Interconsulta psicológica e a

relação médico-paciente

Fundamentos para administração de serviços de psicologia

em Hospital Geral (FASP)

Psicóloga: Mary Ellen Dias Barbosa

E-mail: mary.dias@hc.fm.usp.br
Interconsulta psicológica e a relação
médico-paciente

 Segundo a SBPH e CFP o psicólogo hospitalar atua:

 Instituições de saúde; ensino superior; centro de estudos e
pesquisa

 Atende pacientes e familiares, atua junto a equipe

multidisciplinar

 Psicoterapia, psicoprofilaxia, avaliação diagnóstica, interconsulta

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médico-paciente
 O contexto do Hospital Geral
A ordem médica: leis próprias que impõe
sua coerção ao doente e ao médico
 Objetividade

 Investigação dos sintomas

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 Instituto Central – Qual o contexto?

 Tratamento de patologias de alta
complexidade ( SUS – nível terciário)
 Casos graves e raros

 Cronicidade
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 Justificativas dos encaminhamentos à psicologia:

 Depressão/tristeza

 Ansiedade

 Não adesão ao esquema medicamentoso prescrito

 Refratário ao tratamento
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médico-paciente
 Equipe
 Respostas aos “problemas” dos pacientes -
profilaxia

 Paciente
 Ser visto? Compreendido em suas questões – além
da doença?
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 A subjetividade no contexto hospitalar

 Qual é a demanda: da equipe ou do paciente?

 A escuta – queixa do paciente?

A relação médico-paciente e a Interconsulta
psicológica

 Como responder a estas questões/conflitos?

 Respondo? Como conduzir meus atendimentos?

 Quais dispositivos utilizo para compreensão

destas demandas/pedidos?
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psicológica
 Demanda

 Dicionário Aurélio: ação de demandar¹, ação judicial,

processo, litígio. Contestação, discussão, disputa. Combate,

peleja, pugna. Desuso. Economia, procura.

 Psicanálise: Desejo, subjetividade.

¹Ir em busca de, procurar, dirigir-se para, ir em direção à, ter necessidade de, precisar de, necessitar,
reclamar, pedir, requerer, exigir.
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psicológica
 Demanda: corresponde ao que se deseja?
E não precisa ser médico ou psicanalista para saber

que muitas vezes, quando alguém pede algo, isso não

é igual – às vezes diametralmente oposto – àquilo que

se deseja. (Moretto, 2001)

A relação médico-paciente e a Interconsulta
psicológica
 Interconsulta
 Termo criado por Isaac Luchina (psicanalista argentino – anos
70)

 Integra elementos psiquiátricos e psicodinâmicos aos modelos

oferecidos pela medicina tradicional

 Informações acerca de um item específico

 Complementação diagnóstica

 Profissionais de áreas de conhecimento diferentes

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médico-paciente
 Interconsulta

Tem como objetivo primordial a realização de

discussões clínicas de rotina com profissionais da

equipe de saúde, visando esclarecimento diagnóstico

e desenvolvimento de propostas terapêuticas.

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 Inserção na Casa do Médico: sintoma deve ser eliminado

 A questão do saber – qual articulação possível?

 Médico e paciente

 Dificuldades de uma prática: “reintroduzir” a dimensão

subjetiva
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 Contexto hospitalar:
 Doença

 Sofrimento

 Fragilidade física e psíquica

 Corpo doente -representações possíveis

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Paciente e
Multidisciplinar Interdisciplinar Psicólogo
Família
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 Manejo
 Sujeito/doença – sofrimento, fragilidade física e psíquica

 Mobilizado por suas fantasias, diante de um corpo doente

 Possíveis representações/nomeações
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 Questionamentos de uma prática:

 Quando o paciente nos é encaminhado?

 Causas psíquicas?

 Ordem médica: dicotomia – exclusão da subjetividade.

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 Trabalho com o paciente e a equipe a partir de

uma articulação que leve em conta a questão da

saúde, da subjetividade e do trabalho em

instituição.
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 Um convite

 Refletir a respeito da da Inserção do

psicólogo em uma instituição hospitalar
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 Caso clínico
 Bon vivant ou inválido
Paciente do sexo masculino, 53 anos, em
acompanhamento psicológico ambulatorial Trata da
hepatite C – Interferon – tratamento psiquiátrico,
histórico de 10 internações.
 Demanda inicial:
Paciente: “uma carta” para o tratamento - idealização.
Equipe: “se ele fosse apenas um fígado”.
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 Caso clínico
A bela indiferente
Paciente do sexo feminino, 19 anos de idade, casada
a pouco mais de um ano, internada para investigação
de sintomas não esclarecidos (dores abdominais
intensas, seguidas de mal-estar e vômito).Em dois
meses teve uma perda ponderal de 10 Kg. Na época
seu peso era de 35 Kg com altura de 1,47m.
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 Caso clínico
A bela indiferente
Sobre o HC disse: “demorei três dias para me adaptar,
mas agora estou me sentindo como se estivesse “em
casa”, o pessoal da enfermagem me tem como uma
“mascote”, e o do Dr. X é muito atencioso comigo.
Aliás minha preocupação era de que algum médico
se interessasse pelo meu caso,aqui no HC isto tem
acontecido.”
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 Caso clínico

 Demanda inicial:
 Paciente:
 O sintoma enigmático apresentado pela paciente à
equipe e à psicóloga.
 Qual o pedido que a paciente faz, quando procura os
médicos?
 Não se queixa, apenas apresenta o seu sintoma
enigmático.
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 Caso clínico

 Demanda inicial:
 Equipe:
 Encaminhamento a partir de sucessivas tentativas de
dar “conta” dos sintomas apresentados.
“Desconsideramos as estatísticas, realizamos todos
os tipos de exames”. Uma paciente funcional?
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 Principais questões:

 Psicanálise: acolher, não significa responder –

transferência – construção de saber

 Medicina: “responde” a fim de sumprimi-lá

(possibilidade de fracasso)
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médico-paciente
 Sintoma
 Medicina: sintoma – nomeado/investigado
(diagnosticado) pelo médico – mestre

 Psicanálise: sintoma - substituição de algum desejo

inconsciente (Freud), há uma satisfação (gozo),
mensagem ao Outro – linguagem/palavra – saber do
paciente/construido
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médico-paciente

A psicanálise e sua transmissão: um caminho, pois

através da transmissão da psicanálise, do efeito das

intervenções do analista é que este poderá demarcar

seu campo de atuação e possibilitar que outros

profissionais o convoquem em novas situações.

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médico-paciente
 Bibliografia

 FERRARI, H., LUCHINA, I., LUCHINA, N. (1977) La Interconsulta médico-

psicológica en el marco hospitalario. Ed. Nueva Visión, B. Aires.

 FERRARI, H., LUCHINA, I., LUCHINA, N. (1979) Nuevos desarrollos de la

Interconsulta médico-psicológica. Ed. Nueva Visión, B. Aires

 MORETTO, MLT. “Psicanálise e Medicina”. In: O que pode um analista no hospital?

São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

 MORETTO, MLT. “O Psicanalista no Hospital: Obstáculos, Limites e Alcances”. In: O

que pode um analista no hospital? São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

 CLAVREUL, J. A Ordem Médica. Poder e Impotência do Discurso Médico. São Paulo:

Brasiliense, 1983.
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