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A membrana celular é impermeável à glucose-6-fosfato, que pode por isso ser acumulada na
célula. A glucose-6-fosfato será utilizada na síntese do glicogénio (uma forma de
armazenamento de glucose), para produzir outros compostos de carbono na via das pentoses
fosfato, ou degradada para produzir energia - glicólise.
Para poder ser utilizada na produção de energia, a glucose-6-fosfato é primeiro isomerizada a
frutose-6-fosfato. A frutose-6-fosfato é depois fosforilada a frutose-1,6-bisfosfato. Este é o
ponto de não-retorno desta via metabólica: a partir do momento em que a glucose é
transformada em frutose-1,6-bisfosfato já não pode ser usada em nenhuma outra via.
Seguidamente, numa reacção inversa da adição aldólica, a frutose-1,6-bisfosfato é clivada em
duas moléculas de três carbonos cada:
Por transferência
de dois carbonos da
xilulose-5-P para a
eritrose-4-P, forma-
se outra molécula
de frutose-6-P e
uma molécula de
gliceraldeído-3-P:
O balanço destas últimas reacções é:
2 xilulose-5-P + ribose-5-P -----> 2 frutose-6-P + gliceraldeído-3-P
A frutose-6-P e o gliceraldeído-3-P podem ser utilizados na glicólise para produção de
energia, ou reciclados pela gluconeogénese para formar novamente glucose-5-P. Neste último
caso, através de seis ciclos da via das pentoses-fosfato e da gluconeogénese uma molécula de
glucose-6-P pode ser completamente oxidada a seis moléculas de CO2 com produção
simultânea de 12 moléculas de NADPH. Quando as necessidades de ribose-5-P são superiores
às de NADPH, esta pode ser produzida por estas reacções a partir de frutose-6-P e
gliceraldeído-3-P.
Adenosina Trifosfato
O ATP é o nucleotídio trifosfatado mais importante. Ele participa das inúmeras reacções e
processos metabólicos relacionados à transferência e conversão de tipos de energia. A
hidrólise do radical fosfato terminal do ATP, formando difosfato de adenosina (ADP) e
fosfato inorgânico, libera energia livre de 7,3 kcal/mol, quantidade apropriada para as
funções celulares. A energia do ATP é disponibilizada para as células pelo acoplamento da
hidrólise desta substância a reacções químicas que requeiram energia. No hialoplasma, existe
apenas uma pequena reserva de ATP, de tal maneira que, à medida que ele é utilizado, deve
ser reposto por meio de reacções que fosforilam o ADP a ATP. Existem dois mecanismos de
regeneração do ATP. O primeiro é a fosforilação pelo nível de substrato, em que um radical
fosfato é transferido para o ADP por um composto intermediário, a fim de formar o ATP.
Este tipo de fosforilação pode ocorrer na ausência de oxigénio, condição denominada de
metabolismo anaeróbio. Como exemplo deste tipo de fosforilação, temos: a glicólise (primeira
etapa da respiração celular) e a fermentação. O segundo mecanismo de produção de ATP é a
fosforilação oxidativa, que ocorre nas membranas internas dos organelos denominadas
mitocôndrias, e que exige a presença de oxigénio molecular. A fosforilação oxidativa produz a
maior parte do ATP utilizado pelo organismo. O conjunto das reacções que compõem a
fosforilação oxidativa é chamado metabolismo aeróbio.
Transportadores de electrões: NAD e FAD
As reacções metabólicas que degradam a glicose e obtêm energia para a célula são do tipo
oxidação-redução (também denominada oxirredução). Quando um composto químico
(molécula, ião) perde electrões ou hidrogénio, diz-se que houve oxidação. Ao contrário, se
uma espécie química ganha electrões ou hidrogénio, observa-se uma redução. A maior parte
da energia da glicose é retirada por meio de reacções de oxirredução. Nestas reacções
participam substâncias conhecidas como coenzimas. As mais importantes coenzimas
transportadoras de electrões são o dinucleotídio de nicotinamida-adenina e o dinucleotídio de
flavina-adenina. As formas oxidadas dessas coenzimas são abreviadas por NAD+ e FAD+; as
formas reduzidas são NADH e FADH2. A coenzima A transfere radicais acetil e será
comentada mais adiante. A figura a seguir mostra, em (A), a estrutura do NAD em estado
oxidado e estado reduzido; e em (B), a transferência de hidrogénio de uma cadeia carbónica
para o NAD oxidado (NAD+).