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O tributo e as finanças

públicas. Carga tributária

Parte 1 –tema 1
O direito e o sistema tributário

 preocupação do direito em fixar limites à ação do


Poder Público na cobrança de tributos
 tratamento constitucional da tributação: a
reforma tributária de 1966 e a legislação
complementar em matéria tributária
 previsão de um sistema tributário com
competências distribuídas entre União, Estados,
DF e Municípios
 “Tributo é toda prestação
pecuniária, compulsória, em
moeda ou cujo valor que nela
possa se exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito,
instituída por lei e cobrada
mediante atividade
administrativa plenamente
vinculada” (CTN art. 3)
 prestação de caráter pecuniário
 compulsório – diferente dos preços, que são
decorrentes de relação contratual e não do
exercício do poder de soberania
 Sumula 545 do STF : “preços de serviços

públicos e taxas não se confundem,porque


estas, diferentemente daquelas, são
compulsórias e tem sua cobrança
condicionada à prévia autorização
orçamentária, em relação à lei que as
instituiu”
 não é sanção de ato ilícito – difere de
penalidade/multa
 instituída por lei / preocupação do CTN com o
conceito de normas complementares
 atividade vinculada e não discricionária
 é uma prestação genérica de caráter contributivo
(para o bem comum), imposta a todas as
situações que se enquadrem no fato gerador –
difere do confisco que é ato unilateral específico
com caráter de penalidade
Repartição de competências tributárias
 tributos federais
• II-IEx-IR-IPI-IOF-ITR e empréstimos
compulsórios
• taxas
• contribuições sociais, interventivas, corporativas
e de melhoria
 tributos estaduais
• ICMS-IPVA-ITCMDbens e direitos
• taxas
• contr. previdenciária e de melhoria
 tributos municipais
• IPTU-ISS-ITBI(inter vivos)
• taxas
• contr. previdenciária, de melhoria e COSIP
 Há transferências constitucionais do produto da
arrecadação de certos tributos federais para
Estados, DF e Municípios
• IR (47%) e IPI (57%) – Fundos de Participação
dos Estados e dos Municípios
 critério especial para repartição dos 10% IPI

segundo o valor das exportações - também


para Municípios
• ITR – 50% ou a sua totalidade para Municípios
• CIDE – 29% para Estados e DF. Os Estados
devem repassar ¼ dos recursos para
Municípios
 Há transferências constitucionais do produto da
arrecadação de impostos estaduais para
Municípios
• ICMS – 25% são distribuídos aos Municípios
segundo critérios de participação
 ¾ fixados segundo o valor adicionado das

operações realizadas no Município


 ¼ fixados segundo critério definido na lei

estadual
• IPVA – 50% para Municípios
Dados sobre a receita tributária do Brasil em 2009

O total da receita, em 2009, foi de R$ 1,055 trilhões,


ou seja,33,58% do PIB. Estima-se que em 2010
Tenha sido de R$ 1,290 trilhões O volume de
arrecadação dos principais tributos é apresentado
nas tabelas seguintes
250

200

150

100 R$ bi

50

0
icms ir inss cofins fgts prev.
Publ
45
40
35
30
25
20 R$ bi
15
10
5
0
csll ipi pis iss iof ipva
 a carga tributária brasileira tem
crescido nos últimos anos
 para efeitos de análise compara-se o

montante dos tributos arrecadados


com o produto interno bruto (PIB)
 está havendo aumento no montante

da arrecadação das contribuições


sociais
Normas constitucionais em
matéria tributária. Princípios da
legalidade e da anualidade. As
imunidades tributárias. Isenções

Parte 1 – tema 2
 Princípio da legalidade
• representa o consentimento do cidadão
• exceções
 impostos sobre comércio exterior

 imposto sobre produtos industrializados

 imposto sobre operações de crédito

• medida provisória em matéria tributária:


somente produz efeitos no ano seguinte ao que
for convertida em lei
• lei complementar: há matérias reservadas
• normas complementares: não são leis em
sentido formal
• extensão do princípio: não apenas criar, mas
também aumentar tributos
 Princípio da anterioridade e da anualidade
• exceções: II, IE, IPI, IOF
• o princípio da noventena
• o tratamento especial das contribuições da
seguridade social
• não se tributa em relação a fatos geradores
ocorridos antes da vigência da lei que os
houver instituído ou aumentado
 Princípio da imunidade
• conceito de imunidade. Diferença com a
isenção e conceituação legal do fato gerador
• imunidade recíproca quanto ao patrimônio,
renda e serviços dos entes políticos
• imunidade de templos de qualquer culto
• imunidade da renda, patrimônio e serviços de
partidos políticos, sindicatos e instituições de
educação e assistência social
• imunidade de livros, jornais e periódicos
Caso para discussão:
Incide ICMS na venda do
“Pãozinho do Padre”?
 acórdão do STF :
• Recorrente: Instituição Beneficente Lar de Maria
• Recorrido: Estado de São Paulo

 Imunidade prevista no art.150, VI, “c”, da Constituição aplica-se às


operações de vendas de mercadorias fabricadas por entidades imunes,
impedindo a incidência do ICMS, desde que o lucro obtido na venda
seja destinado à finalidade da entidade imune

 Entidade imune = entidade de assistência social sem fins lucrativos

 Tribunal decidiu: “se a entidade não tem fins lucrativos, não distribui
lucros e destina o que é arrecadado às respectivas finalidades, ela está
imune ao pagamento de impostos”.

 O entendimento foi de que o comércio efetuado visa a atender a


necessidade da entidade de angariar recursos para sua própria
subsistência como instituição beneficente, não se tratando de
atividade econômica propriamente dita.
 Princípio da uniformidade dos tributos
federais
• não pode distinguir ou dar preferência a
qualquer Estado ou Município
• admite-se a concessão de incentivos ficais
 Princípio da vedação ao estabelecimento de
limitações ao tráfego de pessoas ou bens,
por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais
• a Constituição ressalva a possibilidade de
cobrança de pedágio
 Princípio da vedação a Estados e Municípios ao
estabelecimento de diferença tributária entre
bens e serviços, em razão da procedência ou
destino
 Princípios específicos para determinadas
espécies tributárias
• possibilidade da cobrança de empréstimo
compulsório
• não tributação das exportações
• tratamento preferencial a pequena e média
empresa
• repartição do produto da arrecadação de certos
tributos
• progressividade do IR e do IPTU
• não cumulatividade do IPI, ICMS e PIS/COFINS
• seletividade do IPI e do ICMS
• alíquotas máximas/mínimas do ISS e ICMS
• ICMS nas operações interestaduais
• receita como base de cálculo de PIS/COFINS
 O princípio da não cumulatividade consiste:
• tributar as operações em diversas fases da produção
e circulação econômica da mercadoria: tributação
plurifásica e não monofásica
• permitir o aproveitamento pelo contribuinte de
créditos referentes ao valor dos tributos já pagos
nas operações anteriores
• o valor do tributo a pagar (débito) é compensado
com o valor dos tributos já pagos (créditos)
• há vantagens para o Estado (reparte o ônus
tributário e antecipa o recolhimento) e para o
sistema econômico, embora o efetivo ônus recaia no
consumidor final
CADEIA DE PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE BENS

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A B C D E
Taxas e tarifas: conceitos distintos
 taxas decorrem do poder de império, de
soberania do Estado, são compulsórias, decorrem
apenas da lei e da ocorrência do fato gerador.
Submetem-se ao regime tributário: princípios
limitadores e garantias do crédito tributário
 preços ou tarifas decorrem de um ajuste, de
um acordo de vontades, são voluntárias. Não
estão submetidas ao regime tributário.
 para a adequada remuneração da prestação de
serviço público a lei determina, em cada caso, o
regime a ser seguido: taxa ou preço (tarifa)
 o regime jurídico de prestação de importantes
serviços públicos prevê que sejam remunerados
por tarifas, como no caso da distribuição de
energia elétrica
 a tarifa é elemento essencial no contrato de
concessão do serviço público e no contrato de
oferecimento, ao usuário final, do serviço
Espécies tributárias. Impostos,
taxas e contribuições

 Parte 1 – tema 3
 “Fato gerador é a situação definida em lei como
necessária e suficiente para a ocorrência da
obrigação tributária”
 também chamada de hipótese de incidência
 a determinação dos fatos geradores no sistema legal
brasileiro é feita:
• a) previsão constitucional;
• b) delimitação conceitual pelo CTN;
• c) sua caracterização pela legislação ordinária
Fatos geradores de obrigações
tributárias
 atos de comércio internacional
 propriedade imobiliária e de veículos
 renda: pessoa física e jurídica
 exercício de atividade econômica: produção e
circulação de bens e serviços
 recebimento de receitas por pessoas jurídicas
 pagamento e recebimento de salários e
remunerações
 exercício de poder de polícia
 prestação de serviço público
Composição da receita tributária segundo o fato gerador

3%
5%
bens e serviços
47% propriedade
23%
renda
folha salários
trans. Financ.
19% outros

3%
 base de cálculo é o valor que se deve tomar
por ponto de partida imediato no cálculo das
alíquotas dos tributos a fim de individuá-los nos
casos particulares
 alíquotas dos tributos podem ser:
• a) específicas
• b) ad valorem
 “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato
gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica relativa ao
contribuinte”
 o imposto destina-se a atender a necessidades
públicas gerais, é receita não vinculada
 o fato gerador do imposto não tem relação com
atividade estatal específica relativa ao
contribuinte – não há contraprestação estatal
 “ taxas são tributos arrecadados em razão do
exercício do poder de polícia ou pela utilização
efetiva ou potencial de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte
ou postos à sua disposição
 o poder de polícia é a faculdade concedida à
Administração Pública para, nas condições fixadas
em lei, condicionar o exercício dos direitos de
propriedade e de liberdade, em razão do
interesse público
 contribuições são tributos com destinação
específica
 pode ser atribuído poder fiscal a entidades de
caráter autônomo, investidas de competência
para o desempenho de algum ou alguns fins
públicos, para cobrar contribuições
 tem caráter de contraprestação
 nem sempre o contribuinte é diretamente
beneficiário da atividade exercida pela entidade
de caráter autônomo
Classificação das contribuições

Contribuições sociais
1. de seguridade social Contribuições de interesse
2. salário educação de categorias profissionais
3. sistema “S” 1. contribuição sindical
2. contribuição OAB, CREA etc

Contribuição de
melhoria
Contribuições interventivas
1. Cide combustíveis
2. Cide tecnologia
3. AFRMM
COSIP
4. Sebrae
Ingressos públicos e tributos
 conceito de ingresso público e de receita pública:
a incorporação definitiva ao patrimônio público.
• os empréstimos públicos e seu regime jurídico
• esforço de ajuste das contas públicas nos anos 90 e os
critérios estabelecidos na LRF
 outras hipóteses de receitas públicas não
tributárias
• receitas decorrentes da cobrança de preços por serviços
• receitas decorrentes da exploração e utilização do
patrimônio público
• receitas decorrentes de lucros e dividendos de empresas
públicas ou de economia mista
Obrigação tributária. Crédito
tributário. Suspensão e
extinção do crédito tributário

 Parte 1 – tema 4
 conceito de obrigação tributária: decorre da lei
 conceito de lançamento
• é procedimento administrativo para determinar
o sujeito passivo, a ocorrência do fato gerador,
o montante do crédito devido, condições para
seu pagamento. Ou seja, tornar concreta a
obrigação tributária e quantificar o valor do
tributo devido
 conceito de crédito tributário: decorre do
lançamento
Podemos dizer que há um ciclo

de vida dos tributos


Fato lançamento
Previsão lei gerador
constitucional

Extinção do crédito
Suspensão do crédito
1. pagamento
1.moratória
2. compensação
2.depósito
3. prescrição
3.reclamações
4. decisão judicial
4. liminares
5. deci. administrativa
5. parcelamento
 fiscalização tributária e imposição de multas por
infrações
 o crédito tributário decorre de
• lançamento (auto lançamento, lançamento de
ofício, notificação de lançamento
complementar)
 o crédito tributário pode ser suspenso por
iniciativa da Administração e torna-se não
exigível
• o caso dos parcelamentos : o REFIS
• o caso das moratórias
 procedimentos administrativos
• consulta em matéria tributária que deve ser
feita antes do lançamento
• reclamação que deve seguir procedimentos
administrativos
 pode haver exigência de depósitos?

 a decisão administrativa é definitiva?

 recurso ao Judiciário
• mandado de segurança. A liminar suspende
a exigibilidade do crédito
• depósito em consignação.
Se não ocorre o pagamento
 inscrição na dívida ativa
 processo judicial de cobrança tributária
• processo executivo rápido com penhora de
bens
• situações em que não são encontrados bens
para a penhora
 a prescrição em matéria tributária
• tempo entre a ocorrência do fato gerador e o
lançamento
• tempo entre o lançamento e o pagamento
• cinco mais cinco anos é o critério geral
Responsabilidade tributária

 Parte 1 – tema 5
Sujeito ativo da obrigação tributária
 é sempre o Estado
 na Federação podem ser diversos sujeitos ativos
 nos tributos com propósitos extra fiscais a
sujeição ativa pode ser atribuída a outro. Neste
caso é preciso distinguir competência tributária
(indelegável) para criar o tributo com capacidade
tributária para cobrar o tributo
Sujeito passivo da obrigação
tributária
 contribuinte: tem relação “pessoal” e “direta
com o fato gerador. É o caso de sujeição passiva
direta.
 responsável (termo usado pelo CTN): sua
responsabilidade decorre de determinação legal.
É o caso de sujeição passiva indireta
Sujeição passiva indireta
 por substituição
• terceiros (art. 134 do CTN)
• solidariedade
• substituição tributária (caso do ICMS e IPI)
 por transferência
• sucessão
 pessoa natural (art. 131, II e III do CTN)

 pessoa jurídica (art. 132 e 133 do CTN) obs.

nova lei de falências


 adquirente de bens (art. 131, I e art. 130 do

CTN)
• outras
Responsabilidade do administrador
 art. 135 do CTN:
• por créditos correspondentes a obrigações
tributárias resultantes de atos praticados com
1. excesso de poderes, 2. infração da lei,
3. contrato social ou estatutos
• é preciso que se caracterize o descumprimento
da obrigação por um destes motivos. É preciso
demonstrar a intenção de fraudar o fisco.

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