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Sistema

constitucional
tributário
Princípios constitucionais
tributários
Sistema Constitucional
Tributário
•           No capítulo I, do título VI, da Constituição
da República Federativa do Brasil, está prescrita
toda a regulação do sistema constitucional
tributário.
•           Em verdade, pode-se afirmar que o sistema
constitucional tributário é um verdadeiro
subsistema, que trata dos aspectos da imposição
tributária pelo Estado, dos poderes exercidos por
este na esfera tributária e das garantias dos
contribuintes perante estes poderes.
Art.145. A União,os Estados, o DF
e os municípios poderão instituir os
seguintes tributos:

• Impostos;
• Taxas;
• Contribuição de melhorias.
No entendimento de SACHA CALMON, este
subsistema pode se dividir em três partes,
quais sejam:

•                     "(A)o da repartição das


competências tributárias entre a União, os
Estados e os Municípios;
•           (B)o dos princípios tributários e das
limitações ao poder de tributar;
•           (C)o da partilha direta e indireta do
produto da arrecadação dos impostos entre as
pessoas políticas da Federação(participação de
uns na arrecadação de outros).“
• COÊLHO,Sacha Calmon Navarro. Comentários à Constituição de 1988 – Sistema
Tributário.
8ªEd.ver.amp.Rio de Janeiro:Forense,1999, p.02.
Princípios
• Os princípios jurídicos podem ser
compreendidos como verdadeiros comandos
ordenadores do sistema, entendendo-se
como princípios constitucionais aqueles
consagrados expressa ou implicitamente no
sistema constitucional, que tem por função
inspirar a compreensão das regras
jurídicas, informando o seu sentido e
servindo de mandamento nuclear destas.
Princípios constitucionais
Gerais

•  Os princípios constitucionais gerais


se aplicam a todo o ordenamento e,
conseqüentemente, ao Sistema
Tributário Nacional.
• Há ainda, os princípios constitucionais
tributários.
•    Princípio da Justiça:     é um primado
supremo, suporte de todo o Ordenamento
Jurídico.
• Princípio da certeza do direito:  Da
mesma forma que o princípio da justiça é
implícito, este também o é, porém, cumpre
categoriza-lo também como um
sobreprincípio, posto que, ao sentenciar,
não caberá ao juiz deixar a relação jurídica
objeto da lide sem a devida certeza
estabelecida, o ordenamento jurídico exige
o requisito da certeza para ser válido
• Princípio da Segurança Jurídica
• Princípio da igualdade: expresso no
art.5º da CF, caput;
• Princípio da universalidade da
jurisdição: art. 5º da CF, XXXV,
determina que a função jurisdicional no
Brasil é função inafastável do poder
judiciário.
• Princípio da ampla defesa e do
devido processo legal.
• Princípio da isonomia das pessoas
políticas constitucionais: este é um
princípio implícito, que deflui de dois postulados
constitucionais, quais sejam, a Federação e a
autonomia dos municípios.
• Princípio da supremacia do interesse
público ao do particular
• Princípio da indisponibilidade
dos interesses públicos
Princípios Constitucionais
Tributários
• Podemos afirmar que os princípios
tributários previstos na Constituição
Federal, funcionam verdadeiramente
como mecanismos de defesa do
contribuinte frente a voracidade do
Estado no campo tributário.
Princípios Constitucionais
Tributários
• Princípio da legalidade tributária
– Na Constituição de 1988 vem ele albergado de
forma específica no art. 150, inciso I, da
seguinte forma:
–           "Art. 150. Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
–           I- exigir ou aumentar tributo sem lei que
o estabeleça.
–           (...)"
• A União, os Estados, os Municípios e o Distrito
Federal somente poderão exigir ou aumentar
tributo através de lei. A lei que o exigir o tributo
deve mencionar, segundo o artigo 146,III,”a”,CF:
• a) o fato tributável;
• b) a base de cálculo;
• c) a alíquota;
• d) os critérios para a identificação do sujeito
passivo da obrigação tributária;
• e) o sujeito passivo.
• A lei mencionada pela Constituição é a lei
ordinária, salvo se explicitamente for fixada a
exigência de lei complementar.
Existem impostos que excepcionam o
princípio em comento, a saber:
• 1) Imposto de Importação(II)
• 2) Imposto de Exportação(IE)
• 3) Imposto sobre operações
financeiras(IOF)
• 4) Imposto sobre produtos
industrializados(IPI)
• Esses impostos podem ser aumentados por
meio de ato do Poder Executivo, ou seja,
por meio de decreto, sempre respeitando,
porém, os limites estabelecidos pela lei.
• A Emenda Constitucional nº 33/2001
também excepcionou o princípio em dois
momentos, onde a determinação de
alíquotas é possível por ato do Executivo. O
primeiro é em relação a CIDE-
Combustíveis(art. 149, §2º,II, c/c art. 177,
§4º,I,b, CF/88), o segundo é em relação ao
ICMS sobre combustíveis(artigo 155, §4º,
IV, c, CF/88).
• As medidas provisórias podem criar e
aumentar impostos que não sejam
privativos de lei complementar. Para tanto,
deverão ser convertidas em lei dentro do
prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais
60(art. 62, §7º,CF).
Princípios Constitucionais
Tributários
• O princípio da irretroatividade tributária
•           
• A Constituição consagra este princípio em seu art.150, inciso
III, alínea a, enunciando o seguinte:
•           "Art. 150.Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos municípios:
•           (...)
•           III- cobrar tributos:
•           a)em relação a fatos geradores ocorridos antes do
início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado;
•           (...)"
•          
• O Código tributário nacional permite a
retroatividade em seu artigo 106, quando a lei:
• I- em qualquer caso, quando seja expressamente
interpretativa, ou
• II- tratando-se de ato não definitivamente
julgado
• a) quando deixe de defini-lo como infração;
• b) quando lhe comine penalidade menos severa que
a prevista na lei vigente à época do fato gerador
ou da prática do ato.
• Em síntese, é vedada a incidência de tributos
sobre fatos geradores ocorridos antes da vigência
da lei.
• Obs: A lei nova não se aplica aos fatos
geradores já consumados(art.105 CTN).
Princípios Constitucionais
Tributários
• O princípio da anterioridade ou
da não-surpresa tributária
•                     "Art. 150.Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
municípios:
•           (...)
•           III- cobrar tributos:
•           a)no mesmo exercício financeiro em que
haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumento.;
•           (...)"         
• Este princípio estabelece que os entes
tributantes não podem exigir tributos no
mesmo exercício financeiro em que estes
foram criados ou majorados.

•  A
enunciação é clara. A lei não pode criar
ou majorar tributos e cobrá-los no mesmo
período da instituição.
•  ver art. 195, CF
Exceções ao princípio da anterioridade
ou não-surpresa tributária
A anterioridade não é respeitada,
entretanto, nos seguintes casos:
• a) Imposto de importação(II)
• b) Imposto de exportação
• c) Imposto sobre produtos industrializados(IPI)
• d) Imposto sobre operações financeiras(IOF)
• e) CIDE petróleo
• f) Empréstimo compulsório para casos de
calamidade pública ou guerra externa
• g) Imposto extraordinário de guerra
• h) Contribuições sociais, que obedecem à
anterioridade nonagesimal ou mitigada (195,cF)
• A Emenda Constitucional nº 42/03,
introduziu ao artigo 150,III, CF, a letra c,
que exige que se respeite um período de 90
dias entre a data que criou ou aumentou o
tributo e sua efetiva cobrança. Exceções a
essa regra, são os empréstimos
compulsórios para casos de calamidade
pública ou guerra externa, imposto de
importação, imposto de exportação,
imposto sobre operações financeiras,
imposto sobre a renda, imposto
extraordinário de guerra e fixação da base
de cálculo do IPVA e do IPTU.
Princípios Constitucionais
Tributários
• Princípio da capacidade contributiva
ou da pessoalidade dos impostos
•           O princípio da capacidade contributiva vem inserto no art.
145, § 1º da Constituição, enunciando que:
•           "Art.145.(...)
•           (...)
•            § 1º.Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal
e serão graduados segundo a capacidade econômica do
contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais me nos termos da lei, o
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte."
•           Aplicação prática deste princípio encontra-se na alíquota
progressiva, presente no imposto de renda, no imposto sobre a
propriedade territorial urbana, no imposto sobre a propriedade
territorial rural, etc
Princípios Constitucionais
Tributários
• Princípio da liberdade de trafego ou
do livre trânsito de pessoas e bens

•           A Constituição estabelece em seu art. 150, inciso V,


• O tráfego de pessoas ou de bens não pode ser limitado pela
cobrança de tributos, quando estas ultrapassam as
fronteiras dos Estados ou Municípios. Este princípio
tributário está em consonância com o artigo 5º,LXVIII,
CF/88, direito à livre locomoção.
• A cobrança de pedágios pela utilização de vias conservadas
pelo Poder Público, é considerada pela doutrina exceção ao
princípio .       
Princípios Constitucionais
Tributários
• Princípio da isonomia tributária
•           O art. 150, inciso II, que explicita o princípio da
isonomia tributária vem redigido da seguinte forma:
•           "Art.150. Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos municípios:
•           (...)
•           II – Instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente
da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos.“
• O princípio da igualdade tributária proíbe distinções
arbitrárias, entre contribuintes que se encontrem em
situações semelhantes. .
Princípios Constitucionais
Tributários
• Princípio do não-confisco

•           A Constituição estabelece em seu art. 150, inciso IV,


o princípio do não-confisco, assim redigido:
•           "Art.150.Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos municípios:
•           (...)
•           IV – É vedado utilizar tributo com efeito de confisco.
"
•           Cumpre ressaltar, primeiramente, que a vedação
instituída pelo artigo é genérica, portanto, aplicável não só a
impostos e sim a todos os tipos de tributos.
Princípios Constitucionais
Tributários

• Princípio da generalidade, progressividade e


uniformidade sobre a renda.
•           Reza a Constituição em seu art.153, § 2º que:
•           "Art.153. Compete à União instituir impostos sobre:
•           (...)
•           §2º.O imposto previsto no inciso III:
•           I – será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade
e da progressividade."
•           A progressividade está contemplada no fato de que, à medida que se
eleva a quantidade ou o valor do objeto tributado, a sua alíquota cresce.
•           Cumpre afirmar que a progressividade dos tributos é a única fórmula
que permite a manutenção da pessoalidade dos impostos, sendo este
também essencial para a aferição da capacidade contributiva dos sujeitos
passivos da relação tributária
Princípios Constitucionais
Tributários

• Princípio da progressividade sobre a propriedade


territorial urbana ou rural.
•           Vem insertos estes princípios, nos arts.153, §4º e 156,§1º, da
seguinte forma:
•           "Art.153. Compete à União instituir impostos sobre:
•           (...)
•           §4º O imposto previsto no item VI terá suas alíquotas
fixadas em lei de forma a desestimular a manutenção de
propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas
rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o
proprietário que não possua outro imóvel.
•           Art.156.Compete aos municípios instituir imposto sobre:
•           §1º.O imposto previsto no inciso I poderá ser progressivo,
nos termos da lei municipal, de forma a assegurar o cumprimento
da função social da propriedade."
•           Aplica-se neste tópico o mesmo conceito apresentado para a
progressividade no imposto de renda,apresentada no item retro,
notando-se a nítida função extra-fiscal deste princípio.
Princípios Constitucionais
Tributários

• Princípio da vedação de criação de impostos


federais novos cumulativos ou que tenham a
mesma base de cálculo ou fato gerador
daqueles previstos na Constituição

•           A Constituição veda a cobrança de impostos que sejam


cumulativos ou que tenham a mesma base de cálculo ou fato
gerador de imposto previstos na Constituição.
•           Este princípio tem por função coibir o que se entende por bi-
tributação, fato inclusive que, quando da implantação da CPMF
causou alvoroço na doutrina, que entendia ser o fato gerador deste
imposto idêntico ao do IOF, portanto, incidindo em vicio de
inconstitucionalidade.
Princípios Constitucionais
Tributários

• Princípio da unidade político-econômica do


território nacional ou da uniformidade
geográfica (art. 151, I,CF/88)

•          Este princípio proíbe que a União institua tributo de


forma não uniforme em todo o país, ou dê preferência a
Estado, Município ou ao Distrito Federal em detrimento de
outro ente federativo.
• Permite-se, entretanto, a diferenciação, se favorecer
regiões menos desenvolvidas. Visa promover o equilíbrio
socioeconomico entre as regiões brasileiras. Exemplo
tradicionalmente citado é a Zona Franca de Manaus.
Princípios Constitucionais
Tributários

• Princípio da uniformidade do regime


tributário
•           Este princípio determina que não
podem haver distinções quanto ao regime
tributário aplicado às empresas públicas e
às empresas privadas, excetuando-se as
micro e pequenas empresas, como forma de
estimular o desenvolvimento econômico do
país.
Princípios Constitucionais
Tributários

• Princípio da não-cumulatividade de IPI e


ICMS (Arts. 155, §2º,I; art. 153,
§3º,II,; art. 154,I, CF/88)
•           Enuncia este princípio que não podem
estes impostos terem caráter cumulativo,
sem que ocorram as devidas compensações
sobre o total que foi pago nas operações
anteriores nestes tributos.
Princípios Constitucionais
Tributários
• Princípio da seletividade do IPI e
do ICMS. (Art. 153, §3º,CF)
Visa tributar mais fortemente produtos menos essenciais. Já
produtos essenciais terão alíquotas menores. No IPI sua
aplicação é obrigatória, para o ICMS e o IPVA sua aplicação
é facultativa.
•   Este princípio pretende traduzir o entendimento de que, a
tributação nestes impostos pode ser seletiva, como forma
de alcançar com alíquotas mais elevadas os produtos e
serviços suntuários, de luxo ou supérfluos, como forma de
coibir o consumo exacerbado de determinados produtos e de
tributar outros somente consumidos pela população de maior
poder aquisitivo.
Princípios Constitucionais
Tributários

• PRINCÍPIO DA VINCULABILIDADE DA
TRIBUTAÇÃO
• O magistério dominante inclina-se, segundo
o ensino de Paulo de Barros Carvalho, por
entender que, nos confins da estância
tributária, hão de existir somente atos
vinculados( e não atos discricionários)
fundamento do princípio em tela
Princípios Constitucionais
Tributários
• PRINCÍPIO DA NÃO DIFERENCIAÇÃO
TRIBUTÁRIA (Art. 152,CF/88) O texto
constitucional é auto explicativo. Os
Estados, Municípios e o Distrito Federal
estão proibidos de estabelecer diferença
tributária entre bens e serviços, de
qualquer natureza, em razão de sua
procedência ou destino.
Princípios Constitucionais
Tributários
• PRINCÍPIO DA TIPICIDADE Alguns
estudiosos inserem este princípio dentro
da legalidade tributária.
• A tipicidade tributária, semelhantemente à
penal, quer dizer que o tributo somente
será devido se o fato concreto se
enquadrar exatamente na previsão da lei
tributária, assim como o fato criminoso
tem que se enquadrar na lei penal.
Princípios Constitucionais
Tributários
• PRINCÍPIO DA IMUNIDADE(Art. 150,VI, “a”,
CF)
• A imunidade é uma hipótese de não incidência
constitucionalmente qualificada, que diz respeito, em regra,
aos impostos. Possuem imunidade os entes federativos
reciprocamente e em relação a impostos sobre patrimônio,
renda e serviços; os templos de qualquer culto(art.
150,VI,”b”,CF); os partidos políticos, as entidades sindicais
de trabalhadores, as instituições de educação ou de
assistência social sem fins lucrativos, desde que observados
os requisitos legais(art. 150,VI,”c”,CF) e os livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão(art.
150,VI,”d”,CF).

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