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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

Mestrado em Estudos de Linguagens


Tópicos Especiais em Estudos de Linguagens: Poéticas Contemporâneas

IMAGEM, PALAVRA E DISCURSO


Semestre 2011.1

Prof. Wagner Moreira


Alunas: Camila Barros de Abreu, Clícia Ferreira Machado e Kênia Ferreira Machado
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PALAVRA, IMAGEM & ENIGMAS

PALAVRA E IMAGEM

Tipos distintos de representação, que mantém


interações indissolúveis e se presentificam nos
processos híbridos de linguagens (poesia visual, textos
publicitários, pintura e título, etc).
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ACEPÇÕES DE PALAVRA E IMAGEM


ILUMINISTAS: Meios transparentes através dos quais a
realidade se apresenta à compreensão.

ANTIGUIDADE CLÁSSICA: A imagem é um princípio


fundamental que mantém a unidade do mundo.
Unidade das
definições

KOSSLYN: imagem é um tipo especial de representação (quase


pictórica) que descreve a informação e ocorre num meio
especial.
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DIFERENTES TIPOS DE IMAGEM,


SEGUNDO MITCHELL

IMAGEM

GRÁFICA ÓTICA PERCEPTIVA MENTAL VERBAL

Figuras Espelhos Dados dos Sonhos Metáforas


Estátuas Projeções sentidos Memórias Descrição
Design Aparências Ideias
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DEFINIÇÕES COMO APAGAMENTO...

“As definições são uma forma de apagamento dos


traços particulares e peculiares em prol de uma
generalização que realça os elementos invariantes
de uma classe de fenômenos. Toda definição e
mesmo toda percepção são necessários modos de
esquecimento” (SANTAELLA, p. 38).
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IMAGENS PERCEPTIVAS

Todos os tipos de imagens são descritos a partir dos


caracteres extraídos das imagens perceptivas.
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TEORIA GIBSONIANA
(TEORIA ECOLÓGICA DA PERCEPÇÃO)
Modos de ver o mundo:
-Percepção do mundo espacial -> qualidades – cores,
texturas, superfícies , formas etc.

-Percepção dos objetos -> lado pragmático da


existência – lugares, pessoas, sinais e símbolos
escritos.

Percepção e imagem estritamente restrita à visualidade


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AINDA SEGUNDO GIBSON...


- Mundo visual -> o que está lá, fora do
observador.

- Campo visual -> cenas enquadradas pela visão


humana.

Campo visual = responsável pelo processo de


compreensão do mundo físico (mundo visual);
mediação, tradução.
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IMAGENS MENTAIS
Duas correntes de pensamento:
-Iconófilos ou pictorialistas: as imagens representam
aproximadamente do mesmo modo que as figuras
(pictures), isto é, se comportam como figuras na sua
maneiras de representar.

-Iconófobos ou descritivistas: as imagens mentais têm


um modo de representar semelhante aos processos
descritivos da linguagem verbal.
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AS IMAGENS E AS COISAS
De acordo com Joan Costa (apud Santaella) existem
imagens:
-De coisas visíveis na realidade (a pintura, a fotografia
de uma paisagem).
-De coisas invisíveis (a molécula, o átomo, o mapa-
mundi).
-De coisas que existiram, mas não mais existem (cenas
de uma guerra mundial, Napoleão).
-De coisas que jamais existiram (figuras mitológicas,
Dom Quixote, seres imaginários).
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AS IMAGENS E AS COISAS
- De coisas inexistentes ou não, mas que são de
natureza visual (ondas sonoras, árvore
genealógica, justiça).

Segundo Santaella, entretanto, de uns anos para cá,


ampliou-se enormemente o campo de
possibilidades do visível. Imagens antes invisíveis a
olho nu tornaram-se visíveis graças às novas
tecnologias.
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AS IMAGENS E AS COISAS
Joan Costa elaborou uma segunda classificação que
trata das relações entre imagem e referente, pautada
nas variações que se dão no eixo das semelhanças:
-Imagens que parecem exatamente com o que
representam (figuras de museu de cera).
-Imagens que parecem com o modelo, mas não
literalmente (fotografia, sombra chinesa).
-Imagens que não se assemelham literalmente, mas
evocam o modelo (caricatura e arte figurativa não
realista).
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AS IMAGENS E AS COISAS

O cão vermelho - Gauguim


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AS IMAGENS E AS COISAS
- Imagens que não se assemelham ao referente, mas o
“significam” com toda precisão (esquemas de fluxos,
gráficos).
- Imagens que não parecem com nada, nem
“significam” qualquer referente da realidade (arte
abstrata).
- Santaella destaca ainda: as imagens sintéticas,
(produzidas por computação gráfica), que simulam
com perfeição um referente inexistente; e as imagens
cujo referente real é de natureza numérica (equações
algébricas).
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AS IMAGENS E AS COISAS

Composição VIII - Kandinsky


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CLASSIFICAÇÃO DA LINGUAGEM VISUAL


Com base nas categorias fenomenológicas e na teoria
de signos de C. S. Peirce, Santaella chegou, num
primeiro nível, a três grandes matrizes das formas:
Primeiro nível Segundo nível
Ênfase na aparência
Não-representativas
da imagem
Ênfase nas relações da
Figurativas
imagem com o referente
Ênfase nas leis que
Representativas ou
determinam o modo como
Simbólicas
serão interpretadas
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MATRIZES DA LINGUAGEM E PENSAMENTO


 
1. Matriz sonora
1.1 Sintaxes do acaso
   
1.1.1 Puro jogo do acaso
1.1.2 Acaso como busca
1.1.3 Modelizações do acaso
  2. Matriz visual
1.2 Sintaxe dos corpos sonoros 2.1 Formas não-representativas
1.2.1 Heurística dos corpos 2.1.1 Talidade  
1.2.2 Dinâmica das gestualidades 2.1.2 Marca do gesto
1.2.3 Som e abstrações 2.1.3 Invariância
     
     
     
    3. Matriz verbal
1.3 Sintaxes convencionais 2.2 Formas figurativas 3.1 Descrição
1.3.1 Ritmo 2.2.1 Sui generis 3.1.1 Qualitativa
1.3.2 Melodia 2.2.2 Conexão dinâmica 3.1.2 Indicial
1.3.3 Harmonia 2.2.3 Codificação 3.1.3 Conceitual
  2.3 Formas representativas  
2.3.1 Semelhança 3.2 Narração
2.3.2 Cifra 3.2.1 Espacial
2.3.3 Sistema 3.2.2 Sucessiva
3.2.3 Causal
 
3.3 Dissertação
3.3.1 Conjectural
3.3.2 Relacional
3.3.3 Argumentativa
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ÍCONE PURO, ATUAL E HIPOÍCONE

- Ícone puro: simples qualidade de sentimento,


possibilidade ainda irrealizada, quase imagem
interior, luz primeira do insight.
- Ícone atual: refere-se às diferentes funções que o
ícone adquire nos processos de percepção.
- Hipoícone (signo icônico): agem propriamente
como signos porque representam algo.
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HIPOÍCONE
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SIGNO, ÍCONE, ÍNDICE E SÍMBOLO


- Ícone: é aquele signo que apresenta alguma
relação de semelhança entre a representação e o
objeto representado. Um signo icônico é sob certo
aspecto semelhante ao próprio conteúdo –
ilustrações, retratos, caricaturas.
- Índice: é um signo física ou casualmente ligado ao
objeto, e recebe sentido por meio da relação com
esse objeto – assinatura, impressão digital,
fotografia, pegada na areia.
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SÍMBOLO COMO SÍNTESE


SIGNO, ÍCONE, ÍNDICE E SÍMBOLO
- Símbolo: não há nenhuma ligação entre
significante e significado. Um símbolo não possui
outra motivação que não seja histórica ou
convencional – é arbitrário. São exemplos: código
de trânsito, equação matemática, semáforo.
“Assim sendo, é por força de uma idéia na mente do
usuário que o símbolo se relaciona com seu
objeto” (SANTAELLA, p. 45).
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SIGNO, ÍCONE, ÍNDICE E SÍMBOLO

Iconografia de Siron Franco

O Espelho – óleo sobre tela


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SIGNO, ÍCONE, ÍNDICE E SÍMBOLO


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INTERFACES ENTRE IMAGENS MENTAIS E


VERBAIS
As imagens verbais podem ser tratadas sob dois
pontos de vista:
1.Como linguagem figurada, metafórica;
2.Figuração da realidade, um modelo da realidade.
Muito próxima dessa noção de figuração de
Wittgenstein, está a noção de diagrama em Peirce:
seu sentido está presente em qualquer tipo de
pensamento – todo pensamento é essencialmente
diagramático.
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INTERFACES ENTRE IMAGENS MENTAIS E


VERBAIS
Ícones diagramáticos constituem o que se pode
chamar de padrões sintáticos, isto é, os modos de
organização e as relações entre as partes de um
objeto para gerar sentido. Tais padrões estão
presentes tanto na linguagem verbal quanto visual.
Pound e Octavio Paz são formuladores de concepções
modernas de poesia que realizam a densidade da
imagem verbal.
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INTERFACES ENTRE IMAGENS MENTAIS E


VERBAIS
A tríade poundiana estabelece que no corpo do
poema entrelaçam-se três níveis, definidos como:
melopéia (dimensão sonora do poema), fanopéia
(produção de uma imagem na rede mental) e logopéia
(construção do sentido através da relação entre as
palavras).
O corpo do poema, em que a palavra é exposta como
materialidade, constitui-se como objeto simbólico,
passível de múltiplas interpretações.
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INTERFACES ENTRE IMAGENS MENTAIS E


VERBAIS

Augusto de Campos – Pós-tudo

E. M. de Melo e Castro, Pêndulo, 1961.


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INTERFACES ENTRE IMAGENS MENTAIS E


VERBAIS
Otavio Paz em sua concepção do poema como
imagem, propõe a noção de imagem poética
enquanto limiar de sentido. Assim, a linguagem na
poesia rompe a sua qualidade comunicativa, deixando
de servir apenas ao objetivo de representar a
realidade, para expandi-la, transfigurá-la, transgredi-
la. A palavra, na poesia, é impossível de ser
aprisionada pelos significados definidos por um único
objeto referente.
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A IMAGEM DA PALAVRA
A linguagem verbal se divide em duas linguagens:
falada e escrita, sendo que há várias formas de
escrita.

As escrituras brotam da mímica e dos gestos, passam


pelos pictogramas, ideogramas e hieroglifos. A
descobertta do alfabeto possibilitou a codificação
visual do som.
A IMAGEM DA PALAVRA
Com o surgimento da escrita fonética a fala passa a
ocupar um espaço intermidiário, “fluxo audível entre
duas formas de escritura, a da língua à qual está
prescrita e que é também condição do incosciente,
de um lado, e, de outro, na superfície material dos
meios, oferencendo-se ao olhar (...)”(SANTAELLA,
1994, p.49)
A IMAGEM DA PALAVRA
Tanto o desenvolvimento dos meios de impressão
quanto o surgimento das novas tecnologias
contribuiram para a “exploração da natureza
plástica, imagética, do código alfabético.”
(SANTAELLA, p. 49. 1994).
A partir daí pode-se ainda citar o desabrochar da
linguagem híbrida que põe em evidência a
importância do entrelaçar de diferentes signos
linguísticos: visuais, verbais e sonoros.
A IMAGEM DA PALAVRA

SANTAELLA destaca que “o código hegemônico deste


século não está nem na imagem, nem na palavra oral
ou escrita, mas nas suas interfaces, sobreposições e
intercursos, ou seja, naquilo que sempre foi do
domínio da poesia.” (SANTAELLA, p.49.1994)
PALAVRA E IMAGEM: INTERSTÍCIOS
ACEPÇÕES
De acordo com Pound (appud Santaella) “a poesia
está mais próxima da visualidade e da música do que
da linguaggem verbal.”

Décio Pignatari (appud Santaella) “chamou o poeta


de designer da linguagem e defendeu a tese (1974)
de que o poema é um ícone.”
PALAVRA E IMAGEM: INTERSTÍCIOS

A visualidade na poesia torna-se mais evidente a


partir de Stéphane Mallarmé e no Brasil a partir do
polêmico movimento da poesia concreta.

A poesia concreta foi um prenúncio do que viria ser a


poesia digital ou vídeo-poema.
PALAVRA E IMAGEM: INTERSTÍCIOS
Mais recentemente dois estudiosos brasileiros se
dedicaram ao estudo dos procedimentos imagéticos
na poesia: Philadelpho Menezes e Valdelvino S.
Oliveira.

Ambos destacaram a importância de se valorizar na


palavra poética, a interrelação entre ícone, índice e
símbolo.
PALAVRA E IMAGEM: INTERSTÍCIOS

Apesar da visualidade ficar mais evidente na poesia


contemporânea, Santaella afirma que “foi sempre no
seio da palavra poética que a imagem, em todas as
suas multiformes manifestações (perspectivas,
mentais, verbais, sonoras, alegóricas), fez e continua
fazendo seu ninho onírico.”(SANTAELLA, p.51. 1994)
UM TEMA, DIVERSAS LEITURAS.
O BEIJO POR...
Gustave Klimt

Detalhe de “O Beijo”, de Gustave


Klimt
MODA E ARTE

Robert Rauschenberg – 1955

Coleção de verão, de Isabela Capeto, inspirada no pós-guerra e no artista americano Robert Rauschenberg.
MODA E ARTE

Obras de
Robert
Rauschenberg

Coleção de Isabela Capeto, inspirada em Robert Rauschenberg.

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