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Organismos multilaterias, Movimento de

Educação para Todos (EpT) e a crise


estrutural do capital: os rumos da educação
do futuro

Professor: Valdemarin Coelho Gomes

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-Estratégias de intervenção do capital, via os
organismos internacionais no complexo da educação;

-O programa político-ideológico da ONU em


campanha com a UNESCO de uma educação para a
sustentabilidade do capital: As principais categorias
impressas nos documentos e a reconfiguação dos
conceitos de Pobreza, Desenvolvimento
Sustentável/sustentabilidade econômica, Paz, Inclusão
Social, Educação, formação do trabalhador (TCH e
Capital Social);

-Políticas Socioeducativas: redução da pobreza.

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CRISE ESTRUTURAL DO CAPITAL

Desemprego
e precarização Produção de
Legitimação
do Trabalho riqueza
Produção do luxo como
X
necessidade Riqueza da
destrutiva
produção
INCONTROLABILIDADE
Complexo DA EXPANSÃO DO
industrial-militar
CAPITAL
Valor de Uso
Intensidade do subordinado
ao Valor de
capital Troca
financeiro

Limites Absolutos

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Estratégias do Crise do Capital

Organização, gestão
e financiamento
Redução da Pobreza/ Educação
Vulnerabilidade social Básica

Formação para
cidadania/mercado

Políticas
Socioeducativas
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Papel dos Organismos Internacionais
• Na adequação das economias dos países pobres às novas regras do
capitalismo mundial, agora sob a feição do (neo)liberalismo global,
os organismos internacionais assumem o relevante papel de
promover políticas de ajustes socioeconômicos, em que a educação
se apresenta como a política de reversão das desigualdades sociais.

• Por conta da natureza mais problemática e renitente da crise atual,


o sistema precisou empreender uma profunda reformulação no
âmbito do seu tripé de sustentação metabólica, ou seja, nas
relações trabalho-capital-Estado. No sentido de fazer frente à crise,
impõe regras a toda a sociedade denominada globalizada sob a
coordenação de organismos internacionais, tais como FMI, Banco
Mundial, BIRD e outros.

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• Destacamos o papel do Banco Mundial, no
controle e determinação das políticas
educacionais nos países periféricos,
especificamente no Brasil, interferindo desde
a concepção dos novos paradigmas
educacionais até a recomendação das políticas
de financiamento do ensino básico.

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Educação para Todos

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O Complexo da Educação
• Entendemos a educação como um complexo de importância
ineliminável no processo de reprodução social, cumprindo,
nesse sentido, como rigorosamente exprime Saviani (2000, p.
17), a função social de: [...]produzir, direta e
intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade
que é produzida historicamente e coletivamente pelo
conjunto dos homens”.
• A tarefa essencial da educação pode ser entendida, por
conseguinte, como o processo de transmissão do patrimônio
histórico objetivado pelo gênero humano com vistas à sua
reprodução, o qual, colocando a questão nos termos da
ontologia marxiana recuperada por Lukács, articula de forma
complexa e rica de mediações, os polos da individualidade e
da generidade.
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• O Banco Mundial, representado pela Unesco, através da
Declaração de Jomtien, passa a monitorar e influenciar a
educação mundial em todas as suas dimensões, desde a
problemática da formação docente, da condução didático-
pedagógica da sala de aula até a formulação de políticas
educacionais centradas na autogestão, descentralização e
financiamento da educação.

• Reorganiza-se a educação em torno de quatro aprendizagens,


que devem constituir os pilares do conhecimento: aprender a
conhecer (aprender a aprender); aprender a fazer; aprender a
viver juntos e aprender a ser. Recentemente foi incluído outro
pilar: aprender a empreender.

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Analise educação básica e da pobreza

• Eixo basilar da proposta educacional contida nos documentos


propostos pelos organismos internacionais/Banco Mundial:

Construir uma nova sociedade, baseada no conhecimento e na


tecnologia, que se adéqua a necessidade de um novo cidadão
(trabalhador assalariado consumidor) com o mínimo de
qualificação para se adaptar as exigências do século XXI (
capital em crise estrutural).

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As Recomendações das Declarações Mundiais de Educação para Todos

Centram-se em três grandes metas:


- Universalização do Ensino Básico;
- Alívio à pobreza e combate a fome;
- Reformas do Estado e suas instituições, com destaque para a educação.
Medidas:
• Treinar e capacitar os docentes;
• Revisar os métodos pedagógicos, referendados nos novos paradigmas do
‘aprender a aprender’;
• Estimular o ensino aligeirado ou a distância;
• Descentralizar os sistemas, com a municipalização do ensino
fundamental;
• Centralizar, com o governo federal, os mecanismos de controle, seja de
avaliação, seja por medidas como promoção automática;
• Aumentar os recursos locais e o fortalecimento do uso eficaz e eficiente
dos recursos internos e externos.
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• Destacamos o Relatório de Monitoramento de Educação Para Todos
2012 – Juventude e habilidades: colocando a educação em ação,
apresenta como objetivo “propor programas de desenvolvimento e
aprimoramento das habilidades aos jovens, com o intuito de
promover oportunidades para encontrar trabalhos dignos e
melhorar suas vidas”.

• O Relatório afirma ainda que no mundo, muitos jovens,


especialmente os menos favorecidos – estão deixando a escola sem
habilidades que precisam para contribuir com suas comunidades e
sociedades e encontrar empregos dignos.

• O Relatório atribui que a frustração nas esperanças dos jovens, com


consequências em fracassos escolares, estão prejudicando o
crescimento econômico igualitário e a coesão social, privando, nessa
direção, que muitos países possam colher os potenciais benefícios
de suas crescentes populações jovens.
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• O Relatório de Monitoramento de Educação Para Todos
2013/14, intitulado : Ensinar e aprender: alcançar a qualidade
para todos- denuncia que “Cinquenta e sete milhões de crianças
estão deixando de aprender, simplesmente por não estarem na
escola. O acesso não é o único problema – a baixa qualidade
compromete a aprendizagem, mesmo daquelas que frequentam
a escola. Um terço das crianças em idade de cursar a educação
primária não está aprendendo o básico, estejam ou não na
escola.
• Para alcançar os objetivos, este Relatório “pede aos governos
para que redobrem os esforços na garantia de educação para
todos os que enfrentam desvantagens – seja por pobreza,
gênero, local de residência ou outros fatores”.

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Desenvolvimento sustentável/
Sustentabilidade Econômica
• Refere-se às maneiras de se pensar o mundo e as formas de prática pessoal e
social que levam a
- Indivíduos com valores éticos, autônomos e realizados;
- Comunidades construídas em torno de compromissos coletivos, tolerância e
igualdade;
- Sistemas sociais e instituições participativas, transparentes e justas;
- Práticas ambientais que valorizem e sustentam a biodiversidade e os processos
ecológicos de apoio à vida. (UNESCO, 2005, p. 30).

O desenvolvimento sustentável se configura, portanto, nos termos oficiais,


numa tentativa de implementação de um modelo produtivo capitalista que
não coloque em risco a própria existência da humanidade.

“A educação para o desenvolvimento sustentável é um esforço vital e eterno que


desafia indivíduos, instituições e sociedades a olhar para o dia de amanhã como
um dia que pertence a todos nós ou não pertencerá a ninguém.” (UNESCO,
2005,p.25)

UNESCO. Década da Educação das Nações Unidas para o Desenvolvimento


Sustentável, 2005 – 2015: documento final do esquema internacional de
implementação. Brasília, 2005.
• Enquanto os ricos podem adotar padrões de desenvolvimento sustentável e
mostram-se relutantes em fazê-lo, os pobres não têm alternativa além de fazer
uso do seu entorno imediato. A pobreza está ligada à degradação ambiental,
já que os pobres não têm outra escolha a não ser procurar e se beneficiar de
recursos naturais escassos, como, por exemplo, usar madeira, combustível, e
água. Problemas de superconsumo e superdesenvolvimento são fatores-chave
para a conservação e proteção ambiental e para a produção e o consumo
sustentáveis. (UNESCO, 2005, p.29);
• Para os Organismos Internacionais, o problema do desenvolvimento econômico
e da diminuição da pobreza no mundo não desenvolvido se configura num
problema de gestão;
• Como princípio, todos os países que almejassem o desenvolvimento, a
integração planetária e a sustentabilidade econômica deveriam ter como
preocupação a agenda da educação para todos. A partir daí, a educação
passaria a ser monitorada nos países envolvidos sob pena de causar
ingovernabilidade ou instabilidade social.

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• O relatório de Monitoramento Global da EPT de 2000 a 2015
comprova isto:
• “Há muitos sinais de avanços consideráveis. O ritmo rumo à
educação primária universal acelerou, as disparidades de
gênero foram reduzidas em muitos países e os governos têm
aumentado o foco em garantir que as crianças recebam uma
educação de boa qualidade. No entanto, apesar desses
esforços, o mundo não conseguiu cumprir seu compromisso
geral com a Educação para Todos. Milhões de crianças e
adolescentes ainda estão fora da escola e os mais pobres e
desfavorecidos são os que carregam o fardo dos fracassos na
conquista das metas de EPT”. (2015, p. 57).

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• Segundo o relatório, o Brasil chegou somente duas dessas
metas: universalizar o acesso à educação primária (1ª ao 5 ano
do ensino fundamental) e atingiu a meta da igualdade de
gênero, levando meninos e meninas às aulas em grande
proporção.
• Para a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca
Otero.“O Brasil avançou muito em todas as metas, no entanto,
não conseguiu alcançar em sua totalidade algumas delas.",
denuncia o alto índice de o analfabetismo, que ainda atinge
8,3% da população com mais de 15 anos, segundo os últimos
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
• Acrescenta ainda que o Brasil “teve os ganhos mais
substanciais entre as crianças das famílias mais pobres
comparados com os de famílias menos pobres”. Considerando
que como um dos fatores a implantação dos programas de
inclusão de renda como o Bolsa Família, muito elogiado pelo
Banco Mundial. 26
Educação Básica no Brasil

Zona Urbana
Zona Rural

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A Questão da Pobreza
Vulnerabilidade Social

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Notas Conclusivas
• A agenda de Educação para Todos expressa as bases para as
reformas na educação, ao elevá-la como condição necessária
no “alívio da pobreza”, do desenvolvimento sustentável, da
paz, da governabilidade e da estabilidade econômica;

• No exame desses documentos, podemos elencar alguns


elementos reveladores dessa inversão de prioridades,
camuflada pelo falso discurso da educação para todos em que
as recomendações políticas do Banco Mundial para solucionar
a problemática educacional se centram na defesa de uma
ampla reforma na educação;

• Podemos asseverar que a reforma do Estado brasileiro,


orientada pelo Banco Mundial, tem suas dimensões traçadas e
norteadas à regulamentação do mercado que resultaram em
repercussões irreversíveis na política educacional do País; 37
• O Banco avalia que o problema educacional está na ineficiência do
uso dos recursos alocados e propõe ajudar os municípios na
qualificação gerencial dos recursos e na definição de metas e
prioridades, obedecendo a um critério de racionalidade econômica.
Essa ajuda não é gratuita, nem faz parte de uma postura vocacional
dessa instituição. É exigido como contrapartida, a obediência servil
dos Estados e municípios à chamada agenda positiva pautada pela
regulamentação da sociedade de mercado.

• Na contramão dessa análise eivada de interesses


mercadológicos, compreendemos que esse conjunto de
paradigmas que influenciam o campo da educação representa
de fato a submissão impiedosa da política educacional
brasileira a agenda positiva impetrada pelo capital,
denunciando a estratégia ideológica utilizada pelo Banco e
seus interlocutores, do envolvimento manipulatório da
educação em favor da sua reprodução e expansão
incontrolável e destrutiva
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