a redação de 8 volumes de atas.
Direito Civil
 Em 1912 o projeto será finalmente aprovado no Senado,
com diversas emendas (sobretudo de correção de
linguagem, redação).
 Volta para a Câmara, onde é aprovado de forma
definitiva em dezembro de 1915.
 Sancionado e publicado em 1º de janeiro de 1916,
entrando em vigor em 1º de janeiro de 1917
Direito Civil
 1.8.5. Código Civil de 2002.

 Formada a Comissão em 1969: composta por José Carlos


Moreira Alves, Agostinho de Arruda Alvim, Sylvio
Marcondes, Ebert Chamoun, Clóvis do Couto e Silva e
Torquato Castro, sob a coordenação de Miguel Reale, que
apresenta em 1972 o seu Anteprojeto de Código Civil, que
após críticas e contribuições, tem a sua nova versão
corrigida é publicada em 1973, e em 1975 o governo
encaminha o Projeto consolidado ao Congresso Nacional
Direito Civil
 Aprovado na Câmara apenas em 1984; retoma o
interesse da sociedade com os debates e aprovação
(sem emendas) no Senado; retornou à Câmara, onde
só será aprovado de forma definitiva em 2001, para
iniciar a vigência em 2002.
Direito Civil
 Inovações:
Constitucionalização do Direito Civil
Reunificação do direito privado
Direitos da personalidade
Função social da propriedade e dos contratos
Reconhecimento do filho adulterino
Boa-fé objetiva
Direito Civil
 Críticas:
Social e culturalmente atrasado
Direito eletrônico inexistente
Pouca normatização dos direitos da personalidade
Concepção tradicional de família
Burocracia para separação e divórcio
Direito Civil
1.9. Princípios do Direito Civil contemporâneo.

a) Socialidade.

b) Eticidade.

c) Operabilidade (concretude).

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