A Pedagogia da Igualdade

étnico-racial em ação: um
exemplo de projeto

Profa Dra Lucimar Rosa Dias

UFMS – Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul
 Estes slides foram produzidos
tendo como base a produção da
ONG

e sua experiência na ação Prêmio

Educar para a Igualdade Racial
que está na 5ª edição
www.ceert.org.br
Critérios de uma prática pedagógica
qualificada de promoção da igualdade racial

 Pertinência e Coerência Temática em Relação à

Lei Federal 10.639, de 2003 e 11.645/08
 Adequação da Linguagem ao Nível Escolar
Correspondente
 Abordagem Coerente do Tema nas Áreas de
Conhecimento
 Consistência, Potencial Crítico e Originalidade
da Proposta Pedagógica
 Envolvimento entre o Universo Escolar e a
Comunidade
 Metodologias, Recursos e Materiais
Utilizados.
 Relevância Social
 Avaliação do Produto Final e
Replicabilidade
Um exemplo de Projeto com esta
temática: objetivos
 Despertar no (a) aluno (a) o
desejo de escutar e ler contos
de origem africana,
proporcionando o
desenvolvimento da linguagem
oral e escrita. Promovendo o
fortalecimento da auto-estima
e orgulho de pertencer a um
grupo no qual a sua cultura e a
sua história sejam valorizadas
e respeitadas.
 Possibilitar o conhecimento do modo de vida do povo
africano, de seus descendentes, conhecendo
“africanidades brasileiras”.

 Promover a disseminação da cultura do bem, da paz,

proporcionando às crianças a formação de valores e
atitudes que favorecem o respeito as diferenças e a
valorização da identidade racial e cultural de cada
um.
 Como?

 Estabelecendo como eixo norteador a "construção da identidade

racial e de gênero" no projeto político pedagógico da instituição.

 Considerando Lei 10.639/2003 e as Diretrizes que tratam da

inserção da história e cultura afro-brasileira e africana nos
currículos como orientadora da prática pedagógica.

 Solicitando a colaboração da comunidade escolar e local para

elaboração, desenvolvimento e concretização de um projeto com
esta temática
 Procedimentos

A criança gosta de ouvir e contar histórias, pois é

uma modalidade textual que proporciona
contato com o imaginário e desenvolve a
linguagem, seja ela oral ou escrita,
possibilitando enriquecimento e ampliação do
vocabulário e permitindo a construção e
reconstrução de conhecimentos.
É necessário considerar a herança cultural e histórica do
espaço onde a criança faz parte a fim de verificar a sua
contribuição para a formação cultural.

A vertente africana nos apresenta peculiaridades

significativas e muitas são as histórias, lendas, contos
que provém desta matriz cultural.
 O projeto Griô: conhecendo contos de origem
africana

realizado em Salvador - BA
pela professora RITA DE CÁSSIA SILVA SANTOS
em 2005
com 20 crianças de 3 anos
na COMUNIDADE REMANESCENTE DE
QUILOMBO – Creche Vovô Zezinho.

Foi premiado na 3a edição do Prêmio Educar para

a Igualdade Racial, realizado pelo CEERT com
apoio do Banco Real.
Trabalharam com contos originários desta vertente
cultural porque estes permitem que as crianças
tenham a oportunidade de conhecer outra forma
de literatura não somente a anglo-saxônica,
possibilitando vir a tona as suas emoções,
sentimentos e conhecimentos que caracterizam a
nossa descendência cultural e racial.
METODOLOGIA UTILIZADA

 apresentação do projeto às
crianças.
 coletar curiosidades e
interesse das crianças em
relação ao tema.
 exposição dos contos de
origem africana.
 leitura de diferentes contos
de origem africana.
 produção de texto
coletivo a partir de
imagem.
 confecção de panôs
(centros de mesa)com
retalhos de diversos
traçados.
 exposição dos panôs
(centros de mesa)para
comunidade escolar e
local
 visita ao museu afro-
brasileiro.
 realização do plantio de
sementes.
 realização da tarde de
chás para a comunidade
escolar e local.
 sessão de penteado de
birotes.

 oficina de trançados com

as mães dos (as) alunos
(as).
Os contos
 os contos escolhido, no total de seis
tiveram uma sequência lógica de
apresentação e foram devidamente
selecionados e adaptados à faixa etária de
crianças de três anos, bem como as
atividades propostas e os assuntos
precisam ser revistos constantemente
nesta idade.
 os contos tratam da criação do mundo, do
homem e da mulher, sobre o modo de vida do
povo africano do qual somos descendentes, a
formação de valores, atitudes e respeito às
diferenças e a valorização de sua descendência
racial.
 o primeiro conto narrado foi "aguemon", de
Carolina Cunha. a partir deste conto
trabalhamos com sementes, onde as crianças
tiveram a oportunidade, manipular, explorar,
conhecer tamanho, cor, textura,forma, suas
utilidades
Primeiro Conto...

 O primeiro conto narrado foi “ Aguemon", de

Carolina Cunha. A partir deste conto trabalhou-
se com sementes. As crianças tiveram a
oportunidade, manipular, explorar, conhecer
tamanho, cor, textura,forma e suas utilidades.
O segundo conto...

 o segundo conto foi "como o adivinho fez a paz entre os criadores do

mundo (oxalá, criador do homem e da mulher ) - xangô , o trovão", de
Reginaldo Prandi.

 A partir deste conto trabalhou-se com o corpo humano: menino e

menina, destacando suas características, diferenças, identificando
suas partes, nomeando-as.

 A questão de gênero foi ressaltada, as crianças entenderam que as

pessoas (menino,menina), são diferentes e que estas diferenças,
devem ser respeitadas, a fim de mantermos uma convivência
saudável, criando laços de amizade e respeito mútuo.
O terceiro conto...
 Foi "terra mexida e plantada dá frutos", da coletânea ilê ifé
de Vanda Machado e Carlos Petrovich.

 com este conto realizou-se o plantio de sementes (salsa,

coentro, alface, feijão) conheceram através do conto
aguemon. Trabalhou-se com sementes,água, adubo, terra.

 as crianças aprenderam que além das sementes que

servem para plantar, as plantas se desenvolvem através de
mudas de outras plantas, por isso realizaram o plantio da
muda de pião-roxo.
 Verificou-se o desenvolvimento da semente de
feijão,fazendo uso de algodão. As crianças
tiveram a oportunidade de conhecer a
germinação das sementes de feijão.

 Firmaram o compromisso de através da

observação e registro, verificar o
desenvolvimento das sementes, chamando a
atenção para os cuidados que devemos ter para
com as plantas, com o ambiente natural como
um todo.
Quarto Conto...
 “Ossain, o protetor das folhas", da coletânea ilê ifé de Vanda Machado e
Carlos Petrovich.
 A partir deste conto, aprenderam que deveriam dispensar as plantas,
folhas ervas, cuidados e proteção pois elas são importantes para a nossa
sobrevivência e que todas elas têm sua função no mundo.
 As crianças conheceram uma grande variedade de folhas e ervas verdes
e secas da flora brasileira citadas no conto como a capeba, mamona,
alfavaquinha de cobra do dendezeiro, dentre outras que encontramos na
comunidade como erva-cidreira, capim-santo também conhecido como
capim-cidreira, tapete de oxalá, alfazema, folha de louro, melissa, boldo
ect.
 As crianças puderam explorar, sentir cheiro, aroma, textura, conhecer a
cor, seus nomes e suas utilidades. Realizamos a partir do conhecimento
das ervas e folhas, a experimentação através do preparo de chás, onde
promovemos as tarde de chás na nossa escola, com a participação e
apoio da comunidade escolar local.
O quinto conto ...
 Foi "as tranças de bintou", Sylviane Diouf. Neste conto, o
respeito e a valorização das tradições culturais foram
salientados, pois, as crianças entenderam que elas são
importantes, porque demonstram o modo de vida de um
povo, sua cultura, sua história.

 Realizamos a sessão de penteado de birotes e a oficina de

trançados, envolvendo tanto a comunidade escolar como a
comunidade local. A auto-estima foi bem evidenciada. As
crianças se sentiram valorizadas, perceberam que são
bonitas e que podem ficar ainda belas e encantadoras.
O sexto conto ...
 O sexto e último conto narrado foi "bruna e galinha d´angola", de
Gercilga de Almeida. Com este conto conheceram um pouco do
artesanato de origem africana. Para isto realizaram a confecção de
panôs, feitos a partir de retalhos coloridos de tecidos de diversas
formas e traçado, com a participação da comunidade escolar e
local.

 A valorização do artesanato, da cultura e história foi

constantemente evidenciada, bem como o respeito as pessoas
idosas sendo representadas pela figuras das vovós, mulheres que
são valorizadas e respeitadas nas comunidades de terreiro, nossas
ialorixás e a importância dos amigos, o respeito e consideração
para com as pessoas.
Motivação
 Para chamar a atenção das crianças para o projeto, algumas
mudanças foram feitas em sala de aula. Inicialmente foi
colocado o nome áfrica em letra bastão na parede da sala, um
chapéu com as cores predominantes do continente africano,
boneca preta, um boneco preto, mapas, e globo terrestre,
gravuras com imagens de pessoas de diversas etnias.

 Com o cenário pronto, o projeto foi colocado em prática. As

atividades de cada conto foram cuidadosamente escolhidas,
de acordo com a faixa etária das crianças de três anos de
idade. Elas demonstraram grande alegria e mostraram-se
felizes ao realizá-las.
Considerações
 Com este projeto as crianças passaram a ter compromisso e valorizar
pequenas ações e situações como o cuidado com o próprio corpo e
com os dos demais colegas, cuidado com os materiais e objetos,
respeito a produção individual, a fala e a maneira de ser do outro etc.

 Houve preocupação não só em relação as histórias e a forma como

foram narradas, mas com todo o trabalho desenvolvido.

 As aulas foram dinâmicas, possibilitando que as mesma fossem mais

atrativas, proveitosas, permitindo aos alunos e alunas maior
participação e envolvimento, considerando-as prazerosas.

 A partir deste projeto a auto-estima e autoconfiança das crianças

foram bastante evidenciadas. Isto fica claro nos relatos das mesmas.
Avaliação
 A cada atividade concluída, foi feita avaliação com os/as
alunos/as, através de registros dos aspectos observados
quanto á participação, a oralidade, o envolvimento nas tarefas.

 Os resultados obtidos foram satisfatórios, considerando a faixa

etária das crianças. Os contos foram revistos constantemente,
a fim de melhorar compreensão e entendimento dos mesmos.

 As crianças, através deste projeto tiveram também a

oportunidade de saber que existe contos, histórias de
diferentes etnias, produzidas por diferentes povos, como
indígena, europeu etc
 As crianças passaram a respeitar os outros, colegas,
funcionários, professoras, as pessoas mais velhas e
valorizar e cuidar de suas produções, materiais e
objetos.

 A preparação docente para colocar em prática se deu de

forma intensa, através de cursos, palestras, seminários,
leituras de vários autores etc.

 Durante a preparação houve mudanças de

comportamento, a auto-estima e autoconfiança se
fortaleceram, bem como a prática pedagógica exercida
tornou-se mais reflexiva, voltada para as questões que
promovam a construção da identidade racial e de
gênero, onde o respeito e a valorização da história e
cultura sejam evidenciados, permitindo desta forma
orgulhar-se em fazer parte do grupo ao qual pertence.
 Este projeto contribuiu para o conhecimento da história,
da cultura, do modo de vida de um povo que foi e é
também responsável pela formação histórica, cultural e
racial do nosso país, fortalecendo a auto-estima e
autoconfiança de nossas crianças.

 Foi possível falar sobre os seus direitos e o que elas

são capazes de realizar, sobre as suas pontecialidades,
contribuindo para a construção de sua identidade racial,
a fim de sentirem valorizadas e respeitadas pelo grupo
Observações
 O PROJETO EM GRANDE PARTE FOI REALIZADO POR MEIO DE
HISTÓRIAS COMO ACONTECE NAS COMUNIDADES DE
TERREIRO, ONDE OS MAIS VELHOS TRANSMITEM
CONHECIMENTOS AOS MAIS JOVENS, ATRAVÉS DA
ORALIDADE, OU SEJA, CONTANDO HISTÓRIAS.

 A QUESTÃO DA ESTÉTICA FOI TAMBÉM UM FATOR

IMPORTANTE A SER CONSIDERADO.

 O CONTO AS TRANÇAS DE BINTOU, COLABOROU PARA A

DESMISTIFICAÇÕES DE UM ÚNICO MODELO DE BELEZA - A
BRANCA – AJUDOU AS CRIANÇAS A SE SINTAM BONITAS,
BELAS, VALORIZADAS E RESPEITADAS NAS SUAS
DIFERENÇAS, ESPECIALMENTE AS CRIANÇAS NEGRAS DE
CABELO CRESPO.
 A QUESTÃO DE GÊNERO (MENINO,
MENINA) TAMBÉM FOI LEVADA EM
CONTA NESTE PROJETO.

 AS ATITUDES E COMPORTAMENTOS
DAS CRIANÇAS SOFRERAM
MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS,
VERIFICADAS ATRAVÉS DO
ACOMPANHAMENTO.
 a visita aos museus afro-brasileiro e africano e
etnológico e arqueológico da Bahia aconteceu e
foi esperada com grande alegria e expectativa
pelas crianças. os alunos e alunas
demonstraram grande interesse pelo que viram
nos museus. A partir desta visita realizamos
uma produção de texto coletivo e desenhos
referentes a mesma.

 para cada conto narrado procuramos realizar

atividades significativas para as crianças para
que elas pudessem se sentir valorizadas,
participantes de fato de sua concretização.
 A CRIANÇA DEVE ENTENDER QUE
SOMOS DIFERENTES, COM
CARACTERÍSTICAS DISTINTAS.
DIFERENÇAS QUE DEVEM SER
RESPEITADAS, POIS TEMOS OS
MESMOS DIREITOS.
Outros projetos
 http://www.ceert.org.br/modulos/educacao
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